terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Quinzena Primeiro Filtro n. 2. V. 3: Decifra-me ou Devoro- te. De 15 a 26 de Fevereiro







Introdução



A Conjuntura das últimas nos oferece Notícias sobre o Desmonte da Previdência, Acirramento da Guerra comercial, Crise na Venezuela, desenho da política educacional do governo Bolsonaro, movimento da Economia nacional e Internacional



Publicamos hoje nossa Quinzena número 2. V. 3. Como escrevemos nos números anteriores, a conjuntura sempre traz o dilema da esfinge de Tebas: Decifra-me ou Devoro-te. Por isto, continuamos publicando quinzenalmente aqui no conselhodaclasse, este trabalho feito por um coletivo que decidiu acompanhar o noticiário e fazer uma primeira seleção, de acordo com os interesses dos trabalhadores.
Aqui você sempre encontrará um rol de notícias, resultado do primeiro filtro de notícias, de alguns dos principais jornais de grande circulação no Brasil, dos quais os membros deste coletivo têm acesso (O globo, Estado de São Paulo, Estado de Minas, Zero Hora, Correio Brasiliense, Folha de São Paulo ...).
Não necessariamente você encontrará notícias de todos estes jornais nessa seleção. Também não se pretende fazer uma análise de conjuntura. Esta seleção tem como objetivo, fornecer material para que você faça sua própria análise de conjuntura. 
Nosso critério de seleção é o seguinte: 1. Economia Internacional. 2. Economia nacional. 3. Política e direitos Trabalhistas. 4. Geopolítica. 5. Política e Educação. 6. Movimentos da Classe. As notícias serão publicadas na sequência de nossos tópicos.


1,. Economia Internacional


23 de Fevereiro de 2019 / às 15:51 / há 17 horas
https://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN1QC0RX-OBRBS

UE não está mais próxima de acordo com Mercosul, mas busca resolver cota de bife dos EUA em semanas

Por Gus Trompiz
PARIS (Reuters) - A União Europeia não está mais próxima de um acordo comercial com o Mercosul porque membros do bloco sul-americano mudaram suas posições em assuntos que já haviam sido acordados, mas espera resolver a exigência dos EUA por uma parcela maior da cota de importação de bife nas próximas semanas, disse o chefe de Agricultura da UE.
“Não estamos mais próximos (de um acordo) porque houve alguns recuou em parte dos países do Mercosul em relação a alguns produtos em que havíamos chegado a um acordo em 2017”, disse o comissário de Agricultura da UE, Phil Hogan, em uma entrevista durante evento agrícola em Paris.
“Eu lamento muito, mas há razões políticas nos países do Mercosul, ao que parece”.
A chanceler alemã Angela Merkel afirmou em dezembro que o novo governo brasileiro de Jair Bolsonaro tornaria mais difícil chegar a um acordo em discussões de longa data com o Mercosul, que inclui Argentina, Paraguai e Uruguai.
O grupo sul-americano tem pressionado por um acesso maior à UE para suas exportações agrícolas, principalmente o bife. O Brasil já culpou, no passado, a UE por ser protecionista em relação à agricultura.
A UE buscava concessões em relação a carros, peças automotivas, regras de origem, contratos públicos, setor marítimo, laticínios e indicações geográficas, antes da próxima rodada de negociações, em março, disse Hogan.
Sobre o pedido dos EUA por uma parcela maior das 45.000 toneladas de importação da UE de bife livre de hormônios, ele disse que espera que isso seja resolvido em “quatro ou seis semanas”.
Outros países que usam essa cota, incluindo Austrália e Argentina, entendem que precisam resolver o assunto ou enfrentar o risco de não ter nenhuma cota, acrescentou ele.
A cota foi criada em resposta a um impasse antigo sobre a recusa da UE de permitir carne com hormônios produzida nos EUA. No entanto, sob as regras da Organização Mundial do Comércio, o bife sem hormônio precisa ser aberto para fornecedores não-americanos.
A cota de bife está separada de discussões mais amplas entre Washington e Bruxelas, e Hogan reiterou que a posição da UE é que a agricultura não pode fazer parte de negociações mais amplas.
Oficiais dos EUA têm exigido que a UE coloque a agricultura na discussão que ano passado os dois lados concordaram em realizar para impedir a ameaça de mais tarifas americanas em carros europeus.
A UE citou um aumento em suas importações de soja americana desde o último verão como um sinal de boa vontade. Mas Hogan minimizou sua importância política, dizendo que preços baixos de soja americana encorajaram compras maciças da UE, que é dependente de soja importada como proteína para ração animal.


https://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN1Q91SN-OBRBS
20 de Fevereiro de 2019 / às 11:11 / há 4 dias
China não mudará política monetária prudente, diz premiê
Reuters Staff
PEQUIM (Reuters) - A China não mudou e não mudará sua política monetária prudente e não vai recorrer a um fluxo grande de estímulos, afirmou nesta quarta-feira o primeiro-ministro, Li Keqiang.
Primeiro-ministro chinês, Li Keqiang 22/01/2019 REUTERS/Han Guan
A especulação do mercado está crescendo sobre se as autoridades tomarão medidas econômicas mais agressivas após os recentes dados fracos.
“Reitero que a política monetária prudente não mudou e não vai mudar. Estamos determinados a não nos inserir em um fluxo grande de estímulos”, disse Li em uma reunião de gabinete, segundo comunicado publicado no site do governo.
Mais tarde nesta quarta-feira, uma autoridade do banco central reiterou os comentários de Li sobre a política monetária prudente quando entrevistados pelo Financial News, que é administrado pelo banco central.
A autoridade acrescentou que o banco central irá evitar riscos de condições monetárias excessivamente apertadas, bem como promover um crescimento razoável no crédito e no financiamento social.
A China, segunda maior economia do mundo, vem tentando reduzir os riscos de desaceleração, especialmente com a disputa comercial com os Estados Unidos.
O governo vem implementando medidas, como a redução dos compulsórios dos bancos para assegurar que haja ampla liquidez no sistema financeiro.
A China cortou o compulsório em 1 ponto percentual em janeiro -o quinto corte ao longo do último ano - e a expectativa do mercado é de mais reduções.
Instituições financeiras deveriam oferecer mais crédito, especialmente empréstimos de médio e longo prazo a pequenas empresas, disse Li.
Li também disse que o governo precisa aprofundar as reformas para resolver problemas de longo prazo na economia.
Por Kevin Yao

https://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN1Q9172-OBRBS
Em meio a negociações comerciais, China pede que EUA respeitem seu direito de se desenvolver
Conselheiro de Estado chinês Wang Yi 20/02/2019 How Hwee Young/Pool via REUTERS
PEQUIM (Reuters) - Os Estados Unidos precisam respeitar o direito da China de se desenvolver e se tornar próspera, disse o principal diplomata do governo chinês a uma delegação dos EUA, reiterando que as portas do país para o mundo exterior estão bem abertas.
As duas maiores economias do mundo deram início a mais uma rodada de negociações comerciais nesta semana para resolver a disputa em que cada um aplicou tarifas sobre as importações do outro.
Os EUA acusam a China de práticas comerciais injustas, incluindo transferências forçadas de tecnologias, acusações que a China nega.
Respeito e cooperação são a escolha correta para ambos os países, algo que a comunidade internacional espera ver, afirmou o conselheiro de Estado, Wang Yi, a uma delegação de líderes empresariais norte-americanos e ex-autoridades em Pequim na terça-feira.
“Assim como os Estados Unidos, a China também tem o direito de se desenvolver, e o povo chinês também tem o direito de ter uma boa vida”, disse Wang em um comunicado do Ministério das Relações Exteriores divulgado nesta quarta-feira, parafraseando o conselheiro.
“O lado norte-americano deveria reconhecer que o desenvolvimento da China é de interesse mundial, como o dos EUA. Somente vendo o desenvolvimento da China como uma oportunidade para os EUA isso pode resolver certos problemas, incluindo os comerciais e econômicos”, disse Wang.
Na terça-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que as negociações comerciais com a China estão indo bem e sugeriu que está aberto a adiar o prazo de 1 de março para finalizar as negociações, dizendo que essa não é uma data “mágica”.
Reportagem de Ben Blanchard

https://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN1Q92VE-OBRBS
20 de Fevereiro de 2019 / às 18:36 / há 4 dias
Bolsas dos EUA fecham em leve alta após ata do Fed
REUTERS/Brendan McDermid
NOVA YORK (Reuters) - Os principais índices das bolsas norte-americanas fecharam em alta nesta quarta-feira, com a ata da última reunião do Federal Reserve mostrando que os diretores do órgão entenderam que uma pausa na alta da taxa de juro dos EUA apresentava pouco risco.
O Dow Jones subiu 0,24 por cento, para 25.954 pontos. O S&P 500 ganhou 0,18 por cento, a 2.784 pontos. O Nasdaq evoluiu 0,03 por cento, para 7.489 pontos.
Reportagem de Caroline Valetkevitch




Aprovação da fusão com Disney deve exigir venda da ‘Fox Sports’
Ao analisar o negócio global, Cade identifica possibilidade de duopólio no segmento de canais esportivos no Brasil

Lorenna Rodrigues, O Estado de S.Paulo

22 Fevereiro 2019 | 05h00

BRASÍLIA - Em acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para garantir a aprovação da compra da Fox, a Disney, em um acordo de US$ 71,3 bilhões, deverá vender os canais da Fox Sports no Brasil. Segundo o Estadão/Broadcast apurou, a venda foi a solução encontrada para resolver a principal preocupação do órgão em relação ao negócio, que é a concentração dos canais esportivos.
Como a Disney já é proprietária dos canais ESPN, a fusão com a Fox deixaria um mesmo dono com dois dos principais canais esportivos da TV por assinatura – só restaria a SporTV, da Globosat. A tendência é que o Cade determine que a venda dos canais de esporte da Fox seja feita para uma terceira empresa que não a Globosat.

Venda da Fox Sports no Brasil se deve porque a Disney já é dona dos canais ESPN Foto: Justin Lane/EFE
A empresa e o Cade estão agora finalizando os últimos detalhes do acordo. O julgamento foi marcado para a próxima quarta-feira, dia 27.
Para o advogado Ademir Pereira Júnior, que representa a associação de operadoras de pequeno porte NeoTV, a compra da Fox forma um duopólio de canais esportivos no Brasil. Ele lembra que a entrada da Fox no segmento beneficiou o setor, pois criou uma disputa entre os canais, principalmente por direitos de exclusividade de campeonatos como Libertadores da América e Copa do Mundo.
Em dezembro, a Superintendência-Geral do Cade recomendou ao tribunal do órgão que imponha restrições ao negócio por entender, justamente, que a operação causa um aumento significativo na concentração no mercado de canais esportivos.
Procurada, a Disney não quis se pronunciar sobre o assunto.
https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,aprovacao-da-fusao-com-disney-deve-exigir-venda-da-fox-sports,70002731468


