Max Diógenes.
Vejo uma galera de esquerda inconformada com as recentes falas de Paulo Guedes, supostamente críticas e relacionadas a possível "ascenssão social" por parte de diaristas, filhos de porteiros, enfim, a qualquer pobre membro da classe trabalhadora...
De fato, num primeiro momento, tais falas nos perturbam, pois mexem com nosso senso de justiça e moral.
Mas essa postura por parte da esquerda, essa reação a essas falas, é equivocada e perigosa.
Nossa análise não deve ser pautada por questões unicamente morais; a moral não é empírica e, portanto, não explica nada por si.
Nós temos de compreender a estrutura social na qual se forma a injustiça e o senso de moral.
Uma empregada que vai a Disney, um filho de porteiro que se forma num curso superior ou um negro favelado que vira professor de história, não devem ser exatamente exaltados, celebrados pela esquerda. Eles são a excessão da excessão da excessão. Exaltar acríticamente sucessos raros individuais de pobres é simplesmente cometer o mesmo erro grotesco de análise conjuntural dos liberais: a fé na ilusão da meritocracia.
A diferença da análise da esquerda, em relação à direita, consiste unicamente em crer que, com um governo social democrata, como o do PT, por exemplo, que distribui a riqueza produzida para a população, por meio de programas sociais e políticas públicas, de modo minimamente mais intervencionista que os liberais, trará a vida decente, digna, justa e sem desigualdades, que os trabalhadores tanto almejam.
Ledo engano.
As crises do capital são cíclicas. Logo, nenhuma grande política pública de redistribuição de renda se sustenta por muito tempo.
O pobre não precisa das falas ou das ações de Paulo Guedes pra se ferrar. O Capitalismo fará isso, inexoravelmente, com todos os trabalhadores. E nenhum Lula resolverá as reais questões da classe, por mais bem intencionado que possa ser (hoje, não creio nas boas intenções de Lula).
A resolução das mazelas da vida dos operários, passa pela superação do capitalismo. Passa por uma nova formação de produção e distribuição da riqueza, que vá além da mera circulação de mercadorias.
Qualquer outra via que não seja essa, é apenas enxugar gelo e despender energia a toa, mantendo as eternas lamúrias contra desigualdades, injustiças, blá blá blá...
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