segunda-feira, 20 de maio de 2024

Crise Climática e o Rio Grande do Sul - Verdades difíceis de engolir.

 

 

 

Imagem: arvoreagua.org

 Imagens chocantes e desesperadoras encheram as redes sociais, jornais e telejornais nos últimos dias, de repente a “tal” crise climática (alertada já há algum tempo por especialistas) virou manchete e ganhou notoriedade. Pedidos de ajuda e arrecadações sejam em dinheiro, materiais, alimentos ou produtos de higiene pessoal e limpeza são comuns. Cabe aqui chamar a atenção para o poder da solidariedade promovida pela classe, principalmente em momentos de crise, a classe sempre ajuda a classe.

 

Algo que sempre parecia distante da realidade ou coisa de filmes de ficção, de repente se tornou o centro das atenções e o que, para muitos, é apenas resultado da fúria da natureza ou do “criador” contra a espécie humana após anos de exploração e destruição é, na verdade, uma somatória de diversos fatores.

 

As fortes chuvas atingiram 463 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul (Carta Capital), no entanto, 336 decretaram estado de emergência (Clima Info) com resultados devastadores, milhares de famílias desabrigadas crescente número de mortos (157 em 20/05, Carta Capital) e desaparecidos (88 em 20/05, Carta Capital) e podemos inserir nessa lista, a dificuldade no transporte (inclusive das vítimas), na evacuação das áreas atingidas e a insegurança alimentar, energética e sanitária, afinal a distribuição de água foi evidentemente afetada e o risco de contaminação e surtos de diversas doenças é iminente. O resultado não poderia ser diferente, pois em dez dias (entre 24/04 e 04/05) choveu cerca de ¼ do esperado para um ano, em números, seriam aproximadamente 420 mm dos 1.500 mm esperados para um ano no estado inteiro do Rio Grande do Sul (Jornal da USP). Em suma, as fortes chuvas que atingiram e devastaram o estado são resultantes da combinação de fatores como as mudanças climáticas em curso, fim do fenômeno natural El Niño, forte bloqueio atmosférico nas regiões centrais do país (o que impede que a massa de ar frio avance e “disperse” a chuva) e tudo isso ainda sendo potencializado pela crescente destruição ambiental, ou seja, não é obra do acaso, não é “natural” ou “castigo”. É, na verdade, fruto de anos de desmatamento, queimadas, queima de combustíveis fósseis, desrespeito a natureza e o uso indiscriminado de agrotóxicos que contaminam (na verdade, envenenam) o solo, os alimentos que chegam às nossas mesas, a água e coloca em risco a vida de muitos insetos essenciais para a polinização, ou seja, compromete toda a biodiversidade. É fato, eventos extremos relacionados ao clima seja de calor ou tempestades serão cada vez mais frequentes.

 

Apesar da chuva intensa (acima do esperado para o tempo descrito), culpar as forças da natureza é simplista demais e não analisa o problema como um todo, afinal o governo sabia e ignorou porque não era conveniente agir. Em menos de 1 ano, o RS já registrou 4 tragédias climáticas sendo elas em junho/2023 (com 16 mortos e mais de 3,2 mil desabrigados), em setembro/2023 (com 54 mortes e mais de 20 mil desabrigados), em novembro/2023 (com 5 mortes e mais de 28 mil desabrigados) e agora em maios/2024 – com dados ainda sendo contabilizados (Justiça Eco, 2024). Evidenciando que não há “surpresas” nesse cenário, a infeliz e triste “surpresa” fica apenas para aqueles vivenciaram as cenas de destruição, que perderam suas casas, entes queridos e suas vidas.

