sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

"Olhos que voam": Os Olhos do Chile






Esta é uma prática antiga dos opressores, cegar os que lutam. Hoje no Chile como nos tempos antigos de opressão, cegam os jovens, mas eles continuam enxergando por meio de nossos olhos que deles também são...

Este artigo que nós do Conselhodaclasse que republicamos é quase um poema, é uma crônica, enfim, é bandeira de humanismo, do ser humano que podemos ser, apesar dos tiros de sal em nossos olhos dados por outros seres humanos, até então desumanizados....

Boa leitura.



Os olhos do Chile


Os jovens cegos enfrentam seus algozes e dizem: “eu posso vê-los, vocês não podem… vocês não têm olhos que voam”!



Por Mauro Luis Iasi.

Triste va mi canto ahora,
triste camina también mi pensamiento.
Ya no quiero adornar mi cabello,
ya no quiero cantar cuando el sol
aparezca en la mañana.
Iré a la montaña a esconderme,
para que nadie me mire,
para que nadie me mire.”

Jaqueline Caniguán
 (1974-),poetisa Mapuche


Em um tempo muito antigo, depois da separação dos continentes, da fúria dos vulcões, das cordilheiras gigantes e dos montes, o sol aparecia como uma explosão de cores para nada. O dia e a noite se alternavam, luz e trevas, sem que as estrelas ou a inclemência do sol pudessem percorrer impulsos elétricos e nervos, sem que cem milhões de fotorreceptores pudessem transformar luz e cores, sem que nenhum córtex pudesse captar os impulsos e formar imagens.
Há mais ou menos quarenta mil anos, quando os pés que cruzaram o mundo chegaram pela primeira vez, é que a explosão de imagens inundou os olhos amendoados. Eles viram o céu, o mar, a cordilheira, o condor e o puma, o voo do pássaro e a cor do copihue, eles viram a noite e o dia, batalhas e impérios, grandeza e decadência, a terra mineral, a dureza da semente e a promessa do fruto.
Viram quando os conquistadores chegaram e lutaram contra os impérios por seu ouro, viram a sombra da cruz de madeira ofuscar os deuses, a tortura e a inequidade, viram a morte e o sangue, os corpos despedaçados, viram como pode ser profundo o poço da maldade e do ódio. Mas viram também os que lutavam, os punhos erguidos que buscavam o abraço da cordilheira, viram quando as lágrimas se fizeram rios que guardavam a vida que foi e a vida que viria.
Viram mais de uma vez a noite derrotar o dia, a escuridão das catacumbas, as trevas e as estrelas que resistiam como gritos de luz em meio ao breu do firmamento, e a lua que morria para renascer em seu brilho de prata.
Viram gigantes que andavam sobre a terra. Por três séculos viram a luta em defesa de Mapuche Wallontu Mapu, viram com seus olhos a carnificina chamar-se de pacificação, viram Leftraru como criança sendo escravizado pela infâmia e o viram crescer como Lautaro que olhou seus dominadores para aprender como enfrentá-los.
Os olhos que se fechavam para dormir, os olhos que despertavam com o sol viram os mineiros saindo das entranhas da terra e marchando por seus direitos, viram mães carregando seus filhos, velhos e crianças do salitre erguerem seu punho forte e viram as tropas da morte cair sobre eles e o massacrarem em Santa Maria de Iquique.
Olhos que tanto viram anoitecer, também viram a esperança dos dias, viram auroras avermelhadas e suas bandeiras, libertárias, socialistas, comunistas. Viram a si mesmos no espelho claro de seus olhos limpos pelas lágrimas da noite.
E porque viam o passado puderam ver o futuro e ele era de bandeiras e cantos, de abraços e de encontros, de poetas e trabalhadores. Viram o presidente com seus óculos que lhes permitia ver o povo e suas esperanças, ver as crianças, as mulheres e os operários, os mineiros, o camponês e o índio, cada gota do sangue e das lágrimas feitas em rio, viu a noite e as estrelas que nunca deixaram de acreditar no amanhecer.
E mais uma vez a noite e suas botas, mais uma vez a morte e seus cortejos, mais uma vez a infâmia e a tortura, mais uma vez as trevas. Mais uma vez erguer a cruz e assassinar a Cristo, uma vez mais colocar o deus dinheiro no altar e a fome no prato do trabalhador, escondendo os olhos do mal atrás de óculos escuros e uniformes verdes.
Toda noite, por mais longa, encontra seu amanhecer. Mas nem todo dia nasce por inteiro.
As fogueiras aquecem a revolta das ruas iluminando a insensatez da noite. Por quanto tempo dormimos? Perguntam os que dormiram. Nenhum segundo, respondem os que militam na insônia, pois aprenderam a arte de sonhar despertos. Jovens, palhaços, meninas, cachorros da rua, senhoras e insanos, professores e alunos, aposentados sem renda e enfermos sem médicos, cantores e poetas, marcham desafiando a noite com o brilho dos olhos abertos.
Na vanguarda centenas de jovens sem seus olhos, avançam. No oco do olho arrancado poderia morar a noite, mas habita a luz e denuncia seus carrascos. Uma velha índia mapuche tira sons ritmados de seu kultrum e entoa uma oração.
Milhões de olhos, então, vêm desde o nascimento da cordilheira, do coração dos vulcões, das geleiras e dos rios, de todos os combatentes caídos, das minas e dos desertos, dos náufragos nos mares gelados, das alturas e das entranhas da noite, das cabeças decepadas dos guerreiros índios, dos calabouços e câmaras de tortura, dos porões e das avenidas, das fábricas e dos campos, dos muros sujos de sangue dos fuzilamentos, dos corpos violentados e estuprados, das gargantas caladas dos que cantavam, dos lábios mortos dos poetas. Milhares de olhos agora encaram seus carrascos desde o buraco vazio dos olhos arrancados.
Os jovens cegos enfrentam seus algozes e dizem: “eu posso vê-los, vocês não podem… vocês não têm olhos que voam”!