https://br.reuters.com/article/worldNews/idBRKCN1Q50FE-OBRWD
Merkel chama Rússia de parceira, pede cooperação global
Reuters Staff
MUNIQUE (Reuters) - A chanceler alemã Angela Merkel defendeu fortemente as relações de comércio exterior entre a Alemanha e a Rússia neste sábado, pedindo que os líderes globais reunidos em Munique trabalhem juntos para enfrentar problemas internacionais.
Chanceler alemã Angela Merkel discursa durante Conferência de Segurança em Munique, na Alemanha. 16/2/2019. REUTERS/Andreas Gebert
Falando a um público que incluía Ivanka Trump, filha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Merkel defendeu os planos para um novo gasoduto da Rússia para a Alemanha, que ele criticou.
Trump acusou a Alemanha de ser “cativa” da Rússia devido à sua dependência da energia russa, mas Merkel rebateu: “Se durante a Guerra Fria… nós importamos grandes quantidades de gás russo, eu não sei porque seria pior dizer hoje que a Rússia permanece uma parceira.”
“Queremos tornar a Rússia dependente apenas da China?” ela perguntou. “Esse é o nosso interesse europeu? Eu não acho.”
Durante uma sessão de perguntas e respostas, ela acrescentou que seria errado excluir a Rússia politicamente.
Trump também frequentemente critica o grande superávit que a Alemanha, maior economia da Europa, tem com os Estados Unidos e ameaçou tarifar os carros alemães.
“Temos orgulho de nossos carros e deveríamos ter”, disse Merkel, acrescentando, no entanto, que muitos foram montados nos Estados Unidos e exportados para a China.
Merkel apelou para a cooperação global em várias questões, desde lidar com o Irã até evitar outra crise migratória.
Ela questionou se a decisão dos EUA de deixar o acordo nuclear com o Irã e de se retirar da Síria foi a melhor forma de combater Teerã na região.
“A única questão é como nós atingimos nosso objetivo mútuo… Nós faremos isso rompendo nosso acordo ou usando a pequena vantagem que nós temos (através do acordo nuclear)?”, perguntou.
(Por Paul Carrel e John Irish)


https://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN1Q426B-OBRBS
Trump diz que pode prorrogar prazo de 1 de março para acordo comercial com China
15/02/2019 REUTERS/Carlos Barria - RC19C5BA8DD0
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira que pode prorrogar o prazo de 1 de março para alcançar um acordo comercial com a China enquanto mantém as tarifas atuais, acrescentando que as negociações são “bastante complicadas”.
“Existe uma possibilidade de eu prorrogar a data”, disse Trump em entrevista à imprensa nos jardins da Casa Branca.
“Mas se eu fizer isso, se eu perceber que estamos perto de um acordo ou que o acordo está indo na direção certa, farei isso com as mesmas tarifas que estamos cobrando agora, não aumentarei as tarifas.”
Tarifas dos EUA sobre 200 bilhões de dólares em importações chinesas aumentarão de 10 para 25 por cento se nenhum acordo for alcançado até 1 de março.
Por David Lawder, Susan Heavey e Makini Brice

https://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN1Q50E7-OBRBS
Montadoras se preparam para sobretaxas de até 25% sobre importados nos EUA
Por David Lawder e David Shepardson
WASHINGTON (Reuters) - Um relatório confidencial do Departamento de Comércio, que deve ser enviado a Donald Trump no domingo, deve abrir caminho para que o presidente dos Estados Unidos ameace com tarifas alfandegárias e autopeças importadas ao designar as importações como uma ameaça à segurança nacional, afirmaram autoridades da indústria automobilística na sexta-feira.
1.           
Em janeiro de 2018, o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas comerciais contra painéis solares e máquinas de lavar, importados especialmente da China, num movimento que marca o endurecimento das relaç https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/02/montadoras-se-preparam-para-sobretaxas-de-ate-25-sobre-importados-nos-eua.shtmlões comerciais dos   Estados Unidos com o país asiático - Lilian Wu/France Presse

As recomendações do relatório podem aproximar a indústria automobilística global de seu pior pesadelo - tarifas de até 25 por cento sobre milhões de carros e peças importados que muitos temem custariam milhares de dólares ao valor de veículos e talvez causar centenas de milhares de empregos nos EUA.
    O conteúdo do relatório deverá permanecer não público enquanto Trump considera as recomendações, deixando a indústria e os principais exportadores de automóveis do Japão, da União Europeia e da Coréia do Sul no escuro sobre suas conseqüências.
    Autoridades da indústria automobilística disseram esperar que o relatório recomende ao menos algumas tarifas para que o governo possa usar as conclusões da investigação como alavanca de negociação durante negociações neste ano com o Japão e a UE.
    O relatório vem após investigação iniciada pelo Departamento de Comércio em maio de 2018 a pedido de Trump. O objetivo é determinar os efeitos das importações na segurança nacional.
    A versão final será enviada à Casa Branca no domingo para cumprir prazo estatutário, disse uma fonte do governo à Reuters.
    As montadoras e fornecedores de peças estão antecipando que suas opções de recomendação incluirão tarifas de até 20 a 25 por cento em carros e peças, ou tarifas mais restritas direcionadas a componentes e tecnologias ligados a carros novos, veículos autônomos, conectados à Internet e compartilhados.
    “Ninguém com quem conversei na indústria acha que o relatório não recomendará tarifas”, tendo em vista as prioridades comerciais definidas pelo governo Trump, disse um funcionário do setor automotivo sob condição de anonimato. “E não há muita chance de que Trump decida não impô-los.”
    Um relatório do respeitado Centro para Pesquisa Automotiva em, publicado na sexta-feira, mostrou que no pior cenário, uma tarifa de 25 por cento custaria 367 mil empregos nos EUA nas indústrias automobilísticas e afins.
    Os preços dos veículos leves nos Estados Unidos aumentariam em 2.750 dólares, em média, incluindo veículos construídos nos EUA - reduzindo as vendas anuais dos EUA em 1,3 milhão de unidades e forçando muitos consumidores ao mercado de carros usados, disse o relatório.
Reportagem de David Lawder e David Shepardson



2.    Economia Nacional


Odebrecht e OAS ensaiam retomada no exterior após Lava-Jato
Desidratadas por escândalos, empreiteiras brasileiras buscam obras na América Latina e na África para voltar a crescer

24/02/2019 - 04:30
Henrique Gomes Batista
Empreendimentos das construtoras Odebrecht e OAS Foto: Michel Filho/Reprodução / Agência O Globo/ Arquivo


SÃO PAULO — Aos poucos, Odebrecht e OAS, duas das principais empreiteiras brasileiras envolvidas na Operação Lava-Jato, começam a reconquistar obras no exterior para superar a crise desencadeada pela investigação. Embora o movimento ainda seja pequeno em comparação ao auge do passado, a retomada dos contratos em outros países é considerada fundamental para a tentativa de recuperação das empresas. Novamente o foco são projetos na América Latina e na África, mas também está no radar a Flórida, nos Estados Unidos. No entanto, as companhias não contam mais com o apoio do BNDES, que financiou até 2015 a exportação de serviços de engenharia e obras, uma frente muito criticada politicamente, na esteira dos escândalos de corrupção.
Nos últimos meses, a Odebrecht conquistou contratos novos nos EUA — obras no porto e no aeroporto de Miami —, Panamá, República Dominicana e Angola. Um deles é a extensão do metrô no Panamá, do qual ela já havia feito uma parte. Desde a Lava-Jato, em 2015, a empresa faturou US$ 714 milhões com obras no exterior. Já a OAS venceu, no ano passado, licitações que somam R$ 900 milhões na Guiné e na Costa Rica. O plano das duas empreiteiras, ainda muito menores do que foram no passado, é acelerar retomada da internacionalização como forma de voltar a crescer.
— O mercado externo sempre foi um componente relevante da receita —diz Fabio Januário, presidente da Odebrecht Engenharia e Construção.
Ele afirma que a crise da companhia — causada por escândalos de corrupção que levaram até seu presidente, Marcelo Odebrecht, à prisão — coincidiu com um freio das contratações na África e na América Latina. Isso aconteceu por causa da queda do preço das commodities, que reduziu a capacidade dos governos dessas regiões de fazer grandes obras. Segundo Januário, a empresa fez um estudo nos mercados em que atua e descobriu uma demanda reprimida de infraestrutura, até 2023, da ordem de US$ 490 bilhões.
— Identificamos que US$ 70 bilhões são de projetos em que temos vantagem competitiva. É claro que não vamos conquistar tudo. Queremos uma taxa de sucesso de um a cada quatro projetos, ou seja, tentar obter algo em torno de US$ 20 bilhões — estima Januário, indicando que a prioridade são as áreas de energia, mobilidade urbana e dutos.

Acordos de leniência

O que abriu o caminho para essa nova rodada de internacionalização foram acordos de leniência, nos quais empresas acusadas de crimes pagam pesadas multas e cooperam com as autoridades em troca de perdão ou redução de pena. A Odebrecht já fechou negociações deste tipo no Brasil, EUA, Suíça, Panamá, República Dominicana, Guatemala, Equador e, na semana passada, no Peru — o mercado mais relevante para a empresa na América do Sul fora o Brasil. Ainda estão em negociação acordos com Argentina, México, Colômbia, Angola e Venezuela. A companhia estuda novos mercados de atuação, mas não revela quais por questões estratégicas.
— Esses acordos, às vezes, são percebidos pela mídia como algo negativo, mas, na verdade, são passos da empresa para a normalidade — diz Januário.
Segundo o executivo, nenhum país atualmente proíbe a atuação da Odebrecht ou bloqueia seus recursos. Mas, no fim de janeiro, a empresa celebrou um acordo com o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e outras entidades multilaterais, pelo qual ficou acertado que, devido aos escândalos de corrupção, a empreiteira ficará três anos impedida de obter financiamento desses organismos. A empresa, no entanto, vê o lado positivo: em casos semelhantes, as punições chegaram a superar uma década.
Antes da Lava-Jato, a Odebrecht atuava em 16 áreas de negócios. A construtora era o carro-chefe. Sozinha, empregava 60% dos quase 200 mil empregados — hoje são menos de 100 mil. O portfólio de obras era de quase US$ 30 bilhões, e a receita anual beirava os US$ 20 bilhões. Hoje, são apenas seis áreas de atuação.
A OAS chegou a ter 120 mil funcionários em 2013. No fim de 2015, eram aproximadamente 70 mil. Em recuperação judicial, a OAS fatura hoje R$ 1 bilhão por ano, um décimo do que conseguia antes da Lava-Jato. Os negócios no exterior representam 20% de sua carteira de R$ 5,5 bilhões em contratos e animam o presidente da empresa, Josedir Barreto:
— Podemos elevar esse percentual rapidamente para 50% ou mais — estima o executivo, que completa em março seu primeiro ano à frente da empreiteira.
Barreto conta que, em um primeiro momento, a retomada de obras no exterior se dará em parceria com empresas asiáticas, sobretudo chinesas. A OAS está celebrando memorandos de parceria com 30 companhias estrangeiras, que envolvem transferência de tecnologias. O executivo trabalha com a hipótese de a OAS sair da recuperação judicial ainda este semestre. O endividamento total passou de R$ 10 bilhões para R$ 3,2 bilhões e pode cair ainda mais. A perspectiva de se desfazer das ações da Invepar (empresa de concessões na área de transportes, como a do Metrô Rio) deve fazer o pagamento anual de juros cair de R$ 900 milhões para R$ 13 milhões, diz o executivo. Segundo Barreto, a empresa não está proibida de atuar em nenhum lugar do mundo hoje e negocia acordo de leniência em um país cujo nome não revela.
Órfãos do BNDES
Embora estejam retomando a atuação internacional sem o apoio do governo brasileiro, os presidentes da Odebrecht e da OAS pressionam por um novo apoio à exportação de serviços. Em 2015, o BNDES suspendeu desembolsos de contratos desse tipo e limitou muito sua atuação na área. Para Januário, da Odebrecht, o tema foi “demonizado”, especialmente com os calotes em alguns dos financiamentos, como o das obras de um porto em Cuba e de infraestrutura na Venezuela. A conta ficou para o governo, que garante os contratos. Para o executivo, o BNDES poderia voltar a ajudar empresas brasileiras a recuperar terreno lá fora apenas ativando o mecanismo de garantias para a atuação de bancos privados nessa área.
— Se o governo voltasse a apoiar a exportação de serviços, nossa meta de obter US$ 20 bilhões até 2023 poderia ser, por baixo, 30% maior — diz o líder da Odebrecht.
Para Nelson Romano, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), o apoio aos serviços de engenharia é fundamental até mesmo para o mercado interno:
— Se as empresas brasileiras não conquistarem esses mercados no exterior, outras companhias, principalmente chinesas, podem ocupá-los e usá-los como base até para ampliar a participação no Brasil. A longo prazo, isso pode gerar perda de capacidade tecnológica no Brasil.
Procurado, o BNDES informou que, desde o início dos financiamentos destinados a exportações de serviços de obras de infraestrutura, em 1998, foram desembolsados US$ 10,5 bilhões, dos quais o banco já recebeu de volta US$ 9,4 bilhões de principal, juros e comissões. As parcelas em atraso totalizam US$ 53,1 milhões (Cuba), Venezuela, (US$ 340,2 milhões) e Moçambique (US$ 39,3 milhões). As operações em atraso contam com a garantia do Seguro de Crédito à Exportação, do governo federal.

