"O inverno foi muito fraco e, com o tempo bom, não tivemos a incidência de pneumonia nem complicações respiratórias. Os casos de gripe foram muito aquém de nossas previsões e os gastos com anúncios sobre nossos produtos, excessivos. Assim, pedimos a compreensão dos nossos acionistas para os baixos lucros, que não foram decorrentes da falta de esforço de nossos executivos".
E continuava: "Contudo
as perspectivas de melhoria são excelentes. Todas as previsões meteorológicas
indicam que vamos ter um rigoroso inverno, com novos vírus gripais, não sendo
descartada a hipótese de incidência de epidemias. Assim, o volume de consumo
dos nossos medicamentos vai ser muito grande e explosivo, compensando o fraco
desempenho deste ano". (Prestação de Contas aos Acionistas da Indústria Farmacêutica. Por José Sarney):
Estranho! O Conselho de Classe está publicando um artigo
do José Sarney? Este sim verdadeiramente golpista com seu PMDB e o PFL de Marco
Maciel e Antônio Carlos Magalhães, visto que, fizeram acordo com a cúpula militar
a pedido da burguesia brasileira, e foram para o colégio eleitoral em 1985 elegendo
indiretamente Tancredo Neves e José Sarney para presidente e vice, frustrando a
maior campanha por eleições diretas (Diretas Já) do século XX no Brasil, contra a ditadura Civil Militar e por
democracia
A História é
conhecida. Tancredo pega uma infecção hospitalar durante uma cirurgia, more e o
vice assume, teoria da conspiração é pouco, dizem que os militares e homens
próximos a eles sabiam que Tancredo estava doente e que não durara muito,
portanto, o governo ficaria com quem sempre apoiou a ditadura civil militar e usufrui
dela.
Mas este não é o tema
de nossa publicação. Nosso tema é a saúde do trabalhador. Por isto a grande
contradição do sistema capitalista e não paradoxo como diz o José Sarney é que
o trabalhador que produz toda a riqueza em nossa sociedade é destruído e perde
sua saúde a cada dia a mais de trabalho. Na verdade, podíamos dizer sem meias
palavras: O trabalho está matando o trabalhador. O trabalho na sociedade capitalista
está adoecendo cada vez mais trabalhadores e suas famílias. E isto tem sido
motivo de alegria para a indústria farmacêutica. O que José Sarney chama de
paradoxo e severo de lógica capitalista mais acertadamente.
Publicaremos uma
série de artigos e reportagens sobre o tema. Por incrível que pareça José Sarney é um deles. Não por ser um explorador, ex-presidente golpista, Coronel senhor
de escravo do Maranhão ou aquele que comprou um ano de mandato por meio de
concessões de rádio e televisão aos deputados e senadores, mas sim, por tornar público
o relatório da indústria farmacêutica lamentando a ausência de doenças e
comentando as previsões de aumento delas ano seguinte.
Boas leituras y Bons áudios e vídeos
NORTE
Um Mundo de Paradoxos
Jose Sarney
Abro os jornais e
leio que o desemprego aumentou nos Estados Unidos, que os juros vão crescer,
que isso significa dificuldades para muitas famílias. É uma notícia triste.
Estou errado. Para as Bolsas, não há nada de triste, ao contrário, é motivo de
euforia, vão subir, estão felizes porque o desemprego e a recessão são bons
sinais para a saúde delas. Quanto pior fica a vida para os que precisam de
trabalho, melhor a daqueles que têm excesso de dinheiro e necessitam especular.
É o que me ensina o presidente da Bolsa de Nova York, que foi além da euforia:
"Melhor notícia não podíamos ter".
Lembrei-me de uma história que já contei aqui, mas que não resisto a repeti-la. Severo Gomes era ministro da Indústria e Comércio e recebeu um relatório de um grande laboratório internacional, destinado a seus acionistas, justificando os seus lucros baixos naquele ano: "O inverno foi muito fraco e, com o tempo bom, não tivemos a incidência de pneumonia nem complicações respiratórias. Os casos de gripe foram muito aquém de nossas previsões e os gastos com anúncios sobre nossos produtos, excessivos. Assim, pedimos a compreensão dos nossos acionistas para os baixos lucros, que não foram decorrentes da falta de esforço de nossos executivos". E continuava: "Contudo as perspectivas de melhoria são excelentes. Todas as previsões meteorológicas indicam que vamos ter um rigoroso inverno, com novos vírus gripais, não sendo descartada a hipótese de incidência de epidemias. Assim, o volume de consumo dos nossos medicamentos vai ser muito grande e explosivo, compensando o fraco desempenho deste ano". Severo deu-me conhecimento do relatório e uma boa risada, advertindo que essa é a lógica capitalista.
No Carnaval, vi a grande discussão sobre se os desfiles deviam ou não incluir temas religiosos. Houve uma guerra de liminares. Quando as primeiras foram concedidas, proibindo a participação de Nossa Senhora da Esperança e do símbolo cristão da cruz, pensei que os carnavalescos estavam tristes. Ao contrário, estavam alegres, pois o fato aumentava a curiosidade sobre as escolas. Por outro lado, um dos organizadores do desfile considerou a proibição boa porque agora iam fazer uma ala só de cardeais, padres, bispos e monges, que seria obrigatória no Carnaval do próximo ano.
Uma jovem passista,
que ia aos desfiles todos os anos e que foi pioneira no topless, ficara feliz
com a liberação geral dos bustos, mas eu estava enganado. Ela declarou que
estava triste porque agora ninguém olha para a novidade do seu próprio. Em
Viena, sem ser Carnaval, em vez de mulheres, uma multidão de homens nus entrou
na loja Kassa. Julguei que era gosto de andar pelado, mas era justamente o
contrário: eles queriam vestir-se e ganhar uma mala de roupa, que seria dada
pela loja numa promoção aos primeiros que chegassem.
Não deixa de ser
paradoxal que os nossos homens públicos, depois de carreiras exitosas, estejam
frustrados, não pelo bem que fizeram, mas pelo papel que poderiam ter
desempenhado. O presidente Fernando Henrique queria ter sido ator; Pitta,
bailarino do Municipal; Maluf, pianista no Metropolitan.
Picasso, nesse jogo de "o que quer ser", disse que se fosse padre seria papa; militar, marechal; quis ser pintor e era Pablo Picasso! A vida é assim...
Picasso, nesse jogo de "o que quer ser", disse que se fosse padre seria papa; militar, marechal; quis ser pintor e era Pablo Picasso! A vida é assim...
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1003200007.htm
acesso 4.6.2017
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