Vi Noronha.
Morreu. E foi uma grande falta de educação. Não devia ter morrido, não esse horário. Horário de pico. Você consegue entender? Isso gera uma grande bagunça na rua. Não foi o horário da manhã, quando as pessoas estão dormindo em pé, dentro dos ônibus em direção ao trabalho. Dão sinal, fazem a famosa solicitação de parada – mais conhecida como a parada solicitada – e que às vezes ela não funciona, ou não colocam as devidas pressões no botão que foi amassado várias vezes naquela manhã – talvez isso estrague os botões de solicitação, explicação pela qual sempre ouvimos o trabalhador ou a trabalhadora ou a criança gritando com o motorista, fazendo com que ele pare bruscamente e acorde todo mundo. Todo aquele mundo dentro do transporte. Devia realmente existir alguma intermitência da morte, ela devia entrar em greve às vezes, por algumas horas. Mas de forma diferente. Ela devia funcionar em horários específicos, para não atrapalhar ninguém. Já somos atrapalhados e atrapalhamos demais hoje em dia. E é começo de setembro. E o ano é o pior. Mas se ela fizer isso, nós já sabemos o que pode acontecer. Querendo ou não – sempre querendo – as pessoas lucram o tempo todo com a desgraça, ela precisa existir. Quase não dá para respirar normalmente. Não dá. Voltando à parada solicitada, elas funcionam quando dá. As solicitações no geral são demoradas.
Tudo que acontece dentro de um ônibus, é uma vida. Não precisa ser devagar e realmente nunca é, mas tudo que acontece lá fica pra sempre. Nos olhos, na rotina, na rua. É muito imprevisível. Ver o transporte vomitando gente o tempo todo e assistir todo esse mal estar, é preciso sentar para digerir – nem sempre conseguimos sentar. A parada foi solicitada mas o motorista não percebeu. No final do dia, quem está mais cansado? O automóvel está cansado e eu também. Se falasse, ele diria que estamos fazendo tudo da forma errada.
Eu andava de ônibus um dia, quase chegando em casa e ouvi uma conversa como sempre ouço. Eram adolescentes e geralmente eu não gosto de perder meu tempo ouvindo o que eles dizem, não me importo com isso no momento. O que não gosto muito é da situação que eu vejo toda a noite, das pessoas se arrastando e passando por catracas, gastando um dinheiro que não podem para ter uma vida que não vivem.
Quando um trabalhador perde o seu bilhete de transporte, seu mundo cai! Há muito exagero nisso? Mas dependem de transporte para passar suas horas do dia e não são reféns de um rodízio. A vida acontece e nasce dentro do ônibus, a catraca gira a cada minuto do dia e você precisa se encontrar nos bancos ou nos apoios cheios de germe que o transporte te disponibiliza. O frio acaba quando estamos dentro deles, por causa do calor dos corpos.
Às sete da manhã, dá para ouvir de tudo. Quase perco meu ônibus mais acessível, e aquele sanfonado, um dia foi meu favorito. Nos apertamos e chegamos ao destino. Na meia noite, eu consigo descer de um transporte e observar a fila para pegar o outro, às vezes não tem nenhuma fila, mas quase sempre ela está lá. Chegando nela, eu encontro um casal com um cachorro no colo, e pelo visto acabaram de adotar o bicho. Antes de entrarmos no ônibus, ou perua – como preferir chamar -, muita coisa aconteceu, afinal muita coisa acontece em cinco minutos, porque não em trinta? Como eu disse, a fila está grande. Mas estava muito frio e ainda pensava em todo o itinerário para percorrer e só sentia um pouco de tristeza.