Carnaval deve movimentar R$ 1,9 bilhões em SP

Estimativa é de alta na receita de 5,4% na comparação com o ano passado; folia na capital cresce mais que o dobro da média do País,aponta CNC

Márcia De Chiara , O Estado de S. Paulo

24 Fevereiro 2019 | 05h00

Desde de dezembro de 2018, a Colormake, fabricante de maquiagem artística e distribuidora de glitter no País, está em ritmo de carnaval. A fábrica da Vila Maria, zona norte de São Paulo, recebeu duas máquinas novas para automatizar a produção. Também foram contratados 20 trabalhadores, que se juntaram aos 50 funcionários da empresa. Além disso, faz quase dois meses que a fábrica funciona com dois turnos.
Toda essa movimentação que ocorre na indústria é para conseguir cumprir os pedidos de carnaval que, neste ano, cresceram, em média, 40%. Só de glitter, a companhia vai despejar 15 toneladas na folia, um volume 50% maior do que o do último carnaval. “Este será o melhor carnaval da nossa história”, afirma Marcelo Fiedler, gestor comercial. A empresa, fundada em 1990, abastece escolas de samba, lojas do varejo e outras indústrias de enfeites. 

Funcionárias da Colormake preparam e embalam glitter; empresa diz que este ano deve ter o seu melhor resultado com o carnaval Foto: Tiago Queiroz/Estadão
A transformação pela qual passa a Colormake é uma amostra do que o avanço do carnaval de rua de São Paulo tem feito com a economia da principal cidade do País. Com um número recorde de blocos (516) e de desfiles (556) programados para este ano, segundo a Prefeitura, a receita do Estado de São Paulo com a venda de produtos e serviços ligados ao carnaval é a que mais deve crescer neste ano entre 12 Estados.
Um estudo feito pela Confederação Nacional do Comércio (CNC)projeta que a receita de serviços em São Paulo durante o carnaval deve atingir quase R$ 1,9 bilhão. É uma cifra 5,4% maior do que a alcançada no mesmo período de 2018. “São Paulo puxa a recuperação do faturamento do carnaval e cresce mais que o dobro da média do País”, afirma o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, responsável pelo estudo. O Rio de Janeiro é líder em receita, com um pouco mais de R$ 2 bilhões, mas cresce 2,5%, menos da metade de São Paulo.
A projeção considera o recorte do índice de atividade dos serviços de turismo da Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE, a massa de rendimentos das famílias, inflação, dólar e crédito. O estudo não consegue colocar a lupa sobre o que é exatamente gasto nos blocos e nos desfiles, pois há muita informalidade, pondera Bentes. Mas avalia o que ocorre sazonalmente com os serviços por causa da data.
Virada
Depois de uma queda real (descontada a inflação) de quase 20% acumulada entre 2016 e 2018 na receita de vendas de produtos e serviços turísticos no carnaval, o faturamento na data deve voltar a crescer este ano no País. A CNC projeta uma receita de R$ 6,78 bilhões, 2% maior do que a de 2018, descontada a inflação. Numericamente é um avanço ainda pequeno, mas mostra a volta ao terreno positivo. “Essa virada é um indício de que o orçamento das famílias está sendo um pouco menos asfixiado pela inflação.” O economista acrescenta que o dólar 20% mais caro neste ano estimula a vinda de estrangeiros e inibe viagens ao exterior.
Folião adormecido
O estudo mostra que 60% dos gastos do carnaval são despesas com alimentação. Levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) com estabelecimentos localizados em São Paulo, Belo Horizonte, Rio e Salvador mostra que a expectativa é de aumento de 8% a 10% das vendas no carnaval deste ano ante o de 2018. Paulo Solmucci Jr., presidente da Abrasel, observa que o crescimento é muito significativo, especialmente nas praças de São Paulo e Belo Horizonte, que já tiveram um movimento muito bom nos últimos quatro anos, com o avanço dos blocos. “Os foliões adormecidos, que antes do blocos ficavam em casa, agora vão para rua. É um faturamento que não existia antes”, frisa.
O fenômeno dos blocos em São Paulo trouxe turistas para a cidade. Na agência de viagens CVC houve alta de 3% na venda de pacotes este ano ante 2018.
Com isso, a ocupação de hotéis cresceu. No carnaval deste ano, deve passar de 50%, ante 45% em 2018, diz Bruno Omori, presidente da Associação Brasileira de Hotéis de São Paulo. “O carnaval de São Paulo não virou um produto, mas deve virar.”


Subsídio ao agronegócio cobrado na conta de luz é irregular, avalia TCU

Para a área técnica do órgão, os subsídios são ‘completamente desalinhados’ com as leis que regulam o setor e até com a própria Constituição; benefício foi derrubado por Temer no fim de 2018, mas governo Bolsonaro prometeu retomá-lo

Anne Warth, O Estado de S. Paulo

24 Fevereiro 2019 | 05h00

BRASÍLIA - Na semana passada, o agronegócio comemorou uma vitória. O governo de Jair Bolsonaro decidiu voltar com o subsídio que o setor recebe nas contas de luz, derrubado no fim do ano passado pelo ex-presidente Michel Temer. Uma avaliação feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU), porém, dá razão a Temer: para a área técnica do órgão, esses subsídios estão “completamente desalinhados” com as leis que regulam o setor e até com a própria Constituição. Em outras palavras, são ilegais.
Os subsídios – não só para o agronegócio – estão embutidos na conta de luz de todos os brasileiros. No total, chegam a mais de R$ 20 bilhões, sendo 17% desse total só para os agricultores. Pelo decreto editado no fim de 2018, o benefício aos produtores rurais começaria a ser reduzido este ano, ao ritmo de 20% ao ano, até ser zerado em cinco anos.
Menos de um mês depois da publicação do decreto, porém, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e deputados da bancada ruralista começaram a pressionar o governo a recriar o benefício. O deputado Heitor Schuch (PSB-RS) apresentou projeto de decreto legislativo para suspender os efeitos do decreto de Temer, e a proposta chegou a constar da pauta de votações do Plenário da Câmara. Mas nem foi preciso. Na semana passada, o líder do governo na Câmara, Vitor Hugo (PSL-GO), disse que o governo revogaria o decreto.
Para o TCU, porém, isso não deveria ocorrer. O ministro Aroldo Cedraz, relator do caso no órgão, acolheu um parecer da área técnica do órgão apontando falhas e vícios na gestão da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), taxa cobrada na conta de luz dos consumidores de todo o País.
A avaliação é de que não apenas o subsídio para a atividade rural nada tem a ver com a política energética do País, mas também os concedidos para irrigação, aquicultura e empresas que prestam serviços de água, esgoto e saneamento. O entendimento é que esses benefícios só podem ser financiados com recursos públicos do Orçamento Geral da União – ou seja, por meio de tributos e impostos.
Voto. A cobrança de taxas na conta de luz para manter esses benefícios é “ilegítima” e “extrapola os limites do nosso ordenamento jurídico”, disse Cedraz, em seu voto. Para ele, o governo precisa dar “efetividade” à lei que estabeleceu uma política de redução estrutural dessa despesa. Após apresentação do voto, porém, o ministro Walton Alencar pediu vista do processo e alegou a necessidade de esclarecer dúvidas sobre o tema. A discussão agora terá de ser retomada.
Procurado, o MME informou que o assunto está em estudo pela pasta, em conjunto com os Ministérios da Economia, do Desenvolvimento Regional e da Agricultura, com a participação da Casa Civil da Presidência da República.

Seguro para mulheres pode atingir U$S 1,7 trilhão em 2030
24 Fevereiro 2019 | 04h00

A máxima “o seguro morreu de velho” nunca esteve tão em alta para as mulheres. O mercado global de apólices sob medida para elas tem potencial de atingir a marca de U$S 1,7 trilhão em 2030, segundo a consultoria Accenture. Em 2013, para se ter ideia, o segmento somava U$$ 770 bilhões.
Tupiniquim. No Brasil, as mulheres – que são 51% da população – também estão engordando a fatia do mercado segurador. Nos últimos cinco anos, este público foi responsável por um salto de 87,8% no número de apólices emitidas no ramo de seguro de vida individual pela Prudential, especializada nesta área. Respondendo por 38,84% da base de clientes da seguradora, a faixa etária de contratação mais impactante é a de mulheres entre 30 e 39 anos.






De bebida a remédio, indústria conta com reforma da Previdência para voltar a investir

Varejo e logística também estão na expectativa por mudança nas regras. Empresas traçam diferentes cenários de venda

Bruno Rosa, João Sorima Neto, Leo Branco, Ana Paula Ribeiro e Marcello Corrêa e Daiane Costa
17/02/2019 - 04:30

Linha de produção da Eurofarma Foto: Eliária Andrade / Agência O Globo


RIO, BRASÍLIA E SÃO PAULO –
Até a cerveja do fim de semana anda sujeita às expectativas em torno da aprovação da reforma da Previdência. Vários setores econômicos, de bebidas a medicamentos, passando por logística e varejo, traçam diferentes cenários de aumento nas vendas para ampliar produção e retomar investimentos de acordo com as chances de o principal projeto do governo de Jair Bolsonaro passar pelo Congresso. Com a promessa de a proposta chegar à Câmara no dia 20, representantes de setores industriais, de serviços e de infraestrutura calibram o otimismo sobre o impacto nos negócios. A maioria espera definição até o início do segundo semestre.
As cervejarias, por exemplo, traçaram três cenários para produção da bebida alcoólica mais consumida no Brasil, em função da reforma. Segundo a associação de fabricantes CervBrasil, a produção subiria 3% este ano, na comparação com 2018, se a reforma fosse aprovada ainda neste primeiro trimestre. Como o plano do governo é iniciar do zero a tramitação de uma nova proposta, o mais provável é que o aval só saia na segunda metade do ano. Nesse cenário, as cervejarias esperam um impacto menor, com alta na produção de 2% com solução até o início de julho ou estabilidade em relação a 2018 se for no fim do ano.
- Essas projeções representam o gatilho na rapidez da retomada que a reforma pode significar. Tirando o clima, a venda de cerveja está fortemente correlacionada com renda para consumo e preço. O nível de emprego e a massa salarial acelerarão com a reforma - diz Paulo Petroni, diretor executivo da CervBrasil, que espera novos investimentos com a ocupação da atual capacidade ociosa da indústria. - A reforma terá impacto direto nos planos das empresas, mas os efeitos não serão no curto prazo. O setor deve investir pouco mais de R$ 4 bilhões este ano. Com a reforma, os aportes podem voltar ao patamar anterior à crise, de R$ 6 bilhões, a partir de 2020.
Fábrica da Ambev: cervejarias traçam cenários para a Previdência Foto: Leo Martins/9-7-2018 / .

