quinta-feira, 25 de junho de 2020

Gado?


Por Bruna,

Neste texto gostaria de compartilhar com vocês uma observação sobre publicações que vimos nos últimos tempos se referindo aos eleitores e apoiadores do atual presidente do Brasil, Bolsonaro, comparando essas pessoas ao “gado”. Essa comparação se baseia na premissa de que essas pessoas seriam manipuladas por opiniões e factoides que ele apresenta e as defenderiam, sem perceber que culminariam em ações contra si próprios, em analogia ao gado que segue o fazendeiro para o abatedouro. Essa comparação com gado não é novidade, como podemos ver em uma charge que parece mostrar que os bois estariam apoiando o nazismo, caminhando para a “salvação” que na verdade seria o “matadouro”.


Como exemplo de atitudes do governo que são apoiadas pelo dito “gado” podemos citar as decisões de manter nos ministérios da mulher, da família e dos direitos humanos uma pessoa que não luta pelos direitos da mulher; no ministério do meio ambiente um ministro que deseja flexibilizar leis ambientais em meio a uma pandemia e avançar com medidas contra a conservação ambiental; no ministério da educação uma pessoa que humilha os professores e que não tem competência para executar o orçamento da pasta.

Colocada a explicação de quem está sendo comparado com o gado, eu vou discorrer abaixo neste texto porque não entendo essa comparação como adequada. Jamais chamaria tais pessoas de gado. O gado que é criado no país não defende ou apoia o fazendeiro que o enviará para o abate para lucrar com seu sofrimento. A “classe” dos bovinos é subjugada, passa por processos de opressão, é explorada até as últimas consequências imagináveis pelo ser humano, como se não tivesse direitos e como se aqueles que pertencessem a essa classe não possuíssem “alma” (qualquer semelhança com argumentos escravocratas não é mera coincidência).
As vacas são estupradas e mantidas grávidas enquanto conseguem procriar para que seu leite seja explorado pela indústria de lacticínios e seus bebês bezerros são tirados dela a força, impedidos de mamar, muitas vezes até jogados no lixo! Outras vezes são criados para carne de vitela, ou seja, mantidos presos para não se movimentarem para que a carne fique “macia” e são abatidos ainda nenéns para que os humanos “apreciem” essa iguaria.


O gado de corte é criado em locais sem nenhuma sombra ou lugar que possam se proteger do vento, do sol ou do frio; é morto com pouco tempo de vida; mochado sem anestesia quando bebê (tiram seus chifres) e muitas outras questões que poderíamos levantar aqui, já que são tratados como “coisas” e não como seres de direito.

Quando não é abatido no pasto, como chamam por aí no “frigopasto”, é levado para matadouros a longas distâncias, amontoados em caminhões ou até mesmo por dias em navios, e chegando lá passam por um terror que você não imagina nem em seus piores pesadelos: é colocado em um corredor estreito do qual tenta fugir mas não consegue, vê seus colegas sendo dependurados por uma pata (às vezes a pata está quebrada devido ao transporte ou mesmo quebrada por crueldade pelos funcionários do frigorífico, acredite!), levarem um choque no qual regurgitam numa poça de vômitos e são sangrados até a morte. Tratados como mero produtos, o processo continua com a retirada de seu couro e seu esquartejamento para ser vendido em lindos pacotes no supermercado!
Na minha visão, é muito estranho não fazer parte da consciência política dos progressistas a questão do direito dos animais. Ora, só defendemos direitos humanos? Os outros seres que estão conectados conosco neste mundo e sendo cruelmente oprimidos são simplesmente esquecidos e ainda sempre usados com conotações ruins? Temos que estender a nossa consciência de classe para todos os seres vivos que compõem esse organismo que chamamos de sociedade.
Como foi dito na página Sociólogo de Butequim no Facebook, em 01/06/2020 “É louco perceber o quanto relutamos em admitir a existência de lógicas opressivas quando não estamos dispostos a não usufruir delas. Relutamos porque ao reconhecer a lógica opressiva e não se movimentar para interrompê-la é escancarada uma falha moral. E temos muitas dificuldades em admitir falhas morais. Aquele que nega a raiz opressora e repugnante do consumo de carne não faz muito diferente do branco que nega o racismo, do homem que nega o machismo ou do heterossexual que nega a homofobia”
Precisamos aprender, enquanto sociedade, a respeitar o gado e todos os animais! Ainda mais rápido esse respeito deve vir de nós, pessoas consideradas progressistas. Os apoiadores de Bolsonaro não devem ser chamados de gado. Se quisermos comparar alguma população com essa classe de animais, hoje em dia em nossa sociedade, que seja a classe oprimida, que não tem seus direitos preservados e nem reconhecidos, que não tem opção de trabalho digno, que serve a exploradores e muitas vezes tem que se encaminhar para os matadouros, ou melhor, para as fábricas em condições insalubres, por exemplo!
Espero, sinceramente, que em um futuro próximo, tenhamos o reconhecimento dos animais como seres de direito e que esse tipo de conotação ruim dada a eles seja coisa do passado! 



terça-feira, 9 de junho de 2020

Manifesto em Defesa da Vida nº 2: República de Homicidas!




Em nosso primeiro manifesto, chamamos a atenção para a ameaça de morte contida na defesa da retomada das atividades normais em meio a Pandemia.
Apesar do agravamento da situação e do alerta de especialistas, cientistas, órgãos competentes e dos decretos estaduais para manter APENAS as atividades essenciais, muitos AINDA NEGAM e ignoram a letalidade do vírus optando pelo caminho que mais lhes convém colocando economia acima da vida.
Nosso alerta Geral foi feito no dia 10 de abril quando o número de mortos ainda estava em 1.065 pessoas, o que já se constituía num absurdo, pois, filhos ficaram sem pais e irmãos, pais sem filhos, netos sem avós, aumentando ainda mais a dor de quem já vive em situação de risco pelo desemprego, pobreza e toda sorte da violência.