Os amigos se encontram na fila, e o ônibus se encontra com os passageiros. E para. Não abre as portas e fica ali. O querido trabalhador cansado e filho de deus, que está trabalhando nesta sexta feira desde às 13h, provavelmente, causou um grande tumulto por não abrir as portas. O desacordo se inicia. Quem está errado eu não sei, só sei que estou com frio. A moça entrou cuspindo palavras contra o motorista enquanto seu companheiro se mostrava insatisfeito. Mas bastou um erro para que tudo explodisse e virasse uma grande viagem para casa. Eu não sei o porquê os homens insistem em ofender as mulheres em qualquer contexto – na verdade, eu sei sim -, então, o motorista insatisfeito vomitou as palavras para a moça insatisfeita de tudo. Onde está deus nessas horas? Eram quase 1h. Dormindo já.
Eu não sei se rio, choro ou durmo. O cachorro só queria dormir também, no meio de todo transtorno. O corredor daquela rua enorme faz parte do meu itinerário, e é onde o moço e seu animal desceram. A companheira ficou dividindo o mesmo espaço com o tal do motorista, mesmo depois de ouvir muita barbaridade. Eu gosto da forma como os trabalhadores se entendem nessas situações. O menino desceu com sangue nos olhos e o cachorro nas mãos, nos prometendo um reencontro com esse homem que ofendeu sua parceira. E está errado? Tem tudo de errado no itinerário.
Estão aí, as consequências. Do frio? O homem não abrira a porta para a fila de gente, a moça chamou sua atenção e foi ofendida. A briga causada pelo frio desarmou os trabalhadores cansados e assim sentiram-se aquecidos. Desviem o itinerário e perceberão quem está errado.
Então, é difícil saber até que ponto é aceitável se sensibilizar com a morte. Até que ponto? Até que parada? Ela te afeta? Se não afeta, as pessoas pensam que não é culpa delas. “Morreu, ora. Todo mundo morre. Poderia ser evitada naquele momento? Sim, mas não foi. Fazer o que? Não é minha culpa e tudo se resume em culpa, então estou fora disso. Sinto muito.” E dessa forma, todo o problema se resumiu em algum culpado. Em individualidades. Mas morreu e ninguém vai desfazer isso. Talvez se fosse dentro de uma peça, uma novela, um livro ou uma música, poderia ter um final inesperado, daqueles que só acontecem numa peça, novela, livro ou música. Mas não aconteceu. As pessoas morrem de verdade. Param de existir. Estou pensando nesse exato momento em mortes que poderiam ter sido evitadas. E outras que poderiam evitar. Olho para esquerda e direita, olho para frente e para trás, só morte. E vou dizer algo que pode assustar, mas elas afetam a vida de todo mundo. Se não afetou diretamente, vai afetar indiretamente, ou se não afetou direta e nem indiretamente ainda, vai afetar. Ou quem vai morrer é você mesmo. Porque se não afetou, você deve ser uma criança ou ainda está na barriga da mamãe. Que sorte. A sorte só existe pra você nesses momentos. Pena que não tem consciência para aproveitar. Existem aquelas que não podem ser evitadas. Às vezes você já está esperando por elas. Às vezes não. Ainda que saibamos que a morte existe e ela pode estar na sua vida a qualquer momento. Ninguém espera por ela.
Existe esse motorista de ônibus. Ele está ali todos os dias. Não sei o nome, não sei se gosta de comer carne, muito menos sei se ele gosta de churrasco. Deve gostar de cerveja. Talvez goste mais de pinga. Não sei se agride a mulher – espero que não -, não sei nem ao menos se tem uma mulher, ou apenas dois filhos. Não faço ideia do que ele vai almoçar hoje. Ou se vai esquentar seu almoço. Talvez nem tenha um almoço para comer neste dia de meio de semana de setembro. Será que é fumante? Viciado em café? É algo que eu consigo pensar todos os dias que eu pego aquele ônibus – na maioria das vezes com bancos vazios – e digo isso ou aquilo e agradeço à parada, passo a catraca e sento nas janelas. Ele é quieto. Talvez só passe essa impressão. Quanta discórdia esse motorista já causou, sem querer? Se ele não abriu a porta naquela noite fria, talvez ele tivesse um motivo. Demorou um pouco para abrir, mas abriu. Abrigou aquele casal e aquele cachorro, deu aquela carona que não devia. Ninguém compreende o estresse do motorista. Todos nós achamos ruim quando ele não responde nosso “bom dia”, mas na verdade é compreensível, já que o dia dele está sendo um inferno logo às oito horas da manhã. E ainda tem a casa dele, que deve estar um inferno também – ou não – mas nunca dá para saber, porque ele é só o nosso motorista. Ele nem é nosso, na verdade. Ele não é de ninguém. Ele só é do itinerário. E do ônibus. E do seu salário.