Os cervejeiros são apenas uma das categorias de empresários que fazem coro com economistas no diagnóstico de que, ao renovar a confiança na capacidade do governo de equilibrar suas contas, a reforma da Previdência favorecerá juros baixos e, consequentemente, a retomada dos investimentos. Com novos projetos, mais empregos são gerados e cresce a renda disponível para consumo. No fim das contas, o que se espera é que a reforma impulsione toda a economia.
Wilson Melo, presidente do Conselho da Abia, associação que reúne produtores de alimentos e bebidas industrializados, diz que o setor nem considera um cenário sem reforma este ano. Se for aprovada até o início do primeiro semestre, a Abia projeta crescimento do setor alinhado ao esperado para o Produto Interno Bruto (PIB), entre 2% e 3%, nos cenários dos economistas que contemplam a reforma.
Juro baixo para investir
Mesma expectativa tem a Abimaq, que representa fabricantes de máquinas. O setor espera se beneficiar com investimentos das empresas, já que o controle dos gastos do governo favorece a redução dos juros, essencial para a retomada de projetos adiados pela crise.
- Em 2019, o maior efeito da reforma será o de aumentar a confiança para elevar investimentos que estavam em compasso de espera. De qualquer modo, considerando os tempos técnicos necessários, seus maiores efeitos serão sentidos a partir de 2020 - diz João Carlos Marchesan, presidente do Conselho da Abimaq.

Segundo a Abinee - que reúne fabricantes de eletroeletrônicos, componentes elétricos, celulares e computadores -, o setor tem 23% de sua capacidade parada, maior índice desde 2015, quando chegou a 30%. O presidente da associação, Humberto Barbato, diz que o impacto da reforma na economia é vital para que o setor volte a produzir a todo o vapor e possa planejar expansões e contratações:
- Esperamos que a reforma seja aprovada até junho, com reflexos positivos no segundo semestre. Isso vai permitir um aumento da nossa produção entre 4% e 5%. Sem reforma, a frustração será grande.

Aumento da produção no polo de moda íntima de Nova Friburgo. Foto: Márcia Foletto / Agência O Globo
 
Fabio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), explica que os efeitos no varejo são indiretos, como custos mais baixos no crédito para compras e giro. Considerando uma reforma abrangente, a CNC projeta 200 mil novos empregos no comércio este ano, o dobro do registrado em 2018.
- Sem reforma, vai ser difícil manter a tendência de queda dos juros na ponta, e isso é muito importante para o comércio - diz Bentes.
Se mais gente for às compras, a cadeia logística que abastece o varejo também ganha mais. É o que espera Ramon Alcaraz, sócio da Fadel Transportes, que planeja expansão de 10% na frota de 1.100 caminhões em 2019. A operadora atende grandes empresas como Ambev e Pepsico, no Sul e no Sudeste. Nas contas dele, o faturamento anual de R$ 400 milhões pode crescer 20% se a reforma passar. Sem ela, a alta não passa de 10% e os investimentos ficam para 2020.

- A roda gigante da economia vai girar até chegar ao consumo e a uma maior disposição dos brasileiros em gastar, o que impacta diretamente o meu negócio.

3.     Políticas e Direitos trabalhistas

Governadores do PT aceitam discutir reforma da Previdência

Em busca de alívio nas contas, chefes dos governos de Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte divergem da oposição radical
Sérgio Roxo
17/02/2019 - 04:30

Wellington Dias (PT), governador do Piauí Foto: Aloisio Mauricio / Agência O Globo



SÃO PAULO - Enquanto a bancada do PT na Câmara dos Deputados prepara a estratégia para tentar barrar a tramitação da reforma da Previdência do governo Jair Bolsonaro, os quatro governadores do partido adotam uma posição mais branda sobre o tema e, nos bastidores, já consideram imprescindível a discussão de mudanças nas regras de aposentadorias, incluindo as dos servidores estaduais. 
Na esperança de conseguir um alívio na delicada situação fiscal de seus estados, onde as pensões pesam cada vez mais na folha de pagamentos, os chefes dos executivos da Bahia, do Ceará, do Piauí e do Rio Grande do Norte avaliam que a reforma tem que acontecer.
O assunto foi tratado em um fórum de governadores do Nordeste no último dia 6, em Brasília. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), falando em nome do grupo, defendeu a “importância e a relevância” da reforma. Ponderou, porém, que há necessidade de um “debate cuidadoso” sobre a proposta que será apresentada pelo governo para “garantir os diretos dos mais pobres, principalmente dos trabalhadores rurais”.
No sábado, dia 9, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), provocou mal-estar numa reunião da executiva nacional do PT ao defender a necessidade de mudanças nas regras de aposentadoria. O governador da Bahia, Rui Costa (PT), compartilha da opinião de que a reforma é necessária, apesar de criticar pontos do projeto do governo Bolsonaro que têm sido divulgados. Ele também tem feito questão de frisar em seu discurso a opinião de que é importante que os mais pobres sejam protegidos.
Bancada na contramão
Única dos governadores petistas em primeiro mandato, Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, também está afinada, segundo sua assessoria, com a posição dos colegas. Mas é crítica do texto que vem sendo esboçado pelo governo. Defende, por exemplo, a manutenção da diferenciação nas regras de aposentadoria para categorias como professores e trabalhadores rurais.

Na bancada petista na Câmara, a posição é bastante diferente. Os deputados e a direção da legenda não querem fazer nenhuma discussão em cima do projeto de Bolsonaro, para não legitimar qualquer mudança que venha a ser aprovada. A ordem é adotar um discurso direto contra a reforma. O líder do partido, Paulo Pimenta (PT), diz que o caminho será de oposição total.
O economista Nelson Barbosa, que foi ministro da Fazenda no governo de Dilma Rousseff, chegou a defender que o PT apresentasse a sua proposta de reforma da Previdência, mas, ainda de acordo com o líder da bancada, isso não irá acontecer.
- É normal (a diferença de posição entre os governadores e a bancada). Os governadores têm os seus interesses - afirmou Pimenta.
Esse interesse está na crescente fragilidade financeira dos estados de fazer frente à crescente despesa com a aposentadoria dos servidores. O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, explica que mesmo os estados que já aprovaram mudanças nas regras de aposentadoria de seus servidores - caso do Ceará - terão alívio nas contas se a reforma do governo federal for aprovada no Congresso:
- Há algumas questões que os estados não têm como lidar sem uma decisão constitucional, como a idade mínima. A média de aposentadoria dos servidores estaduais é de 49 anos. Ao elevar para a mínima de 65 anos, ajudará em muito no ajuste de longo prazo. Ao mesmo tempo, tem a questão do limite de valores para a aposentadoria, que seria a partir de agora o teto do setor privado.
Integrante do bloco de oposição a Bolsonaro na Câmara, o PSB, que comanda três estados (Espírito Santo, Pernambuco e Paraíba), ainda não definiu como irá atuar em relação à reforma da Previdência.
- Nós vamos nos posicionar quando sair a proposta do governo - disse o presidente do partido, Carlos Siqueira.
Crítico do governo federal, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), também não deve adotar oposição radical à proposta do governo federal. Ele participou da reunião do dia 6 em Brasília.
https://oglobo.globo.com/economia/governadores-do-pt-aceitam-discutir-reforma-da-previdencia-23458981
REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Saiba calcular quando poderá se aposentar e se está na regra de transição
0:01/1:29

65 anos é "falta de humanidade: o que Bolsonaro já disse sobre idade mínima1:05
Bolsonaro entrega nova proposta de Previdência; oposição protesta1:17
Bolsonaro sobre reforma da Previdência: 'Nós não temos outra saída'0:38
Governo propõe 65 anos para homem e 62 para mulher se aposentar1:32
Bolsonaro chega ao Congresso para entregar reforma da Previdência0:14
Bolsonaro projeta aposentadoria aos 62 para homens e aos 57 para mulheres0:53

Afonso Ferreira e Thâmara Kaoru
Do UOL, em São Paulo

21/02/2019 04h00Atualizada em 22/02/2019 12h43
 Erramos: este conteúdo foi alterado
Com a proposta de reforma da Previdência, como calcular quando você vai se aposentar? A reforma prevê uma série de mudanças nas regras. Entre elas, a idade mínima passará a ser de 62 anos para mulheres e 65 para homens. Um homem de 30 anos hoje, por exemplo, só se aposentaria em 2054.
Mas quem já está perto de se aposentar pode conseguir o benefício antes dessa idade, se estiver nas regras de transição. Haverá três regras de transição para o setor privado. O trabalhador pode escolher a que for mais vantajosa. Veja mais abaixo algumas simulações e saiba calcular quando você poderá se aposentar e se está na transição caso a reforma seja aprovada.

COMO CALCULO A IDADE MÍNIMA?

Pela proposta, para se aposentar, a mulher deve ter ao menos 62 anos e o homem, 65, com 20 anos de contribuição. Essa idade mínima passaria a valer em 2027 para homens e 2031 para mulheres. Se não for vantajoso se aposentar por idade mínima, o trabalhador pode escolher a opção por pontos (veja mais abaixo).
Quem se aposentar com 20 anos de contribuição terá direito a receber somente 60% da média salarial. Para receber 100%, será preciso contribuir por 40 anos.
Veja como calcular:
Homem com 30 anos em 2019
Tempo até atingir a idade mínima de 65 anos: 35 anos (65-30 = 35)
Ano em que se aposentaria: 2054 (2019 + 35)
Mulher com 45 anos em 2019
Tempo até atingir a idade mínima de 62 anos: 17 anos (62-45 = 17)
Ano em que se aposentaria: 2019 + 17 = 2036
SAIBA SE VOCÊ ESTÁ NA TRANSIÇÃO PARA IDADE MÍNIMA
Quem está mais perto de se aposentar, pode entrar na regra de transição. Para se aposentar já em 2019 pela idade mínima, na regra de transição, a mulher precisa ter 56 anos e o homem, 61. Também é necessário 30 anos de contribuição (mulher) ou 35 (homem).
Mas isso não quer dizer que só entra na transição quem tem essas idades. A transição por essa regra vai durar 12 anos, até 2031. Por causa disso, as idades para ser incluído na transição são menores: 50 anos (mulher) ou 57 (homem). Assim, dá tempo de atingir os valores mínimos até 2031. 
Veja qual será a idade mínima ano a ano na regra de transição:
2019: 61 anos (homens) e 56 anos (mulheres)
2020: 61,5 anos (homens) e 56,5 anos (mulheres)
2021: 62 anos (homens) e 57 anos (mulheres)
2022: 62,5 anos (homens) e 57,5 anos (mulheres)
2023: 63 anos (homens) e 58 anos (mulheres)
2024: 63,5 anos (homens) e 58,5 anos (mulheres)
2025: 64 anos (homens) e 59 anos (mulheres)
2026: 64,5 anos (homens) e 59,5 anos (mulheres)
2027: 65 anos (homens) e 60 anos (mulheres)
2028: 65 anos (homens) e 60,5 anos (mulheres)
2029: 65 anos (homens) e 61 anos (mulheres)
2030: 65 anos (homens) e 61,5 anos (mulheres)
2031: 65 anos (homens) e 62 anos (mulheres)

Se não for vantajoso se aposentar por idade mínima, o trabalhador pode escolher a opção por pontos (veja mais abaixo).
APOSENTADORIA POR PONTOS