 

A destruição, a exploração da natureza e dos recursos naturais, bem como da mão de obra, é fruto das políticas que sempre favorecem o capital. É algo baseado única e exclusivamente na obtenção do lucro e concentração de bens nas mãos dos senhores do poder. Diante disso, a crise ambiental e climática são inevitáveis, mas o grau dos danos e tragédias que isso causará principalmente aos mais vulneráveis depende do monitoramento, combate ao negacionismo, garantia de proteção ambiental, da visibilidade e exercício das práticas indicadas por estudos científicos sérios, mas, principalmente, requer que a vida seja priorizada ao invés do capital. É pensar a vida além do Capitalismo e da banalização da “proteção e preservação” do meio ambiente, afinal o que vemos hoje são práticas ditas como “sustentáveis”, mas que, na verdade, apenas amenizam ou disfarçam danos e continuam a serviço do capital. É preciso pensar a biodiversidade como toda forma de vida que ela verdadeiramente representa e a espécie humana como integrante desse cenário. É preciso preservar (ou salvar – se assim preferir) a natureza e não o Capitalismo!

 

Em 2015, o relatório intitulado “Brasil 2040”, solicitado pela Presidência da República foi resultado de um estudo que analisou impactos em infraestrutura, agricultura, energia, entre outros – foi feito por vários órgãos de pesquisa do país e custou R$ 3,5 milhões (Intercept – Brasil, 2024) e, embora seja uma situação extremamente triste, diante deste documento, não é possível afirmar que foi totalmente inesperada. No entanto, cabe aqui as perguntas:

 

Por que nada foi feito?

Por que as pessoas não foram alertadas?

 

 Poderia responder de forma bastante simplista culpando esse ou aquele governo, a imprevisibilidade da natureza, “o criador e seus castigos”, ou ainda que o “tal” relatório apontava probabilidades, mas não “certezas absolutas” (afinal, por que salvar vidas, cidades e a natureza seria importante, não é mesmo? – contém ironia). Enfim, inúmeras são as justificativas para “salvar o Capitalismo”, no entanto, a resposta soa de forma constrangedora, revoltante e irônica: Porque não era conveniente agir e porque a prioridade nesse sistema é o acúmulo de capital, manutenção da burguesia e a exploração da classe trabalhadora, do meio ambiente, dos recursos naturais e de tudo que for possível e a favor de manter a riqueza nas mãos da minoria, a fim de manter o Sistema funcionando (custe o que custar), o mesmo sistema que banaliza (e sacrifica se preciso for) a vida humana, a biodiversidade e toda a natureza. Infelizmente, é preciso reconhecer que nesse Sistema a prioridade não é (e nunca será) a vida, seja ela qual for (a sua, a minha, dos comparsas de trabalho, dos amigos, familiares e até dos outros seres vivos com os quais dividimos esse planeta).

 

É válido ressaltar que, o mesmo relatório, fez projeções alarmantes e preocupantes para os próximos anos de 2040, 2070 e 2100. Não são meras “previsões” sem nexo ou baseadas em “achismos”, são projeções baseadas em estudos, modelos e é consenso no meio científico que eventos extremos (como as chuvas no RS) serão cada vez mais frequentes em várias áreas.  Em outras palavras, não quero ser portadora de más notícias, portanto é evidente que esse sistema já não nos basta mais. É ele ou a vida!

 

  T.V.A.F. – Uma mulher Inconformada e Divergente


  

Imagem criada pelo artista gráfico Dinelli – Perfil Instagram: @1dinelli


 FONTES:

CLIMA INFO. Com tragédia climática, governo e Congresso costuram “orçamento de guerra” para reconstruir Rio Grande do Sul. Disponível em: < https://climainfo.org.br/2024/05/06/com-tragedia-climatica-governo-e-congresso-costuram-orcamento-de-guerra-para-reconstruir-rio-grande-do-sul/ >. Acesso em 08 de Maio, 2024.

CARTA CAPITAL. Número de mortos no Rio Grande do Sul sobe para 157; 88 ainda estão desaparecidos. Disponível em: < https://www.cartacapital.com.br/sociedade/numero-de-mortos-no-rio-grande-do-sul-sobe-para-157-88-ainda-estao-desaparecidos/ >. Acesso em 20 de maio, 2024.

CORTÊS, P. L. Chuvas no Rio Grande do Sul devastam o Estado, provocando mortes e o deslocamento de populações. Jornal USP. Disponível em: < https://jornal.usp.br/radio-usp/chuvas-no-rio-grande-do-sul-devastam-o-estado-provocando-mortes-e-o-deslocamento-de-populacoes/ >. Acesso em 06 de maio, 2024.

DIAS, T. Enchentes no RS: Leia O Relatório de 2015 que projetou o desastre – e os Governos escolheram engavetar. Intercept Brasil. Disponível em: < https://www.intercept.com.br/2024/05/06/enchentes-no-rs-leia-o-relatorio-de-2015-que-projetou-o-desastre-e-os-governos-escolheram-engavetar/ >. Acesso em 08 de maio, 2024.

JUSTIÇA ECO. Observatório da Justiça e Conservação. Vídeos e análises disponíveis em: < https://justicaeco.com.br/>. Acesso em 08 de maio, 2024.



segunda-feira, 13 de maio de 2024

A Bíblia, os Pobres e a Revolução Humanizadora

 

E, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir”. 

Lucas 6:20,21





Pobres. Pobreza. Empobrecimento. Pior que essas palavras é a realidade que elas significam. O pobre é destituído de recursos que providenciem bem-estar à vida. E por bem-estar entendo a experiência de uma vida com abundância, sem desperdícios. Uma abundância que mata a fome, agasalha e abriga o corpo, cuida da saúde e garante o trabalho, o descanso, o lazer e a seguridade social, com uma polpuda e merecida aposentadoria. Sem essa abundância, temos a pobreza. Ora, ninguém é pobre por querer ser pobre, exceto, é claro, aqueles que seguem ordens religiosas com voto de pobreza, por opção de foro íntimo ou por algum ideal em que acreditem. Assim como pode haver alguém na pobreza por falta de orientação... Mas são exceções. A pobreza não é desejada. Ser pobre não é um projeto de vida. Empobrecer não é propósito das pessoas. Entretanto, a realidade é que existem pobres. O fato é que o empobrecimento chega para muita gente. A pobreza está por aí, grassando (ou desgraçando) a (pobre) vida de muitas pessoas.

No relato dos quatro evangelhos do Novo Testamento, deparamo-nos com Jesus cercado por pessoas destituídas de recursos econômicos, que vão até ele na busca da supressão de seus anseios. Ele mesmo, proativamente, aproxima-se de tais pessoas e, em várias passagens bíblicas, dá-lhes atenção especial.

Ora, o tema da pobreza percorre toda a Sagrada Escritura. No pentateuco, temos leis específicas que tratam do pobre, providenciando dispositivos legais de socorro, bem como a proibição da exploração dos mais ricos sobre os mais pobres.  Nos profetas, há uma profusão de mensagens que denunciam a opressão do Estado Monárquico israelita e dos mais abastados sobre os empobrecidos, afirmando, sempre, que Deus está do lado destes últimos. E no Novo Testamento, há recomendações epistolares dos apóstolos sobre a atenção a ser dada aos mais pobres e, principalmente, os relatos evangélicos da atuação de Jesus, por obras e palavras, em favor dos pobres. Você, caro leitor e prezada leitora que porventura passar os olhos sobre este texto, poderá valer-se de um exemplar das Sagradas Escrituras para ali encontrar as abundantes citações bíblicas sobre isto que afirmei acima. Aqui, por questão de espaço e opção pessoal, posso oferecer alguns exemplos.

Logo nos primeiros livros bíblicos, que são os chamados “livros da lei”, são nos apresentadas listas de normas que organizam a vida em sociedade. Entre as várias espécies de leis, há algumas que tratam da condição dos mais pobres, estabelecendo regras e condutas que evitem a exploração e a opressão sobre os despossuídos de bens. A seguir, selecionei algumas:

“Sempre haverá pobres na terra. Portanto, eu ordeno a você que abra o coração para o seu irmão israelita, tanto para o pobre como para o necessitado de sua terra”. Deuteronômio 15:11

"Quando fizerem a colheita da sua ter­ra, não colham até as extremidades da sua ­la­voura nem ajuntem as espigas caídas de sua colheita. Não passem duas vezes pela sua vi­nha nem apanhem as uvas que tiverem caído. Deixem-nas para o necessitado e para o estran­geiro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês”. Levítico 19:9-10

"Se alguém do seu povo empobrecer e não puder sustentar-se, ajudem-no como se faz ao estrangeiro e ao residente temporário, para que possa continuar a viver entre vocês. Não cobrem dele juro algum, mas temam o seu Deus, para que o seu próximo continue a viver entre vocês. Vo­cês não poderão exigir dele juros nem lhe emprestar mantimento visando a algum lucro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês, que os tirou da terra do Egito para dar a vocês a terra de Canaã e para ser o seu Deus”.  Levítico 25-35-38

“Também seis anos semearás tua terra, e recolherás os seus frutos; mas ao sétimo a dispensarás e deixarás descansar, para que possam comer os pobres do teu povo, e da sobra comam os animais do campo. Assim farás com a tua vinha e com o teu olival”. Êxodo 23.10-11

No livro de Provérbios, que se trata de uma coletânea de sabedoria popular coletada, temos: “Oprimir o pobre é ultrajar o seu Criador, mas tratar com bondade o necessitado é honrar a Deus”. Provérbios 14.31

Já os profetas são pródigos em mensagem que denunciam a existência da pobreza como resultado de injustiças.

“Assim diz o Senhor: Por três transgressões de Israel, e por quatro, não retirarei o castigo, porque vendem o justo por dinheiro, e o necessitado por um par de sapatos, suspirando pelo pó da terra, sobre a cabeça dos pobres, pervertem o caminho dos mansos; e um homem e seu pai entram à mesma moça, para profanarem o meu santo nome”. Amós 2:6,7

“Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: Soberba, fartura de pão, e abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca fortaleceu a mão do pobre e do necessitado”. Ezequiel 16:49

No Novo Testamento, temos recomendações nas cartas apostólicas a respeito da situação dos pobres e, também, as falas e gestos de Jesus em relação a esse grupo social, propondo um olhar específico e especial aos “desafortunados” da terra.

Em meu entendimento, a partir dos textos bíblicos, a existência de pobres e a realidade da pobreza manifestam algo ruim e errado na sociedade humana. “Há algo de podre no reino da Dinamarca”. Aliás, se pensamos em “sociedade humana”, pensamos em pessoas, humanas, associadas entre si. Associadas para juntas sobreviverem neste “mundão de Deus.” No entanto, ao logo da história dessa sociedade humana, ouvimos falar e mesmo presenciamos que pessoas, humanas, associam-se para empreender guerras, para conspirar contra algo, para repartir os despojos da rapina, para manter o “status quo”, para formar condomínios e guetos e para tantas outras “obras” nem sempre louváveis. Pouco ou nada há na direção de uma associação que nasça e frutifique no empenho, humano, de buscar meios de superação da pobreza e a retirada de um sem números de pessoas, humanas, da condição de pobre.

Entendo, e creio, que a mensagem evangélica, isto é, fundamentada no Evangelho conforme as Sagradas Escrituras, é uma proclamação libertária que conclama as pessoas, humanas, a se humanizarem, indicando que não estão sozinhas nesse empenho, mas, antes, amparadas pela fé NAquele que se manifesta no texto bíblico: “O Senhor despediu vazios os ricos”. Junto com essa verdade alvissareira, humanizar-se implica e inclui sair da condição de pobre. A mensagem evangélica, antes de ser um chamado à santificação, separando pessoas deste “mundão de Deus, é um convite à humanização das pessoas. A pobreza, consequência direta da ação (des)humana de exploração, escravização, espoliação e indiferença ao outro, é uma bestialização de pessoas, humanas, atiradas à sua própria sorte, em um mundo cruel sustentado pela injustiça social e segregação entre pessoas, humanas, que competem entre si numa aguerrida batalha por sobrevivência, a qual tem se revelado, ou se manifestado, dia após dia, como uma massacre de fortes sobre fracos, sem nos esquecermos de que os fortes, ao longo da longa história da humanidade, fortaleceram-se às custas dos fracos.

Os pobres não estão na Bíblia por nada. Não estão nas páginas das Sagradas Escrituras como alvo de caridade dos filhos de Deus. Os pobres não aparecem no livro sagrado dos cristãos para serem objeto de misericórdia. Não. Estão ali para revelar os descaminhos da humanidade. E não devem ser vistos como desfavorecidos por Deus, ou por Ele não abençoados. A pobreza não é causada por “demônios da pobreza”, nem é um castigo divino para pessoas desobedientes aos mandamentos bíblicos. A pobreza não é fruto de pecado ou maldição, mas obra conjunta da ganância, do individualismo, da falta de empatia, da sede de poder e do medo de perder um suposto poder.

Na Bíblia, os pobres têm uma certa primazia na ação de Deus em prol da humanidade. Jesus andou entre eles e foi um deles: “As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça”. Mateus 8.20. E até na sua morte, precisou de um túmulo emprestado. Com seus discípulos, andou pelas beiradas das plantações, colhendo espigas de trigo em dia de sábado, seguindo leis de Moisés que permitiam que os pobres assim o fizessem, sem serem importunados por isso pelos agricultores. “Em dia de sábado, Jesus atravessava umas plantações; seus discípulos iam colhendo espigas {de trigo}, as debulhavam na mão e comiam. Alguns dos fariseus lhes diziam: Por que fazeis o que não é permitido no sábado?” Lucas 6.1-2 e “Quando segardes a messe na vossa terra, não colhereis até as extremidades da lavoura, tampouco recolhereis as espigas que caem aos vossos pés durante a colheita. Deixareis essa parte para o pobre e para estrangeiro. Eu Sou Yahweh, o SENHOR, o vosso Deus!”. Levítico 23.22

Como escrevi acima, a Bíblia é uma mensagem libertária. Não é uma conclamação à luta de classes, mas à dissipação da separação entre as pessoas. Assim, a pobreza não tem lugar no propósito redentor da humanidade apregoado por profetas e apóstolos. A riqueza também não tem lugar, na mediada em que ela é construída (e sustentada) sobre a exploração de um homem sobre outro homem. Gosto de um hino, pouco cantado nas igrejas, intitulado “Que estou fazendo se sou cristão?”. Em uma das estrofes temos a frase “a vil miséria insulta os céus”. É isso! Pobreza, miséria e carestia estão na Bíblia, mas não são bíblicas. São, antes, uma denúncia da falta de fé, de amor e de fidelidade Àquele que “faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos”. Mateus 5.45 

Nas linhas bem traçadas das Sagradas Escrituras, os “pobres da terra” são mencionados para que sejam lembrados. Lembrados, vistos, percebidos e socorridos. Se levarmos com seriedade e consideração que a proclamação bíblica é uma mensagem de que os seres humanos foram criados à imagem e semelhança” de Deus, não poderemos fazer vistas grossas para o fato, palpável e tangível, de que todos somos irmãos. Ora, se assim é, encerro com a recomendação bíblica: “Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir seu a irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor e Deus”? Não é um versículo bíblico que apoia uma mudança estrutural na sociedade no que se refere às desigualdades sociais, mas uma atenção consciente ao que ele preconiza poderia bem ser o começo de uma revolução.

 

A.L.P.