No dia 19 de maio, o Brasil passou a quebrar triste recorde com 1.179 mortes em 24 horas, ou seja, 1 óbito a cada 73 segundos, saltando para mais de 20 mil óbitos no dia 21 e com mais de 310 mil casos, atingindo no dia 25/05 os 23.473 óbitos e 374.898 casos. É como se uma cidade pequena inteira desaparecesse em menos de 2 meses. Dentre os mortos, há uma grande quantidade de enfermeiros, médicos e seus familiares.

O Brasil ocupa o 2º lugar no mundo em números de infectados, no entanto, não há testes suficientes, e nesse caso, não é possível testar todos os suspeitos e há aqueles que apresentam sintomas leves ou moderados, MAS ainda transmitem. Assim, a subnotificação é uma realidade inegável em TODAS as cidades brasileiras.

Vale lembrar que, testes não crescem em árvores, neste ou naquele país, neste ou naquele continente, são produtos do trabalho e da ciência, ter ou não ter testes e sua quantidade é uma opção política, o governo se nega a subsidiar a produção de testes e/ou realizar a compra em quantidades sérias, proporcionais a nossa população e gravidade da pandemia no Brasil.


Quase 3 mil mortes nas Torres Gêmeas chocaram o mundo inteiro. Agora, diante de quase 8 vezes mais mortos por Covid-19 no Brasil, comprometimento do sistema de saúde, quantidade limitada de leitos, além das mortes nas filas dos hospitais, os defensores da quebra da quarentena e do isolamento social liderados e motivados pelo Presidente da República, diante desta tragédia, falam apenas em salvar a economia.

O que pensar desta postura criminosa do Governo Federal, dos Prefeitos, Vereadores, Empresários que negam a Ciência e a Assistência à população?

Mais uma vez usando de uma política suja e desrespeitosa com o Povo e com os trabalhadores incentivando a retomada ou flexibilização das Atividades NÃO ESSENCIAIS, esparramando mentiras sobre os dados oficiais dos órgãos de saúde, de institutos de pesquisas, debochando e minimizando a morte de milhares de pessoas e apostando na morte de muitos mais brasileiros, na defesa da economia e gritando aos quatro cantos que agem em nome da Família, de Deus e da Pátria.

O médico e diretor do Hospital das Clínicas em São Paulo diz que o presidente pratica Eugenia, ou seja, assassinato, extermínio, por meio do Covid-19 e por incursões das forças de repressão nos bairros pobres, dos que eles chamam de vulneráveis, ou seja, idosos, deficientes, doentes em geral, portanto dos pobres, desempregados e dos trabalhadores.

Com um patriotismo de araque e como todo fascista, o governo brasileiro, as elites, os ricos e as classes dominantes decidiram pela crueldade de derramar até a última gota do seu sangue, do nosso sangue, com o discurso de "salvar a economia", defendem a morte da população para evitar a perda de lucros dos capitalistas.

Não há economia prospera com adoecimento e morte de massas no país.

A Pergunta é: Você está disposto a morrer ou permitir que um, ou vários, parentes e/ou amigos morram para "salvar a economia", ou seja, os lucros de seus patrões? Isso no atual descaso já ocorre, e vai se generalizar, se os planos de fim da quarentena e isolamento social vierem a ocorrer.

Para nós, alternativas não faltam. É preciso decidir pela vida, como dissemos em nosso primeiro manifesto. Por isso defendemos que todos os trabalhadores do Brasil devem exigir:

1. Condenação e Punição (prisão por crimes contra a humanidade) de todas as autoridades acima citadas que estimularem, por meio de manifestos, decretos oficiais ou em redes sociais a quebra do Isolamento Social, provocando o aumento de número de mortos pela Covid-19.

2. Que o Fundo Público (Impostos e taxas) seja colocado a serviço da vida. No combate a pandemia e da garantia da vida dos trabalhadores e de toda a população.

3. Que todo o sistema de saúde público e privado sejam colocados a serviço do combate a pandemia e garantia da vida.

4. Que os quartos dos grandes hotéis sejam requisitados, caso seja necessário, para leitos e UTIs móveis e para descanso dos trabalhadores da saúde.

5. Cobrança de impostos sobre as grandes fortunas para socorrer os mais necessitados

6. Suspensão do pagamento da dívida Pública e cobrança das dívidas das empresas com o Estado para socorrer os mais necessitados, trabalhadores assalariados, autônomos desempregados e pequenos comerciante

7. Proibição das demissões e reduções de salários até o fim da pandemia.

8. Aumento de salários para todos os trabalhadores da saúde.

9. Isolamento social total até vencermos o vírus.

10. Fim da Eugenia



"Que a vida seja colocada em primeiro lugar, acima do lucro e de planos econômicos."





Os Trabalhadores criam tudo, portanto, eles merecem, no mínimo ter garantias de vida!





Assinam este manifesto:





IDE (Inconformados e Divergentes) Educacionais.





CCME (Círculo Comunista Marco de Estrada)





Casa da Solidariedade





C.E.P. Jacuba (Coletivo de Educação Popular, Jacuba)





Núcleo de Agroecologia Apetê Caapuã (NAAC)





GEMMARX - Grupos de estudos Marxistas do Maranhão.





PROARTE - Associação de Artistas e Apoiadores da Arte de Maringá e Regiao