***

Mauro Iasi apresenta o Café Bolchevique da TV Boitempo! Nesse quadro mensal do canal da Boitempo no YouTube, nosso comunista de carteirinha apresenta conceitos-chave da tradição marxista a partir de reflexões sobre acontecimentos da conjuntura política e social recente no Brasil e no mundo. Se inscreva no canal aqui e venha tomar este café conosco! Os dois últimos episódios foram sobre Chile, Bolívia e as insurreições populares na América Latina.



quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Consumo na Sociedade Capitalista: Liberdade ou patologia?









O conselhodaclasse tem a alegria de publicar o instigante Artigo de Ricardo Rodrigues, um Jovem trabalhador psicólogo e amante da literatura, terreno no qual também inicia suas primeiras investidas. De forma leve e precisa e com rigor científico, mas sem perder a espontaneidade, Ricardo Rodrigues, dentre as várias reflexões que sugere, nos propõe em seu texto a paradoxal questão: o Consumo na Sociedade capitalista é Liberdade ou Patologia?


Boa leitura





A CULTURA DE CONSUMO COMO HEGEMÔNICA: PODERIA/DEVERIA A EDUCAÇÃO ENQUANTO MEDIADORA DA EXISTÊNCIA HISTÓRICA MODIFICAR ESSE PANORAMA?


                                                                     Por Ricardo Rodrigues.



No segundo semestre de 2019, me inseri em curso de pós-graduação em Psicopedagogia, em função do bom preço ofertado por instituição de ensino privada – a mesma de minha graduação. Cumpri uma disciplina por completo – Métodos de Pesquisa – e abandonei o curso no decorrer da segunda disciplina. Apesar do preço não salgado do curso, com o salário ínfimo de um ajudante geral, fica um tanto quanto sufocante manter as mensalidades, refeições, gastos com transporte e alguma outra despesa que sempre surge com o andar da carruagem.
 Mas para ser avaliado na única disciplina que cumpri, tive de escrever um artigo utilizando-me de toda a instrumentação exigida pelo método científico. E o desafio maior, foi o de associar um trabalho com caráter de levantamento bibliográfico, ao tema educação. Todas as alunas – eu era o único “macho” do grupo – partiram para as psicopatologias ou questões voltadas ao fracasso escolar. Já eu?? Pensei comigo: “pago mensalidade, disponho-me a ficar por aqui das oito da manhã às cinco da tarde e meus pés doem com estes sapatos apertados que calço... Vou escrever sobre consumo e, com alguma habilidade retórica, associar o tema à educação”.
 E por que consumo? Acredito que, algum tipo de revolução, a superação do capitalismo, só se efetivará, quando a massa consumidora – os proletários – entenderem que não necessitamos, para uma boa vida, da maioria das tralhas que compramos e que, por tanto, talvez não tenhamos de nos submeter aos mais vis empregos – ou” empreendimentos”, do novo homem “livre” – em troca dos mais ridículos salários ou retornos financeiros para a manutenção de uma vida “teatral”, de ilusório conforto.
O texto, aqui, será apresentado de modo bem resumido e e sem a rigidez das exigências técnico-cientificas da academia. A opção por uma linguagem mais coloquial, entretanto, sem abrir mão do rigor do texto científico, tem por objetivo tornar a leitura um pouco mais leve e porque não mais agradável e ainda assim, contribuir para produzir algum tipo de reflexão a você que chegou até este ponto e a quem mais vier a lê-lo. Não citarei todos os autores pesquisados, logo, alguns dados – inclusive de caráter estatístico – ficarão de fora desse resumo. Caso queiram ler o artigo na íntegra e de forma original, é só deixar seu email em nosso blog, que enviamos o texto pra você na íntegra. Espero que goste!

