Este poema foi
retirado do livro, Eu e outras poesias, edição de 1928 que por acaso temos em
nossos arquivos. Augusto dos Anjos, médico e poeta, acostumado a ver a dor e a
decomposição do homem. Transformou esta fragilidade e toda a dor da humanidade em
poesia e nos deixou uma joia rara que agora compartilhamos: Último credo. A recomendamos aos alunos
do segundo grau e todos os trabalhadores da educação e da produção do pão nosso
de cada dia. Sem poesia a existência
seria insuportável.
Último Credo
Como ama o homem adúltero o adultério
E o ébrio a garrafa tóxica de rum
Amo o coveiro – este ladrão comum
Que arrasta a gente para o
cemitério
É o transcendentalíssimo mistério!
É o nous, é o penuma , é o
ego sum qui sum
É a morte, é esse danado número Um
Que matou Cristo e que matou Tibério
Creio, como o filósofo mais crente
Na generalidade decrescente
Com que a substância cósmica evolui
Creio, perante a evolução imensa,
Que o homem universal de amanhã vença
O homem particular que ontem fui
Augusto dos anjos
Um dos meus poetas favoritos!!
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