Para se aposentar já em 2019 pela regra de pontos, na transição, a mulher precisa ter 86 pontos e o homem, 96. Também é necessário 30 anos de contribuição (mulher) ou 35 (homem). Os pontos são a soma da idade com o tempo de contribuição. Por exemplo, 60 anos de idade mais 36 anos de contribuição = 96 pontos. A pontuação aumenta gradativamente até chegar a 100 (mulheres) ou 105 (homens). O aumento é de um ponto por ano, até 2033.
Mas isso não quer dizer que só entra na transição quem tem 86 ou 96 pontos. A transição por essa regra vai durar 14 anos, até 2033. Por causa disso, as pontuações para ser incluído na transição são menores: 73 pontos para mulher e 88 para homem. Assim, dá tempo de atingir os valores mínimos até 2033. 
Veja qual será a pontuação para se aposentar em cada ano com a reforma da Previdência:
2019: 96 (homens) e 86 (mulheres)
2020: 97 (homens) e 87 (mulheres)
2021: 98 (homens) e 88 (mulheres)
2022: 99 (homens) e 89 (mulheres)
2023: 100 (homens) e 90 (mulheres)
2024: 101 (homens) e 91 (mulheres)
2025: 102 (homens) e 92 (mulheres)
2026: 103 (homens) e 93 (mulheres)
2027: 104 (homens) e 94 (mulheres)
2028: 105 (homens) e 95 (mulheres)
2029: 105 (homens) e 96 (mulheres)
2030: 105 (homens) e 97 (mulheres)
2031: 105 (homens) e 98 (mulheres)
2032: 105 (homens) e 99 (mulheres)
2033: 105 (homens) e 100 (mulheres)
Exemplo de cálculo:
Homem com 55 anos de idade e 33 anos de contribuição
2019: 55 + 33 = 88 pontos
2020: 56 + 34 = 90 pontos
2021: 57 + 35 = 92 pontos
2022: 58 + 36 = 94 pontos
2023: 59 + 37 = 96 pontos
2024: 60 + 38 = 98 pontos
2025: 61 + 39 = 100 pontos
2026: 62 + 40 = 102 pontos
2027: 63 + 41 = 104 pontos
Nesse caso, será possível se aposentar em 2027
Se não for vantajoso se aposentar por pontos, o trabalhador pode escolher a opção por idade mínima (veja acima).
PEDÁGIO
Quem está a dois anos de completar o tempo mínimo de contribuição (35 anos para homens e 30 anos para mulheres) poderá optar pela aposentadoria sem idade mínima, mas com o fator previdenciário. Nesse caso, terá de cumprir um pedágio de 50% sobre o tempo faltante, ou seja, se faltarem dois anos, deverá trabalhar três.
(Edição de texto: Armando Pereira Filho)

Ford mantém empregos no ABC até novembro
Montadora confirmou que vai honrar o acordo coletivo

23.fev.2019 às 2h00
Marcela MarcosFelipe Sakamoto
Apesar de ter anunciado o fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, ao longo de 2019, a Ford não deve demitir os funcionários antes de novembro.
A assessoria de imprensa da montadora confirmou que honrará o acordo coletivo em vigência até essa data, que garante a estabilidade do emprego a todos os trabalhadores da unidade (incluindo a área administrativa).
O anúncio do fechamento da planta de São Bernardo (feito pela multinacional na última terça-feira, 19) faz parte de um plano de reestruturação global e impacta uma cadeia produtiva estimada em 24 mil trabalhadores, dentre os quais estão 2.800 funcionários diretos da unidade, segundo o sindicato e o Dieese (Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos).
As atividades no complexo da Ford no ABC foram suspensas até a próxima terça-feira, quando uma assembleia irá definir as diretrizes de uma mobilização.

Governo de SP tentará buscar comprador para fábrica da Ford em São Bernardo

Montadora anunciou decisão de fechar unidade nesta terça-feira

21.fev.2019 às 12h44Atualizado: 21.fev.2019 às 15h20
Filipe Oliveira
SÃO PAULO
 governo de São Paulo irá procurar, em conjunto com a Ford, um comprador para a fábrica da empresa em São Bernardo do Campo (SP).
A companhia anunciou na última terça-feira (19) que fechará a unidade, onde são produzidos caminhões e carros modelo Fiesta.
O governador paulista João Doria (PSDB) falou a grupo de jornalistas após reunião com a direção da empresa para a América Latina, num encontro que classificou como duro e positivo.
Segundo o governador, o comprador da fábrica poderá ser um grupo nacional ou internacional. 
O objetivo da entrada do governo na negociação, segundo Dória, é preservar empregos e o parque fabril já em operação.
A busca por comprador será conduzida pelo secretário da Fazenda do estado, Henrique Meirelles, e Rogélio Goldfarb, vice-presidente da Ford.


A Ford anunciou na (19) que vai fechar sua fábrica em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, onde produz caminhões e o Ford Fiesta. A produção será encerrada neste ano – Claudinei Plaza/DGABC/DGABC

Segundo Doria, além da venda da unidade, foi definido que serão mantidas as atividades da empresa em fábrica de Taubaté, com 1.260 trabalhadores, em unidades de Barueri, com 250, e Tatuí, com 150. Também serão mantidos empregos  no centro administrativo da companhia em São Bernardo, com 1.200 funcionários.
A fábrica da Ford em São Bernardo conta com 2.800 profissionais diretos e 2.000 indiretos, segundo a prefeitura da cidade. Segundo Doria, os empregos deles estão assegurados neste ano e o governo trabalha para preservá-los no futuro.
Em termos de receita, a Prefeitura de São Bernardo diz que a fábrica da Ford na cidade é responsável por uma arrecadação de mais de R$ 18 milhões por ano — R$ 14,5 milhões com ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e outros R$ 4 milhões de ISS (Imposto Sobre Serviços).
Sobre o insucesso da companhia em vender a mesma fábrica em 2018, Doria diz que o país vive momento melhor, passada as incertezas das eleições, com novo governo federal  e com uma administração estadual pró-mercado.
Doria afirmou que, na venda da fábrica, será respeitada a liberdade de mercado e não será possível exigir do comprador a manutenção de todos os empregos, apesar de ela ser desejável.
"Não se pode fazer imposição ao comprador [de manter todos os postos de trabalho]. Vamos buscar uma ação de mercado na defesa do parque industrial e da manutenção de empregos."
Sobre a GM, que ameaçou deixar o estado em janeiro, Doria disse que um anúncio a este respeito deve ser feito após o Carnaval.
Orlando Morando (PSDB), prefeito de São Bernardo, também presente no encontro, negou que a cidade, um dos principais polos automotivos do Brasil, passe por momento de esvaziamento.
Segundo ele, o caso da Ford é uma exceção e as demais montadoras seguem investindo e contratando.
Meirelles, secretário da Fazenda, atribuiu o fechamento da fábrica da Ford a mudanças que vêm ocorrendo na indústria automotiva em todo mundo, resultantes da introdução de novas tendências como o avanço dos veículos elétricos e a aposta nos carros autônomos.
 "Existem mudanças globais constantes, importantes para que se possa entender movimentos locais. É importante enfatizarmos isso, ou vamos ficar o tempo todo tentando entender o que aconteceu com a indústria, perguntando se aconteceu algo com São Paulo, com o Brasil. Mas há um movimento global de mudanças."
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou que recebeu nesta quinta-feira (21) aval para uma reunião com a direção mundial da Ford em Dearborn, em Michigan (Estados Unidos). A data do encontro ainda está sendo acertada e deverá ser definida nos próximos dias.
Segundo a entidade, o presidente do sindicato, Wagner Santana, já se reuniu nesta quinta-feira com a procuradora do Ministério Público do Trabalho em São Bernardo, Sophia Villela de Moraes e Silva.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/02/governo-de-sp-buscara-comprador-para-fabrica-da-ford-em-sao-bernardo.shtml

4.     Geopolítica

20 de Fevereiro de 2019 / às 07:06 / há 2 horas
Putin diz que Rússia responderá se EUA instalar mísseis na Europa
Reuters Staff

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, faz pronunciamento ao Parlamento em Moscou 20/02/2019 Sputnik/Alexei Nikolsky/Kremlin via REUTERS
MOSCOU (Reuters) - A Rússia responderá a qualquer instalação de armas nucleares de alcance intermediário na Europa ao mirar não só em países onde esses mísseis forem estacionados, mas também aos Estados Unidos, disse o presidente russo, Vladimir Putin, nesta quarta-feira.
Em seu pronunciamento anual ao Parlamento, Putin disse que a Rússia não está buscando uma confrontação e não dará o primeiro passo para instalar mísseis em resposta à retirada dos EUA do Acordo de Forças Nucleares de Alcance Intermediárias (INF, na sigla em inglês).
Mas ele disse que a reação da Rússia a qualquer envio de mísseis será firme e que as autoridades norte-americanas devem calcular os riscos antes de tomarem tais medidas.

25 de Fevereiro de 2019 / às 09:48 / há 2 horas

Após alerta de Putin, TV russa lista alvos nucleares dos EUA

Por Andrew Osborn
MOSCOU (Reuters) - A televisão estatal da Rússia listou instalações militares dos Estados Unidos que Moscou visaria no caso de um ataque nuclear, e disse que um míssil hipersônico que a Moscou está desenvolvendo seria capaz de atingi-los em menos de cinco minutos.
Putin, durante reunião no Kremlin, em Moscou 20/2/2019.Yuri Kadobnov/Pool/REUTERS
Entre os alvos estão o Pentágono e o retiro presidencial de Camp David, no Estado de Maryland.
A reportagem, incomum até mesmo para os padrões às vezes belicosos da TV estatal russa, foi transmitida na noite de domingo, dias depois do presidente Vladimir Putin dizer que Moscou está militarmente preparada para uma crise “como a dos mísseis de Cuba” se os EUA a desejarem.
Como as tensões estão aumentando devido aos temores russos de que Washington possa instalar mísseis nucleares de alcance intermediário na Europa, agora que um tratado de controle de armas da época da Guerra Fria está ameaçado, Putin disse que seu país seria forçado a reagir posicionando mísseis nucleares hipersônicos em submarinos perto das águas norte-americanas.
Os EUA dizem não ter planos imediatos de mobilizar tais mísseis na Europa e minimizaram os alertas de Putin, que veem como propaganda enganosa. Atualmente o país afirma não ter mísseis nucleares terrestres de alcance intermediário que poderia instalar em solo europeu.
Mas sua decisão de se desligar do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF) de 1987 devido a uma suposta violação russa, algo que Moscou nega, permite que comece a desenvolver e mobilizar tais mísseis.
Putin disse que a Rússia não quer uma nova corrida armamentista, mas também elevou o tom de sua retórica militar.
Alguns analistas viram sua abordagem como uma tática para tentar convencer os EUA a voltarem a conversar sobre o equilíbrio estratégico entre as duas potências, algo que Moscou vem tentando há tempos com resultados mistos.
Na transmissão da noite de domingo, Dmitry Kiselyov, apresentador do principal noticiário semanal da TV russa, “Vesti Nedeli”, mostrou um mapa dos EUA e identificou vários alvos que disse que Moscou gostaria de alvejar no caso de uma guerra nuclear.
Os alvos, que Kiselyov descreveu como centros presidenciais ou de comando militares, ainda incluem Fort Ritchie, centro de treinamento militar de Maryland fechado em 1998, McClellan, uma base da Aeronáutica localizada na Califórnia e fechada em 2001, e Jim Creek, base naval de comunicações do Estado de Washington.


