quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

BRUMADINHO





By Acrísio Mota


Bravos e bravas.

As contradições sociais se acirram e os acontecimentos sucedem velozmente.

Reflito neste minuto sobre a comoção nacional acerca da mais nova tragédia ambiental, essencialmente humana, sofrida pela população trabalhadora de Minas Gerais, com o rompimento da barragem em Brumadinho.

O incentivo à reflexão foi uma reportagem na GloboNews, em que o âncora, Bournier, deslocado para o local da tragédia, entrevista o velho jornalista, militante político, hoje ambientalista, Fernando Gabeira.

Ao ouvir a resposta de Gabeira, isentando a mineradora Vale, de mais esse crime contra a humanidade, pelo fato de a mesma "ter construído o restaurante no caminho da larva, o que assegura que a mineradora acreditava piamente que não havia risco", ao ouvir essa do velho militante Gabeira, o meu "tonel" encheu.

Encheu de ver tantas análises, de jornalistas, militantes políticos e ambientalistas, todas elas abordando, com extrema superficialidade o fato, algumas até chegando ao absurdo, como Gabeira, de afirmar que ninguém é responsável, muito menos a Vale.

É triste constatar a unanimidade nacional formada para esconder o verdadeiro responsável por mais esse crime contra a humanidade, tão óbvio para quem estuda um pouco a ciência social de conteúdo histórico dialético, mas absolutamente invisível para o conjunto da militância política brasileira, embalada nesta cruzada em defender o verdadeiro responsável, o verdadeiro criminoso.

Todos envolvidos nessa "paixão futebolistica", totalmente irracional, não se dão conta de que escondem o verdadeiro criminoso.

Mesmo os que, apressados, lançam a consigna de "Estatização da Vale Já".

Em nenhum deles, nenhuma palavra sobre o sistema do capital, que transforma gente em peças mecânicas, descartáveis, e tem como meio e fim de existência, o L U C R O. Somente a necessidade objetiva de defender o lucro a qualquer custo, explica mais esse crime.

Claro que precisamos exigir a punição dos indivíduos criminosos, seja nos poderes executivos, que afrouxam a fiscalização e o licenciamento, à base de propina; seja no legislativo, que barram os projetos de aperto na legislação, por que os deputados são financiados pelas mineradoras; seja na imprensa, por que toda ela é financiada por essas mineradoras, todas elas, verdadeiras organizações criminosas.

Mas a questão que fica é uma só.

Vamos ficar no combate aos criminosos, ou vamos destruir a fábrica deles, o sistema capitalista?????




QUINZENA Primeiro Filtro n. 0. v. 1: Decifra-me ou Devoro-te





Introdução



A conjuntura sempre traz o dilema da esfinge de Tebas: Decifra-me ou Devoro-te. Por isto, resolvemos publicar um trabalho feito por um coletivo que decidiu acompanhar o noticiário e fazer uma primeira seleção, de acordo com o interesse dos trabalhadores.
Pelo menos uma vez a cada 15 dias, você encontrará aqui no conselhodaclasse, um rol de notícias, resultado do primeiro filtro de notícias, de alguns dos principais jornais de grande circulação no Brasil, dos quais os membros deste coletivo tem acesso (O globo, Estado de São Paulo, Estado de Minas, Zero Hora, Correio Brasiliense, Folha de São Paulo ...).
Não necessariamente você encontrará notícias de todos estes jornais nessa seleção. Também não se pretende fazer uma análise de conjuntura. Esta seleção tem como objetivo, fornecer material para que você faça sua própria análise de conjuntura. 
O critério para nosso primeiro filtro foi o seguinte: 1. Economia Internacional. 2. Economia nacional. 3. Política e direitos Trabalhistas. 4. Geopolítica. 5. Política e Educação. 6. Movimentos da Classe. As notícias serão publicadas na sequência de nossos tópicos.

Boa leitura.

1.                Economia Internacional

Inflação na Argentina fica em 47,6% em 2018, a segunda maior da América Latina
Alta, menor apenas que a da Venezuela, causou uma série de atos contra o governo

15.jan.2019 às 18h43
 Sylvia Colombo

BUENOS AIRES

A inflação de 2018 na Argentina fechou o ano em 47,6%, acima do previsto no início do ano, segundo os dados divulgados nesta terça-feira (15). 
No início do ano passado, o governo havia estimado que o aumento dos preços terminaria 2018 entre 15% e 20%.
A maioria dos sindicatos seguiu esses parâmetros na hora de para negociar o reajuste dos trabalhadores. No meio do ano, porém, a inflação já superava esse patamar, levando a protestos, greves e atos contra o governo.
Protesto contra o governo e a alta da inflação em Buenos Aires - Eitan Abramovich/AFP

O valor revelado nesta terça é o mais alta do país em 27 anos, desde os tempos da hiperinflação. É, também a segunda mais alta inflação na América Latina, depois da Venezuela, que vive uma crise econômica e inflacionária. , 
Transportes e tarifas foram os principais responsáveis pela alta nos preços. O atual presidente, Mauricio Macri, retirou os subsídios das suas áreas, que vinham desde o governo de Nestor Kirchner (2003-2007) e que seguiram no de Cristina (2007-2015).  
Além deles, alimentos, combustíveis, roupa e serviços de saúde e educação também puxaram a inflação para cima. Os aumentos refletem a política de ajuste fiscal adotada pelo governo Macri
Em junho, a Argentina acertou com o FMI (Fundo Monetário Internacional), um empréstimo de US$ 57 bilhões (R$ 212 bilhões) e em troca teve que fazer um corte radical nos gastos sociais e implementar um déficit fiscal zero para 2019.



Parlamento rejeita acordo do 'brexit' na pior derrota de um governo britânico

Desgastada, primeira-ministra Theresa May enfrentará voto de desconfiança nesta quarta (16)
15.jan.2019 Lucas Neves Paris
Na maior derrota da história para um governo do Reino Unido, o Parlamento do país rechaçou nesta terça-feira (15) o acordo sobre a saída britânica da União Europeia (UE).
Votaram contra 432 legisladores. Só 202 endossaram o texto. Ou seja, a primeira-ministra Theresa May perdeu por uma diferença de 230 votos.
A primeira-ministra, Theresa May, discursa no Parlamento britânico após perder votação sobre o 'brexit' - AFP
Até aqui, o revés mais expressivo sofrido por um premiê havia sido por uma margem de 166 votos — o trabalhista Ramsay MacDonald (1866-1937) detinha esse recorde incômodo, registrado em 1924.
Após o anúncio da derrota de May, o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, apresentou uma moção de desconfiança do governo, que deve ser votada nesta quarta-feira (16).
O documento rejeitado, que consumiu 17 meses de negociações entre Londres e Bruxelas (sede da governança europeia), fixa a separação para 29 de março deste ano. O Reino Unido está na UE desde janeiro de 1973.
Não está claro qual será a próxima etapa do “divórcio” e nem se May resistirá a mais esse baque —em dezembro, ela se viu forçada a adiar a votação do documento na véspera da data prevista diante do prognóstico de uma derrota sonora.
A conservadora prometeu voltar rapidamente ao Legislativo com um “plano B” se o texto original não fosse aprovado. Na semana passada, o plenário deu a ela três sessões parlamentares para submeter um roteiro alternativo.
O principal ponto de desacordo é o mecanismo previsto para evitar o restabelecimento de uma “fronteira dura” entre as Irlandas, conhecido como “backstop”. O dispositivo visa evitar controles de mercadorias e pessoas que poderiam reacender, na Irlanda do Norte, a tensão entre o movimento unionista (pró-permanência no Reino Unido) e grupos nacionalistas, que desejam a integração das duas Irlandas.
Um conflito de 30 anos entre eles foi apaziguado em 1998, com a assinatura de um acordo de paz que abriu a fronteira entre o Norte e a República. Mas a alteridade ainda é bastante presente no cotidiano da província britânica.
Os britânicos escolheram sair do bloco europeu em um plebiscito realizado em junho de 2016. O primeiro-ministro à época, David Cameron, convocou a consulta quase como um gesto pro forma.
Certo de que o “remain” (permanecer) venceria, queria fortalecer sua liderança. Foi pego de calça curta pelo 52% a 48% a favor do “divórcio”; o “leave” (sair) teve adesão expressiva nas áreas rurais e mais pobres do país. Renunciou e foi substituído pela correligionária Theresa May, até ali sua ministra do Interior.

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China sinaliza mais estímulo conforme desaceleração econômica se intensifica

https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/01/15/china-sinaliza-mais-estimulo-conforme-desaceleracao-economica-se-intensifica.ghtml
Governo diz que buscará alcançar 'um bom início' de primeiro trimestre, o que alimentou especulações sobre a adoção de medidas como cortes de impostos e taxas.
Por Reuters
15/01/2019 07h44 Atualizado há 10 horas
A China sinalizou nesta terça-feira (15) mais medidas de estímulo no curto prazo uma vez que a guerra tarifária com os Estados Unidos pesou sobre seu setor comercial e levantou o risco de uma desaceleração econômica mais acentuada.
A segunda maior economia do mundo buscará alcançar "um bom início" de primeiro trimestre, afirmou em comunicado a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, indicando que o governo está pronto para conter a crescente pressão sobre o crescimento.
O primeiro-ministro Li Keqiang disse que a China alcançou suas principais metas econômicas de 2018, que foram "duramente conquistadas" e busca um forte começo para a economia no primeiro trimestre para estabelecer condições úteis para atingir os objetivos deste ano, segundo a televisão estatal.
Os índices acionários chineses fecharam em alta, um dia depois que a segunda maior economia do mundo divulgou dados comerciais do mês de dezembro mais fracos do que o esperado. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 2%, enquanto o índice de Xangai teve alta de 1,4%.
Todos os setores registraram alta, liderados pelas empresas de consumo, com o índice de consumo subindo 4,4 por cento.
Inesperadas contrações na atividade comercial e industrial da China em dezembro provocaram especulações sobre se Pequim precisa adotar mais medidas de estímulo contundentes, embora a maioria dos analistas acredite que o governo deve evitar isso devido a preocupações de que pode aumentar os riscos da dívida e enfraquecer o iuan.
Alguns analistas acreditam que a China pode adotar 2 trilhões de iuanes (US$ 296,21 bilhões em cortes de impostos e taxas, e permitir que governos locais emitam outros 2 trilhões de iuanes em títulos especiais usados para financiar projetos. A maioria, entretanto, espera que leve meses para que os novos estímulos comecem a fazer efeito na economia.
O crescimento da China desacelerou em 2018 uma vez que anos de campanha para reduzir a dívida e medidas de repressão a práticas arriscadas de empréstimo afetaram a demanda doméstica. Conforme a guerra comercial com os EUA se intensificou no ano passado e atingiu as exportações, os mercados financeiros globais passaram a se preocupar com uma desaceleração mais acentuada da China, embora muitos analistas acreditem que um pouso forçado é improvável.

Entenda a guerra comercial e seus possíveis impactos

O primeiro-ministro, Li Keqiang, disse que a China alcançou suas metas econômicas de 2018 e busca um forte início no primeiro trimestre para a economia para estabelecer condições de atingir as metas deste ano, de acordo com a televisão estatal na segunda-feira.
Fontes disseram à Reuters na semana passada que Pequim planeja reduzir sua meta de crescimento a 6% a 6,5% este ano, após expectativa de 6,6% em 2018, ritmo mais lento em 28 anos.

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Economia alemã perde gás em 2018, mas evita recessão

https://istoe.com.br/economia-alema-perde-gas-em-2018-mas-evita-recessao/
AFP
postado em 15/01/2019 11:20
A economia alemã, primeira da Europa, perdeu força em 2018, mas evitou a recessão, graças a uma leve recuperação no quarto trimestre, que já soma nove anos de crescimento.
Em 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,5% depois dos 2,2% em 2017, informou o escritório federal de estatísticas Destatis, nesta terça-feira (15).
A Alemanha evitou por pouco a recessão técnica, ou seja, dois trimestres consecutivos de queda do PIB, após a queda de 0,2% no trimestre anterior.
Já 2018 marcou um novo superávit recorde de suas contas públicas (incluindo o estado federal, estados regionais, municípios e Previdência Social) de 59,2 bilhões de euros, 1,7% de seu PIB.
De acordo com Carsten Brzeski, economista do banco ING, embora a economia alemã tenha "seu pior resultado em cinco anos", conseguiu superar os obstáculos, saindo "apenas com um olho roxo".
Entre os fatores temporários que afetaram o crescimento, o especialista destaca o clima ruim de inverno, a epidemia de gripe, as greves, o baixo nível de água nos rios, o que dificultou o transporte para algumas indústrias-chave, e problemas de infraestrutura.
Os problemas mais importantes em 2018 vieram, porém, do setor automotivo, com as consequências do caso de motores a diesel adulterados e as dificuldades de adaptar a produção desta área essencial da economia alemã aos novos padrões antipoluição europeus. Essas regras entraram em vigor em setembro.
A Alemanha ainda pode contar com sua demanda interna, graças ao consumo privado e público, bem como com os investimentos, apoiada por uma taxa de desemprego historicamente baixa (4,9%) e pelo aumento dos salários.
Neste contexto, e com um novo recorde de superávit, o debate sobre o orçamento deve ser reaberto em um país, cujo governo foi acusado de gastar muito pouco.
"Com um superávit de 59 bilhões de euros, a política econômica tem munição suficiente para usá-la de maneira inteligente e em uma perspectiva de longo prazo", diz Jörg Zeuner, do banco KfW.
No momento, a coalizão do governo parece dividida sobre esta questão.
O ministro das Finanças, o socialdemocrata Olaf Scholz, disse recentemente que "os esplêndidos anos para as receitas públicas acabaram".
Já o ministro da Economia, o conservador Peter Altmaier, pediu uma autêntica "política industrial" e reduções fiscais, com o objetivo de melhorar a atratividade econômica da Alemanha contra concorrentes como os Estados Unidos.
"É hora de apoiar o crescimento", disse o ministro Altmaier ao jornal Handelsblatt, pedindo a redução de taxas para este ano, assim como a possibilidade de novos investimentos públicos.