Deve ser um inferno fazer o mesmo caminho por várias horas e ter que lidar com muitas pessoas diferentes durante o dia. E deve ser pior ainda encontrar as mesmas pessoas desconhecidas, nos mesmos pontos de paradas, saber o que vão dizer e saber onde vão descer. Outro inferno, também, se teve alguma discussão com a mulher – que talvez nem exista – ele acorda cedo, toma o café – que talvez ele seja viciado – e sai para chegar à famosa “garagem” onde o seu querido ônibus-psicólogo está estacionado. Eu penso que deve ser terapêutico ser motorista de ônibus, porque ele é obrigado à estar sentado lá durante um período muito longo e deve ter um pouco de amor pela máquina, além de que esse motorista de ônibus não tem nada de diferente dos outros, porque deve ouvir muita coisa boa e muita barbaridade também. Está exposto o dia todo. Eu tenho amor pela máquina que me leva ao infeliz destino que tenho que chegar todos os dias. Mas a máquina não tem culpa e ela nem sabe que não tem culpa. Na verdade ela não sabe nem o significado dessa palavra. Porque ela não sabe de absolutamente nada. Quem sabe, de fato, é o motorista. E com isso eu acabo de concluir que ele é seu próprio psicólogo – se ele já não faz terapia -, então ele é o motorista-psicólogo. Quando ele morrer, vai fazer muita falta. Então é o homem motorista que controla a máquina, a máquina é inútil sem ele ali, passando estresse e dirigindo ao mesmo tempo. E abrindo a porta, fechando, abrindo, ignorando o bom dia, boa tarde e boa noite. Eu não sei se ele pode ouvir músicas. Acredito que não, porque atrapalha. E ele carrega muitas vidas o dia todo. Quanta responsabilidade! Quem carrega a vida dele? Ele mesmo, ora. Se ele é seu próprio psicólogo, tem que carregar a própria vida. É o trabalho dele. Afinal ele está, literalmente, carregando a própria vida. Já que ele fica sentado o tempo todo e só precisa dirigir. É só isso que ele faz, mas deve doer muito seus ombros e nádegas. Não parece ser nada de tão especial, tirando o fato de que ele carrega muitas vidas além da própria e que, querendo ou não, acaba se responsabilizando por aquelas vidas ruins, indiretamente. Olha só, indiretamente. Responsável pelas vidas.
