Nosso Blog, O Conselho
da Classe, púbica um instigante artigo de Fábio Francisco sobre o paradoxo da
soltura do Lula, a saber: Lula preso é lula livre e Lula Solto é lula preso? Vale
a pena ler de novo, visto que, há uma publicação deste mesmo texto adaptada aos limites do Facebook.
Boa
leitura
Lula
Livre, mas por quê?
(Se a própria prisão não
tinha bases legais, porque os mesmos que o prenderam o soltam neste momento?)
Em certa medida
Lula é um dos nossos, retirante, nordestino, metalúrgico, pouco alfabetizado
(na educação formal e em tempo comum), um peão, um militante, combatente do
desemprego, da fome, da miséria, em resumo, da desigualdade social. Uma
liderança histórica, produto de 40 anos de luta de nossa história. O
“Homem-síntese” da trajetória do PT, a terceira direção da classe operária no
Brasil – são elas: A) os Anarquistas, início da industrialização até meados dos
anos 20; B) os Comunistas, dos anos 20, até 1964; e C) o Petismo – que é
resultado do caldo de cultura das mais diversas frentes de luta contra a
ditadura, direção de 1980 até os nossos dias, afinal, mesmo evidenciado os
limites de seu projeto (democrático-popular), está longe de ser substituído por
“receitas de Boulos para o Brasil” ou pelas “CIROulas do coronel liberal”.
A “base
alimentar”, o arroz e feijão plantados, colhidos e temperados pela classe em 40
anos, não pode ser facilmente substituída por um doce de festa. Como que
dizendo que são tempos sombrios, onde “O velho está morto e o novo ainda não
nasceu”!
Lula é inocente
dos crimes que lhe acusam, o sítio e o apartamento, apenas refletem o desespero
do capital, das burguesias nacional e estrangeira e de nossa classe média
reacionária que pegou carona nessa onda, a burguesia necessitava afastar Lula
para realizar mudanças radicais (medidas macroeconômicas) na economia
brasileira e latino-americana, já a pequena burguesia cumpre seu papel na
esperança de retomar seus pequenos privilégios, exercitar seus pequenos
subornos, sonegações, ampliação dos pequenos lucros e isenção de seus crimes
comuns, como setor privilegiado dos “fudidos” (planos microeconômicos).
Ainda que o sítio
e o apartamento fossem dele, ninguém questiona o mega apartamento de FHC no
metro quadrado mais caro do mundo (Na Champs
Elyseés, em Paris), por exemplo (O que jamais se poderia obter com salário
de professor na USP, ou de presidente), ninguém questiona a fortuna dos
generais presidentes, e de nenhum outro presidente anterior.
Lula é inocente
dos crimes que lhe acusam, assim, Lula é um preso político, neste sentido não
pode restar dúvida - Lula Livre! Viva a libertação de Lula!
Entretanto, Lula
só é “um dos nossos” em certa medida, afinal, seu projeto, que gostamos de
chamar de “social democracia - versão brasileira Herbert Richers”, esse tem
como marca o pacto social, através do qual os trabalhadores são socialmente
cooptados e apassivados, através do emprego abundante e aumento da capacidade
de consumo, confundem consumo com qualidade de vida e enquanto as crises
cíclicas do capital não estragam a festa, os trabalhadores consomem linha
branca, minha casa minha dívida, tênis Nike, Gol 1.0 em 70 prestações, vão à
universidade, ao nordeste, ao teatro e ninguém luta. Deste modo, o ciclo se
fecha com o capital batendo todos os recordes de produção, extração de mais
valia e taxas de lucro jamais vistas, como podemos ver melhor no artigo de
Mauro Iasi “Democracia de cooptação e apassivamento da classe trabalhadora”.
Infelizmente o
capital é cíclico, nele nada dura indeterminadamente (muito menos a
estabilidade econômica de países em desenvolvimento), nele, tudo o que é sólido
se desmancha no ar, e nesse momento histórico de crise cíclica global, a
“social democracia brasileira” (ainda que longe do “welfare state”, em sua versão brasileira com dublagem ruim)
precisava ser destruída.
Para entender o porquê
da possível soltura de Luiz Inácio nesse momento, é necessário entender o
verdadeiro porquê de sua prisão. Poucas organizações na esquerda parecem
compreender o que exatamente representaram Lula no Brasil e a onda da social
democracia (rebaixada) na América-Latina.