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Urbanização dá fôlego para China crescer por 30 anos

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/01/urbanizacao-da-folego-para-china-crescer-por-30-anos.shtml

Aumento da produtividade compensa riscos de desaceleração e envelhecimento
Rodrigo Zeidan
Xangai
O início de 2019 promete ser turbulento para a economia chinesa. Mas a grande esperança é que 2016 não se repita. Nesse ano, a preocupação com o colapso da segunda maior economia do mundo levou as Bolsas mundiais a desabar, o petróleo a cair a menos de US$ 30 e à desvalorização cambial na maioria dos países emergentes.
Um fato é inegável: a economia chinesa está desacelerando, embora ainda cresça muito acima da média mundial. 
O alvo do governo é para que cresça 6% em 2019, abaixo dos 6,5% esperados para 2018. O PIB (Produto Interno Bruto) do ano passado será divulgado nesta segunda (21). 
Analistas temem que o crescimento seja na casa dos 5% —taxa que pode parecer muito alta para nós, já que a economia brasileira tem crescido a menos de 3% ao ano desde o início do Plano Real, mas é a menor desde 1990. 
A economia chinesa é dezenas de vezes maior do que na última vez em que o crescimento foi abaixo de 6%, mas 560 milhões do 1,4 bilhão de chineses vivem no campo, e o crescimento é básico para que a renda dos mais pobres cresça.
No momento em que um chinês migra da área rural para a cidade, sua produtividade triplica. Isso, por si só, garante um crescimento econômico de 2% a 3% ao ano. Cerca de 250 milhões de pessoas
—mais que a população do Brasil— devem deixar o campo nos próximos 15 a 20 anos. 
A economia chinesa já cresceu muito, mas ainda tem muito espaço para avançar.
Hoje, o PIB por pessoa empregada na China é de menos de US$ 30 mil, enquanto nos EUA é de US$ 115 mil. Isso significa que um trabalhador chinês é, grosso modo, 25% tão produtivo quanto um americano.
Com todos os avanços tecnológicos na China, podemos imaginar que um trabalhador chinês possa ter 60% da produtividade americana antes de o país bater nos limites de produtividade.
Se fizermos hipóteses conservadoras, com a economia chinesa crescendo a 5,5% ao ano e a americana a 2,5%, a produtividade chinesa chegará à barreira de 60% em 2048. 
Ou seja, a economia chinesa pode crescer 30 anos sem crises —e não será estranho.
Mas o fato de a economia ainda estar longe de bater no limite de produtividade não quer dizer que não haja riscos. 
Em dezembro de 2018, pela primeira vez desde o susto de 2016, indicadores de confiança de investimentos da indústria foram abaixo de 50 —o que indica possível contração. 
O único índice que se mantém acima desse nível é o de produção esperada e atividade de negócios. Ou seja, as empresas esperam aumentar a produção, mas pode ser que não aumentem o investimento —um sinal de cautela.
Embora a indústria possa desacelerar, o país passa por uma grande transformação, deixando de ser somente a grande fábrica do mundo para se tornar cada vez mais uma economia de serviços.
Em 2016, pela primeira vez desde o início do processo de industrialização, o setor de serviços passou a responder por mais da metade do PIB do país (além de 40% do emprego e 80% dos lucros corporativos). Com o aumento da urbanização, algo visto com bons olhos por políticos chineses, a tendência deve continuar. 
A título de comparação, serviços respondem por 63% do PIB no Brasil, 66% na União Europeia e 77% nos EUA.
As vendas ao consumidor crescem por volta de 8% ao ano, acima do crescimento do PIB (embora a venda de carros caia). Ademais, a queda dos indicadores de confiança da indústria é, em parte, contrabalançada pelo setor de serviços, que continua a mostrar robusta expansão. 
Os imóveis, não obstante a incerteza da economia, dão sinais de recuperação, com preços nas cidades de porte médio crescendo acima dos das maiores cidades, onde os valores já são bem altos. O preço por metro quadrado em Xangai é comparável ao de Nova York.
No ano passado, os imóveis ficaram mais caros em 63 das 70 maiores cidades e em 11 das 15 principais capitais.
No campo das finanças públicas, o déficit público chinês está sob controle e foi de cerca de 2,5% do PIB em 2018. Como há um medo de desaceleração, o governo deve aumentar seus gastos, com o déficit primário subindo para algo entre 2,6% e 3% em 2019. 
Mas a dívida pública é de menos de 50% do PIB e o país tem US$ 3 trilhões em reservas internacionais. 
O país conta com controles de capitais para conter a volatilidade cambial. No passado, o país tinha câmbio fixo, mas hoje o regime é de bandas cambiais, com a entrada líquida de moeda estrangeira afetando a taxa de câmbio. As autoridades monetárias, em 2015, tiveram que ceder a um ataque especulativo. Chegaram a vender quase US$ 1 trilhão em reservas antes de ceder, desvalorizando o câmbio.
Hoje, mesmo com a guerra comercial, ainda mantém elevados saldos comerciais, embora no primeiro trimestre de 2018 o saldo tenha ficado negativo pela primeira vez desde 2013 —efeito, em parte, do Ano-Novo Chinês, quando as fábricas fecham e dão férias.
O fato é que, nos últimos 40 anos, desde o início das reformas, a China saltou de um país pobre, com 88% da população em extrema pobreza, para classe média alta.
Há obstáculos, como o endividamento das empresas estatais, a guerra comercial com os EUA, a queda nas expectativas da indústria e outros. Mas nunca na história da humanidade uma sociedade conseguiu tanto em tão pouco tempo, tirando da pobreza mais de 1 bilhão de pessoas (e contando). 
O lema de Deng Xiaoping, pai das reformas de mercado e que morreu em 1997, ainda é o grande motor da economia: “Enriquecer é glorioso”.
A variação regional é grande. Em Pequim, o salário mínimo é de 2.120 yuans (cerca de R$ 1.100), enquanto em Anhui, uma província pobre, ele é de 1.150 yuans (R$ 632). 
Em Xangai, onde moro, vi de perto o processo de melhoria de vida ao longo dos dez anos que vou ao país. Em 2009, um corte de cabelos custava 15 yuans (R$ 8). Hoje, não sai por menos de 42 yuans (R$ 23). 
Grande parte do aumento foi direto para a conta dos trabalhadores —assim como no Brasil, é comum que patrões chineses reclamem dos aumentos constantes de salário. 
Claro que ganhar salário mínimo, como em qualquer lugar, não faz de ninguém na China classe média, e quem ganha pouco corta um dobrado, mas também não dá para dizer que as pessoas são semiescravas.
Em outra frente, o país tem avançado tecnologicamente. O processo de industrialização é como uma escada, na qual cada degrau significa produzir menos produtos pouco sofisticados e mais bens tecnologicamente superiores. 
A China já investe quase 50% do montante investido nos EUA em pesquisa e desenvolvimento. O plano do governo é de aumentar esse investimento dos atuais 2,2% do PIB para mais de 2,5% já em 2020. 
O país já é colíder mundial em inteligência artificial e no chamado machine learning —aprendizado de máquinas, uma forma de aplicar a inteligência artificial. 
Muito da produção de bens de baixa qualidade já se mudou para Bangladesh, Camboja e outros países.
Outra característica importante: o trabalhador chinês é bastante sofisticado, tendo acesso a uma gama de produtos com os quais a maioria dos brasileiros nem sonharia. O Taobao, da Alibaba, por exemplo, tem cerca de 800 milhões de produtos a venda. 
A Alibaba, em 2018, vendeu produtos para mais de 600 milhões de chineses. As vendas são de mais de US$ 1 trilhão por ano e cresceram 20% em 2018. A cada 10 compras online no mundo, 4 são na China.
Isso permite que muitas pessoas se tornem microempreendedoras e consumidores busquem o melhor preço em qualquer lugar do país. Assim, o salário vai mais longe.

2.  Economia Nacional


Três empresas varejistas brasileiras entram em ranking de maiores do mundo. É a primeira vez que há essa quantidade de companhias do país na lista

30.jan.2019 às 2h30

Maria Cristina Frias

Três empresas brasileiras entraram no ranking global das 250 maiores varejistas que a consultoria Deloitte organiza. É a primeira vez que há essa quantidade de companhias do país na lista.
As Lojas Americanas, o Magazine Luiza e a RaiaDrogasil foram as listadas.

Loja da rede Magazine Luiza em Pinheiros, São Paulo - André Vicente - 27.nov.10/Folhapress

O Brasil está em uma lenta recuperação de sua pior recessão da era moderna, e não é clara qual será a direção da mudança que virá com o governo Bolsonaro, segundo o relatório da Deloitte.
“Não foi um ano de boom e, por isso, haver três empresas é significativo. Essas são líderes dos setores em que atuam”, diz Reynaldo Saad, sócio da consultoria.
O Magazine Luiza ganhou cerca de dois pontos percentuais do mercado de duráveis graças a uma estratégia de priorizar a digitalização combinada com o varejo físico, de acordo com Frederico Trajano, diretor-executivo da empresa.
“Houve processo de concentração. É como uma seleção natural: durante crises, empresas bem administradas ganham espaço. A recessão machuca quem tem problemas de liquidez, os custos aumentam etc.”
A RaiaDrogasil teve alta no faturamento em decorrência de um plano de expansão, segundo Eugênio de Zagottis, vice-presidente de planejamento da companhia.
“Nós temos aberto lojas a um ritmo de 240 por ano. Acabamos 2018 com mais de 1.800. As unidades têm entregado bons resultados e com isso aumenta a receita.”
Indústria têxtil prevê alta de 25% nos investimentos em 2019

O setor têxtil deverá aumentar em 25% os investimentos feitos em 2019, na comparação com 2018, segundo estimativa da Abit (associação da indústria).
A maioria dos aportes, porém, deverá ser utilizada em modernização e ganhos de eficiência nas empresas, de acordo com Fernando Pimentel, presidente da entidade.
“Pode ser que tenhamos algum segmento ou fabricante com planos de expansão, mas ainda há muita capacidade ociosa.”
A projeção da indústria é de crescimento de 3% se reformas como a da Previdência forem aprovadas. As varejistas deverão crescer perto de 4%, diz Pimentel.
“Há uma maior intenção do varejo de aportar em novas lojas e reformas neste ano”, afirma Edmundo Lima, presidente-executivo da ABVTex (das grandes redes de moda).
“Estamos há três anos com muita busca por ganhos operacionais. As estruturas estão bastante enxutas, então, com a retomada de consumo, a expectativa de investimento tende a ser maior em 2019.”
 


Frango paranaense

A cooperativa agroindustrial Copacol, sediada no Paraná, vai aportar R$ 285 milhões neste ano, segundo o presidente da entidade, Valter Pitol.
A maior parte dos investimentos é financiada pelo BNDES. O principal deles será na construção de um centro de distribuição na região de Cafelândia (PR). O local será inaugurado no fim de 2019 e demandará R$ 120 milhões. 
“Usaremos para o armazenamento de aves e peixes, principalmente. A capacidade de estocagem será de 15,5 mil toneladas”, afirma Pitol.
A cooperativa aplicará R$ 60 milhões na construção de uma granja multiplicadora de matrizes de suínos e R$ 30 milhões na instalação de uma unidade de recebimento de cereais, também em Cafelândia.
O restante dos recursos será usado no abatedouro de aves da Copacol e na fabricação de péletes, pequenos cilindros de madeira usados no aquecimento dos aviários.
A entidade, que prevê crescer 8% neste ano, abate 550 mil aves diariamente e exporta 45% de sua produção. R$ 3,84 bilhões foi o faturamento em 2018

Sorriso do interior

A Dentsply Sirona, empresa de produtos odontológicos, como equipamentos e insumos, vai aumentar o número de itens fabricados em suas fábricas em Pirassununga (SP), segundo o vice-presidente na América Latina, Rodrigo Canelhas.
“Nós inauguramos há um ano nossa segunda planta no país e investimos cerca de R$ 40 milhões nos últimos três anos. Serão mais R$ 35 milhões em 2019 em novas linhas de produção e tecnologia fabril.”
Cerca de 40% do que é vendido para distribuidores e dentistas é fabricado nacionalmente. 
“Nossa vendas internas representam 70%, e a exportação, 30%. Essa última fatia deverá crescer porque o aporte na fábrica também é pensado para [atender] o mercado global”, diz ele.
A subsidiária brasileira do grupo representa 65% de todas as vendas na América Latina, afirma Canelhas. US$4 bilhões (R$ 14,9 bilhões) é o faturamento anual do grupo. 800 são os funcionários no Brasil

Fábrica animal

A Pet Society, fabricante de produtos para higiene e estética de animais, vai investir R$ 20 milhões em uma nova fábrica e US$ 1 milhão (cerca de R$ 3,7 milhões) em registros para atuar no mercado dos Estados Unidos.
A unidade de produção ficará em Guarulhos (SP), segundo a sócia Marly Fagliari.
“A planta atual não comporta mais as nossas necessidades, e queremos investir em uma entrada nos EUA. A nova unidade terá o dobro da capacidade”, afirma.
Ela vendeu parte de sua fatia em uma outra empresa, a Cosmotec, para financiar a fábrica de produtos para animais de estimação.
“Esse é um mercado que sofre pouco com recessões.”

No sul O grupo TVH, atacadista de peças de reposição para máquinas industriais e agrícolas, vai investir R$ 10,5 milhões na abertura de um centro de distribuição em Araquari (SC).







Bolsa brasileira sobe 1% e fecha acima de 95 mil pontos pela primeira vez

Dólar tem alta e fecha cotado a R$ 3,7480

17.jan.2019 às 16h20Atualizado: 17.jan.2019 às 18h20

Tássia Kastner

SÃO PAULO

A Bolsa brasileira fechou acima de 95 mil pontos nesta quinta-feira (17), renovando máxima histórica, em meio a otimismo de investidores com a reforma da Previdência e notícias de que outras pautas liberais do governo Bolsonaro seguirão no debate. Uma melhora no cenário externo ao longo do pregão também ajuda o mercado local.
O Ibovespa, principal índice acionário do país, avançou 1,01%, a 95.351 pontos. O giro financeiro foi de R$ 15,9 bilhões. Durante a manhã, a Bolsa chegou a operar em queda, contagiada pelo pessimismo com o cenário econômico externo. Ações de Petrobras, Vale e do setor financeiro puxam a alta do índice.
Investidores têm se mostrado otimistas com as discussões sobre a reforma da Previdência conduzida no país. O governo afirma que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) embarcará para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, já com um texto para analisar. O evento ocorre na próxima semana.
Ajudou o mercado ainda a perspectiva que Paulo Guedes apresentará, no mesmo evento, o plano de privatizações do governo.
No exterior, a maioria dos índices europeus e asiáticos fechou em queda, mesma direção de abertura das Bolsas americanas, que agora operam com leve alta.
Para o economista-chefe da Guide Corretora, Victor Candido, resultados consistentes reportados por algumas empresas americanas ajudaram a alta. 
O dólar, que avançou quase 1% ante o real, perdeu força e fechou cotado a R$ 3,7480 (+0,32%). O dia foi negativo para emergentes, com a maioria das moedas perdendo valor para o dólar.


Guedes estima um ganho de até R$ 1,3 tri com Previdência

Ministro prevê ainda que privatizações podem render até US$ 20bilhões para o governo

Assis Moreira* e Vivian Oswald, enviados especiais, Manoel Ventura  
Bloomberg News
23/01/2019 - 17:43 / Atualizado em 23/01/2019 - 23:10

DAVOS - O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira no Fórum Econômico Mundial, em Davos, que o governo pretende levantar este ano US$ 20 bilhões, ou cerca de R$ 75 bilhões, só com privatizações. E estima que a reforma da Previdência pode significar uma economia de até R$ 1,3 trilhão em dez anos. O montante seria até dois terços superior ao previsto na proposta do governo de Michel Temer. Ele disse ainda que a alíquota do imposto sobre dividendos e juros sobre capital próprio deve ficar em torno de 15%, o que compensaria a redução da carga fiscal sobre as empresas. 

— Mais da metade do déficit será cortada com a reforma da Previdência — afirmou Guedes, que defende a mudança para um sistema de capitalização, onde cada um poupa para sua própria aposentadoria. — Temos um sistema obsoleto, que já está quebrado, temos de consertar o antigo e criar um novo.
Em entrevista à Reuters, Guedes disse que a proposta de reforma da Previdência que está sendo estruturada pelo governo pode render uma economia de R$ 700 bilhões a R$ 1,3 trilhão em dez anos:
— Estamos estudando os números, e eles variam de R$ 700 bilhões a R$ 1,3 trilhão, então é uma reforma significativa e nos dará um importante ajuste estrutural — disse. — Isso terá um poderoso efeito fiscal e vai resolver por 15, 20, 30 anos. É isso ou seguimos (o caminho da) Grécia.
Outro projeto é aliviar o setor produtivo. Guedes quer reduzir o imposto pago pelas empresas, de uma alíquota de 34% para 15%. Para compensar a perda de arrecadação, seriam taxados dividendos e juros sobre capital próprio. Ao ser perguntado se a alíquota poderia ficar em 15%, Guedes respondeu “Por aí”, sem, no entanto, mencionar uma cifra.
Guedes pretende, no futuro, reduzir subsídios, mas sabe que isso demandará mais tempo, pois precisa de aprovação do Congresso. Hoje, os subsídios concedidos pelo governo estão em US$ 100 bilhões.
— Se cortarmos 10%, já são US$ 10 bilhões — afirmou, destacando, porém, que se o governo falar de cortar os subsídios agora, perderá apoio político. — Por que entrar em batalhas menores se temos algumas maiores? E a maior é a da Previdência.
Ele reiterou que outro objetivo é abrir a economia.
— Estamos indo na direção de uma economia pró-mercado, aberta e com privatizações. Vamos privatizar, integrar a economia ao restante do mundo — disse Guedes. — Estamos 40, 45 anos atrasados em relação a outros países.
No Fórum de Davos, investidores e executivos se lançaram em uma espécie de blindagem de Guedes. Nas reuniões de que participaram até agora, mesmo as de mais alto nível, discute-se à exaustão a pauta positiva do ministro, e até mesmo dos riscos de não se aprovar a reforma da Previdência, que depende do apoio do Congresso. Mas não se toca em um assunto incômodo: o caso do senador Flávio Bolsonaro.
— O que todos querem agora é ver o Brasil voltar a crescer — disse uma fonte que ouviu, de mais de uma pessoa, os motivos para o mercado se concentrar na economia.
 percepção é a de que a tarefa já foi delegada ao ministro como ficou claro no discurso do presidente Jair Bolsonaro em Davos. Por isso, executivos e investidores presentes no Fórum têm pedido o apoio de seus pares à agenda de Guedes. Aos olhos do mercado, a agenda econômica é a única saída para que o Brasil volte a crescer e oferecer boas oportunidades de negócios.
A avaliação é a de que, após quatro anos em marcha lenta, sendo dois de recessão, o Brasil precisa voltar a crescer o mais rápido possível. Turbulências só atrasariam a recuperação. E este seria um bom momento, já que no México, o outro foco de investidores na América Latina, acaba de assumir um governo visto como pouco favorável ao mercado.
Sobre os recursos das privatizações, Guedes já apresentou diferentes estimativas, de R$ 700 milhões a R$ 1 trilhão. Um estudo do Tesouro Nacional entregue a Guedes logo após as eleições projetava uma arrecadação de R$ 802 bilhões durante os quatro anos de mandato de Bolsonaro.
O programa do governo prevê que os recursos arrecadados com a venda de ativos poderiam reduzir o estoque da dívida pública em 20%.
https://oglobo.globo.com/economia/guedes-estima-um-ganho-de-ate-13-tri-com-previdencia-23396126s é um processo demorado.