Bauman – o polonês do mundo líquido – e outros cientistas e filósofos, constantemente nos alertam para as consequências que o hábito de consumir de modo descabido, típico de nossa CULTURA DE CONSUMO, pode negativamente nos trazer. E aí, não se trata apenas de cuidados com a biodiversidade do planeta, mas também para com as relações entre humanos, cada vez mais voláteis e superficiais e menos profundas e refletidas, como o são, os hábitos na Cultura de Consumo. Partindo desta problemática, questiono-me: Nossa educação formal colabora com a consolidação da tal Cultura de Consumo ou a contesta? Vamos às bases filosóficas da montagem do raciocínio.
A consciência, ou o que chamamos de consciência, não se forma do nada. Não foram as ideias que alteraram o rumo da vida de nossa espécie ao longo do processo evolutivo. Ideias que se constituem por si, não existem. O homem, ao longo desse processo de evolução, necessitou intervir na natureza para prover sua sobrevivência. Para tal, utilizou-se de ferramentas – instrumentos – para fins de caça, plantio, alimentação, para construir abrigos, etc. A intervenção foi, possivelmente, forçosa. A natureza, indiferente e aleatória como sempre, impeliu o homem a agir.
O ambiente impele e o homem age. Ao agir, internaliza a ação tanto quanto suas consequências. Percebe que seu agir, modificou o meio no qual vive. Passa então, vez ou outra, a altera-lo intencionalmente; propositadamente.  À medida que interfere na natureza e a altera, altera-se concomitantemente. Enriquece o intelecto; aperfeiçoa o ato de pensar. O homem passa a ser o construtor de si e apesar de ainda depender da natureza, buscando nela recursos para continuar a constituir-se, passa também, de certo modo, a dominá-la.
Marx e Engels – dois alemães porretas – diriam que “não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência” no livro A Ideologia Alemã e em duas linhas, explicaram de fora mais rebuscada o que escrevi nas dezesseis linhas que antecedem meu pequeno e seguro mergulho no tema. Eis o Materialismo Histórico e Dialético. É na práxis, essa via de mão dupla, na qual o homem transforma o meio e transforma a si ao transformar o meio, é que a humanidade se constitui; se desenvolve.
Lev Semionovitch Vigotski – um soviético que amava aprender – utiliza-se desse método para estudar o desenvolvimento humano. De modo diverso de muitos estudiosos da ciência psicológica que lhe foram contemporâneos, Vigotski vê na maturação biológica, ou seja, na concepção de desenvolvimento psicológico do comportamento e da consciência humana, entendidos como natural e inevitáveis à medida que a base fisiológica do indivíduo evolui, como algo secundário; obviamente necessário – e inevitavelmente, indispensável – mas que não muito significará caso o indivíduo não seja inserido nas relações Histórico-Culturais.
Marx e Engels enfatizam o uso de instrumentos como mediadores de nossa existência histórica, o elo de nossa relação com a natureza que permitiu-nos um salto qualitativo na cadeia evolutiva. Vigotski amplia e traz cientificidade a este conceito ao cunhar o termo Signos para designar uma “nova ferramenta” mediadora de nossas relações histórico-sociais e de nosso processo de ensino/aprendizagem. Este novo signo mediador da relação entre homens e destes com o mundo, seria a Linguagem, mais especificamente, a Fala.
É em especial a fala que proporcionará à criança sua inserção e organização na cultura. A fala será o signo de referência para o sujeito que, ao apreender a cultura, tendo-a como mediadora, desenvolverá o que o autor denomina “Funções Psicológicas Superiores”. Com a fala, realizamos mais um salto qualitativo da habilidade de pensar e isso nos proporciona a possibilidade de atribuir sentidos e significados aos eventos ditos culturais.
Lembrar, comparar, relatar, escolher; dialeticamente os humanos desenvolvem-se interagindo com o meio e com outros humanos. Passamos a ter maior controle em nossa atuação no mundo; vamos distanciando-nos das demais espécies na cadeia evolutiva. A priori, isso se dá nos contextos de educação informal: relações do cotidiano como na família, nas comunidades religiosas, na vizinhança. Posteriormente, na inserção em instituições de ensino formal que vamos criando, com grade curricular e embasamento científico.
Nossa conscientização agora é promovida de forma organizada. A conscientização torna-se consciente. São metodificados os processos de ensino/aprendizagem e a isso damos o nome de educação.
Antônio Joaquim Severino – “um brasileiro do Brasil”– nos ensinará que aí, há mais um salto qualitativo no exercício do pensar. A educação passa a ser também mediadora de nossa existência histórica. A educação de determinada Era será construída e praticada a partir das condições materiais e econômicas da sociedade e poderá ser divergente ou representativa do modelo de produção funcional dessa sociedade no período específico. Em tese, a educação deveria ser promotora de conscientização das contradições sociais e de autonomia do sujeito, contudo, na sociedade neoliberal, onde impera, entre outros aspectos, a Cultura de Consumo, a educação também pode conter características de formação alienante, desumanizadora e despersonalizadora.