Destruindo
o “mito do comunismo”
Essa questão tem
veias abertas em nossa história de dominação, de colônia portuguesa, e com
endividamentos portugueses, de certo modo, passamos à “colônia inglesa” e desde
de a primeira grande guerra, os EUA, a nova potência mundial lança seus
tentáculos, criando as bases de seu domínio sobre nossa América. Logo após a
segunda guerra, ao chegarmos aos anos 50 do século passado seu domínio era
total, através de suas indústrias e empréstimos, de suas campanhas de
distribuição de alimentos aos pobres (alimentos para a paz), a américa latina
havia se convertido no quintal dos fundos, o grande celeiro dos EUA para o
mundo. Eles exerciam na época a total hegemonia política e econômica em nossas
terras, numa espécie de “neo-colonialismo”.
Entretanto, ter a
hegemonia do capital na américa latina, não significava ter a hegemonia dos
trabalhadores, o mundo estava bipolarizado, e cada vez mais as massas
trabalhadoras em miséria e luta se aproximavam das teorias socialistas, por
conseguinte do bloco soviético. Dessa forma, por um lado, o poder Neocolonial,
necessitava quebrar a espinha dorsal do movimento operário, isso era vital para
consolidar sua hegemonia em nosso continente, por outro lado, para o EUA,
manter e ampliar a hegemonia na América Latina, evitando a expansão do bloco
socialista, e através de seu controle político e econômico, mantendo o
continente como seu território produtor de valor e mais valor, contratante de
empréstimos, endividamentos e pagamentos a juros, era vital para seu rápido
enriquecimento e consolidação de seu poder mundial. Em resumo, o total controle
de nosso continente e suas riquezas, por parte das potências capitalistas, era
vital para vencer a guerra fria.
É nesse ínterim
que Jânio renuncia e o populista Jango assume a presidência, completamente
isolado, esse, aposta todas as suas fichas nos movimentos de trabalhadores do
campo (ligas camponesas) e das cidades (em grande medida organizadas pelo PCB e
demais partidos socialistas). para além do anúncio das reformas de base, Jango
defendia no plano econômico o “não partidarismo na guerra fria”, e assim,
passar a comercializar livremente com a URSS, a China e demais países
socialistas, tanto quanto com os EUA e potências europeias. Tal posição
representava não a possibilidade do socialismo no Brasil, mas sua autonomia
relativa em relação aos EUA, por conseguinte, isso representava para os EUA, a
perda do absoluto controle político-econômico na América Latina, o que para
eles, era quase a mesma coisa.
Assim, nunca houve
uma ameaça comunista nos anos 60 no Brasil, o que houve foi a possibilidade de
uma autonomia relativa em relação aos EUA, o que colocava em xeque o controle
geopolítico dos EUA e os rumos da guerra fria. Para evitar a perda da hegemonia
latino-americana e vencer a guerra fria, os EUA gastaram através da “Operação
Condor”, passando pelo financiamento das “Marchas da família com Deus pela
liberdade e contra o comunismo” e todos os golpes militares em nosso
continente, assim como suas extensas e sangrentas ditaduras, a maior fortuna de
todo os tempos, maior até mesmo que suas guerras oficiais, pois afinal
tratava-se da disputa mundial e de um investimento, afinal, financiaram nossas
mortes com uma parcela ínfima das riquezas extorquidas de nosso continente,
para continuar a sugá-las por muito e muito tempo.
Mas, o que o Lula
e a onda social democrata têm com isso? Pois bem, embora a “Operação Condor”
tenha sido um sucesso de público e crítica (burguesia mundial), ele, apesar de
exorcizar o dito “fantasma do comunismo”, apenas adiou o verdadeiro problema.
É com a chegada ao
poder, das forças progressistas de luta contra as ditaduras em nosso continente
– com Lula no Brasil, Kirchner’s na Argentina, Evo na Bolívia, Lagos e Bachelet
no Chile, Funes em El Salvador, Correa no Equador, Zelaya em Honduras, Ortega
na Nicarágua, Lugo no Paraguai, Humala no Peru, Fernández na República
Dominicana, Mujica e Vázquez no Uruguai, Chaves na Venezuela e Fidel e Raul em
Cuba (lembrando que estes são comunistas e não social-democratas e já estavam
nessa luta desde 1959) – que o velho sonho de autonomia relativa
latino-americana volta a vida, com um vigor inédito, apesar do predomínio da
concepção social democrata.