Taxação sobre empresas deve baixar de 34% para 15%

Para compensar essa redução, capital e dividendos serão tributados
Assis Moreira* e Manoel Ventura
23/01/2019 - 10:46 / Atualizado em 23/01/2019 - 19:40

DAVOS e BRASÍLIA — A taxação sobre dividendos e capital pode ficar por volta de 15% para compensar a baixa da carga fiscal sobre as empresas, pela sinalização dada hoje, em Davos, pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, ao "Valor". O ministro disse que seu plano é reduzir o imposto sobre as empresas, de 34% para 15%, portanto baixar a carga tributária sobre o setor produtivo.
Para compensar isso, deverá taxar capital e dividendos. Questionado pelo "Valor" se nesse caso a taxa poderia ser de 15%, o ministro retrucou: “'Por aí”', sem mencionar porém uma cifra. Depois, partiu para um almoço no qual vai falar sobre seus planos para a economia. A equipe de Guedes quer simplificar impostos e reduzir a carga tributária para empresas e pessoas físicas. Um das medidas em estudo é promover uma uma ampla desoneração da folha de pagamento das empresas. A intenção do governo Jair Bolsonaro é que a redução de impostos sobre a folha abranja a contribuição previdenciária do empregador e do trabalhador, o Imposto de Renda e rendimentos do trabalho.
A avaliação do governo é que a incidência de tributos sobre a folha contribui para o país ter atualmente cerca de 13 milhões de desempregados. Para o Imposto de Renda da Pessoa Física a nova equipe econômica trabalha na elaboração de uma reforma que reduz o número de alíquotas pagas por pessoas físicas.
Uma possibilidade seria fixar uma alíquota principal de 15% ou 20% para a maioria dos contribuintes, mas criar um percentual mais elevado, possivelmente de 25%, para os mais ricos. A ideia de criar uma faixa adicional seria uma forma de dar mais progressividade ao sistema — ou seja, garantir que o modelo não aumente a desigualdade de renda. Haveria ainda uma faixa de isenção maior que a atual, a Outra diretriz que vai nortear a reforma é a unificação de regras para o IR e a tributação de dividendos. A alíquota principal das pessoas físicas (15% ou 20%) também seria utilizada para tributar as empresas. A ideia é dar mais competitividade ao setor produtivo, principalmente após a reforma tributária nos EUA, que reduziu a taxação sobre as companhias no ano passado. Todas as mudanças, porém, só devem ser encaminhadas pelo governo após aprovação da Reforma da Previdência, prioridade imediata da equipe econômica. Além disso, a Receita Federal ainda trabalha nos cálculos necessários para que as mudanças nas alíquotas não impactem a arrecadação.
*Do "Valor" https://oglobo.globo.com/economia/taxacao-sobre-empresas-deve-baixar-de-34-para-15-23394498

Ações das principais empresas de construção do país sobem mais de 25% desde as eleições

Juros baixos e estimativa de retomada da economia e do emprego impulsionam confiança do mercado

Ana Paula Ribeiro
28/01/2019 - 04:30

SÃO PAULO - Desde as eleições, as ações das principais empresas do setor de construção já acumulam valorização superior a 25%. Juros em patamares baixos, perspectiva de recuperação da economia e do emprego e a retomada da confiança são os fatores que elevam a aposta de maior demanda por imóveis, o que beneficiará essas companhias. Analistas ainda veem chance de ganho com esses papéis, mas lembram que uma mudança na conjuntura do país, como a demora na aprovação de reformas, pode afetar a trajetória desse setor na Bolsa.
Gustavo Cambaúva, analista do BTG Pactual, lembra que, de forma geral, toda as ações da Bolsa brasileira são beneficiadas por esse cenário otimista. No caso das construtoras, o impulso adicional vem da perspectiva de manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 6,5% ao ano, patamar mais baixo da história, barateando o financiamento imobiliário. Isso estimula mais gente a comprar a casa própria.
As prévias das construtoras já mostram melhora das vendas no quarto trimestre de 2018 e os estoques caindo. Logo elas poderão lançar mais, e os preços dos imóveis podem subir um pouco, o que melhora a margem das construtoras — avalia Cambaúva. — Vemos boa dinâmica setorial, com melhora das rentabilidades. As duas empresas que mais gostamos são a Cyrela e Even, que possuem boa administração e estão pouco endividadas.
As ações da Cyrela, desde o fim do segundo turno das eleições, acumulam uma alta de 32% e as da Even, uma valorização ainda maior, de 42,2%. A Eztec, que acumula um ganho de 25,7%, também é bem avaliada pelo analista, mas ele lembra que ela sofreu menos nos anos anteriores e por isso teve valorização menor que as demais. Crise afetou demanda
Essa dinâmica era inimaginável há dois anos. O setor sofria com a queda na demanda, fruto da crise econômica, e também com a devolução de apartamentos, os chamados distratos. Isso fez com que as empresas ficassem com dívidas e um estoque de imóveis elevado, desestimulando novos lançamentos.
O setor de construção foi um dos mais afetados pela recessão econômica. O aumento do desemprego minou a confiança do consumidor, que precisou adiar a decisão da compra do imóvel, já que isso em geral requer um financiamento de longo prazo.
— É um setor que tende a evoluir com o desemprego caindo. E os juros se mantendo baixo por mais tempo, ajuda quem quer financiar — explica Thiago Silva, analista da Toro Investimentos.
Ele vê potencial de valorização mesmo em ações de empresas que possuem boa parte do resultado proveniente do “Minha Casa, Minha Vida”, como MRV e Direcional, que acumulam ganhos de, respectivamente, 36,9% e 29,2%.
No entanto, Silva alerta que a lentidão na aprovação de reformas econômicas, em especial a da Previdência, pode conter o otimismo dos consumidores e empresas, afetando assim a demanda no setor e, consequentemente, as ações dessas empresas.

Na avaliação de Felipe Silveira, analista da corretora Coinvalores, o mercado recebeu bem a volta dos lançamentos das construtoras, mesmo que o estoque ainda esteja elevado em algumas. Além disso, a Lei dos Distratos, que estabelece multas mais altas para devolução de apartamentos na planta, passa a dar maior segurança jurídica para as companhias:
— Já vemos uma recuperação considerável. Essas empresas ainda têm um bom espaço para crescer.
O analista avalia que o papel deve ser escolhido a partir dos objetivos do investidor, já que alguns devem ter valorizações mais limitadas a curto prazo, mas são boas opções para quem quer ficar com a ação por ao menos um ano:
— Para os investidores mais conservadores, o melhor é buscar empresas de baixa alavancagem (pouca dívida) ou até com caixa líquido (dinheiro disponível). Nesse caso, Eztec e Cyrela são boas opções.
Já para quem está disposto a correr risco maior, Silveira vê como boas oportunidades a Even e a Trisul, que acumula ganhos de 48,6% no período. São empresas com maior nível de endividamento, mas que têm maior desconto na Bolsa, ou seja, estão mais “baratas”.

Robôs ameaçam 54% dos empregos formais no Brasil

Até 2026, 30 milhões de vagas poderiam ser fechadas, de acordo com estudo inédito que avaliou 2.602 ocupações

Ana Estela de Sousa Pinto

SÃO PAULO

A possibilidade de ser trocado por um robô ou um programa de computador põe em risco 54% dos empregos formais no país, mostra estudo inédito feito com dados brasileiros.
Até 2026 seriam fechados 30 milhões de vagas com carteira assinada, se todas as empresas decidissem substituir trabalhadores humanos pela tecnologia já disponível —o número leva em conta a tendência de contratações para as ocupações mais ameaçadas.

Robô YOUMI, da fabricante suíça ABB, em ação na fábrica da Unilever; com sensores, consegue avaliar as dimensões do desodorante e gerar relatórios para melhorar o processo - Eduardo Knapp/Folhapress

Feito pelo Laboratório de Aprendizado de Máquina em Finanças e Organizações da UnB (Universidade de Brasília), o trabalho avaliou as 2.602 ocupações brasileiras.
Considerando os trabalhadores com carteira assinada no fim de 2017 (segundo a Rais, do Ministério do Trabalho), cerca de 25 milhões (57,37%) ocupavam vagas com probabilidade muito alta (acima de 80%) ou alta (de 60% a 80%) de automação.
Entram nessas categorias engenheiros químicos (96%), carregadores de armazém (77%) e árbitros de vôlei (71%), por exemplo.Imagem 8 paises e automação

Para calcular a probabilidade de automação num prazo de dez anos, foram consultados 69 acadêmicos e profissionais de aprendizado de máquina (campo da inteligência artificial em que computadores descobrem soluções por conta própria depois de analisar decisões prévias). 
A partir das avaliações desses especialistas, os pesquisadores usaram técnicas de análise das descrições das ocupações, para associar os riscos.
O aprendizado de máquina potencializa a automação, porque permite substituir não apenas tarefa repetitivas e mecânicas como as de ascensorista ou digitador (acima de 99%). Diagnósticos de lesão de pele com base em fotografias já são feitos em menos tempo e com mais precisão que os realizados por humanos.
A “tropicalização” do estudo é um primeiro passo, e as estimativas ainda precisam ser refinadas e aprofundadas, diz o professor da UnB Pedro Henrique Melo Albuquerque. 
E a probabilidade de automação não significa que, na prática, o humano perderá lugar. Um dos gargalos, observa Albuquerque, é que o aprendizado de máquina se alimenta de fonte farta de dados de qualidade, raramente disponível em empresas de países em desenvolvimento.
Outra limitação é econômica. Automações virtuais —como implementar um software para fazer laudos de exames de laboratório— requerem investimento muito inferior ao de comprar robôs para um lava-jato, por exemplo.
Mesmo quando a tecnologia existe e é acessível, a substituição pode não ser viável. É o caso de uma das ocupações mais ameaçadas, a taquigrafia (99,55% de probabilidade de automação), cujos profissionais usam códigos para anotar até 120 palavras por minuto, depois “traduzidos” em textos digitados.
Na teoria, programas de reconhecimento de voz dariam conta disso. Na realidade, eles cometem tantos erros que a rechecagem toma mais tempo que a digitação, relata Emília Naomi Todo Liem, gestora de 13 taquígrafos da Assembleia Legislativa de São Paulo.
“Futuramente, se o número de acertos crescer, pode ser uma ferramenta útil para evitar lesões por esforço repetitivo. No momento, só faz perder a paciência”, diz ela.
Pressões políticas também influem. Em 2018, os Correios cogitaram extinguir um cargo que verifica manualmente cada pacote ou carta e os separa de acordo com o destino —o chamado operador de triagem e transbordo (75% de risco, segundo o estudo).
A automação, já usada por concorrentes, era considerada necessária para reduzir custos e manter a competitividade.
Trabalhadores em greve pressionaram, porém, e o cargo foi mantido, sem prazo para a extinção. Segundo a empresa, ela acontecerá quando os 14 mil operadores ainda em atividade se aposentarem ou “forem migrando para outras atividades compatíveis”.
Há casos em que a automação é implantada com sucesso, mas as vagas são mantidas. Operadores de caixa, por exemplo, têm 77% de probabilidade de serem substituídos por máquinas. Mas, apesar de já ter autoatendimento em 250 lojas no Brasil, a rede McDonald’s afirma que não há risco de demissões






Fontes: "Na era das máquinas, o emprego é de quem? Estimação da probabilidade de automação de ocupações no Brasil" e UnB 

Segundo o vice-presidente de Comunicação da Arcos Dorados (dona da rede), David Grinberg, a tecnologia exige a presença de funcionários para orientar os clientes, e 70% deles ainda preferem fazer as compras nos caixas.
“Os atendentes serão sempre necessários, pois sabemos da importância do contato pessoal com o consumidor.”
O impacto sobre os trabalhadores também nem sempre é uniforme. Contadores (49%) ou advogados (76%) são ocupações com algumas funções facilmente automatizáveis (preencher relatórios, redigir petições), mas outras não —despachar com o juiz ou negociar acordos.
Esse é um dos pontos em que as informações disponíveis no Brasil dificultam a análise, observa o professor de economia do Insper Sérgio Firpo, que entre outros assuntos estudou mercado de trabalho e automação. 
A classificação brasileira apenas lista habilidades necessárias. Para uma estimativa mais precisa, seria preciso pesquisar o tempo que os profissionais de fato dedicam a cada tipo de função, como na base americana O*Net.
Essa foi a fonte usada pelos economistas Carl Frey e Michael Osborne para estimar que a automação ameaça 47% dos postos de trabalho dos EUA —cuja metodologia a UnB procurou replicar.
As estimativas para a realidade brasileira ainda podem ser mais refinadas e detalhadas, concorda Pedro Albuquerque. O objetivo é embasar políticas públicas e decisões empresariais. 
“Com mais análise, se antecipam potenciais elevações de desemprego em ocupações com alto risco, e é possível reorientar investimentos para formar profissionais nas que têm baixa propensão a automação e demanda crescente.”
Em geral, estão a salvo funções que envolvem criatividade e contato humano —babás, psicólogos e artistas são algumas que têm risco perto de zero. 
Outro campo em que a procura por trabalhadores humanos deve crescer no futuro é justamente a dos cientistas e programadores ligados a inteligência artificial e aprendizado de máquina.
O texto para discussão será publicado nas próximas semanas pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/01/robos-ameacam-54-dos-empregos-formais-no-brasil.shtml

Desastre afeta mais a imagem do que as finanças da Vale, dizem analistas

Avaliação é que nova tragédia em MG pode dificultar atração de investimentos e até de profissionais

28.jan.2019 às 2h00

Joana Cunha

SÃO PAULO

O rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) já causou danos financeiros à mineradora, mas o impacto mais profundo se dará na imagem da companhia, tanto para a atração de investimentos quanto de bons profissionais no mercado, avaliam analistas. 
A tragédia deixará um alerta sobre a situação em que se encontram as barragens da Vale e a necessidade de investir em tecnologia, além de questionamentos sobre a qualidade da gestão de riscos feita pela empresa, estimam especialistas.
No cenário internacional, há potencial para contaminar todo o mercado de mineração no Brasil, pelo fato de ter acontecido pouco mais de três anos após o desastre de Mariana (MG).
Para Pedro Galdi, analista da Mirae Corretora, a pressão estrangeira forçará o governo a rever a legislação, o que pode provocar custos com avanços tecnológicos para todo o setor. 
“O risco para a mineração se torna maior. Vai levar as empresas a mudar tecnologia. Hoje, há tecnologia a seco, não precisa fazer barragem. As empresas vão ter que gastar dinheiro. Vai precisar estudar como fazer isso, e são gastos importantes. Não é só a Vale que tem barragem.”
André Perfeito, economista da Necton, diz que o grau de envolvimento do governo para aperfeiçoar os sistemas de controle será observado pelo mercado nos próximos meses e terá influência direta sobre o valor das ações da Vale.

