“Quem cala consente.” “Quem morre quieto pisado é sapo.” (Ditado popular)
Em artigo publicado
em fevereiro (4), o NORTE trouxe um perfil do novo Secretário da Educação. Uma de
suas “qualidades” descrita por nosso “colaborador” foi a de ter reduzido o
número de funcionários de 1,3 mil para 900 e os custos de funcionamento do Tribunal
de Justiça de São Paulo “sem prejuízo dos serviços”. Segundo o novo Secretário
o problema do tribunal não era a falta de dinheiro e de funcionários e sim a
gestão.
O artigo era um alerta. Estávamos seguros de
que ele utilizaria os mesmos princípios no comando da Secretaria de Educação de
nosso Estado. Lamentavelmente estávamos certos. Vejamos. Os trabalhadores
da limpeza e da administração, inspetores de alunos que se aposentam ou se
afastam por problemas de saúde ou de termino de contrato não tem sido substituídos
e o número de coordenadores por escola foi reduzido.
O governador do
Estado não renovou o contrato de locação das impressoras deixando os
professores sem condições de fazer cópias para ajudar no processo de ensino e
avaliação, grande número de salas de aula foram eliminadas, com centenas de
Escolas tendo o período noturno fechadas.
Os professores que
passaram no último concurso aguardam ansiosos a convocação para a posse. Nem é
preciso falar que grande parte das escolas tem superlotação nas salas, o que
reduz o número de turmas e de professores.
Outra alerta que o artigo fez foi a de que o
novo Secretário procuraria responsabilizar os professores e
gestores pelo fraco desempenho dos alunos e pela solução dos problemas cotidianos
que tem origem nas questões sociais e de infraestrutura em nossas escolas. Dito
e feito. As equipes de gestão, principalmente os diretores tem que manter a
escola atendendo pais e alunos o dia inteiro, manter a Secretaria funcionando com
pagamento e toda a parte burocrática da vida funcional e dos alunos em dia com número
reduzido de funcionários.
Isto sobrecarrega quem está trabalhando e
provoca problemas no atendimento aos alunos e pais e no trabalho dos
professores por desvio de função, por exemplo. Os funcionários da Secretaria
são deslocados para cuidar dos alunos, funcionando como inspetores e para
atender o público e os inspetores vão atender pais e fazer serviços de secretaria.
As vezes os próprios
gestores, diretores e coordenador@s assumem o trabalho dos inspetores. O resultado
é que a escola vai funcionar, mas não atingirá as metas previstas pela
Secretária da Educação. E no final a gestão e os professores serão
responsabilizados por este resultado.
Mas digamos que tudo
dê certo e a escola funcione a contento. Bom, o Secretário da Educação dirá que
ele está certo e que que o problema não é falta de funcionários e sim a gestão.
Se conselho fosse bom a gente vendia, “diz o dito popular”, mesmo assim, meus
amig@s, nós vamos aconselhar.
Os gestores têm que mostrar aos
pais e alunos que as escolas que administram têm falta de funcionários. Isto pode
ser feito deixando a Secretaria fechado durante um período determinado ou por
algumas horas com o recado: Estamos sem funcionários, ou podem fazer reuniões de
pais e expor este problema. O professores e funcionários
podem fazer a mesma coisa. Afinal falamos com os alunos todos os dias
e podemos dizer para eles o que realmente está acontecendo. Temos que denunciar
sem entrar nas disputas partidárias pelo poder. É tarefa do Estado prover as
Escolas de funcionários para garantir uma educação de qualidade e condições de
trabalho razoáveis e isto nós temos que cobrar e denunciar.
Temos que alertar os
Sindicatos de Trabalhadores da Educação para fazer esta denúncia pública. Mas já avisamos que não
adianta fazer reunião em praça pública e fazer um monte de discurso sobre a influência
pérfida do neoliberalismo no nosso Estado. Já ouvimos isto há mais de
20 anos e deu no que deu. Temos que mostrar isto em cada escola do Estado,
fechando as Secretárias por tempos determinados, e se for o caso, deixando as
salas de aula sem limpar por exemplo, mostrando aos pais, falando todos os dias com
os alunos e explicando o porquê deste estado.
Como disse Lisagaray
sobre a Comuna de Paris de 1871: Não há nada melhor para a
defesa dos vencidos e oprimidos do que o simples e sincero relato de sua
História.
NORTE: Março de 2016