Liderados por
Lula, graças não apenas a sua habilidade, mas ao fato de o Brasil ser a maior potência
econômica continental, estes países passam a dialogar e negociar entre si,
implementando não apenas suas relações comerciais, via MERCOSUL, políticas e
acordos bi e multilaterais entre si, como chegam em alguns casos até a planejar
sua participação no comércio mundial em bloco. É como líder destes países que o
Brasil adentra aos BRICS (Bloco que reúne os países em desenvolvimento Brasil,
Rússia, China e África do Sul), assim os EUA perdem sua posição de “senhor das
colônias latino-americanas”, passando gradualmente a ser, ainda que o mais
potente e poderoso, mais um país em suas transações comerciais. Enterrando de
vez o sonho Norte-americano de constituir oficialmente uma área de livre
comércio das Américas, sob seu comando e controle.
Alguns
fantasmas se reapresentam
Considerando dois
elementos, por um lado o que podemos chamar de “nova guerra fria” entre EUA e
China (e Rússia), que disputam a liderança do capitalismo mundial
(imperialismo), cenário no qual os EUA necessitava retomar a hegemonia da
América Latina, e por outro lado, mas não menos grave, a atual crise global (na
qual o capital se arrasta já a algum tempo), que não se trata de uma crise de
superprodução de mercadorias (quando se produz mais mercadorias do se consegue
realizar), mas sim algo muito mais grave, uma crise de superacumulação de
capitais (quando a capacidade produtiva mundial é muito superior à capacidade
de consumo mundial) e as altas proporções de tecnologia (produtividade),
causando agravamento da queda tendencial da taxa de lucro. Nessas condições o
capitalismo de modo geral e o imperialismo norte-americano, precisavam quebrar
as legislações, os direitos e todos os pequenos avanços conquistados pela
“social democracia” latino-americana e ir além, desregulando e desmontando
completamente suas economias, retomando seu total controle.
Para acabar com a
autonomia relativa de nosso continente os governos progressistas precisavam
sair de cena, para tal, na Argentina financiaram Macri, no Chile Piñera, no
Paraguai financiaram um golpe institucional em Lugo, na Venezuela as tentativas
de golpe institucional e militar alternadamente (sem sucesso), já no Brasil o
simples golpe institucional não foi suficiente, para que Lula (peça central do
jogo continental, e por isso global - BRICS) estivesse fora do caminho
precisaram prendê-lo (e financiar, inclusive via tecnologia Israelense em redes
sociais, a eleição dos milicianos estúpidos e milicos subservientes).
Assim chegamos ao
motivo da prisão de Lula, o verdadeiro motivo do “capital social total” –
bancos, indústrias e corporações globais (que é quem realmente manda nas
burguesias e pequenas burguesias nacionais) – para prender Lula, foi seu papel
estratégico no projeto de autonomia relativa da América Latina e o fato de
representar um entrave, não para o livre exercício do capital, não para a
exploração do trabalho, extração de valor e mais valia, mas sim, para um rápido
e brutal desmonte de todos os direitos trabalhistas, dos organismos de
representação dos trabalhadores, e igualmente brutal sucateamento e
privatização dos serviços públicos e empresas estatais, entrega total das
riquezas e patrimônios nacionais, de petróleo às terras indígenas, do SUS à
educação pública federal, a livre exploração das corporações capitalistas.
Lula não
representa um entrave para o capital, embora representasse um entrave para esse
momento particular do movimento do capital, e os interesses dos EUA.
Entretanto, por
que Lula foi solto neste exato momento? Essa parece ser a grande questão.