 Maurício Lauro de Lemos, 52, trabalhava havia seis meses como motorista em uma empresa terceirizada pela Vale; Casado, era pai de uma filha e avô de dois netos, um de 13 e outro de 9 anos /Reprodução


Na sexta-feira (25), em reação às primeiras notícias da tragédia, os ADRs (recibos de papéis de ações) da Vale negociados em Nova York fecharam em queda de 8%. Por causa do feriado, a Bolsa de São Paulo não operou, e os primeiros reflexos do mercado à queda da barragem só aparecerão no Brasil nesta segunda (28).  
“Vai ter queda logo de início, mas a continuidade ou não do tombo terá muito a ver com a perspectiva de quanto o governo vai querer resolver esse problema”, diz Perfeito.
A agência de classificação de risco S&P anunciou no sábado (26) que poderá rebaixar a nota da Vale em vários degraus em razão das implicações financeiras do desastre. 
Até agora, a empresa já recebeu três pedidos de bloqueio de valores de suas contas. 
Neste domingo (27), a Justiça de Minas Gerais determinou o bloqueio de mais R$ 5 bilhões da Vale para garantir auxílio às vítimas. No sábado, o Ministério Público solicitou outros R$ 5 bilhões para reparar danos ambientais. No mesmo dia, a Advocacia-Geral de Minas Gerais entrou com pedido de R$ 1 bilhão para socorrer as vítimas, levando o total a R$ 11 bilhões.
O Ibama já aplicou multa de R$ 250 milhões, mas, na prática, são cifras que os analistas não consideram dramáticas para uma empresa cujo valor de mercado alcança quase R$ 300 bilhões. 
“Não é número que machuca a companhia de modo intenso, mas vem como um soco no estômago”, diz Raphael Figueredo, da Eleven Financial.
Do ponto de vista de produção e caixa, o impacto também é menor, calcula Galdi. “A mina de Feijão pouco representa na produção da empresa. Em caixa, a empresa está bem definida. E está em patamar satisfatório de dívida.”
Procurada, a Vale informou entender que “os bloqueios judiciais não são necessários, uma vez que não se eximirá de suas obrigações de atendimento emergencial da população e reparações devidas”.

A empresa não se pronuncia sobre impactos financeiros.

Na opinião de César Caselani, professor de finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), “ficou escancarada uma negligência” e a companhia precisa ser “completamente revista”.
O professor avalia que faltam gestão de riscos e controle dos processos.
“É um absurdo ter instalações, inclusive administrativas, no caminho da barragem. Não é seguro ser funcionário da Vale. Quantas pessoas vão querer ir trabalhar na Vale na próxima seleção de trainees? Qual é a confiabilidade de uma declaração da Vale de que as barragens estão seguras depois disso?”, afirma.


        
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Ao lado de Bolsonaro, Macri ataca Maduro e defende Mercosul

Líder argentino é primeiro chefe de Estado a visitar Brasil desde a posse do novo presidente

16.jan.2019 às 12h59Atualizado: 16.jan.2019 às 14h09

 Talita Fernandes, Gustavo Uribe e Ricardo Della Coletta

BRASÍLIA

Na primeira visita de um chefe de Estado estrangeiro ao país desde o início do novo governo, os presidentes Jair Bolsonaro, do Brasil, e Mauricio Macri, da Argentina, se uniram em um discurso de repúdio à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela, nesta quarta-feira (16).
Em um discurso forte, no Palácio do Planalto, o argentino disse que ambos não aceitam um escárnio com a democracia e que reconhecem a Assembleia Nacional da Venezuela como o "único poder legítimo eleito democraticamente" por vontade popular.
A Assembleia, considerada em desacato por Maduro e esvaziada de poderes, declarara na véspera que deixaria de reconhecer a autoridade do Executivo e iniciaria um governo de transição
O presidente Jair Bolsonaro recebe o presidente da Argentina Maurício Macri, em visita oficial ao Brasil, no Palácio do Planalto - Pedro Ladeira/Folhapress

"A comunidade internacional já se deu conta de que Maduro é um ditador que busca se perpetuar no poder com eleições fictícias prendendo os opositores e levando a Venezuela a uma situação desesperadora e agoniante", disse o argentino em breve comunicado à imprensa ao fim do encontro.  
Bolsonaro, por sua vez, fez uma referência mais contida à situação da Venezuela. Ele pregou a defesa da liberdade e da democracia na América do Sul e disse que a cooperação entre Brasil e Argentina está no rumo certo para recuperar "o tempo perdido".
"Nossa cooperação na questão da Venezuela é um exemplo mais claro do momento. As conversas de hoje só fazem reforçar a minha convicção de que o relacionamento entre Brasil e Argentina seguirá no rumo da democracia, liberdade e segurança", disse.
s dois países se alinham no Grupo de Lima, que reúne outras 12 nações das Américas e que declarou não reconhecer o segundo mandato de Maduro, iniciado em 10 de janeiro e resultado de eleições cercadas de suspeitas de fraude em maio passado. Os governos também concordam com a suspensão de Caracas do Mercosul, integrado ainda por Uruguai e Paraguai, por descumprir a cláusula diplomática.
Sobre o Mercosul, Bolsonaro defendeu que o bloco sul-americano seja "mais enxuto" e que volte a ter relevância, reduzindo barreiras e eliminando burocracias. Segundo ele, é necessário propor uma nova agenda de trabalho, "sempre com sentido de urgência".
"No plano interno, o Mercosul precisa valorizar a sua tradição original, com abertura comercial, redução de barreiras e eliminação de burocracias. O propósito é construir um Mercosul enxuto, que continue a fazer sentido e ter relevância", acrescentou.
Durante a campanha presidencial, uma declaração feita pelo hoje ministro Paulo Guedes (Economia) em outubro gerou preocupações sobre o papel do Brasil no Mercosul. No dia da vitória de Bolsonaro, Guedes respondeu irritado que o Mercosul não seria prioridade do governo.
Ainda não se sabe qual será a relação do país com o bloco já que o governo defende que o Brasil prefira negócios bilaterais a multilaterais.
Os dois presidentes também adotaram discursos diferentes em relação às negociações de um acordo com a União Europeia, em andamento há mais de uma década. 
A equipe de Bolsonaro vê o acordo com ressalvas. Já Macri, que é presidente pro tempore do Mercosul, defendeu a conclusão do acordo e disse que as negociações têm requerido muito esforço e evoluíram "como nunca antes", apesar de estarem travadas. 
"Com a sua chegada [Bolsonaro], teremos a oportunidade de levar o compromisso político do Mercosul e fazer um acordo que beneficie os dois blocos e sempre pensando na importância de gerar emprego, oportunidades e liberdade para os nossos povos", disse.
No discurso, Bolsonaro defendeu o fortalecimento na relação entre Brasil e Argentina e elogiou Macri pelo esforço de tentar reerguer a economia argentina. Para ele, as reformas econômicas defendidas pelos dois países são fundamentais para um "crescimento sustentável" e para revigorar o intercâmbio comercial.
"Nós falamos sem qualquer viés ideológico", disse. "Não há tabus na relação bilateral. O que nos move é a busca de resultados concretos."

Ilha à deriva
Rejeição do Parlamento ao plano de May evidencia dificuldade da premiê de conduzir 'brexit'


Theresa May (ao microfone, no centro) no momento em que fazia a defesa de seu acordo do 'brexit' - Mark Duffy/AFP

17.jan.2019 às 2h00
Afora a escala da derrota (432 votos contrários e 202 a favor), que se tornou a maior de um governo na história britânica, a rejeição do Parlamento ao acordo para pôr em prática o “brexit” —a retirada do Reino Unido da União Europeia— era uma consequência bastante previsível de um processo mal conduzido desde o seu princípio.
Em que pese a diligência para fazer valer a vontade popular pelo desligamento do bloco, expressa em plebiscito em 2016, não há como dissimular o fracasso da primeira-ministra, Theresa May.
Sua missão precípua, iniciada há dois anos e meio, consistia em chegar a um consenso sobre como o país deixaria a UE. O prazo original encerra-se em 29 de março, e a contundente negativa dos parlamentares à proposta por ela apresentada traz ainda mais incerteza, dado o pouco tempo restante.
May, ao menos, ganhou alguma sobrevida ao superar, por margem estreita, uma moção de desconfiança posta em votação pela Câmara dos Comuns nesta quarta (16).
A permanência no cargo, entretanto, deve-se menos a suas eventuais qualidades e mais à resistência dos correligionários do Partido Conservador à hipótese de cederem o poder aos rivais trabalhistas, que flertam com a ideia de convocar uma nova consulta pública —o que decerto agravaria o cenário de polarização política do país.
Surgem a favor da primeira-ministra, também, sinais de que os principais países-membros da UE, como Alemanha e França, estariam propensos a estender a data-limite da separação, talvez até para 2020. Ainda que venha a dispor de tal concessão, a líder britânica precisará se afastar da hesitação que até aqui permeou seu governo.
Procurando atenuar os prováveis prejuízos decorrentes da retirada, mas sem frustrar os que votaram nessa opção, a governante tentou uma solução intermediária, em que se manteria vínculo comercial com os europeus durante um período de transição. Esse foi um dos pontos recusados pelos partidários de um divórcio completo.
Por mais que May tenha considerável responsabilidade sobre o quadro atual, cumpre dizer que se está diante de um problema mais amplo, a saber, a dificuldade dos partidos tradicionais, à esquerda ou à direita, de lidar com questões sensíveis ao eleitorado.
Uma delas, a imigração, foi explorada pelo movimento nacionalista pró-separação da UE. Embora simplório, o argumento de que cidadãos de outros países do bloco eram uma ameaça ao emprego dos britânicos prosperou, como se viu nas urnas —para incredulidade do então premiê, David Cameron.
A não ser que demonstre uma habilidade política ainda não manifestada, May mantém-se sob o risco de terminar como o antecessor, tragado pelo “brexit”.

Previsões sombrias para Davos: excesso de crises, mas escassez de líderes mundiais

Por Silvia Aloisi
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MILÃO (Reuters) - Uma gama de diferentes crises manterá diversos líderes mundiais longe do Fórum Econômico Mundial de Davos na próxima semana, que será realizado em meio a um crescente pessimismo com a economia global e as perspectivas políticas.
Placa coberta de neve em frente ao centro de convenções que recebe o Fórum Econômico Mundial, em Davos 12/01/2019 REUTERS/Arnd Wiegmann
As expectativas em torno de disputas comerciais, relações internacionais tensas, o Brexit e uma desaceleração do crescimento global que alguns temem ser capaz de levar a uma recessão mundial devem dominar o encontro, que ocorre entre os dias 22 e 25 de janeiro, deixando o clima carregado.
O relatório de riscos globais do próprio Fórum, divulgado nesta semana, deu o tom do encontro ao alertar sobre os ventos contrários que se aproximam na economia, em parte devido a tensões geopolíticas entre grandes potências.
Cerca de 3 mil líderes de empresas, governos e da sociedade civil devem se reunir no resort de esqui coberto de neve, mas entre eles haverá apenas três líderes do G7, grupo composto pelos sete países mais industrializados do mundo: o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o premiê italiano, Giuseppe Conte.
Donald Trump, que no ano passado roubou os holofotes em Davos com a rara aparição de um presidente norte-americano em exercício, cancelou sua participação devido aos problemas decorrentes da paralisação parcial do governo dos EUA.
Seu homólogo francês, Emmanuel Macron, também não irá ao encontro pois precisa lidar com os protestos dos “coletes amarelos”, enquanto a premiê britânica, Theresa May, encontra-se em uma batalha para encontrar uma solução para o Brexit.
Fora dos G7, os líderes de Rússia e Índia não prestigiarão Davos, enquanto a China —cujo presidente Xi Jinping foi o primeiro líder chinês a comparecer à cúpula, em 2017, quando fez uma defesa vigorosa do livre comércio— enviará o vice.
Com isso, o papel de tranquilizar líderes empresariais deve ficar a cargo de personalidades como o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, e seu homólogo britânico, Philip Hammond, bem como o vice-presidente chinês, Wang Qishan, e uma série de chefes de bancos centrais.
“Davos vai ser dominada por um nível alto de ansiedade sobre os mercados de ações, a desaceleração do crescimento e a política internacional”, disse Nariman Behravesh, economista-chefe da IHS Markit.
“A presença de lideranças vai ser menor que no ano passado, mas aqueles que vão, de Mnuchin a chefes de bancos centrais e Abe, vão tentar transmitir uma noção de confiança e acalmar os nervos de homens de negócios e investidores.”
Como observadora de Davos, ela disse que a ausência dos principais líderes neste ano não significa que o Fórum perdeu seu apelo como plataforma global para políticos de alto nível apresentarem sua agenda.
O baixo comparecimento entre os principais líderes ocidentais pode também dar maior destaque a personagens políticos que de outra maneira poderiam não aparecer tanto.
Davos será a primeira viagem internacional importante do presidente Jair Bolsonaro, eleito em meio a uma onda de nacionalismo conservador e anti-establishment também vista em outros países.
No Twitter, Bolsonaro disse que apresentará “um Brasil diferente, livre das amarras ideológicas e corrupção generalizada”.
Reportagem adicional de Yawen Chan, em Pequim; Kaori Kaneko, Tetsushi Kajimoto e Linda Sieg, em Tóquio; Tom Miles, em Genebra; Dmitry Zhdanikov, em Londres; e Anthony Boadle, em Brasília


17 DE JANEIRO DE 2019 / ÀS 08:29 / ATRÁS 4 HORAS ATRÁS
Trump está “inclinado” a impor novas tarifas sobre veículos, diz senador
Por David Shepardson
3 MIN, DE LEITURA

WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve seguir em frente com a imposição de novas tarifas sobre veículos importados, uma medida que pode levar a União Europeia a firmar um novo acordo comercial, disse o presidente da Comissão Financeira do Senado dos EUA, Charles Grassley, na quarta-feira.
Presidente dos EUA, Donald Trump 26/12/2018 REUTERS/Jonathan Ernst
“Eu acho que o presidente está inclinado a fazê-lo”, disse o senador republicano a repórteres. “Eu acho que a Europa (está) muito, muito preocupada com essas tarifas... pode ser o instrumento que leve a Europa a negociar”.
O Departamento de Comércio dos EUA deve emitir até o meio de fevereiro sua recomendação sobre se Trump deve impor tarifas de até 25 por cento sobre peças automobilísticas e carros importados por motivos de segurança nacional. Uma porta-voz do departamento se recusou a comentar.
Grassley, que tem frequentemente participado de conversas com Trump e com o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, sobre questões de comércio, disse não gostar de novas tarifas, mas que “elas são um fato da vida quando Trump está na Casa Branca”.
Ele disse que as tarifas podem ter sido uma “ferramenta efetiva” para levar a China, Canadá e México à mesa de negociações comerciais.
Senador pelo Estado de Iowa, Grassley também quer que a União Europeia concorde em incluir questões agrícolas nas negociações comerciais, embora a comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmström, tenha dito na semana passada que o bloco de 28 países não pode negociar a agricultura.
A Casa Branca tem se comprometido a não impor as tarifas contra a União Europeia ou o Japão enquanto estiver alcançando progresso construtivo em conversas comerciais bilaterais.
Trump tem pedido que a União Europeia reduza sua tarifa de 10 por cento sobre veículos importados. A tarifa dos Estados Unidos é de 2,5 por cento sobre carros de passageiros e de 25 por cento sobre caminhões.
Trump tem repetidamente ameaçado impor novas tarifas automobilísticas.  
A perspectiva de tarifas de 25 por cento abalou a indústria automobilística, com produtoras norte-americanas e estrangeiras fazendo campanha contra a medida.
Montadoras alemãs se encontraram com Trump em dezembro para pedir que o presidente norte-americano não imponha as tarifas.  
Montadoras alegam que tarifas de 25 por cento elevariam o preço cumulativo de veículos norte-americanos em 83 bilhões de dólares por ano e custariam centenas de milhares de empregos. As companhias afirmam que não há nenhuma evidência de que importações de automóveis representem um risco para a segurança nacional.


