Quando pesquisamos a Segunda Guerra Mundial para
trabalharmos o tema nos 9ºs, ou 3ºs anos, ficamos com a impressão de que a batalha
mais importante desta guerra foi o dia D, o desembarque na Normandia.
Hollywood tratou de imortalizar esta batalha com suas
superproduções, os livros didáticos e paradidáticos reforçam a visão
cinematográfica e vice-versa. Por isso, vamos seguir a máxima do filósofo que
recomenda que usemos o “olho da mente, visto
que nossos olhos “externos” nos pregam peças todos os dias, como faz quando nos
mostra o céu azul. Observemos a questão
mais de perto.
Em 1941, toda a Europa ocidental, com exceção da
Inglaterra todos os dias sob bombardeio da Luftwaffe, estava sob o controle dos
exércitos nazistas. Hitler então, fortalecido pelas vitórias avassaladoras até
então, deslocou suas melhores tropas para o leste e ordenou o ataque à União
Soviética, apesar do tratado de não-agressão assinado em 1939.
Desde o início a guerra foi de extermínio. Os nazistas consideravam os povos eslavos da União Soviética raças inferiores passíveis de serem exterminados assim como os judeus ou "merecedores" de sobreviver como escravos em futuras colônias agrícolas que seriam instaladas após a vitória. Vale destacar que para os nazistas, exterminar os comunistas era tão importante quanto exterminar os judeus. Todos sabemos que o anticomunismo era um princípio tão importante para
os nazistas quanto o antissemitismo
A ofensiva nazista parou em Stalingrado. No último dia
2 de fevereiro fez 73 anos que esta batalha terminou. Depois de 7 meses de
duríssimos combates o 6º exército nazista, "a raça superior" não
aguentou o tranco e se rendeu ao Exército Vermelho de operários e camponeses.
Deixando de lado os efeitos nefastos do Stalinismo, não se deve esquecer que
foram homens e mulheres, imbuídos de um ideal socialista, num mundo mais justo
e humano que esfregaram no pó, a fuça do
nazismo, faceta monstruosa do já tenebroso capitalismo.
“Você não foi
exterminado, não tem aula de alemão obrigatório, não faz saudação com o braço
esticado e não houve cantigas infantis do Tio Adolf porque lá, nas margens do
Volga, Ivan, Vladimir, Nicolai, Ludmila e tantos outros resistiram e lutaram,
rua por rua, casa por casa. Em tempos difíceis como os de hoje, de derrotas de
nossa classe. Vale lembrar disso. “Obrigado”, nos escreve o amigo Paulo Gaiotto que compartilha conosco suas anotações sobre o tema.
O comando do 6º exército rendeu-se em 31/01/1943. Mas,
um bolsão isolado resistiu até 02/02/1943. A rendição final, assim, foi em
02/02/1943. Nos perguntamos porque esta batalha não ganhou o destaque de uma Pearl
Harbour ou dia D. Nosso olho da mente nos
faz levar em conta mais alguns detalhes importantes que são esquecidos quando
trabalhamos este tema nas escolas e nos debates externos.
Em primeiro lugar, sim sim, é óbvio que Hollywood está
nos Estado Unidos e não Rússia. Em segundo lugar, a morte da Guerra Fria não fez
nem 30 anos. A guerra fria entrou em coma em 1989 com a queda do muro de Berlim
e deu o último suspiro em 1991 com o fim da União Soviética. Seus cabelos, seus
ossos e unhas ainda estão intactos.
Durante toda a década de 90 do século passado fomos
bombardeados pela propaganda anticomunista mais eficiente de todos os tempos,
pois, convenceu a maioria da população mundial a aceitar a derrota do
socialismo realmente existente como o triunfo do capitalismo. Portanto, os
livros da época da guerra fria continuaram sendo publicados ou reescritos mantendo
a versão “ocidental”, para usar um termo da época, a versão estadunidense. Isto
é tão certeiro quanto o aparecimento do sol pelas manhãs de “tempo bom.”
Por isso, os livros didáticos, cadernos do professor e
do aluno, reportagens e documentários sobre o tema continuam chamando o acordo
de não agressão entre Hitler e Stálin que dividiu a Polônia entre os dois
países, de “pacto Ribemtrop Molotov ou
Pacto entre Hitler e Stálin. Mas o
acordo feito em Munique entre a França, Inglaterra, Itália e Alemanha, no qual
Chamberlaim (GB), Daladier (FR), Mussolini (ITA) e Hitler, que autorizou a invasão dos Sudetos e depois
de toda a Tchecoslováquia, atuais República Checa e Eslováquia, é denominado “Acordo de Munique”.
Se seguimos nesta “vibe”, como dizem nossos adolescentes,
até hoje o acordo militar proposto pelos Estados Unidos entre os países capitalistas
é chamado de Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN) e o acordo militar entre os países socialistas chamado
de “Pacto de Varsóvia”. A primeira
vista parece um detalhe irrelevante de menor importância. Porém, todos nós
sabemos que a palavra pacto tem uma conotação pejorativa no imaginário popular,
algo “diabólico”, etc.
Em 6 de Junho de 1944, portanto, dia do desembarque na
Normandia ( Dia D), a derrota alemã em Stalingrado já havia completado um ano e
3 meses, “já estava falando e andando e
com seus primeiros dentinhos a mostra;”. O Exército vermelho já havia
ultrapassado as fronteiras soviéticas e já fazia incursões em território
alemão. Sem contar que em todo o território
ocupado pelos nazistas a linha de frente na resistência entre outros, era
composta pelos comunistas chamados de Partisans.
Em nossa opinião, o
2 de fevereiro de 1943 é que foi na verdade o “grande dia D”, quando os exércitos
nazistas imbatíveis até então foram obrigados a curvar-se diante de operários e
camponeses, que apesar do Stalin e do Stalinismo, lutaram, morreram e venceram,
para defender o que era seu verdadeiramente, a terra, as fábricas e os produtos
de seu trabalho. Não foram levados a morrer, como seus irmãos da maioria dos países
em guerra, para defender os interesses dos grandes monopólios que procuravam
repartir novamente o mundo entre si, sob exigência principalmente da burguesia alemã,
japonesa e italiana que financiaram nazistas e fascistas. As burguesias
inglesa, francesa e estadunidense, por seu turno também procuravam no outro
bloco manter seus domínios e ampliá-los.
Por isso, sugerimos que toda vez que você trabalhar a
segunda guerra mundial, com os meninos e meninas, faça estas ressalvas
independentemente de sua posição política. Coloque os fatos e ajude os meninos
a refletir. Lembre-os que como diziam os antigos, “quem conta um conto aumenta um ponto.”
Dois bons livros sobre o tema:
1. Stalingrado. O começo do fim. Editora Rennes (esgotado) Autor Geoffrey
Jukes.
Custa uns 10 reais e se acha em qualquer sebo. Trata apenas dos aspectos
militares
2. Vida e destino. Vassili Grossma
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