25 de Fevereiro de 2019 / às 11:03 / há uma hora

Trump não cobrará desnuclearização da Coreia do Norte, mas acordo de paz é possível

Por Hyonhee Shin
HANÓI (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, realizam uma segunda cúpula nesta semana sem nenhuma expectativa real de eliminar as armas nucleares do regime norta-coreano, mas nesta segunda-feira aumentou a esperança de uma paz oficial na península depois de muito tempo.
Presidente dos EUA, Donald Trump 25/02/2019 REUTERS/Jim Young
Os dois líderes devem se reunir na capital do Vietnã, Hanói, na quarta e quinta-feiras, oito meses após sua cúpula histórica em Cingapura, que foi a primeira entre um presidente norte-americano no exercício do cargo e um líder norte-coreano.
Na ocasião eles prometeram trabalhar pela desnuclearização da Coreia do Norte, mas o acordo vago produziu poucos resultados. Senadores democratas dos EUA e autoridades de segurança alertaram Trump para não fechar um acordo que faria pouco para conter as ambições nucleares de Pyongyang.
Falando em Washington na véspera de sua partida para o Vietnã, Trump disse acreditar que se entendeu com Kim e que os dois desenvolveram “um relacionamento muito, muito bom”.
Mas ele pareceu minimizar qualquer esperança de um grande avanço, dizendo que ficará satisfeito se a Coreia do Norte mantiver a suspensão dos testes de armas.
“Não estou com pressa. Não quero apressar ninguém”, disse. “Só não quero testes. Contanto que não haja testes, estamos contentes.”
A Coreia do Norte realizou seu último teste nuclear, seu sexto, em setembro de 2017, e testou um míssil balístico intercontinental pela última vez em novembro do mesmo ano.
Antes da interrupção, o país realizou uma série de testes que diz ter tornado suas poderosas bombas e mísseis nucleares capazes de atingir o território continental norte-americano.
Há anos os EUA exigem a desnuclearização norte-coreana completa, verificável e irreversível antes de fazer qualquer concessão. Pyongyang repudiou a postura, que classificou como unilateral e “digna de gângsteres”.
Mas nos últimos dias Trump sinalizou um possível abrandamento, dizendo que adoraria poder suspender sanções se houver um progresso significativo rumo à desnuclearização.
Trump disse que ele e Kim esperam avançar na reunião e voltou a prometer que a desnuclearização ajudaria a Coreia do Norte a desenvolver sua economia.



5.     Políticas e Educação.


CÂMARA DOS DEPUTADOS NOTÍCIAS
Secretário da Previdência defende modelo de capitalização
Deputado da oposição lembra que regime não deu certo no Chile, onde foi aplicado a partir dos anos 1980
21/02/2019 - 15h12

No anúncio da reforma da Previdência (PEC 6/19), o governo também propôs as bases para um novo modelo de capitalização que será opcional e apenas para os trabalhadores que estiverem entrando no mercado de trabalho após a sua regulamentação.
De acordo com o secretário de Previdência, Leonardo Rolim, a ideia é que cada trabalhador tenha uma conta individual onde depositará suas contribuições e que também poderá receber contribuições dos empregadores. É o modelo de capitalização, no qual o trabalhador recebe o que contribuiu mais os rendimentos. O sistema atual é de repartição. Ou seja, independentemente do que foi contribuído, o trabalhador recebe o que foi definido em lei para o seu caso.
Para o deputado Glauber Braga (Psol-RJ), o sistema de capitalização não deu certo no Chile:
“E utilizam como um modelo para essa experiência e dizem que depois vai ter uma norma infraconstitucional para regulamentação. Mas o que eles não dizem é que no Chile de Pinochet, que fez essa reforma, orientado pelos “chicago boys” do senhor Milton Friedman, lá no Chile - e esses são dados oficiais - mais de 90% dos aposentados, se você faz a conversão para a moeda brasileira, ganham lá aproximadamente R$ 600. Com o salário mínimo no Chile, que também se convertido para a moeda brasileira, é de R$ 1.200”, comparou Braga. 
Pagamento mínimo

Mas o secretário de Previdência, Leonardo Rolim, disse que haverá um mínimo a ser pago:
“Um dos princípios gerais é a capitalização em regime de contribuição definida. Que quer dizer isso? As pessoas vão receber na sua aposentadoria de acordo com o que ela contribuiu ao longo da sua vida laboral. Porém, tem a garantia do salário mínimo. Se a pessoa contribuiu pouco ao longo da vida, não garantiu o mínimo para receber o salário mínimo, vai ter um fundo solidário que vai garantir que essa pessoa receba pelo menos o salário mínimo”, disse.
As regras do sistema de capitalização ainda serão definidas em lei complementar; mas Leonardo Rolim disse que também haverá a possibilidade de criação de um sistema de contas virtuais que teria a função de diminuir o custo de transição para o novo modelo. Neste sistema, as contribuições seriam geridas e registradas pelo Tesouro de maneira contábil; ou seja, não haveria a aplicação do dinheiro no mercado financeiro, mas o trabalhador teria a garantia da rentabilidade.


CÂMARA DOS DEPUTADOS NOTÍCIAS
Reforma da Previdência: mudança na aposentadoria de professores divide opiniões
21/02/2019 - 15h55
Pela proposta do governo, a idade mínima exigida dos docentes será de 60 anos, tanto para homens quanto para mulheres. Secretário da Previdência defende paridade; deputada critica a medida
Professores e policiais continuarão tendo regras especiais de aposentadoria em função da atividade caso a reforma da Previdência seja aprovada (PEC 6/19). O governo, no entanto, propôs acabar com a diferença entre homens e mulheres na idade de aposentadoria.
Professoras também terão de comprovar 30 anos de efetivo exercício no magistério; requisito já é exigido dos homens
Pela reforma, os professores passarão a ter idade mínima de 60 anos para ambos os sexos, e o tempo de contribuição, que hoje é de 25 anos para a mulher e de 30 anos para o homem, será de 30 anos para todos. O professor tem de comprovar efetivo exercício na educação infantil ou nos ensinos médio e fundamental.
O secretário da Previdência, Leonardo Rolim, ressaltou que não há diferença entre homem e mulher em outros países. “Isso parte de um princípio de que aposentadorias com regras especiais têm essas especificidades por conta da atividade em si, não por diferença de gênero”, apontou. “Vários países têm regras diferenciadas para professores, Brasil não é o único. Mas é o único que trata o professor diferente da professora.”
Crítica
A deputada Professora Rosa Neide (PT-MT), no entanto, criticou esse dispositivo da proposta. “É um absurdo propor que uma professora alfabetizadora se aposente aos 60 anos. Na maioria das vezes, ela começa a trabalhar aos 20, 21 anos. Terá de ficar 40, 41 anos em sala de aula”, argumentou.
Como regras de transição, os professores poderão optar pelos pontos, que é a soma de idade e tempo de contribuição, começando com 81 para mulheres e 91 para homens em 2019 e subindo um ponto a cada ano; ou pela idade mínima combinada com tempo de contribuição. Neste caso, a idade começa com 51 anos para as mulheres e 56 para os homens em 2020, aumentando seis meses a cada ano até chegar a 60. Os professores da rede pública que entraram antes de 2003 terão de se aposentar aos 60 anos se quiserem benefício igual ao último salário.
Segurança pública

Para os policiais civis, federais e agentes penitenciários, foi criada uma idade mínima de 55 anos, sem distinção etária entre homem e mulher. A diferenciação que existirá será em relação ao tempo de contribuição – 30 anos para o homem e 25 para a mulher – e no tempo e exercício da atividade policial.
“Na partida, será de 20 anos para o homem e 15 para a mulher. Esse tempo de atividade policial vai passar a ter uma progressão, aumentando em um ano a cada dois anos”, explicou o subsecretário dos Regimes Próprios de Previdência, Narlon Gutierre. “De forma que a mulher terá de cumprir 20 anos de atividade exclusivamente policial; e homem, 25 anos”, continuou.
O governo não propôs mudanças na integralidade do benefício do policial que entrou no serviço antes da criação de fundo complementar. Os policiais militares e bombeiros terão as mesmas regras das Forças Armadas, segundo o Planalto. O projeto de lei sobre os militares ainda será enviado ao Congresso.

https://www2.camara.gov.br/camaranoticias/noticias/TRABALHO-E-PREVIDENCIA/572724-REFORMA-DA-PREVIDENCIA-MUDANCA-NA-APOSENTADORIA-DE-PROFESSORES-DIVIDE-OPINIOES.html

SENADO NOTÍCIAS
MP da Educação domiciliar vai dar proteção às famílias, diz Damares

Da Redação | 21/02/2019, 17h01
Uma medida provisória para autorizar os pais a não matricular seus filhos em escolas regulares, passando a educá-los em casa ainda não está pronta. De acordo com a ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que participou de audiência pública no Senado nesta quinta-feira (21), o texto está sendo preparado em conjunto com o Ministério da Educação e a sociedade civil para que chegue maduro ao Congresso e não exija muito debate para sua aprovação.
A proposta, conhecida como homeschooling (ensinar em casa), consta entre as prioridades dos 100 primeiros dias de gestão do governo federal. Como o ensino domiciliar ainda não é regulamentado, pela legislação atual, pais ou responsáveis podem responder criminalmente por não matricularem os filhos em escolas.
Em setembro de 2018, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitaram o pedido de uma família que queria educar a filha em casa, por não haver previsão legal. Segundo o entendimento do STF, mudanças no modo de ensino brasileiro não devem ser feitas pelo Judiciário, mas pelo Legislativo.
— Nós temos um grupo muito grande de famílias que já aplicam ensino domiciliar ou homeschooling. Com a decisão do STF, essas famílias que estavam sob efeito de liminar, perdem a proteção. Com a medida provisória, elas estarão protegidas — disse.

O GLOBO
Enem: revisão de questões de 'fundo ideológico' pode comprometer qualidade
Especialistas temem que comissão criada para excluis ritens que expressem 'ideologia de gênero' possa prejudicar prova
Paula Ferreira
20/02/2019 - 18:02 / Atualizado em 21/02/2019 - 09:26

RIO- A decisão do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de instituir uma comissão para revisar o Banco Nacional de Itens,de onde são extraídas as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), repercutiu mal entre educadores. De acordo com especialistas, a medida é "grave" e pode até mesmo colocar em risco a excelência da avaliação.

Nesta quarta-feira, O GLOBO revelou que o Inep pretende criar uma comissão composta por quatro pessoas, sendo dois representantes do Ministério da Educação (MEC), um do próprio Inep e um da sociedade civil, para fazer uma devassa nos itens que subsidiam as avaliações do país da educação básica ao ensino superior.
— O principal problema é técnico. Leva-se muitos anos para construir um banco de itens consolidado e que garanta o direito a uma avaliação justa para todos. Criar uma comissão como essa vai restringir a qualidade das questões. Isso é muito grave. Além do que o projeto não está claro, não está aberto — criticou Cleuza Repulho, que é especialista em Educação.
Ela destaca que a construção do banco de itens é complexa e que interferir nesse processo pode macular o Instituto e comprometer a qualidade dos exames:
— Há pessoas de todo país contribuindo para esse banco, não é um grupo pequeno. São pessoas que mantém o sigilo para garantir a qualidade das questões. O Inep é um órgão respeitado no mundo, que tem uma história. Não está em jogo uma questão ideológica e sim uma questão de qualidade da avaliação.
Além da qualidade dos testes, outra preocupação apontada pelos pesquisadores é o fato de questões que promovam de alguma maneira a igualdade sejam encaradas pelo governo como algo negativo, sob uma perspectiva de "doutrinação". Nesse sentido, a educadora Andressa Pellanda, coordenadora de políticas educacionais da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, diz que o governo está desalinhado com as tendências internacionais.
— O governo de um país do tamanho do Brasil levar a sério essa ideia falsa de "ideologia de gênero" é completamente absurdo e beira o ridículo, se colocado em perspectiva internacional. Qualquer país do mundo que se diga minimamente progressista tem políticas voltadas à igualdade de gênero e ao combate às discriminações. Isso está previsto em diversos tratados internacionais e também é meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, agenda pactuada pelo Brasil na ONU — afirmou.
Pellanda criticou ainda o fato de a comissão ser composta por um grupo restrito, o que, na opinião dela, dá margem para falta de transparência.
— A construção de uma comissão formada por quatro pessoas, de forma sigilosa, sem alguma transparência e ainda por cima para fazer um processo de controle e censura de governo a uma política de Estado histórica e de sucesso como é o Enem é altamente preocupante, nada democrático e de uma fragilidade institucional sem medidas — disse. 