18 DE JANEIRO DE 2019 / ÀS 06:35 / ATRÁS 2 HORAS ATRÁS

Inflação ao consumidor do Japão desacelera para mínima de 7 meses em dezembro

Por Leika Kihara
2 MIN, DE LEITURA
TÓQUIO (Reuters) - O núcleo da inflação anual ao consumidor no Japão desacelerou para a mínima de sete meses em dezembro uma vez que os gastos fracos dos consumidores impediram as empresas de elevar os preços, mais um sinal do crescente desafio enfrentado pelo banco central para alcançar sua meta de 2 por cento.
Os dados foram divulgados antes da reunião de política monetária do banco central na próxima semana, onde os nove membros devem reduzir as previsões de preço e alertar sobre a ampliação das incertezas globais.
O núcleo do índice de preços ao consumidor, que inclui produtos de petróleo mas exclui os custos voláteis de alimentos frescos, subiu 0,7 por cento em dezembro sobre o ano anterior, mostraram dados dos governo nesta sexta-feira, desacelerando sobre a alta de 0,9 por cento do mês anterior.
A leitura ficou abaixo da expectativa de avanço de 0,8 por cento e foi a mais fraca em sete meses.
Os dados destacam a fragilidade da recuperação econômica do Japão, uma vez que a intensificação dos atritos comerciais entre China e Estados Unidos e a desaceleração do crescimento chinês pesam sobre as exportações e o sentimento empresarial.
https://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN1PC0S2-OBRBS


5. Políticas e Educação


ESTADÃO

GOVERNO NOMEIA LIGADO A 'COMBATE À IDEOLOGIA' PARA DIRETORIA DO INEP

Murilo Resende Ferreira teve o nome indicado por integrantes do movimento Escola Sem Partido; diretoria é responsável pelo Enem
Isabela Palhares, O Estado de S. Paulo
17 Janeiro 2019 | 11h37

BRASÍLIA - O governo de Jair Bolsonaro nomeou nesta quinta-feira, 17, Murilo Resende Ferreira para o cargo de diretor de Avaliação da Educação Básica (Daeb) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), diretoria que é diretamente responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).
Ferreira, de 36 anos, é doutor em Economia pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e teve o nome indicado por integrantes do movimento Escola Sem Partido, o qual ele também apoia.
Em uma audiência pública no Ministério Público Federal, em 2016, sobre "Doutrinação Político-Partidária no Sistema de Ensino" ele afirmou que professores brasileiros são desqualificados e manipuladores, que tentam roubar o poder da família praticando a "ideologia de gênero".
O novo coordenador do Daeb é professor universitário em Goiás e foi aluno do curso online de Olavo de Carvalho.
Indicação
No dia em que seu nome foi indicado para assumir a Daeb, Ferreira teve o nome questionado por educadores e fundações educacionais que, além de manifestarem preocupação com as posições educacionais do indicado, também apontaram a falta de experiência em educação.
Bolsonaro defendeu a indicação de Ferreira pelo Twitter. "É doutor em Economia pela FGV” e “seus estudos deixam claro a priorização do ensino ignorando a atual promoção da “lacração”, ou seja, enfoque na medição da formação acadêmica e não somente o quanto ele foi doutrinado em salas de aula”.
Em seguida, seu filho, Eduardo Bolsonaro, completou que os alunos não precisarão mais saber “sobre feminismo, linguagens outras que não a língua portuguesa ou História conforme a esquerda” já que o Enem estará “sob a égide de pessoas da estirpe de Murilo Resende”.



Governo recua e suspende nomeação de diretor controverso para comandar Enem

Murilo Ferreira ocuparia o cargo de diretor de avaliação da educação básica do Inep


17.jan.2019 às 23h19

Ana Carla Bermúdez

SÃO PAULO

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) recuou e decidiu, na noite desta quinta-feira (17), suspender a nomeação do economista Murilo Resende Ferreira para assumir a coordenação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
A nomeação havia sido publicada em edição extra do Diário Oficial da União na noite de quarta-feira (16) por meio de uma portaria assinada pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. 
Na noite desta quinta, também em edição extra do Diário Oficial, Lorenzoni assinou outra portaria indicando que decidiu tornar "sem efeito" a nomeação de Ferreira, sem dizer o porquê da sua escolha.
O economista ocuparia o cargo de diretor de avaliação da educação básica do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira).

    Murilo Resende Ferreira, diretor de avaliação da educação básica do Inep - Reprodução/Youtube

Defensor das ideias do programa Escola Sem Partido e crítico do que classifica como "ideologia de gênero", Ferreira chegou a chamar os professores brasileiros de "manipuladores" que não querem "estudar de verdade" ao participar de uma audiência pública do MPF-GO (Ministério Público Federal de Goiás) em 2016.
A indicação do nome de Ferreira para o posto gerou controvérsias. Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, afirmou que a nomeação do economista demonstrava compromisso com uma visão de que o Enem seria um instrumento de "doutrinação".
Doutor em economia pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), Ferreira foi aluno do curso online de filosofia de Olavo de Carvalho, figura conhecida da ala conservadora e uma das pessoas de influência no governo Bolsonaro. 
Seu currículo não aponta nenhuma experiência na área de educação básica. Em seu blog, o economista descreveu a si mesmo como "estudioso do marxismo e do movimento revolucionário desde 2003".
Ferreira havia sido nomeado para o cargo responsável pela coordenação do Enem antes mesmo da nomeação do novo presidente do Inep -posto que está vago desde a última segunda-feira (14), quando Maria Inês Fini foi exonerada. A movimentação foi vista com estranheza por funcionários do Inep.
Apesar de o engenheiro Marcus Vinícius Rodrigues ser cotado para o posto, há rumores de que a demora para publicação da nomeação no Diário Oficial demonstre que a equipe de Bolsonaro esteja com dificuldades em oficializar um nome.


Pouco depois, na recepção que ofereceu ao argentino no Palácio do Itamaraty, Bolsonaro voltou a elogiar a agenda econômica adotada por Macri no país vizinho e disse que seu governo pretende "levar adiante reformas econômicas de envergadura, que soltem as amarras do nosso crescimento e gerem emprego e renda para os brasileiros".
As incertezas em relação ao Mercosul preocupam Macri, que comanda um país que tem o Brasil como o principal parceiro econômico (a Argentina, por sua vez, é o terceiro parceiro comercial brasileiro, atrás de China e EUA).
O argentino havia programado vir à posse de Bolsonaro, mas cancelou a viagem alegando que estava em férias na Patagônia, o que dificultaria chegar a tempo da cerimônia.
Apesar da ausência na posse, Macri foi o primeiro mandatário recebido em visita oficial por Bolsonaro, numa agenda que incluiu, ao longo da manhã desta quarta, reuniões ministeriais entre os titulares de pastas estratégicas dos dois países.
No início da tarde, quando recepcionou Macri na entrada do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, Bolsonaro fez gestos com as mãos que aludiram a uma pistola.
A cena ocorreu quando Bolsonaro e o argentino estavam lado a lado, enquanto eram fotografados pela imprensa. Macri, no entanto, não correspondeu ao sinal e apenas acenou aos repórteres. Imitar uma arma com as mãos foi uma das marcas da campanha presidencial do mandatário brasileiro.
Com dificuldades para tentar uma reeleição neste ano, o argentino também não quer parecer muito próximo de Bolsonaro, considerado extremista por parte de seu eleitorado. 
Embora ambos tenham visões parecidas ao defenderem agendas econômicas liberais, Macri tem um discurso mais moderado em relação à esquerda e aos costumes, divergindo da pauta conservadora do brasileiro. 
https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/01/ao-lado-de-bolsonaro-macri-diz-que-maduro-e-ditador-que-quer-se-perpetuar-no-poder.shtml?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=newsfolha?loggedpaywall

 Ideia federal de voucher para saúde e educação esbarra em falta de exemplos de sucesso

Ministro de Bolsonaro não deu detalhes nem de como nem de quando modelo seria adotado

17.jan.2019 às 2h00

Cláudia Collucci
Fábio Takahashi

SÃO PAULO

Um das propostas do ministro Paulo Guedes (Economia), a criação de vouchers para saúde e educação é vista com descrédito pelos especialistas por não haver evidência de benefícios aos usuários.
No caso da saúde, a iniciativa pode ainda estimular consultas e exames desnecessários e, assim como na educação, deixar o custo do sistema mais alto.
voucher é uma espécie de vale que o Estado entrega aos cidadãos para que possam pagar, no setor privado, por serviços básicos. Dessa maneira, o Estado deixa de ter a estrutura pública de atendimento da área que usa esse voucher.
Paulo Guedes não deu detalhes nem de como nem de quando esse instrumento seria adotado no Brasil. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde disse desconhecer a proposta.
A ideia de Guedes sobre o voucher da saúde se alinha com as de outros adeptos do liberalismo econômico, que defendem a desestatização de serviços públicos. No caso da saúde, poderia ocorrer a venda de hospitais e outros serviços do SUS, por exemplo.
A população pobre receberia um voucher (ou "bolsa-saúde") para buscar um plano de saúde no setor privado. Na avaliação dos liberais, embora a Constituição diga que é dever do Estado oferecer saúde e educação, não determina que essas prestações sejam necessariamente diretas.
Poderiam ser prestadas indiretamente por meio de mecanismos de mercado. Para eles, a prestação de serviço pelo setor privado seria mais eficiente e mais barata dos que as oferecidas hoje pelo SUS.
Na saúde, os vouchers são usados majoritariamente por países que não têm sistemas organizados, como Bangladesh, Índia (Ásia), Moçambique, Nigéria, Senegal, Tanzânia, Uganda e Zambia (África) e Nicarágua (América Central), segundo revisão de artigos publicada no PubMed.
Nessa publicação, que avaliou 24 estudos de 16 programas de vouchers de saúde, a conclusão foi a de que esse instrumento aumenta a utilização dos serviços de saúde, mas não há evidência de que forneça cuidados de forma eficiente ou que tenham impacto nos resultados da saúde.

O médico de família Marcos Marzollo faz uma visita domiciliar na casa do paciente Juarez Lopes, 62, idoso e deficiente visual, que mora numa zona de difícil acesso na comunidade Mont Serrat, em Florianópolis Lalo de Almeida/Folhapress

Para os especialistas, a proposta vai contra tudo o que o SUS sempre defendeu e que hoje os planos de saúde tentam adotar também: a atenção básica como porta de entrada do usuário no sistema e coordenadora dos cuidados em saúde. Além disso, segundo eles, os vouchers também aumentariam custos e não garantiriam resultados.
“Não é como é pegar uma bolsa família e ir ao supermercado comprar mantimentos. Se o cidadão não estiver orientado pela atenção básica, ele provavelmente terá um consumo ineficiente e ineficaz do serviço”, diz Walter Cintra, coordenador do curso de gestão de saúde na Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“Acho um delírio, em nenhum lugar do mundo deu certo. É caro e ineficaz”, afirma Mario Scheffer, professor de medicina preventiva da USP.
O problema dos vouchers, segundo Walter Cintra, já começa com a assimetria de informações. “O que e quem o paciente vai buscar? Que tipo de orientação vai receber? Qual a cobertura? O risco é disso ser uma enganação para a população. Ter acesso aparente a serviços mesmo que isso não reflita em melhoria da sua condição de saúde.”
Para o médico Gustavo Gusso, um dos diretores da SBMFC (Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade), o voucher é uma perda de tempo e dinheiro. “É coisa de país subdesenvolvido. A gente já tem um SUS, com uma estrutura muito mais sofisticada do que a maioria dos países do nosso nível.”
Segundo ele, os economistas tendem a trazer para a saúde e educação experiências de outras áreas, como se elas fossem cadeias produtivas como outras quaisquer.
“A saúde exige uma rede estruturada, hierarquizada, com um caminho lógico. Não pode ser caótico assim. A pessoa sai de casa e vai direto para um cirurgião torácico, como quem vai comprar um sapato.”
Na opinião de Gusso, esse tipo de visão (que provavelmente é bem vista pela população em geral) tem a ver com a forma com que muitas pessoas utilizam os serviços privados de saúde no Brasil.
“Quando estão doentes, abrem o livrinho do plano de saúde e usam como se fosse um shopping center. Ninguém que é especialista em sistema de saúde defende mais isso. Só estimula consultas e exames desnecessários, não agrega valor ao paciente e aumenta muito os custos.”

EDUCAÇÃO

Na educação, 17 dos 50 estados norte-americanos e o Chile usam o sistema de vouchers. A ideia é que as famílias possam, financiadas pelo poder público, escolher a melhor escola para os filhos, seja pública ou privada.
A ideia foi lançada nos anos 1950 pelo prêmio Nobel de Economia Milton Friedman (1912-2006), que defendia que seria salutar a competição entre as instituições públicas e privadas pelos alunos.
Pesquisas acadêmicas até o momento não indicam esse ganho. Uma das maiores revisões científicas sobre o tema foi feita pelo economista Martin Carnoy, professor da Escola de Educação da Universidade Stanford.
Ao estudar os resultados em regiões como Nova York, Washington, Indiana e Milwaukee (estes dois últimos os maiores do país), ele não verificou notas maiores entre os beneficiários da política.
Entre alunos negros (em geral de baixa renda), os de Milwaukee tiveram em 2013 as piores notas entre 13 regiões norte-americanas, na avaliação nacional de aprendizagem (8ª série).
Uma explicação apresentada para esse baixo desempenho dos vouchers é que as escolas particulares que entram no programa são piores que as públicas. As de elite preferem manter seus estudantes tradicionais.
Carnoy questiona também o argumento de que os vouchers podem tornar o sistema menos custoso (a competição poderia trazer economia em relação ao sistema público, segundo os idealizadores).
O pesquisador aponta que há custos “escondidos” nos vouchers, como para gestão desse sistema e de financiamento de transporte escolar para o aluno que não estudará perto de casa. Ele estima que a política de vales pode encarecer o custo da rede em 25% ou mais.


 Alunos da Escola Massilon Saboia, em Sobral (CE). A cidade, localizada no interior do estado, é pontada como sensação por causa dos bons resultados no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) Eduardo Anizelli - 6.nov.2015/Folhapress

Os defensores da política alegam que estudar numa escola privada pode ter outros benefícios além de uma eventual nota melhor, como estar num colégio com mais segurança.
O Chile é visto por esses defensores como exemplo exitoso do modelo. O país, que implementou o sistema nos anos 1980, é o melhor da América Latina no Pisa (avaliação internacional de estudantes).
Porém, um trabalho publicado em junho do ano passado por pesquisadores da Universidade da Califórnia (Berkley) e PUC (Santiago) criticou o sistema.
Ao analisar 56 estudos sobre a experiência chilena, eles constaram que os alunos pobres são prejudicados, pois as escolas conseguem escolher quais alunos querem atender. Assim, as melhores instituições priorizam os estudantes que já possuem melhores condições socioeconômicas, aumentando a desigualdade.