“Não há vida se não houver consumo” – Bauman, o polonês, novamente. Não importa se nossa referência é a antiguidade, a sociedade medieval, o mundo industrial ou o pós-industrial do qual alguns já falam. Para que haja vida funcional, tem de haver consumo daquilo que o homem busca na natureza e transforma para atender suas necessidades e caprichos.
O ponto fora da curva dessa lógica encontra-se justamente na sociedade do livre mercado. O homem descobre fontes renováveis ilimitadas de energia que o auxiliam na criação de tecnologias que possibilitam aperfeiçoar a forma de explorar outras fontes de energia e matéria-prima na natureza e dinamizar os processos produtivos, utilizando tais fontes energéticas para por máquinas em funcionamento e ampliar a exploração da força de trabalho humana. Passa-se então a produzir em grandes escalas e o que é produzido, precisa ser consumido. Nasce a sociedade de consumo.
 O tempo passa, o capital evolui e suas estratégias de vendas em massa da sua produção em massa, também. Origina-se aí, a propaganda. Necessidades são criadas e para além do suprimento destas, amplia-se a possibilidade do individuo consumidor seguir renovando-se na medida em que renovam-se os produtos, serviços e – atualmente – as vivências/experiências ofertadas pelo capital.
Publicidades carregadas de apelos emocionais, tanto quanto de personificação, de singularização para atrair o consumidor. O consumidor, ávido por estabelecer-se como um ser único e peculiar neste mundo, internaliza essa singularização; abraça essa personificação. A maioria de nós ledamente crê que o ato de optar por sanar muitas das nossas supostas necessidades expostas em propagandas, é um ato livre e condizente com a ação de um individuo consciente. Contudo, Adorno e Horkheimer – outros dois alemães porretas – nos ensinam que a possibilidade de escolha alimentada pela indústria, é meramente ilusória. Mercadorias, serviços, vivências/experiências, em geral, são demasiadas iguais e nos levam quase que sempre para o mesmo destino – a fantasia de bem-estar a partir do ato de consumir – apesar de, oferecer-nos para tal, caminhos suavemente distintos.
Houveram saltos qualitativos no ato de pensar, primeiramente, a partir do uso de instrumentos – para Marx; “segundamente”, com o surgimento/aperfeiçoamento da linguagem – para Vigotski; e “terceiramente”, com a formação consciente da consciência por meio da educação – para “Severa”. Seriam a propaganda e a publicidade, novas categorias de mediação de nossa existência histórica na sociedade da Cultura de Consumo? Poderíamos/Deveríamos, utilizando-nos da educação, superar esta cultura?
Mais uma vez com Bauman – nosso polonês – constatamos que vivemos em tempos nos quais somos impelidos a consumir, antes mesmo que – e que uma baita contradição – se consuma como um todo, de fato, aquilo que vamos descartar. Produtos, serviços e vivências/experiências, aos nosso olhos, caducam voluvelmente, sem que exauríamos o uso do que viermos a consumir. Tudo fica velozmente ultrapassado. Tudo já não nos serve, antes mesmo de perder por completo sua funcionalidade. E então, nesse mundo de intensa fluidez, onde não há projetos de longo prazo, onde não há acumulo e apego, onde sempre há a necessidade de “renovação”, por que haveríamos de imaginar que, com a educação, teria de ser diferente?
Para o “polaco”, o próprio conhecimento, em outras épocas concebido como aspecto de nossas vidas que poderia ser conservado por longo tempo e que nos auxiliaria sempre na formação de projetos, já não mais possui a característica da longevidade. A educação, na sociedade do livre mercado, também precisa fluir. Há de se atender as demandas dos indivíduos o mais rápido possível.
As avaliações, os pontos, as notas, o diploma. Tudo para o aperfeiçoamento do currículo e para a inserção no mercado ou para nele galgar novos postos, com melhores remunerações. E então, poder consumir “melhor” e mais.
O consumo volúvel, relações interpessoais volúveis, conhecimento volúvel “para ontem”. Há como superar a Cultura de Consumo pela via educacional? As variáveis... Levam a crer que não!!!



segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Pra que serve um bilionário?









Ela é incrível, se você ainda não a ouviu nem viu, nós, do 

conselhodaclasse, a apresentamos: Rita Von Hunty no explicando 

para que serve um bilionário e como se fica bilionário.  Imperdível.



 


Fonte: Carta Capital

disponível em https://www.youtube.com/watch?v=f50GsBvU_bY