O GLOBO
Enem 2019: Governo vai criar comissão para excluir da prova itens que expressem suposta 'ideologia de gênero'
Anunciado internamente, grupo formado por quatro pessoas decidira questões que serão anuladas
20/02/2019 - 11:06 / Atualizado em 20/02/2019 - 14:02

BRASÍLIA - O governo federal prepara a criação de uma comissão dedicada a analisar o banco de questões usado para montar a edição de 2019 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A decisão foi anunciada em reunião interna nesta semana e confirmada ao GLOBO pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O presidente do Inep afirma que a "prova deve usar termos alinhados aos valores da sociedade".
Durante a campanha eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro apontou justamente o viés ideológico como um dos problemas centrais da educação no Brasil, embora não haja levantamento sobre a dimensão da questão nas escolas e nem mesmo reconhecimento do termo "ideologia de gênero" por parte de educadores.

https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-e-vestibular/enem-2019-governo-vai-criar-comissao-para-excluir-da-prova-itens-que-expressem-suposta-ideologia-de-genero-23466240


FOLHA DE SÃO PAULO
Reforma da Previdência prevê idade mínima de 60 anos para professores
Regra valerá para homens e mulheres, que terão que contribuir por 30 anos segundo proposta

20.fev.2019 às 13h02

Thiago ResendeBernardo Caram
BRASÍLIA
A proposta de reforma da Previdência prevê regras mais duras para que professores se aposentem.
Os professores da iniciativa privada, segundo o texto, terão que cumprir uma idade mínima de 60 anos. Isso valerá para homens e mulheres, que terão que contribuir por 30 anos.
Os detalhes da proposta estão sendo anunciados pela equipe econômica em Brasília nesta quarta-feira (20). 
“São aposentadorias com regras especiais por conta da atividade em si e não por diferença de gênero”, disse o secretário-adjunto de Previdência, Leonardo Rolim.
Atualmente, não há idade mínima e o tempo de contribuição mínimo e de exercício da função é de 25 anos (mulheres) e 30 anos (homens).
No caso dos professores do setor público, as regras propostas na reforma da Previdência também preveem os requisitos de 60 anos de idade, para homens e mulheres, e um tempo de contribuição de 30 anos.
Além disso, são exigidos pelo menos 10 anos no serviço público.
Atualmente, os professores do setor público se aposentam com 50 anos de idade, se mulher, e 55 anos, se homem. O tempo de contribuição também é diferente de acordo com o sexo: 25 anos (mulher) e 30 anos (homem). Também têm que cumprir o requisito de 10 anos de tempo de serviço no setor público.
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/02/reforma-da-previdencia-preve-idade-minima-de-60-anos-para-professores.shtml

ESTADÃO

'Liberdade é o principal ponto do Ministério da Educação', diz número 2 da pasta
Para Luiz Antonio Tozi, secretário executivo, nova equipe trabalha para a 'liberdade do cidadão'

Isabela Palhares e Renata Cafardo
18 Fevereiro 2019 | 15h16

SÃO PAULO - O principal ponto para orientar os trabalhos da nova equipe do Ministério da Educação  (MEC) tem sido a busca pela "liberdade do cidadão", segundo Luiz Antonio Tozi, secretário executivo da pasta. 
"Temos um consenso e o próprio presidente (Jair Bolsonaro) tem também colocado como prioridade o aprendizado, para que o jovem tenha liberdade e discernimento para ser o que quiser", disse na manhã desta segunda-feira, 18, em São Paulo, durante a abertura do seminário  "Prioridades para a Educação Básica", promovido pelo Todos pela Educação.

Dentre as primeiras ações previstas pelo novo comando do MEC, está a regulamentação para o ensino domiciliar. A modalidade, conhecida como homeschooling, não é liberada no País e a sua regulamentação foi colocada como prioridade para os cem primeiros dias de governo - apesar de apenas cerca de 3,2 mil famílias no País aderirem ao modelo, atendendo cerca de 6 mil crianças, o governo diz que quer dar liberdade para os pais que optam por esse tipo de ensino. 
Tozzi também elencou outros objetivos que são vistos como importantes para melhorar a educação no Brasil, mas para elas ainda não há nenhuma ação elaborada. "Ninguém duvida que nós temos que aumentar as possibilidades de aprendizagem efetiva, que nós temos que profissionalizar a carreira dos professores, fazer um novo processo de redistribuição  (de recursos) para os Estados e municípios", disse.
"Não sabemos ainda como fazer de forma precisa e sem errar", acrescentou.



ESTADÃO
Escola militarizada é nova aposta para rede pública do DF
Governo afirma adotar modelo com base em desempenho no Ideb, IDH da população e índice de violência; proposta divide opiniões

Lígia Formenti, O Estado de S.Paulo
17 Fevereiro 2019 | 02h00
BRASÍLIA - A vaga na escola perto de casa ou a identidade visual? Desde a semana passada, é essa a pergunta que Jhonatas Lopes, de 17 anos, se faz a todo instante. Matriculado no Centro Educacional 3 de Sobradinho, colégio da rede pública de Brasília, o estudante terá em breve de cortar os cabelos compridos que mantém desde os 7 anos se quiser permanecer na instituição. A determinação é novidade. A escola passou a integrar um projeto-piloto criado este ano no Distrito Federal, com quatro colégios, que prevê a inclusão de militares na coordenação das unidades.
Com a mudança, estudantes deverão usar uniforme com inspiração militar e deixar brincos e piercings em casa, além de adotar o mesmo padrão para os cabelos: raspados para os alunos, coques para as alunas. “Pode parecer bobagem, mas o cabelão para mim significa muito. Assim que me reconheço.” Jhonatas já pensou em pedir transferência. Mas a mãe vetou. “Ela diz que não vale a pena. Estou no 3.º ano do ensino médio. E tenho aqui amigos.”
A proposta de levar militares para atuar nas escolas públicas foi apresentada logo nos primeiros dias de governo de Ibaneis Rocha(MDB). Embalado pelo discurso de campanha do presidente Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército que promete incentivar a militarização do ensino, o governador deu a largada no Distrito Federal. Resgatou um projeto há tempos desenhado pela PM, providenciou consulta a professores e pais de alunos das escolas escolhidas e iniciou semana passada a experiência.
“Foi tudo muito rápido”, resume o colega de escola de Jhonatas, Igor de Oliveira. Ele deixa clara sua indignação. “A roupa não vai mudar o meu aprendizado. Não quero aprender a marchar. Isso é tudo muito radical.”
Assessor especial da Secretaria de Educação do GDF, Mauro Oliveira, garante que a comunidade foi ouvida e que a experiência não é nova. Ao todo, diz, 120 escolas públicas no País têm gestão compartilhada com militares - metade em Goiás. Com a proposta de Jair Bolsonaro, a expectativa é de que esse número se expanda rapidamente. No Ministério da Educação, uma subsecretaria foi criada justamente para incentivar a criação de escolas militares. O plano é destinar recursos para auxiliar municípios a desenvolver unidades do tipo.
Oliveira garante que, nas unidades do projeto-piloto, a votação favorável à mudança para gestão compartilhada foi expressiva. Mas a iniciativa está longe de ser unanimidade. Diretora do Sindicato dos Professores do DF, Rosilene Correa afirma que o processo de convocação dos pais para a consulta foi falho. Ela questiona ainda a escolha das escolas do projeto. 
O GDF afirma que a seleção foi norteada por três critérios: o desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica(Ideb), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da população que mora em torno das escolas e o índice de violência na região. Mais vulneráveis teriam preferência.
“Mas as escolas escolhidas estão longe de ter os piores indicadores. Pelo contrário. Em três delas, os alunos tiveram um desempenho mediano nas avaliações e as instalações são adequadas”, diz a diretora do sindicato.
Para ela, isso fará com que o projeto tenha como vitrine uma situação que está muito longe da realidade. “Vão dizer que é um sucesso, mas o que haverá é uma maquiagem, um argumento para seguir com o projeto.”
Exclusão. Rosilene teme ainda que ocorra no GDF uma exclusão de alunos com menor poder aquisitivo e com maior dificuldade de aprendizado. No modelo proposto, associações de pais e mestres seriam formadas e por meio delas contribuições poderiam ser feitas para financiar reparos, além de compra de equipamentos para escolas.
“Imagine a pressão que será para quem não pagar. Você acha que os alunos de pais com menos recursos ficarão nessas unidades?”, diz Rosilene. A ideia é que militares ofereçam também aulas extras de música ou de esportes. “Os que não tiverem uma boa atuação, um bom desempenho, serão aos poucos incentivados a deixar as unidades. Vão para escolas longe de casa”, completa a diretora do sindicato. Oliveira nega. “Não haverá cobrança. As contribuições servirão para melhorias.”
Disciplina volta a inspirar as particulares
Escolas de inspiração militar estão na mira também da iniciativa privada. No Distrito Federal, uma rede com dez unidades foi aberta neste ano, com a promessa de transmitir aos alunos “disciplina, civismo e conhecimento”. Batizada de Colégio Marechal Duque de Caxias, a rede já tem 4 mil alunos. Do ensino infantil ao médio, estudantes têm de aprender, por exemplo, detalhes sobre a Bandeira Brasileira ou a vida de Duque de Caxias, patrono do Exército.
“O conhecimento é dado, mas sem viés ideológico”, afirma o coordenador e militar da reserva, Nelson Gonçalves de Souza. O governo de 1964, completa, não é ensinado como golpe ou revolução. Mas como ciclo governado por militares. No slogan da escola, disciplina está em primeiro lugar. “Aqui o professor dá aula durante 45 minutos. Não é preciso desperdiçar tempo esperando alunos ficarem quietos.” Ao entrar na sala, o professor é apresentado aos estudantes por um chefe da classe e imediatamente é saudado.
O projeto do governo do Distrito Federal (GDF) prevê uma rotina similar. Haverá revezamento para um líder de classe e alunos terão de entrar em formação e cantar o Hino Nacional. “Os policiais militares vão ajudar nossos alunos a ter uma postura mais condizente. Posso ser criticado por isso que vou dizer, mas a verdade é que nós, professores, sozinhos, não demos conta”, afirma o vice-diretor do Centro Educacional 3 de Sobradinho, Geraldo Calado.
Nas escolas do projeto-piloto do GDF, carros de polícia ficam na frente do prédio. Logo na chegada, alunos são recepcionados por PMs que, assim que a aula começa, ficam transitando pelos corredores. “Não é disciplina imposta por medo. É respeito”, diz o assessor especial da Secretaria de Educação do GDF, Mauro Oliveira.
Contramão. O espaço que esse modelo de ensino vem ganhando no País é classificado como equívoco pelo professor da Universidade de São Paulo (USP) Ulisses Araújo. “Num modelo autoritário de escola há o reforço para o sujeito obediente.” Para ele, essa fórmula vai na contramão das habilidades que cada vez são mais necessárias no século 21. “O importante é ter criatividade, colaboração, pensamento crítico e capacidade para resolução de problemas.”



O GLOBO

Bolsonaro reforça promessa de 'Lava-Jato da Educação'
Ministério da Educação fez acordo com Justiça, PF, CGU e CGU para investigar gestões anteriores

15/02/2019 - 17:50 / Atualizado em 15/02/2019 - 19:35

BRASÍLIA — O presidente Jair Bolsonaro reforçou nesta sexta-feira que o seu governo quer fazer uma "Lava-Jato da Educação". Na quinta, o Ministério da Educação anunciou um acordo com a pasta da Justiça para investigar indícios de corrupção e desvios na pasta e suas autarquias nas gestões anteriores. Bolsonaro acrescentou que a Polícia Federal (PF), a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Advocacia-Geral da União (AGU) também farão parte da iniciativa.
"Muito além de investir, devemos garantir que investimentos sejam bem aplicados e gerem resultados. Partindo dessa determinação, o Ministro Professor Ricardo Vélez apurou vários indícios de corrupção no âmbito do MEC em gestões passadas. Daremos início à Lava Jato da Educação!", escreveu Bolsonaro em uma rede social, acrescentando que esse é "apenas o primeiro passo".
Vélez se reuniu na quinta com os ministros Sergio Moro (Justiça), Wagner Rosário (CGU) e André Mendonça (AGU). De acordo com Bolsonaro, o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, também estava presente.
Na nota divulgada na quinta, o MEC afirmou que teria identificado "exemplos problemáticos" com favorecimentos indevidos no Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).