ESTADÃO
'DONO DO ENEM É O NOSSO PRESIDENTE BOLSONARO', DIZ INDICADO PARA A PRESIDÊNCIA DO INEP

Para Marcus Vinicius Rodrigues, prova pode ter mudanças, com questões que contemplem o que é 'importante para o futuro profissional'
Entrevista com
Marcus Vinicius Rodrigues
Isabela Palhares, O Estado de S. Paulo
18 Janeiro 2019 | 17h24

Indicado para comandar o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), Marcus Vinicius Rodrigues, de 63 anos, diz que recebeu com muita honra o convite de chefiar o órgão responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No entanto, deixa claro que mudanças na prova, que é hoje o maior vestibular do País, serão decididas pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Ele é quem tem que dar as diretrizes, estamos aqui cumprindo uma missão do presidente. O dono do Enem termina sendo o nosso presidente, que é o único que teve 60 milhões de votos e é quem pode responder, mudar e realinhar (a prova). Ele tem esse aval”, diz Rodrigues. 
Para que Bolsonaro tenha acesso prévio à prova do Enem, será preciso mudar as regras e procedimento de segurança do exame. Até o ano passado, nem mesmo os ministros de educação tiveram acesso à prova. A interferência do presidente na elaboração também configuraria uma mudança no modelo atual, já que o Inep é uma autarquia com independência para a elaboração de suas avaliações. 
Para ele, a prova pode ter uma melhora de qualidade, com questões que avaliem de forma mais eficaz o que é “importante para o futuro profissional” do aluno que termina o ensino médio.
Por que a nomeação do senhor ainda não foi publicada? Isso atrasou o andamento dos trabalhos?
Por causa de uma burocracia. E me sinto até um pouco culpado pela minha nomeação ainda não ter saído. Eu sou dono de uma empresa e tive de me desligar dela para ocupar o cargo. Minha contadora fez a baixa de forma inadequada e, por isso, a demora.
A tradição no Inep é que seja primeiro nomeado o presidente e depois os diretores. Já estamos com a diretoria quase formada, temos uma equipe com excelentes nomes, ótimos currículos. Temos apenas uma diretoria a ser ocupada (Diretoria de Educação Básica, a única que teve nomeação, mas que foi anulada nesta sexta-feira), mas devemos fechar esse nome já na segunda-feira e, com aval do ministro, será divulgado.
Por que foi anulada a nomeação de Murilo Resende para a Daeb?
O professor Murilo é um dos grandes quadros do País, é um pensador. Ele faz parte de um grupo que busca pensar um Brasil novo. Eu sou um gestor e, como gestor, tenho de otimizar as competências, tenho de pensar em formar grupos que pensam um Brasil diferente e melhor.
O professor Murilo tem uma bagagem conceitual muito grande e faz parte desse grupo de pessoas que pensam. É fácil jogar pedra em quem pensa diferente de uma visão que vem sendo implementada no País há 12 anos, uma visão que pode ser mais simples ou fácil de entender, mas que está nos levando ao caos.
Então, a nomeação do Resende foi, infelizmente, um erro. Erro ao qual já se tomaram todas as providências cabíveis. O governo está chegando e precisa de um tempo para se adaptar. Estamos conhecendo a casa e houve um erro. Um erro natural, porque a indicação dele seria para uma assessoria especial.
As diretorias são grupos operacionais. Seria até um desperdício colocar um pensador ou pessoas que têm uma visão macro, como o Resende, dentro de uma diretoria em que ele seria tomado pelo serviço operacional.
A anulação não ocorreu por causa da repercussão ruim da indicação de Resende?
Nós temos uma responsabilidade muito grande nesse momento que é buscar uma nova forma de pensar. Temos a obrigação de gerenciar a entrada desse novo pensamento. Nós estamos mudando o Brasil. Eu ainda não tenho soluções, mas tenho perguntas.
Não foi por causa da repercussão (a anulação), mas porque desde o início está acordado que teríamos pensadores que nos levem a resgatar o que foi apresentado pelo nosso presidente Bolsonaro durante a campanha, que é resgatar alguns valores da sociedade. Desde o início está acordado que vamos ter assessorias especiais para pensar e repensar o que é feito. Eu não sou capaz de mudar o sistema inteiro sozinho. A posição que tem de imperar é a posição que nos foi confiada pelo povo com 60 milhões de votos.
A postura do presidente Bolsonaro em relação ao Enem é, sem dúvida nenhuma, de respeito a todos os brasileiros, não só a quem votou nele. Então, é ele quem tem de dar as diretrizes do exame. Nós estamos aqui cumprindo uma missão do presidente. O dono do Enem acaba sendo o nosso presidente, que é o único que teve votos e pode responder, mudar ou realinhar o exame. Ele tem esse aval.
O que o senhor pretende mudar no Enem?
Tudo pode ser mudado e melhorado. Estamos aqui há pouco tempo, mas há muitas possibilidades de se fazer melhorias dentro do Inep, de repensar os exames buscando melhor qualidade e menor custo. Como? Eu não sei ainda.
Estamos aqui cumprindo uma missão que 60 milhões de brasileiros confiaram a Bolsonaro. Podemos melhorar as questões do Enem para que apresentem uma medição mais eficaz do que é realmente importante para o futuro profissional do aluno.
O Inep é responsável pela elaboração de muitas provas (Enem, Enade, Prova Brasil, entre outras). O senhor avalia suspender alguma delas?
Todas elas têm sentido e motivo para acontecer, o que nós podemos fazer é uma análise de alguns desses produtos e ver o que podemos otimizar. Cada uma dessas provas tem um custo altíssimo. Eu não quero nunca comprometer a qualidade e a confiança dessas provas, mas vamos ter de repensá-las. Dentro de seis meses, eu vou poder responder essa pergunta. A intenção é analisar toda a estrutura.

FOLHA DE SÃO PAULO
APÓS HESITAÇÃO, É NOMEADO O NOVO PRESIDENTE DO INEP, RESPONSÁVEL PELO ENEM

Engenheiro foi indicação de grupo ligado a militares e participou de discussões na etapa de transição
22.jan.2019 às 12h30Atualizado: 22.jan.2019 às 16h03
BRASÍLIA
O engenheiro e ex-consultor organizacional Marcus Vinícius Carvalho Rodrigues, 63, foi nomeado nesta terça-feira (22) para o cargo de presidente do Inep, instituto do Ministério da Educação responsável pela realização do Enem(Exame Nacional do Ensino Médio) e pela avaliação do ensino no país.
A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União. Ex-professor adjunto da FGV, Rodrigues é uma indicação do grupo ligado aos militares no governo de Jair Bolsonaro.
Antes de ser nomeado, participou das discussões ainda na etapa de transição para o novo governo.
Na plataforma Lattes, que reúne seu histórico acadêmico, Rodrigues já aparecia nesta terça como novo presidente do Inep, além de ter sido “executivo, consultor organizacional, palestrante, professor em cursos de pós-graduação e escritor”.
Formado em engenharia elétrica pela UFC (Universidade Federal do Ceará), ele tem mestrado em administração de empresas pela UFMG e doutorado em engenharia de produção pela UFRJ. Também atuou por quase 20 anos como executivo dos Correios.
Apesar de Rodrigues ter sido anunciado como cotado para o posto desde o início de janeiro, a demora para publicação da nomeação foi interpretada por alguns membros do setor como uma demonstração de que a equipe de Bolsonaro estava com dificuldades em oficializar um nome. Segundo o Inep, no entanto, Rodrigues já atuava na montagem da equipe nas últimas semanas. 
Em nota divulgada nesta terça, Rodrigues disse que pretende trabalhar para "melhorar a qualidade, aumentar a confiança e diminuir os custos para que o Inep consolide sua excelência em avaliação, estatísticas e estudos educacionais”.
Sua nomeação ocorre cinco dias após o governo recuar e suspender a nomeação do economista Murilo Resende Ferreira para assumir a coordenação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Ele ficaria subordinado ao presidente do Inep no cargo de diretor de avaliação da educação básica  do instituto. 
Sem experiência prévia na área, defensor das ideias do programa Escola Sem Partido e crítico do que classifica como "ideologia de gênero", Ferreira chegou a chamar, em 2016, os professores brasileiros de "manipuladores" que não querem "estudar de verdade".
Sua indicação foi criticada por educadores e inclusive por um dos coordenadores do MBL (Movimento Brasil Livre). Segundo Renan Santos, Ferreira já havia integrado o movimento, mas fora expulso por ser "lunático, conspiratório, fora da realidade".
ENEM
A escolha para a presidência do Inep era uma das mais esperadas da nova gestão devido à polêmica em torno de declarações recentes de Bolsonaro sobre o Enem.
Crítico de perguntas feitas no exame de 2018, como uma menção a linguagem da comunidade LGBT, Bolsonaro disse em novembro que pretendia "tomar conhecimento" das questões com antecipação, para privilegiar "questões realmente voltadas ao que interessa”.
"Essa prova do Enem, vão falar que eu estou implicando. Agora pelo amor de Deus. Esse tema da linguagem ‘particulada’, aquelas pessoas, o que isso tem a ver? Vai estimular a molecada a se interessar por isso agora. No ano que vem, pode ter certeza, não vai ter questão dessa forma. Nós vamos tomar conhecimento da prova antes”, afirmou.
A intenção provocou reação de educadores, para quem há risco à credibilidade técnica e ao sigilo do exame, que no último ano teve 5,5 milhões de inscritos.


FOLHA DE SÃO PAULO
GESTÃO BOLSONARO PLANEJA ESTREAR NOMEAÇÃO DE REITOR COM 2º COLOCADO EM LISTA

Informação consta de minuta de decreto; 1º lugar em federal mineira foi do PT e do PSOL
22.jan.2019 às 19h16Atualizado: 22.jan.2019 às 21h56
Angela Pinho
SÃO PAULO

Em sua primeira nomeação de reitor para uma universidade federal, o governo Jair Bolsonaro (PSL)planeja escolher para o cargo o professor que ficou em segundo lugar na lista tríplice da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
A decisão deve deixar de fora o professor de filosofia e ciências sociais Fábio Fonseca, que já foi filiado ao PT e ao PSOL e ficou na primeira colocação na eleição interna.
Será a primeira vez em mais de 15 anos que um candidato que encabeça a lista tríplice não é nomeado reitor. De acordo com a lei, cabe ao presidente indicar um dos três nomes enviados pela universidade. Desde o governo Lula, a tradição tem sido a escolha do primeiro.
A nomeação do dirigente da UFTM tem sido aguardada no meio acadêmico por ser tida como um prenúncio de qual será a relação de Bolsonaro com as universidades. Crítico de um suposto aparelhamento de esquerda das instituições, o presidente deve nomear 11 reitores em seu primeiro ano de mandato.
A indicação do professor de engenharia Luiz Fernando Resende dos Santos Anjo para instituição consta de minuta de decreto à qual a Folha teve acesso, inserida no sistema de processo eletrônico da AGU (Advocacia-Geral da União).
A minuta tem a chancela da consultoria jurídica do Ministério da Educação e segue junto com um documento que encaminha a lista tríplice, com o ministro Ricardo Vélez Rodríguez como remetente.
Em nota enviada pela assessoria de imprensa, o Ministério da Educação afirmou na noite desta terça-feira (22) que a escolha do reitor é uma prerrogativa do presidente e que "o processo de nomeação do reitor da UFTM segue os trâmites administrativos vigentes e deve ser finalizado nas próximas semanas". A Presidência não se pronunciou.
Anjo é atualmente vice-reitor da UFTM. Ele recebeu 24 votos na votação do Conselho Universitário, contra 31 de Fábio Fonseca.
Em documento encaminhado à AGU, Fonseca cita um processo movido pelo Ministério Público Federal contra Anjo em 2011 por suposto favorecimento de um candidato em um concurso público para professor da universidade.
A Justiça entendeu, em primeira instância, que a denúncia não era procedente, mas a Procuradoria recorre da decisão.
Anjo nega ter havido favorecimento e diz que qualquer pessoa que se propõe a participar como membro de banca de concurso público está sujeita a questionamentos quando o candidato não concorda com o resultado. "Logo, reforço que os devidos esclarecimentos foram apresentados no decorrer do processo e que a denúncia foi julgada improcedente."
Ele afirma não ter informações sobre a escolha de seu nome, mas disse que aceitaria a indicação. "Não há constrangimento, pois todos que conhecem as regras e os procedimentos para compor a lista tríplice sabem perfeitamente que podem nomear qualquer um dos três nomes."
No ofício redigido por Fonseca, que a AGU recomendou encaminhar ao Ministério da Educação, o primeiro colocado da lista tríplice reclama de gestões da reitora pro tempore (temporária) Ana Lúcia Simões no MEC para barrar sua nomeação e cita informações sobre um suposto dossiê a respeito de suas posições políticas.
Fonseca foi filiado ao PT dos anos 1990 até 2005 e ao PSOL de 2007 a julho do ano passado, quando se desfiliou após a eleição interna na UFTM.
Procurado, ele afirmou que a nomeação do segundo colocado romperia princípios democráticos e que há problemas sérios de gestão na atual administração da universidade . "O que determinará a nomeação? Ser ou ter sido filiado a um partido político? Ter uma proposta de gestão da universidade transparente, ética, democrática e eficiente em termos de administração dos recursos públicos, de trabalho intenso pelo desenvolvimento científico e tecnológico e pela inclusão social?"
"Esperamos que o governo Bolsonaro nomeie o primeiro colocado na lista tríplice. Seria o respeito à democracia, à transparência e à moralidade administrativa.
Fonseca foi o mais votado na consulta interna feita pela universidade antes de o Conselho Universitário elaborar a lista tríplice. A consulta foi paritária, ou seja, cada categoria teve peso de um terço. No Conselho Universitário, em que os docentes têm peso de 70%, Fonseca voltou a ficar em primeiro lugar, seguido de Anjo.
A atual gestão da universidade chegou a contestar o resultado da votação na AGU, mas o órgão entendeu que a eleição não teve nenhuma irregularidade.
Após essa decisão da Advocacia-Geral, o Ministério da Educação elaborou nota técnica com a informação de que são ilegais consultas internas paritárias nas universidades, sejam elas formais ou informais. Parte das instituições avalia a nota, mas uma parcela entende que se trata de uma recomendação e pode continuar com as consultas.
Por ter sido assinada após o envio da lista tríplice da UFTM, a decisão não se aplica à instituição mineira.


ESTADÃO
MEC QUER QUE UNIVERSIDADE FEDERAL AUMENTE CAPTAÇÃO DE RECURSOS PRÓPRIOS

Governo estuda alterar forma de manutenção financeira das instituições para investir mais verba na educação básica. Hoje, federais podem arrecadar dinheiro por meio de parcerias e aluguéis, por exemplo, mas teto de gastos dificulta utilização
Isabela Palhares, O Estado de S.Paulo
23 Janeiro 2019 | 03h00