Mas e se acontecer algo inesperado? Acho que deve existir um protocolo para isso. Fica com seu telefone ao volante. Talvez, muito errado. No bolso? Provável. Um dia atendeu uma ligação. Eu odeio atender ligações, minha mãe e eu sempre brigamos por conta disso, porque segundo ela, pode ser urgente e na verdade eu nunca esperei uma ligação urgente. Quem espera? Mas – fique atento, vou assustar você novamente – as ligações geralmente tem uma exclusividade: emergências. Pois, hoje em dia com tantos aplicativos e celulares que cabem dentro do nosso ouvido – os celulares mesmo, porque os aplicativos estão dentro dos celulares – ainda precisamos atender ligações. E numa dessas, seu celular vibra e continua vibrando e você se assusta e tira ele do bolso – porque ele fica escondido lá o tempo todo, ele até cabe no seu ouvido, não é? – então, você olha quem está te ligando. Às vezes se surpreende, às vezes não. Critério de cada um. Com isso, cada um decide se deve atender a ligação ou não. Depende de um milhão de coisas. Sim. Depende de quem é o dono do celular, depende de quem está ligando, o porquê está ligando. O dia, horário. Depende da idade de quem recebe a ligação e da idade de quem está ligando. O assunto é um dos principais fatores. A interação entre essas duas pessoas depende também. Elas interagem muito? Pouco? Ou quase não interagem? Elas já se falaram alguma vez? Qual a importância dessa ligação? Bom, como eu disse, são muitos fatores e obviamente não vou colocar um milhão deles aqui, porque eu perderia muito tempo, porque você não está interessado e principalmente, não existem tantos fatores assim, eu só exagerei um pouco. Como eu ia dizendo, o motorista recebeu uma ligação. Sentiu vibrar e estava no trânsito. Deram sinal – para entrar – e parou. Entrou a pessoa que deu sinal. Veio outra correndo e ele esperou, como sempre faz. Eu sempre percebi isso, porque alguns motoristas não esperam a gente, mesmo que estejamos muito desesperados e corremos muito para alcançar. Alguns nos olham pelo retrovisor, vendo nossas pernas implorando pelo amor do transporte público, me espere chegar, mas alguns simplesmente não o fazem. Muitas pessoas não sabem disso, mas o motorista tem um limite estabelecido para esperar ou não um passageiro, dependendo da distância que a pessoa e a máquina estejam do ponto de ônibus. Alguns não fazem isso, mesmo que o limite esteja sendo estabelecido. Alguns fazem até quando o limite foi quebrado. Mas esse homem especificamente, ele espera todos os passageiros. Nunca vi ele ignorando as pernas daquelas pessoas desesperadas. Quando fechou a porta, o celular já tinha parado de vibrar. Esqueceu. Horário de trabalho. E o que ele precisa fazer não é tão difícil, mas também não é simples. O trabalho das pessoas que precisam muito de dinheiro, no geral, não é simples. É um trabalho. Ligou a máquina novamente. Estava começando a encher de pessoas. O céu estava muito lindo. O sol indo dormir, cedo. Igual a mim, durmo muito cedo também. O sol trabalha bastante, não é. Mas ele não precisa de dinheiro. Que sorte. A mesma sorte da criança na barriguinha. Enfim, o Sol. Sono. Máquina e psicólogo. O celular tocou de novo, agora ele estava chegando em um semáforo fechado perto de uma estação de metrô que eu passo todo diabo de dia. Todo santo dia, dependendo da minha vontade. Mas são todos. Aliás, os domingos não. Mas domingo não conta, porque nem dia é. É café com leite. Caso não saiba o que é algo “café e leite”, posso explicar rapidamente que é algo sem importância. E acho que isso nunca teve muito sentido, porque eu gosto muito de café com leite. Mas gosto mais de café do que leite. Mas é isso, domingo sem importância. Essa parada no semáforo não era domingo, era o meio. Parou e atendeu. O sinal estava fechado para nós todos. Falando ao telefone com atenção e tranquilidade. Eu não faço ideia do que é. Não é da minha conta. Era alguma coisa. Perdeu alguns minutos ao telefone. O sinal abriu. Passaram alguns segundos e desligou depois de se assustar com uma buzina. Seu rosto não tinha nada de diferente. Ele sempre foi sério, mas educado. O telefone não tocou mais, devia ser algo sem importância, igual ao domingo.
Depois de alguns trinta minutos eu desci. Tchau máquina, muito bom ver vocês, de novo, no mesmo ponto, com a mesma cobradora e motorista, me deixar no mesmo ponto de destino quase nos mesmos horários de sempre, com diferenças de alguns minutos e só. Eu adoro pontualidade, sou bem pontual, aliás. Isso deve ser uma falha, talvez. É complicado ter que seguir os números o tempo todo e os deixar controlarem a gente. Ora, é preciso ter controle para não fazer bagunça. Muito bom chegar em casa, depois de um dia do diabo – não foi um dia santo dessa vez. Chego em casa e, é isso. Que horas será que o motorista chegou? Será que está com muita fome? Eu espero que não. Também espero que não tenha se estressado muito e espero que tenha chegado em casa em segurança. E caso não tenha chegado, espere que não tenha problemas para chegar. Porque amanhã vou vê-lo novamente. E depois também e assim segue o itinerário por várias vezes.