FOLHA DE SÃO PAULO

Discreto na universidade, Vélez quer ser visto como pensador na Educação
Titular da pasta da gestão Bolsonaro não teve grande projeção como docente, dizem ex-colegas
11.fev.2019 às 2h00


Paulo Saldaña
BRASÍLIA
​Uma postagem no Twitter do então presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) na noite de 22 de novembro tirou um professor colombiano radicado no Brasil desde a década de 1970 de um considerável anonimato. Até dias antes do anúncio, o próprio Ricardo Vélez Rodríguez, 75, jamais havia pensado que um dia seria ministro da Educação.

Nem político nem gestor, Vélez Rodriguez nunca participou de discussões sobre educação pública, apesar de ter considerável publicação de artigos e livros.

Teve carreira discreta na própria instituição onde atuou por quase 30 anos, a UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), segundo ex-colegas ouvidos pela Folha.

Já para parte dos apoiadores de Bolsonaro, chegou ao MEC um profundo conhecedor do que seria o “pensamento brasileiro”, além de figura afinada com a agenda cultural do novo governo, como o combate à suposta predominância do marxismo nas escolas

Também foi louvado por religiosos e conservadores que querem interditar discussões de gênero na escola por verem nisso uma ameaça à família e aos valores cristãos

No MEC, Vélez Rodríguez cercou-se de ex-alunos (três dos seis secretários, grupo que ele chama de aluninhos), abrigou militares e tem buscado para si a posição de um “ministro pensador”.
Na posse do cargo, exaltou a família, a igreja e valores tradicionais e disse que combateria o marxismo cultural na educação. Nos bastidores, ele tem articulado o tema. 

Um pedido para que a equipe jurídica do ministério preparasse parecer para acabar com o CNE (Conselho Nacional de Educação) acabou não prosperando internamente. 

O órgão, que analisa políticas educacionais importantes como alterações curriculares, é chamado pelos atuais ocupantes do MEC como “conselho soviético da educação”.

Persistem no ministério discussões sobre como interferir de modo mais ativo na composição do conselho. A indicação de religiosos foi aventada.

O desligamento, pouco antes da posse, do sociólogo 
Antonio Testa, que coordenava a transição no MEC e seria o secretário-executivo, causou incômodo entre os generais que apoiam o governo e de quem Testa é próximo. 

Por outro lado, Vélez tem próximo a ele um grupo do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), instituição de excelência no ensino superior.

Nas únicas duas entrevistas que concedeu à imprensa profissional, o filósofo desgastou-se ao expor o que pensa. 

Disse ao jornal Valor Econômico que não é possível haver universidade para todos. No Brasil, apenas 18% dos jovens têm ensino superior, índice inferior a países da América Latina.

Em declaração à revista Veja, ele disse que 
o brasileiro é um canibal que rouba aviões e hotéis. A entrevista o desgastou até dentro do governo.

O impacto negativo é reconhecido até por seus assessores. A ordem agora é evitar que o ministro se exponha até reconquistar prestígio.

Também em sua posse, Vélez citou duas figuras importantes na sua biografia: o filósofo conservador e liberal Antonio Paim e o escritor 
Olavo de Carvalho

O primeiro tem ligação com sua história no Brasil e com desenvolvimento de sua linha de pesquisa. O segundo, com a chegada de Vélez ao MEC.

A indicação de Vélez foi feita por Olavo aos filhos de Bolsonaro após recepção negativa da ala evangélica ao nome do educador Mozart Ramos, do Instituto Ayrton Senna. 

A ligação entre Vélez e Olavo ocorreu recentemente, na esteira do crescimento da onda conservadora e da acensão do escritor como guru da direita.

O professor e filósofo mineiro José Carlos Rodrigues conhece o ministro desde os anos 1980. Diz nunca ter ouvido o nome de Olavo de Carvalho nas discussões acadêmicas. “Na universidade nunca se discutiu Olavo de Carvalho”, disse o docente aposentado. 

Rodrigues afirmou ter sido pego de surpresa pela indicação, mas aposta que ele fica os quatro anos no MEC. 

O professor ainda compartilha da visão, repetida em algumas ocasiões pelo ministro, de que o fato de não ele ser de esquerda teria prejudicado a projeção de seu trabalho acadêmico. “É um acordo tácito. Quem não entra no esquema da esquerda está fora.”

Em artigos e declarações pelas redes sociais, Vélez demonstra seu conservadorismo, antipetismo e a convicção de que o espectro do comunismo ronda o Brasil. É favorável ao Escola sem Partido e faz críticas à imprensa. 

É casado com Paula Prux, formada em direito, autora de um artigo em que defende um olhar sem preconceito sobre os direitos dos transexuais —tema sem muita entrada no atual governo. 

Sua filha mais velha, Maria Vitória, é jornalista especializada em meio ambiente e editora no Brasil de uma das maiores agências internacionais de notícias.

Em publicação na sua página no Facebook, a filha do ministro compartilhou em maio do ano passado notícia de que a USP oferecia cursos gratuitos de história. “Tem muita gente precisando”, comentou. 

Em março, ela publicou petição em que exigia respostas sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, morta naquele mês. A página dela na rede social foi desativada na semana passada. Ele tem mais um filho de 6 anos.
Formado em filosofia pela Universidade Pontifícia Javeriana, da Colômbia, Vélez nasceu em Bogotá e chegou ao Brasil com uma bolsa de estudos para fazer um mestrado sobre a América Latina. 

No Rio, se aproximou do baiano Antonio Paim, que seria seu orientador no mestrado, finalizado em 1974, e no doutorado. Paim foi quem o influenciou a estudar o pensamento filosófico brasileiro e não o da América Latina.

Seu livro “Castilhismo - Uma Filosofia da República”, resultado da dissertação de mestrado na PUC do Rio de Janeiro, é apontado como sua melhor obra. Em 2000, fez parte da coleção Brasil 500 Anos editada pelo Senado Federal.

A produção do estudo, que analisa o pensamento de Júlio de Castilhos, ex-governador do Rio Grande do Sul, o positivismo no Brasil e sua influência no país, foi o ponto de partida para toda sua carreira acadêmica no Brasil. Quando Paim montou o programa de pós-graduação sobre pensamento luso-brasileiro na Universidade Gama Filho, no Rio, Vélez o acompanhou e lá terminou doutorado. 

Ele lecionou filosofia na Gama Filho, na UEL (Universidade Estadual de Londrina) e em outras instituições pequenas. Já doutor, ingressou na federal de Juiz de Fora no início dos anos 1980.

Ex-colegas de curso indicam que, tanto na Gama Filho quanto no departamento de filosofia em Juiz de Fora, predominava um perfil de docentes liberais e conservadores. “O departamento era mais conservador, mas sempre houve um sentimento de muita tolerância”, disse o professor aposentado Antonio José Gabriel, que também é padre. “Não tiro o mérito do Ricardo, mas me surpreendeu a nomeação. Sempre foi muito discreto na universidade.”

Na federal, Vélez Rodríguez não participou ativamente da vida da universidade e chegou a recusar proposta para se dedicar exclusivamente à instituição. Também passou a colaborar como docente da Escola do Estado-Maior do Exército, de formação de oficiais.

Uma importante empreitada do agora ministro foi a criação de um programa de mestrado em filosofia em 1994, na federal de Juiz de Fora, mas que acabou descredenciado pela Capes (órgão do MEC que avalia a pós-graduação) em 2000.

Após três visitas, os avaliadores não recomendaram o curso. Vélez atribui o fracasso a questões ideológicas. 

Com referenciais liberais e conservadores, o programa sofreu ao ser avaliado por uma estrutura dominada pela esquerda, ele avalia.

Essa visão é questionada por quatro docentes que atuavam na universidade à época, sendo dois ex-reitores. Para eles, que preferiram não se identificar, faltava qualidade mesmo.

Em 2009, o CNE validou o diploma dos 47 titulados no programa ao longo dos anos. Depois da aposentadoria em 2013, o professor voltou a Londrina, onde já havia morado, e passou a dar aulas na pequena faculdade Arthur Thomaz. 

A unidade foi comprada pelo grupo Positivo. Segundo o reitor, José Pio Martins, o ministro preferiu se desligar da instituição após ser anunciado como ministro.

 

INDEFINIÇÃO SOBRE AÇÕES PREOCUPAM SECRETÁRIOS

O primeiro mês da gestão do ministro Ricardo Vélez Rodríguez à frente do MEC tem causado apreensão entre secretários de Educação de estados e municípios.

O ministério ainda não apresentou diretrizes efetivas da política educacional nem disse se haverá continuidade das ações já em curso. A equipe do ministro reconhece que há poucas ações efetivas.

Com uma equipe inexperiente na estrutura da política federal de educação, secretários e o ministro se esforçam para entender a complexidade da pasta, as ações e como se formulam as políticas.

Integrantes do MEC reconhecem que a falta de diretrizes claras já causa desgaste. Assessores dizem que o namoro com a opinião pública está próximo de acabar, caso não haja movimentos efetivos.

A primeira reunião do ministro com as entidades que representam os secretários de Educação ocorreu somente na semana passada. O encontro só serviu para apertos de mão: os secretários não ouviram sinalização concreta de ações.

Ao MEC cabe a política educacional e colaboração com recursos, mas os alunos estão sob responsabilidade de estados e municípios.

Folha ouviu quatro secretários de Educação que relataram, sob a condição de anonimato, angústia com as indefinições. A maior preocupação é com ações que vinham sendo discutidas desde a gestão passada —políticas induzidas pelo MEC e recursos.

Há indefinição sobre políticas de apoio aos anos finais do ensino fundamental e transferências de recursos para creches. Também há dúvidas sobre a continuidade da política de apoio a escolas de tempo integral no ensino médio, bandeira da gestão Michel Temer. 

Entre 2017 e 2018 foram apoiadas 981 escolas, com gasto de R$ 1 bilhão. A previsão é ter mais 220 escolas em 2019. Escolas nessa modalidade custam mais aos estados. 

As redes municipais estão em processo de implementação da Base Nacional Comum Curricular, documento que define o que os alunos devem aprender. Há apreensão entre secretários de que parte do trabalho realizado possa ser em vão, caso o governo proponha mudanças.

A base do ensino médio foi finalizada em 2018. O processo de implementação tem ligação com a reforma do ensino médio, outra política debatida na gestão passada e sobre a qual o governo atual dá sinalizações pouco assertivas.

A presidente do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, diz que é natural que secretários fiquem apreensivos com as indefinições. 

“O governo federal é o definidor de parâmetros de qualidade, politicas prioritárias, e tem função protagonista na formação de professores, que é o principal determinante da qualidade”, diz. “Até agora não há informação concreta para saber a direção do governo”. Para ela, tem sido um período de planejamento do novo MEC. 

Entre técnicos do MEC há o medo de que operações como transferência de recursos possam ser afetadas. Houve atraso na assinatura de contratos com editoras, o que atrasou a chegada de 10,6 milhões de livros literários nas escolas.

O governo Bolsonaro indicou que a primeira ação prioritária na área de educação para os cem primeiros dias será uma reformulação da política de alfabetização. 



6.     Movimento da Classe