Neste momento,
vários pontos do mundo sofrem convulsões ou espasmos, os trabalhadores explodem
por diversos motivos aparentes, derrubar uma praça para fazer um shopping, foi
a aparência na Turquia há alguns anos, 30 centavos de aumento do ônibus foi o
motivo aparente em São Paulo no mesmo período... Agora, a renovação do acordo
com o FMI, retirada de direitos e aumento do combustível, aparece como motivo
no Equador, envolvimento do presidente com corrupção e narcotráfico é o motivo
aparente dos trabalhadores no Haiti, 30 Pesos de aumento no metrô no Chile é a
motivação aparente das revoltas, e etc… Em verdade tudo isso não passam de
aparências, as aparências não são mentiras, são apenas fragmentos de um real
que oculta-se por detrás delas. Vemos apenas a última imagem do filme, mas
cinema é 24 fotografias por segundo, os povos vão acumulando desaforos, perdas
de direitos, perdas de benefícios, perdas salariais, perdas da capacidade de
consumo, perdas dos serviços básicos, perdas e mais perdas, acumulam num
murmurinho, quase passivamente, mas tudo isso vai se acumulando, em dado
momento a vida se converte em impossibilidade, e quando a vida se torna uma
impossibilidade, qualquer pequena gota d'água basta para transbordar uma
represa de insatisfações humanas, neste momento os trabalhadores perdem a
paciência, ação espontânea das massas, insurreição.
Embora,
insurreição seja um dos elementos componentes de uma revolução, ela sozinha tem
pouco vínculo com isso, na falta de organizações operárias revolucionárias,
credenciadas junto aos trabalhadores, capazes de canalizar o rio da revolta
para o curso do socialismo, depois de grandes batalhas ela tende a arrefecer e
não raramente, de tão efêmeras acabam como surgiram, repactuando a dominação,
reforçando o modo capitalista de produção e validando sua forma
político-jurídica, o Estado democrático de direito e os valores classistas da
república. Contudo, não é um processo tranquilo, quando as massas trabalhadoras
insurgem há sempre um risco para o capital, e a certeza de grandes prejuízos,
seja pela quebradeira, mas, sobretudo, pelas paralisações na produção, assim,
elas devem a todo custo ser evitadas. Pois, além dos riscos que representam,
contê-las resulta em muitas prisões e mortes, tendo um certo custo para a
imagem da sociedade, deixando claro por exemplo que as forças armadas existem
para proteger a propriedade privada (as coisas dos capitalistas e não as
pessoas).
Um outro aspecto
importante das rebeliões e insurreições de nosso tempo, é que, como as
organizações comunistas e socialistas andam “meio” descredenciadas perante as
massas trabalhadoras, isso torna tudo muito mais difícil em termos de
contenção/repressão. Por exemplo: quando os EUA financiaram o Golpe de 1973 no
Chile, era só prender, torturar e matar os dirigentes, militantes e membros das
organizações comunistas, socialistas, e seus próximos – o inimigo era
conhecido, assim como suas direções, constituídas em anos de lutas cotidianas;
tal qual nos anos após o golpe de 64 no Brasil. Entretanto, as “novas
insurreições” não tem dirigentes constituídos, ou partidos e sindicatos, como
feiticeiros que “invocam estes poderes”, são nesse caso “poderes autônomos”, e
portanto, “sem controle” (para o bem e para o mal), não basta “caçar os
vermelhos”, trata-se dos trabalhadores em seu anonimato, sem nomes ou
endereços, todos agora são o inimigo, ele não tem rosto. O inimigo sem rosto é
um dos piores pesadelos dos proprietários privados de meios de produção.
Nestes tempos, o
Brasil das promessas não cumpridas pelos reacionários, da acelerada perda de
estabilidade, de capacidade de consumo, de direitos, de serviços básicos, de
salários, emprego e em muitos casos, perda do próprio pão, além das provocações
e chacotas cotidianas de uma quadrilha criminosa no poder, está na rota das
insurreições e com o rastilho de pólvora aceso, e a simples ideia de isso
acontecer na maior economia da América Latina, num país de dimensões
continentais, na 8ª maior economia mundial, e atual paraíso dos crimes e
desmontes, desespera o capital.