Acordamos no outro dia. Outro dia horrível, mas razoável. Razoavelmente corrido. Peguei o meu querido ônibus, vi a máquina chegando até mim e estendi meu braço como quem pede colo. Parou, abriu a porta. Não era o mesmo motorista. Não era, porque só vejo o motorista que atendeu a ligação quando o meu dia acaba e eu encontro ele e a máquina no ponto de ônibus de volta para minha casa. Por incrível que pareça, eu faço um caminho totalmente diferente quando saio de casa. Então, eu saio e fico observando minha rua, para quando meu ônibus apontar no início da esquina, eu descer até o ponto de embarque, mas descer de uma forma que não seja desesperada, uma forma que não pareça que estou muito atrasada nem muito entusiasmada com a vinda dele. Eu sei pouco sobre o itinerário e queria muito poder um dia, completar o caminho de algum ônibus que eu pego. Com isso, estendo meu braço novamente, às oito horas da manhã, bocejo, subo os três degraus e vou. Chegando à metade do destino eu pego aquela outra máquina mais rápida e subterrânea, também muito eficiente. Encontro guardas sonolentos – alguns mais que outros – e vendedores desesperados. Sonolentos porque o que fazem ali é muito inútil, em questões de resolução do problema. E desesperados por conta do sono dos guardas e dos seus pés seguindo um mesmo som e caminho atrás de cada vagão. Passando por eles, desço depois de quatro estações frias cheias de ar condicionado, assim eu finalmente chego ao destino final e perco mais um dia como todos os outros no vagão que eu estava.
Não sabia o porquê trocaram o motorista. Justamente quando pensei que ele era protegido e chegava em casa com segurança, ele não estava ali. Era folga, talvez. Nós nunca pensamos nessa questão, porque algumas pessoas que esbarramos todos os dias têm suas folgas nos finais de semana, outras folgam nos meios dos dias, um dia fixo e com isso não sabemos controlar. Outras não ficam de folga em dia fixo, mas sim dias misturados, o que faz com que nos confundam mais ainda. Se não era sua folga, podia ser um atestado. Estava vivo? Vou descobrir. Não como uma pessoa curiosa que não tem uma vida para cuidar, mas que indiretamente cuida de outras vidas que não pediram o meu cuidado. Não queria descobrir a razão, a causa ou a circunstância por trás da falta, apenas por saber, ou só para preencher meu dia cheio de nadas. Queria descobrir porque talvez ele deva ter se tornado uma máquina da máquina e eu tenho muito medo que isso aconteça com os homens e isso acontece muito. Agora, aliás, está acontecendo e daqui à uma hora vai continuar a acontecer. Sim, estava vivo. Não era folga. Mas acabou tirando o dia. A ligação causou problemas indiretamente aos passageiros? A mim e alguns outros. Mas não todos. Sua filha, do total de dois, havia morrido. Não sei como, nem onde. E eu estava pensando tanto em morte no dia anterior, antes da ligação. Ele deve ter acordado muito triste antes de receber a ligação no dia anterior, ou pode ter acordado muito feliz. São grandes as ações que acontecem em vinte e quatro horas antes da ligação. Antes de cumprir o itinerário.
Não sei qual foi o horário da morte. Ele também não sabe, talvez. Não tenho intimidade com os homens que controlam a máquina de transporte. Devíamos ter. Você deve estar se perguntando como eu descobri isso, se perguntando se eu não tenho nada melhor para fazer no meu dia – eu realmente não devo ter – já que fico atenta nas situações desgraçadas que acontecem no mundo. Ninguém espera por desgraça, ela que nos encontra no meio do caminho e nos assusta como quem, de fato, não tem nada melhor para fazer. E quando ninguém se surpreende com ela, as outras pessoas pensam que a desgraça já foi esperada porque não assustou. Mas o fato é que ela não consegue mais surpreender e assustar.
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