SÃO PAULO - Com a promessa de aumentar recursos para a educação básica, a equipe do Ministério da Educação (MEC) quer mudar a forma de manutenção financeira das universidades e institutos federais. Entre as propostas mais avançadas estão aquelas que buscam incentivar a busca de fontes alternativas de financiamento, como a possibilidade de uso integral dos recursos próprios – arrecadados por meio de parcerias com prefeituras, governos estaduais e empresas privadas – e a criação de fundos patrimoniais. 
O objetivo é incentivar a arrecadação própria para reduzir o papel dos recursos da União na manutenção e investimento nas universidades. Fontes do ministério dizem que, mostrar o potencial de arrecadação própria e dar mais autonomia para o uso desse recurso, seria um caminho para convencer os reitores e a comunidade acadêmica sobre a cobrança de mensalidades. Durante a eleição, a equipe de Bolsonaro já defendia a cobrança de mensalidade nas universidades federais para alunos de maior renda – uma das bases para a proposta é um documento feito em 2017 pelo Banco Mundial que sugeriu ao Brasil acabar com a gratuidade do ensino superior. 
A proposta de mudar a regra para uso de recursos próprios já era estudada pela gestão anterior do MEC e foi recebida com entusiasmo pela nova equipe. As alterações têm de passar pelo Congresso e já haveria disposição de parlamentares. No fim de 2018, o Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara finalizou relatório em que propõe uma nova emenda constitucional para liberar os recursos arrecadados pelas universidades.
A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) enxerga como positiva a mudança do uso da arrecadação própria, mas teme que a alteração possa resultar em um novo enxugamento de recursos da União para as universidades. Levantamento da Andifes mostra que o orçamento para custeio e investimento caiu de R$ 9,9 bilhões em 2014 para R$ 7,7 bilhões no ano passado. 
Até 2015, as universidades contornavam a redução de recursos da União com a captação de recursos próprios, como cobrança de aluguel por uso de seus espaços, prestação de serviços, contratos de pesquisa e taxa de matrículas (para cursos de extensão). Com o teto de gastos federais, porém, qualquer “excesso” de arrecadação deve ser usado para abater a dívida pública, ou seja, a instituição de ensino não pode ficar com o recurso. 
Por exemplo, uma universidade federal que tenha orçamento de R$ 500 milhões e consiga arrecadar, por esforço próprio, R$ 50 milhões. Se ela tiver previsto essa arrecadação quando elaborou a proposta de orçamento, poderá ter esse incremento compensado com redução de fontes livres - recursos ordinários ou destinados à manutenção e desenvolvimento do ensino. Ou seja, a União repassará R$ 450 milhões para essa universidade, por saber que os outros R$ 50 milhões virão de outra fonte. Se o recurso próprio não estiver previsto no orçamento, o excesso de arrecadação fica indisponível para uso e passa a integrar o resultado primário do governo central.
O estudo da Câmara mostra que, em 2010, as universidades e institutos federais chegaram a usar R$ 1,6 bilhão de reais de recursos próprios para cobrir suas despesas. Esse montante vem em declínio e chegou a R$ 700 milhões, em 2017. Se mantida a regra atual de impedimento do uso de recursos próprios, a tendência é que a arrecadação própria tenha cada vez menos peso na cobertura das despesas das instituições.
UnB foi a mais afetada por bloqueio
Segundo acompanhamento da Andifes, a Universidade de Brasília (Unb) foi a que teve o maior valor de arrecadação própria bloqueado. A reitora Márcia Moura conta que a instituição tinha R$ 98 milhões poupados nos últimos dez anos com recursos próprios, a maior parte de aluguel de imóveis.
A verba era poupada para que a universidade construísse um prédio e investisse em infraestrutura (troca de computadores, renovação dos livros da biblioteca, etc). No entanto, o recurso foi congelado e só parte dele – R$ 65 milhões –, liberado em 2018. E a União descontou o mesmo valor que iria repassar. Ou seja, o dinheiro da arrecadação própria teve de ser usado para o pagamento de servidores. 
O mesmo aconteceu com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), que teve bloqueados R$ 81 milhões de captação própria por meio de pesquisa. No fim de 2018, R$ 65 milhões foram liberados. “Mas a União subtraiu o mesmo valor, que tinha sido liberado, do repasse para a folha de pagamento de pessoal, ativo e inativo. Ou seja, o recurso que a gente captou e que tínhamos planejado uma outra destinação, foi obrigatoriamente para pagar os servidores e aposentados”, explica Ricardo Marcelo Fonseca, reitor da instituição.
A universidade planejava a construção de um laboratório para pesquisas de imunogenética com parte do recurso, que havia sido captado com pesquisas na área. "Quando assumi a reitoria [em 2017], os coordenadores do projeto tinham acumulado R$ 14 milhões e queriam começar a obra, mas o recurso estava bloqueado. Imagine a frustração desses pesquisadores", diz Fonseca.
Reinaldo Centoducatte, presidente da Andifes e reitor da federal do Espírito Santo (UFES), explica que as universidades nunca tiveram de fato autonomia para gerir os recursos arrecadados por esforço próprio, até 2016, para usar o montante era necessário solicitar a abertura de crédito suplementar ao Congresso. No entanto, com o Novo Regime Fiscal, os limites orçamentários autorizados não podem ser ampliados, ainda que por excesso de arrecadação. "Antes ainda era possível ter um orçamento maior, via aditivos da lei orçamentária. Hoje, o teto [de gastos] não permite mais. O que adianta captar recursos, se não podemos gastar?".
Relatório elaborado pela Câmara propõe uma nova emenda à constituição para excluir as despesas de instituições federais de ensino, que sejam financiadas por receitas próprias, da base de cálculo e dos limites individualizados para as despesas primárias do governo federal. Ou seja, excluir o recurso próprio do entrave fiscal imposto pelo teto de gastos. 
Amaury Gremaud, professor e especialistas em Economia do Setor Público pela Universidade de São Paulo, diz que a mudança na regra para uso do recurso próprio é importante e pode estimular a busca por mais convênios e formas alternativas de arrecadação. No entanto, ressalta que essas fontes alternativas representam um valor muito pequeno diante do custo das instituições de ensino. “É uma medida paliativa e muito pequena. Pode ajudar a melhorar a infraestrutura e com alguns investimentos, mas tem um efeito limitado. Nunca vai ser suficiente para manter toda a universidade, não é assim nem mesmo nos Estados Unidos ou em outros países”, diz.
Além disso, ele defende que é preciso um acordo dentro das próprias instituições sobre o uso dos recursos para evitar desequilíbrios, já que algumas áreas têm mais facilidade para a captação do que outras. “As pesquisas em tecnologia ou engenharia custam, em geral, mais caro do que em humanas. Então é preciso uma definição para que não apenas uma parte da universidade seja beneficiada”, diz.


FOLHA DE SÃO PAULO
GESTÃO BOLSONARO PROMETE LIBERAR ENSINO DOMICILIAR POR MEDIDA PROVISÓRIA
PRÁTICA HAVIA SIDO CONSIDERADA ILEGAL PELO STF POR FALTA DE REGULAÇÃO
23.jan.2019 às 22h46

BRASÍLIA e SÃO PAULO
O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) incluiu na lista de metas para os cem primeiros dias do governo a regulamentação do ensino domiciliar, também chamado de "homeschooling", por meio de medida provisória.
A prática havia sido considerada ilegal no final do ano passado pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Na ocasião, a maioria dos ministros entendeu que, por falta de regulamentação, ela não poderia ser considerada um meio lícito para os pais garantirem o direito dos filhos à educação.
Com a medida provisória, irá se regularizar a situação das famílias que ensinam seus filhos em casa. Segundo estimativa divulgada no ano passado pela Aned (Associação Nacional de Educação Domiciliar), elas somavam cerca de 7.500 na ocasião.
Parte delas é composta por pessoas que discordam da linha educacional oferecida nas escolas por motivos religiosos.
Já educadores contrários à medida citam a frequência a instituições educacionais como um direito da criança e enfatizam a escola como um espaço importante de socialização.
A Aned afirmou nesta quarta-feira que ajudou a construir o texto da medida provisória junto com o governo Bolsonaro.
A entidade diz ter procurado em dezembro o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, para a edição da MP. Posteriormente, assessores da pasta teriam afirmado que o tema teria mais relação com a área de direitos humanos e família do que com a educação formal.
Por isso, a medida ficou a cargo da área da ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos).
A Aned diz ter feito uma proposta de redação, que está sob análise da pasta e da Casa Civil. “Estamos trabalhando para que essa tramitação seja rápida”, diz a entidade, que sugere que o texto pode ser um aval provisório enquanto o Congresso não aprova um projeto de lei.
“Apenas para constar, a MP tem total força de lei [e] vai nos deixar tranquilos, no mínimo, durante o primeiro semestre de 2019. Enquanto isso, estaremos buscando as articulações necessárias para garantir que se torne definitivamente regulamentada a educação domiciliar, devolvendo à família brasileira a liberdade de escolher como educar seus filhos”, diz o texto da organização.
ENSINO DOMICILIAR NO SUPREMO
A educação domiciliar ganhou adeptos a partir de 2016, quando o ministro do STF Luís Roberto Barroso suspendeu todas as decisões judiciais que impediam os pais de educar seus filhos em casa.
Na votação do STF, motivada por um pedido de uma família do município de Canela (RS), ele foi o único a deliberar pela legalidade da prática.
A família da cidade gaúcha gaúcha foi à Justiça após a Secretaria de Educação do município negar um pedido para que a menina, à época com 11 anos, tivesse aulas em casa.
Barroso argumentou que crianças educadas em casa tem outras oportunidades de socialização e que, segundo pesquisas, não teriam deficiência na formação intelectual.
O ministro Alexandre de Moraes abriu a divergência na votação e foi acompanhado por sete magistrados: Rosa Weber, Luiz Fux, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Dias Toffoli e Cármen Lúcia. Eles consideraram que, para que a opção pelo ensino em casa fosse válida, teria de estar prevista em lei.
Desse grupo, Fux e Lewandowski foram além: para eles, o “homeschooling” seria inconstitucional mesmo que houvesse lei para regulamentá-lo.
Lewandowski destacou a importância da escola para a convivência com a diversidade. “Quando se formam bolhas nas quais ecoam as mesmas ideias, o que é comum nas redes sociais, o entendimento mútuo se torna cada vez mais difícil, contribuindo para a fragmentação da sociedade, para a polarização e para o extremismo”, disse.
Já Edson Fachin divergiu parcialmente, e propôs dar um ano para o Congresso legislar sobre o assunto, mas foi vencido. Celso de Mello não participou da sessão.


FOLHA DE SÃO PAULO
NOVO PRESIDENTE DO INEP DIZ QUE QUER REVER QUESTÕES DO ENEM CONTRA 'POSTURA IDEOLÓGICA'

Para Rodrigues, pedido de Bolsonaro para ver prova representa 'preocupação com o Brasil'
24.jan.2019 às 12h31
Natália Cancian
BRASÍLIA

novo diretor-presidente do Inep, instituto ligado ao Ministério da Educação, Marcus Vinícius Carvalho Rodrigues, disse nesta quinta-feira (24) que planeja um novo modelo para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)sem questões "ideológicas" e que discutirá a possibilidade do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ter acesso prévio à prova.
“Vamos analisar o banco de questões e fazer com que tenha postura não ideológica e que priorize o que realmente é necessário, que é respeitar nossas crianças e nossos adolescentes”, disse.
Rodrigues disse ainda que o pedido do presidente Jair Bolsonaro para ter acesso prévio à prova será analisado e que a demanda é “legítima”. 
“Eu como presidente do Inep posso ter acesso legal à prova. Isso será conversado e dentro dos aspectos legais será discutido”, afirmou.
Crítico de perguntas feitas no exame de 2018, como uma menção a linguagem da comunidade LGBT, Bolsonaro disse em novembro que pretendia "tomar conhecimento" das questões com antecipação, para privilegiar "questões realmente voltadas ao que interessa”.
"Essa prova do Enem, vão falar que eu estou implicando. Agora pelo amor de Deus. Esse tema da linguagem ‘particulada’, aquelas pessoas, o que isso tem a ver? Vai estimular a molecada a se interessar por isso agora. No ano que vem, pode ter certeza, não vai ter questão dessa forma. Nós vamos tomar conhecimento da prova antes”, afirmou à época.
A afirmação gerou críticas da ex-presidente do instituto, Maria Inês Fini, para quem a medida poderia ferir o sigilo do exame, que no ano passado teve 5,5 milhões de inscritos. 
Questionado sobre o sigilo, Rodrigues rebateu a crítica e disse que a declaração de Bolsonaro representa uma “preocupação com o Brasil”.
“Temos um presidente que representa os anseios de uma mudança. E eu estou aqui dentro desse princípio”, disse. “Uma coisa é não ser de praxe [ter acesso à prova], outra coisa é o acesso legal.”
As declarações sobre o exame ocorreram logo após cerimônia de posse de Rodrigues no cargo.
Engenheiro e ex-consultor organizacional, Rodrigues foi nomeado na terça-feira (22), após uma série de sinais de hesitação do novo governo em torno da escolha dos cargos do instituto, que é responsável pelo Enem e por avaliações da qualidade do ensino.
Ligado aos militares que atuam no governo Bolsonaro, o novo diretor fez cumprimentos ao grupo no evento e, em discurso, afirmou que o Brasil precisa de uma escola sem ideologia e que é preciso “resgatar valores”.
“Hoje precisamos de uma nova escola, com novos paradigmas, que resgate nossos valores, que tenha como diretrizes o respeito à família e à pátria, e que busque a eficaz formação de cidadões [sic] íntegros, éticos, com conhecimento e trabalhadores”, afirmou.
Ele defendeu ainda que o país busque um modelo de escola "que tenha resistência a ideologias e crenças inadequadas e inconsequentes", as quais, segundo ele, "têm origem em interpretações superficiais de pseudo-intelectuais ou de um oportunismo político-partidário que levou nosso país a uma situação insustentável.”
O novo presidente disse ainda que deve divulgar em breve um documento com 32 metas prioritárias —entre elas, uma revisão "criteriosa" dos indicadores usados para avaliação do ensino e incentivo a novas tecnologias em sala de aula, informou. 
Afirmou ainda que pretende “fazer mais com menos” e citou Rui Barbosa, dizendo que hoje "o homem tem vergonha de ser honesto", em uma referência ao que chama de "resgate de valores". 
DITADURA MILITAR
A cerimônia foi acompanhada pelo ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez. Em discurso, o ministro fez uma espécie de "revisão" da história do Brasil e disse que o país tem intercalado alguns momentos de "volta ao esquema centralizador", como o da ditadura militar, que, para ele, foi “querido pela sociedade brasileira”.
“Os militares não caíram de Marte. Eles foram chamados pela sociedade brasileira para corrigirem como uma espécie de poder moderador os jugos enviesados pelos que tinham enveredado a República. Mas terminaram abrindo espaço de novo para a vida político-partidária. Tem um pequeno viés autoritário, expresso na famosa frase do general Figueiredo: 'julgo fazer desse país uma democracia, e prendo e arrebento quem se opuser'. A democracia se instaurou via decreto, uma coisa estranha, estranhíssima, porque estranha é nossa história, como um princípe sair correndo estabelecer a capital numa colônia. Mas isso obedecia a um pensamento estratégico", disse. 
Para ele, o Inep tem papel essencial para “preservação da memória nacional” e para “reconstrução da democracia”.
Sem entrar em detalhes, defendeu ainda uma revisão na "política educacional". 
“Nossas más performances nas provas internacionais indica que não temos refletido suficiente nos dados que se apresentam ao Inep. Precisamos elaborar novas políticas educacionais”, disse.


ESTADÃO
INEP ESTUDA POSSIBILIDADE DE BOLSONARO EXAMINAR PREVIAMENTE ENEM

Novo presidente do instituto, Marcus Vinícius Rodrigues disse nesta quinta que ele mesmo poderá ver a prova e que as questões 'não terão postura ideológica'
Lígia Formenti, O Estado de S.Paulo
24 Janeiro 2019 | 14h03


BRASÍLIA - O novo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Marcus Vinícius Rodrigues, disse nesta quinta-feira, 24, que o instituto vai discutir a possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro avaliar as questões do Enem antes de a prova ser aplicada. 
“O presidente foi legitimamente eleito com 62 milhões de votos. Isso vai ser conversado, dentro dos aspectos legais”, afirmou Rodrigues ao tomar posse do cargo. Ele afirmou que ele próprio, como presidente do Inep, tem autoridade para ver a prova, mesmo que isso não seja a praxe.
Em novembro, ao criticar uma das questões do Enem que abordava o “pajubá” – conjunto de expressões usadas pela população LGBT –, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que em 2019 leria a prova antes de ela ser aplicada.  “O presidente representa o anseio de mudança. Estou aqui dentro desse princípio. Vamos mudar o modelo, com responsabilidade, com coerência, dentro do legal”, disse o presidente do Inep.
Rodrigues disse que mudanças serão feitas no Enem e que o banco de questões “não terá postura ideológica”. As perguntas da prova, segundo ele, deverão priorizar o que for necessário para medir o conhecimento. “Vamos respeitar nossas crianças e adolescentes”, complementou.
Segurança
O presidente do Inep, no entanto, foi enfático ao defender a segurança do exame. Na quarta-feira, em Davos, o presidente Bolsonaro, em conversa com assessores testemunhada pelo Estado, chegou a citar o risco de “vazamento de prova” pelo PT. “Trabalhei em poucas empresas com níveis de segurança como a do Inep. A estrutura é muito segura. Isso nos deixa muito tranquilos”, disse Rodrigues.
Engenheiro, Rodrigues, ainda nos primeiros minutos do discurso de posse, agradeceu a Deus por sua indicação ao cargo, citou família, pátria e criticou “ideologias e crenças” que diz considerar inadequadas nas escolas. Segundo ele, teriam “origem em interpretações superficiais de pseudo intelectuais ou de um oportunismo pseudo partidário”. 
Rodrigues afirmou ainda que o País precisa “de uma nova escola, com novos paradigmas, que resgatem novos valores e tenham como diretrizes o respeito à família e à pátria”. De acordo com ele, esses são os principais objetivos do Inep. 
Mais tarde, em entrevista, ele afirmou que pretende melhorar a qualidade, a confiança nos sistemas usados pelo instituto e reduzir custos. “Não é preciso necessariamente ter alto custo para realizar um bom trabalho. Podemos ter excelentes exames e itens com custo menor, otimizar nossas estruturas e processos, a parte tecnológica, com integração maior o que tornará mais eficaz.”