A revolta precisa
ser evitada, e se ocorrer, necessita ter um rosto, um nome, uma pauta de
reivindicações “compreensível e aceitável”, um interlocutor…
Aí, entra em cena
o nosso herói, reconhecido mundialmente por sua capacidade de conciliação,
única liderança inconteste dos trabalhadores num Brasil de esquerda débil e
fragmentada... Ele, primeiro de seu nome, quebrador de correntes, líder das
greves dos anos 1980, conciliador dos conciliadores, libertador do poder de
compra dos trabalhadores e da mais valia relativa do capital, “O cara”, Luiz
Inácio Lula da Silva da casa PT. O único homem capaz de arrefecer as
contradições, criar esperanças e talvez até evitar o levante no Brasil, e
claro, caso não consiga evitar, é seguramente o homem capaz de arrefecer seu
alcance, duração e brutalidade, convocando setores significativos dos
trabalhadores organizados a uma resistência pacífica, oposição política e luta
democrática, rumo a 2022.
Não estou aqui, em
hipótese nenhuma, dizendo que esse “acordo”, ou qualquer outro foi feito com o
Lula, é mais simples que isso. Ao ser libertado, como não poderia ser
diferente, Lula vai fazer o que é inerente ao seu ser social, um hábil
sindicalista de esquerda, conciliador de classes, dirigente, representante e,
ao mesmo tempo, figura maior que o partido e central sindical que representa.
Vai rodar o país em caravana, nadando nos braços de um povo abandonado e sem
esperanças, não apenas resgatando sua popularidade, mas convocando toda a
esquerda à uma sagrada aliança, à uma santa cruzada (como em 1989), contra os
milicianos e as forças da reação e um certo “capitalismo selvagem” (das selvas
dos EUA).
Lula é o único
capaz de unificar grandes setores dos trabalhadores, e da esquerda fragmentada,
costurando uma grande colcha eleitoral e levar aos vários setores, como os
novos movimentos sociais, a esperança perdida.
Ao passo que
mantê-lo na prisão, além de perde-lo como interlocutor e líder dos
trabalhadores, ainda fomentaria com seu cárcere político a tensão
insurrecional.
Isso também não
significa que Lula e o PT voltarão a presidência em 2022, a depender da crise
do capital, do ritmo de desmonte nacional, da reeleição de Trump, dos rumos do
governo brasileiro, da família quadrilha e seu ministério militar, talvez ele
nem dispute, podendo até ser preso novamente, porém, é também verdade que, se
tudo já estiver arranjado até lá, ele bem pode ser a cara da nova rodada do
capital, mas, seguro é que nesse momento ele tem um importante papel a cumprir.
Ele é o homem
certo a entrar em campo, canalizar as esperanças, organizar significativos
setores dos trabalhadores e da esquerda, e voltar a negociar sua moeda de troca
(nossa passividade) com o capital.
Antes que a
caracterização de Lula e do PT como “conciliadores de classe” e responsáveis
por evitar a radicalização da lutas no Brasil seja contestada, vale recuperar a
entrevista de Tarso Genro, o então ministro da educação e presidente do PT, em
2005 para a Folha de São Paulo, onde Tarso diz:
Se as classes
populares não tiverem um mediador democrático dentro do Estado de Direito, como
o PT, que transforme suas demandas em lutas com qualidade dentro da legalidade,
o Brasil pode entrar numa situação de anomia semelhante à da Colômbia. A
destruição ou a diluição do partido pode levar para uma desesperança radical e
aguçar de maneira irracional os conflitos de classe do Brasil, uma
radicalização dos confrontos de classe. As pessoas que eventualmente queiram
destruir o PT devem pensar muito bem quais as consequências disso para a
história do país. (links abaixo).
Na época Tarso
declarava que se não fosse o PT e seu projeto de pacto social, os trabalhadores
estariam falando em revolução e haveria no Brasil, guerrilhas como na Colômbia.
Lula cumprirá um
papel de “oposto complementar” de Bolsonaro, criando a esperança democrática e
a resistência sem luta como um elemento necessário ao equilíbrio da ordem
social, pacífica e democrática... Algo como Coringa X Batman, Superman X Lex
Luthor…
OBS: E claro, para
os milicianos e reacionários, que preferiam a própria morte que a libertação de
Lula, valeu como moeda de troca a liberdade, pois sabemos que se tudo caminhar
razoavelmente bem, muito em breve, Jair, filhos, esposa, parentes e amigos
milicianos estarão processados em segunda instância.
Fábio Francisco
Círculo Comunista
Marco de Estrada
Links divulgados
no texto:
“Democracia de
cooptação e apassivamento da classe trabalhadora”, Mauro Iasi:
Sobre as
declarações de Tarso Genro: