Para
Camila Marques está na hora de discutir o fim do salário mínimo e não o
percentual de seu aumento ou a redução do reajuste proposto pelo governo anterior.
Temos que aprender a conhecer o modus operandi
do fascismo.
Boa
leitura
Por Camila Marques
Como primeiro decreto presidencial, Jair Bolsonaro acaba de aumentar o
"salário mínimo" de 954 para 998 reais. Apesar de ser um ato
aparentemente contraditório para um presidente que contrário aos trabalhadores,
essa ação não pode ser recebida com surpresa.
A história mostra que os governantes fascistas têm por primeiras medidas
conceder benesses para os trabalhadores. Isso é feito como forma de obter a
aceitação trabalhadores, para primeiro realizar ataques aos grupos sociais
elencados como inimigos, as organizações da classe e seus mecanismos de
resistência e somente depois realiza os ataques à classe enquanto
classe.
Ganhar a classe trabalhadora é um grande desafio para o fascismo, para
Bolsonaro ainda mais, especialmente por tratar-se de um presidente que apesar
do fanatismo dos setores de ultradireita não conseguiu agregar multidões dos
trabalhadores: Bolsonaro não tomou posse nos braços do povo!
Esse dado é relevante, pois quem assistiu a posse do governo democrático
e popular e esteve na oposição dos governos petistas por anos, se lembra muito
bem a diferença de aceitação entre eles e a dificuldade que era tecer para
qualquer trabalhador críticas aos governos petistas, sabe que a grande rejeição
de Bolsonaro é um fator positivo para nós e por isso, temos que nos
empenhar em atacar esse governo e o que ele representa de imediato!
Entretanto, como criticar uma de nossas reivindicações? Como criticar o
aumento do salário mínimo, uma melhoria concreta para os trabalhadores brasileiros?
Não se pode criticar o aumento do salário mínimo, seria um erro de nossa parte.
Tambem não basta dizer que o aumento projetado era maior, 1004 reais. Ao fazer
as contas, os trabalhadores que necessitam sempre de maiores salários, veem um
aumento e obviamente, gostam da medida.
Todavia, é preciso desmitificar as fakenews de Bolsonaro que serão uma
marca de seu governo e essa medida anunciada ao vivo no jornal nacional é mais
uma delas, afinal o salário mínimo foi abolido no Brasil e isso precisa ser
dito e repetido em alto som para os trabalhadores: não existe mais salário
mínimo!
Com a implementação da reforma trabalhista ano passado, a partir da
lei №13.467 de 2017, foi reconhecido o trabalho intermitente ou de
horista, que consiste em vínculo de trabalho precário na qual o trabalhador
realiza a atividade não de forma permanente, mas conforme a hora e a
necessidade dos patrões e esse vínculo pode ser mantido por meses, dias ou até
mesmo horas.
A partir dessa alteração, não há mais salário mínimo! O trabalho
intermitente que pode ser aplicado em qualquer tipo de trabalho, já é bastante
utilizado para trabalhadores do setor de transportes e de alimentos, e sua
incorporação na legislação alterou de tal forma as relações de trabalho que já naturalizou
o cálculo de salário em horas e não em meses.
Um trabalhador de uma grande indústria de alimentos, como a franquia MC
Donalds, recebe salário de R$ 4, 31. Pensando que a rede contrata trabalhadores
para os horários de pico por 3 horas somente, se trabalhar diariamente, ao
final do mês, o trabalhador recebe somente 387,90. Sendo essa contratação legal
e a remuneração e aceita e acolhida pela lei, como ainda podemos falar em
salário mínimo?
Esse é um diálogo a ser feito com o conjunto dos trabalhadores, pois
mesmo quem recebe salário mensal, será tencionando pela contratação precária do
horista que está cada vez se expandindo.
Por isso, entre nossas tarefas no momento, temos que trabalhar na nossa
luta as seguintes pautas:
Pela revogação da reforma
trabalhista!
Pela existência e valorização do salário
mínimo!
Pelo fim da terceirização e do
trabalho intermitente!
Por melhores condições de vida e
maiores salários para os trabalhadores!
Contra o fascismo! Fora Bolsonaro! #Ele não!
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