O GLOBO
'MILITARES NÃO CAÍRAM DE MARTE. FORAM CHAMADOS PELA SOCIEDADE', DIZ MINISTRO DA EDUCAÇÃO SOBRE GOLPE DE 64

Vélez Rodriguez afirma que regime militar foi uma resposta da sociedade para proteger o Brasil 'das ameaças' do comunismo
Patrik Camporez 
24/01/2019 - 12:58 / Atualizado em 24/01/2019 - 19:53
BRASÍLIA - O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, fez uma espécie de análise histórica dos períodos políticos do Brasil desde o período do Império, durante um discurso de mais de 30 minutos na posse do novo presidente do Inep, Marcus Vinícius Rodrigues, nesta quinta-feira. Em várias de suas falas, ele mostrou alinhamento com o pensamento do presidente Jair Bolsonaro, principalmente em relação ao papel das Forças Armadas no processo que ele chama de "preservação da unidade nacional".
O ministro reforçou que o regime militar iniciado em 1964 foi uma resposta da sociedade para proteger o Brasil "das ameaças" do comunismo.
— Os militares não caíram de Marte. Eles foram chamados pela sociedade brasileira, como uma espécie de poder moderador dos rumos enviesados pelos quais tinha enveredado a República — disse ele. 
A cerimônia de posse do novo presidente do Inep aconteceu na sede do Instituto, em Brasília, e também serviu para apresentar os novos diretores do Instituto e o chefe de gabinete. O ministro Ricardo Vélez elogiou o papel do Inep no que ele chama de preservação da "memória da educação" no Brasil. 
— É a memória da nossa cultura e identidade. É a nossa caixa preta onde guardamos os grandes a segredos da nossa sociedade. Uma caixa preta do bem.
'Que Deus nos oriente'
O novo presidente do Inep, em seu discurso, agradeceu a Deus e ao presidente Jair Bolsonaro. Ele disse que pretende construir uma escola que "respeite valores, família e que seja apartidária".
— Quero agradecer a Deus, aos meus pais pelo acesso a uma educação sólida. Agradeço a Jair Bolsonaro, que trouxe esperança aos brasileiros, de tanto ver se agigantar o poder dos maus. Precisamos de uma nova escola, que respeite valores, família e que seja apartidária. Escola que tenha resistência à ideologia, sem pseudointelectuais. Queremos uma reconstrução educacional do Brasil — afirmou Marcus Vinícius Rodrigues.


JORNAL ESTADO DE MINAS
MILITARES 'CORRIGIRAM' RUMOS DA REPÚBLICA, DIZ MINISTRO DA EDUCAÇÃO

''Temos de trabalhar, interpretar para elaborar novas políticas que nos conduzam a uma verdadeira educação'', afirmou o ministro da Educação

postado em 25/01/2019 07:51 / atualizado em 25/01/2019 08:19

O ministro da Educação, o colombiano Ricardo Vélez Rodriguez, afirmou nessa quinta-feira (24) que o período da ditadura militar no Brasil foi um "ciclo centralizador" que atendeu aos anseios da população. "O ciclo 1964-1985 foi querido pela sociedade brasileira. Os militares não caíram de Marte. Eles foram chamados para corrigir, como uma espécie de poder moderador, os rumos enviesados que tinha enveredado a República", afirmou ele, durante a cerimônia de posse do novo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Marcus Vinícius Rodrigues. ministro fez referências que foram de João VI, passaram por Duque de Caxias e Getúlio Vargas, até chegar ao ex-presidente João Baptista Figueiredo, último mandatário no período da ditadura militar, para defender o papel de "instituições preservadoras da memória nacional" para a democracia.
Num discurso de 24 minutos, o ministro fez referências que foram de João VI, passaram por Duque de Caxias e Getúlio Vargas, até chegar ao ex-presidente João Baptista Figueiredo, último mandatário no período da ditadura militar, para defender o papel de "instituições preservadoras da memória nacional" para a democracia.
Rodriguez afirmou ser necessária a interpretação correta de dados obtidos pelas avaliações do Inep e atribuiu o baixo desempenho de estudantes brasileiros em avaliações ao descompasso entre o que estudos indicam e as políticas de educação adotadas.

"As nossas más performances de provas internacionais decorrem de que não estamos refletindo os dados fornecidos do Inep", disse Rodriguez. "Temos de trabalhar, interpretar para elaborar novas políticas que nos conduzam a uma verdadeira educação", afirmou.


O GLOBO
TEXTO DE MEDIDA PROVISÓRIA QUE PERMITE ENSINO DOMICILIAR JÁ ESTÁ PRONTO, DIZ MINISTRA DAMARES ALVES

Segundo Damares, prioridade ao tema visa "dar apoio legal" às famílias que optarem pela modalidade de ensino
Hellen Guimarães
25/01/2019 - 14:18 / Atualizado em 25/01/2019 - 14:50

RIO - A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, afirmou em entrevista ao blog da jornalista Andréia Sadi, do G1, que o texto da medida provisória (MP) sobre o ensino domiciliar está pronto. De acordo com Damares, a MP será publicada e enviada ao Congresso no início dos trabalhos legislativos, em fevereiro. Para a ministra, o texto dará "apoio legal" às famílias que optarem por essa modalidade de ensino, já que em setembro do ano passado o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou, por 9 votos a 1, que os pais não tinham direito de retirar seus filhos da escola com a legislação atual. Cerca de 11 mil famílias fazem educação direta, mas a gente pode chegar a mais de 30 mil famílias se considerarmos as que fazem educação em casa em tempo parcial. É um número muito grande, mas o interessante é que existem muito mais famílias que ainda não partiram para o ensino domiciliar porque não tem uma legislação. Então, a MP vem para acolher as famílias que já fazem o ensino domiciliar. Nos últimos dois anos, elas podiam fazer porque havia uma liminar garantindo a elas esse direito. Com a decisão do STF, que remete o assunto para o Congresso Nacional, estas famílias não têm mais a força da liminar —argumentou Damares.
Na decisão, o STF concluiu que a frequência da criança na escola era necessária para garantir a convivência com estudantes de origens, valores e crenças diferentes, por exemplo. Os ministros também argumentaram que, conforme a Constituição, o dever de educar implica a cooperação entre o Estado e a família, ou seja, sem a exclusividade dos pais. Quanto à adoção da modalidade no futuro, os ministros se dividiram, e a maioria entendeu que a prática só teria validade caso fosse aprovada uma lei que garantisse a avaliação do aprendizado e da socialização do aluno.
Para Damares, o ensino domiciliar não traz prejuízos ao convívio social da criança, visto que há outros ambientes em que ela consegue sociabilizar.
— Este pai pode, por exemplo, matricular esta criança em um curso de inglês. Ele vai ter amigos do curso de inglês. Esta criança vai fazer esporte, esta criança vai a um clube, esta criança vai à igreja, esta criança tem vizinhos. Esse argumento não se sustenta — defendeu.
A ministra ressaltou que a MP traz a modalidade não como uma obrigação, e sim um direito. Explicou também que a proposta do governo prevê que as famílias optantes do ensino domiciliar passem por um cadastro, e que uma das propostas de fiscalização inclui visitas do Conselho Tutelar. E reconhece na medida uma opção para a melhoria do ensino.
— As pesquisas que nós temos nos apontam que os alunos do ensino domiciliar têm melhor rendimento e esta pesquisa é feita a nível de mundo e nós não temos isso a nível de Brasil porque ainda não é uma realidade no Brasil — afirmou.
Assim que for publicada no "Diário Oficial da União", a MP terá força de lei, mas precisa da aprovação no Congresso Nacional em até 120 dias para virar lei em definitivo. Damares lembrou que o tema não é novidade no parlamento, onde a discussão já ocorre há 26 anos, e que o último projeto de lei a respeito do tema teve parecer favorável. Para a ministra, a MP, portanto, preencheria um "limbo jurídico" enquanto a modalidade não é regulamentada.
Damares já fez críticas às escolas em referência a uma suposta "ideologia de gênero". Questionada se a escola domiciliar é uma maneira de a família ter maior controle sobre o que é ensinado aos filhos, a ministra assentiu, e explicou que os pais teriam conteúdo pedagógico disponível no mercado para apoiar o aprendizado de cada faixa etária. Num primeiro momento, o governo não disponibilizaria esse material gratuitamente, e caberia aos pais interessados na modalidade adquiri-lo - como é comum em outros países, ressaltou.
— Na educação domiciliar, o pai vai poder gerenciar, inclusive, conteúdos. O pai vai poder estar junto com o aluno, com o filho, acompanhando o conteúdo, acompanhando o material didático. Outra coisa que todo mundo fica perguntando: e este material didático? O pai vai ter acesso a este material didático, que vai ajudá-lo a dar a aula em casa. Não é uma coisa solta, perdida. Vai ter logo no mercado material que vai orientar o pai como aplicar a educação para o menino de 4 anos, de 5, de 6...— defendeu.


FOLHA DE SÃO PAULO
NOVA REGRA DO MEC PERMITE QUE EMPRESA OFEREÇA CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO. 

Mudança deve beneficiar áreas de direito, gestão e saúde; instituições precisam comprovar excelência
27.jan.2019 à 1h00
Dante Ferrasoli
SÃO PAULO

O mercado de pós-graduações lato sensu no Brasil deve crescer durante os próximos anos. Isso é por que em 6 de abril de 2018, o MEC (Ministério da Educação) editou uma resolução que permite que empresas e institutos, públicos ou privados, pleiteiem junto à pasta o direito de ministrar especializações no país.
Até então, esses cursos eram restritos a instituições de ensino que também oferecessem graduação e pós-graduação stricto sensu, além de escolas do governo.
Agora, “instituições relacionadas ao mundo do trabalho de reconhecida qualidade” poderão se credenciar para ofertar cursos de especialização na sua área de atuação.
“Vai aumentar a oferta. Instituições cada vez mais especializadas vão oferecer programas de pós-graduação”, diz Marcelo Saraceni, presidente da Abipg (Associação Brasileira das Instituições de Pós-Graduação). 
O efeito no mercado, de acordo com Saraceni, deve começar a ser sentido a partir de 2020, já que o processo de aprovação do MEC dura cerca de dois anos. 
Para conseguir a licença, a organização deve comprovar ao MEC que tem reconhecida qualidade em determinada área. Ela poderá então ofertar programas de pós-graduação lato sensu, mesmo que nunca tenha ministrado outro tipo de curso.
Na prática, o ministério restabelece as normas que eram vigentes antes de 2011, ano em que outra resolução passou a restringir o credenciamento às instituições de ensino superior.
Organizações já credenciadas antes da mudança seguiram oferecendo pós-graduações durante esses sete anos por meio de liminares.

É o caso do Instituto Vellini, especializado em ortodontia, que oferece cinco especializações desde 2005.
“Esses polos de excelência, como o nosso instituto, são importantes porque desenvolvem muita tecnologia para investir em uma área específica e também para capacitar profissionais”, afirma Flávio Vellini, diretor-presidente do instituto. 
Segundo Saraceni, a expectativa é que instituições principalmente das áreas de direito, gestão e saúde se aproveitem da nova regulamentação. Em menor escala, a área de tecnologia da informação também deve crescer.
A mudança não significa, porém, que qualquer empresa ou instituto poderá abrir programas de especialização se assim desejar. 
“Os critérios para credenciamento do MEC são e continuarão sendo bem rigorosos”, afirma Saraceni.
A nova regulamentação também traz duas outras alterações importantes.
Primeiro, extingue a obrigatoriedade dos trabalhos de conclusão de curso (TCCs). Além disso, reduz o número necessário de professores com mestrado ou doutorado —de metade para um terço. 
“É um jeito de privilegiar a experiência prática dos professores”, diz Saraceni.

CONHEÇA AS NOVAS REGRAS DAS ESPECIALIZAÇÕES
COMO ERA

Apenas instituições que oferecessem curso superior e pós stricto sensu, além de escolas de governo, poderiam oferecer cursos de pós-graduação lato sensu. Especializações precisavam, necessariamente, ter um trabalho de conclusão de curso (TCC). Metade dos professores dos programas de pós-graduação teriam de ser mestres ou doutores


COMO FICOU 

Instituições públicas ou privadas com “reconhecida qualidade em determinada área” podem pleitear o credenciamento junto ao MEC, que pode ou não aprovar o pedido. Não há mais exigência de TCC. Número necessário de mestres ou doutores por curso cai para um terço, o que privilegia a experiência dos profissionais


TIPOS DE PÓS-GRADUAÇÃO
MBA - MASTER OF BUSINESS ADMINISTRATION
Programas lato sensu, para profissionais da área de negócios
 Duração Mínimo de 360 horas (18 meses)
 Área Cursos concentrados nas áreas de gestão, negócios e marketing

ESPECIALIZAÇÃO
Cursos lato sensu, para quem procura se aprofundar em algum aspecto da carreira ou procura um complemento para a formação
Duração Mínimo de 360 horas (18 meses)
Área Há oferta para praticamente todas as áreas do conhecimento

ESPECIALIZAÇÃO A DISTÂNCIA
Cursos lato sensu, mas com pelo menos 70% do conteúdo oferecido de forma on-line
Duração Mínimo de 360 horas (18 meses)
Área Há oferta para diversos campos, mas concentração nas áreas de gestão e pedagogia

MESTRADO ACADÊMICO
Modalidade stricto sensu em que o aluno se aprofunda sobre tema de sua área. Para quem deseja seguir carreira acadêmica ou trabalha com pesquisa e inovação
 Duração 2 anos
 Área Todos os campos do conhecimento

MESTRADO PROFISSIONAL
Procura relações mais diretas com o mercado de trabalho. Para quem quer se aprofundar em um tema, voltado para a aplicação prática
Duração 2 anos
 Área Pedagogia, administração e carreiras multidisciplinares

DOUTORADO
Programa stricto sensu, com forte viés de pesquisa acadêmica e inovação. Profissionais com esse título geralmente estão na prática docente ou trabalham com pesquisa
 Duração 4 anos
 Área Todos os campos do conhecimento 
PÓS-DOUTORADO
Programa de pesquisa para doutores que buscam continuar se aperfeiçoando em sua área de atuação, com ou sem bolsa
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 Área Diversas
IG SÃO PAULO
"IDEIA DE UNIVERSIDADE PARA TODOS NÃO EXISTE", DIZ MINISTRO DA EDUCAÇÃO

Por iG São Paulo | 28/01/2019 14:03 - Atualizada às 28/01/2019 14:20

Vélez também criticou o que chamou de 'ideologia de gênero' nas escolas que, segundo ele, ensinam 'menino a beijar menino e menina a beijar menina'

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou que "a ideia de universidade para todos não existe" e que devem ficar reservadas apenas à "elite intelectual". Em entrevista ao Valor Econômico , Vélez defendeu que os jovens utilizem o ensino técnico, uma das bandeiras do presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante a campanha. 
"As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica [do País]", afirmou Vélez, que afirmou buscar um modelo de educação parecido com o da Alemanha. Segundo o ministro da Educação , não há a possibilidade de cobrar mensalidade em universidades públicas, mas é "urgente" reequilibrar os orçamentos. 
Vélez também defendeu que haja enxugamento no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que já havia sido iniciado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB). Para ele, deve haver uma proximidade com o ensino técnico para que os jovens entrem mais rápido no mercado de trabalho, além de alteração em alguns pontos da reforma do Ensino Médio, aprovada por Temer no ano passado. 
Para o ministro, os cursos técnicos trazem um retorno financeiro maior e mais rápido aos jovens do que a graduação e não faz sentido que um advogado estude por anos para "virar motorista de Uber". "Nada contra o Uber, mas esse cidadão poderia ter evitado perder seis anos estudando legislação", justificou.
Vélez ainda criticou o que chamou de "ideologia de gênero" nas escolas, que ensinam "menino a beijar menino e menina a beijar menina" e afirmou que a nova estratégia do MEC será "uma virada brusca" para atender municípios com apoio financeiro. "As pessoas chegaram até a escola, é hora de a escola chegar às pessoas", afirmou. 
A prioridade dos cem primeiros dias da gestão será o programa Alfabetização Acima de Tudo, que será comandado pelo secretário de alfabetização, Carlos Francisco Nadalim. Conhecido por suas posições conservadoras e um canal no Youtube onde faz críticas a educadores consagrados como Paulo Freire, ele garante que vai convocar uma conferência para ouvir especialistas de todas as vertentes em alfabetização. 
O ministro da Educação defendeu também defendeu as escolas cívico-militares, afirmou que o projeto é economicamente viável e disse que as escolas que quiserem aderir poderão manter seus projetos pedagógicos. "Exemplos já existentes mostram que basta meia dúzia de militares para que os traficantes parem de aliciar os jovens", disse Vélez.


6. Movimentos da Classe.