Sou
Cristão, mas, nunca sequer imaginei que alguém desta profissão religiosa fosse defender
tão bem o ateísmo. É um paradoxo muito interessante neste momento de nossa
História, no qual, muitos cristãos e muitas igrejas cristãs decidiram apoiar uma
espécie de “anticristo” em nome da família, da pátria e de Deus.
Estão fazendo
exatamente o inverso do que pregou Jesus de Nazaré, quando trouxe o Amor como o
maior mandamento de todos: A Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si
mesmo.
Ainda que se tratasse
de inimigos, o Conselho do nazareno foi “amai vossos inimigos, pois , amar os
amigos até os salteadores o fazem, qual seria o mérito disto, proclamou Jesus
em suas andanças pela Galileia.
É por isto que
indico este artigo, imperdível, dispa-se dos preconceitos e vá até o fim. Depois
nos conte o que achou. (Carlos, O
Divergente)
Sobre
o ateísmo ético
Por Ivone Gebara
"Falar de
ateísmo ético, ou seja, nos orientar na fonte do respeito ao outro não emanada
de um ser todo poderoso à imagem de um modelo humano único pode nos abrir novas
visões. O Infinito é bem mais do que o humano nas suas relações amorosas e nas
suas relações éticas. O Infinito é incomensurável. As ações de Jesus nos
Evangelhos apesar da maquilagem dos escritores, tradutores e intérpretes
apontam para esse Infinito ético, capaz de convidar à mesa aqueles que nunca
poderão convidar-me para retribuir meu gesto", escreve Ivone Gebara,
filósofa, teóloga e religiosa, pertencente à Congregação das Irmãs de Nossa
Senhora, que lecionou por 17 anos no Instituto Teológico do Recife (Iter).
Eis o artigo.
Estamos vivendo um
difícil momento onde nossas emoções, talvez as mais tristes e violentas estejam
à flor da pele. Estamos com raiva de uma porção de situações, de governos e
desgovernos, de pessoas, de nós mesmas. Divisões se acentuam, opiniões se
conflitam, ameaças de morte são feitas a quem ousar pensar de forma diferente
dos xerifes do mundo.
Estamos sem saber
quem seremos num futuro próximo ou se ainda seremos o que gostaríamos de ser.
Todas/os estamos ameaçados por uma morte viral que toca não só pessoas, mas
todas as instituições sociais e nelas também as instituições religiosasque
inocentemente se acreditavam isentas desses perigos. “Desde o menor até o
maior, todos eles são gananciosos; e desde o profeta até o sacerdote todos eles
praticam a mentira. Cuidam da ferida do povo superficialmente, dizendo Paz,
Paz! Quando não há Paz!” Jeremias 6,14. “Parai vossos caminhos e perguntai(...)
qual é ocaminho do bem? Caminhai nele!” Jeremias 6, 16.
Qual é o caminho
do bem?
Clamar
insistentemente a Deus para que venha nos ajudar a sair dessa espécie de
dilúvio coletivo não parece surtir efeitos imediatos. A morte se multiplica
como fruto de ‘grande plantação’. Porém, uma vez mais em nossa História os
pregadores políticos ou religiosos continuam preocupados em aparecer como
aliados e representantes de Deus tentando ajudar os fiéis a fazer sua vontade.
Mas que Deus seria este, tão lento em ouvir os clamores de seu povo? Que Deus é
esse que não se comove com o sofrimento e a morte de milhares de pessoas? Que
Deus é este vomitado pela boca de políticos, clérigos e fanáticos cada um
tornando-o à sua própria imagem e semelhança?
Nessa situação
inconfortável e triste, além do profeta Jeremias, me lembrei do filósofo judeu
Emanuel Lévinas especialmente de algumas memórias de seu livro ‘Totalidade e
infinito’ (Lévinas, Emanuel, Totalité et Infini. Martinus Nijhoff, La Haye,
1971). Lembro-me da distinção que evocava entre a religião do todo poderoso e a
religião do Infinito. Floreio e reelaboro algumas ideias a respeito dessa
distinção que me parece sábia e útil para o momento em que estamos vivendo,
embora o contexto seja diferente.
A religião do deus
todo poderoso é aquela em que a gente crê que Alguém, uma Pessoa divina com
total poder nos fala e dirige nossas escolhas de vida e nossa História.
Referimo-nos a ela como se fosse alguém de nossa convivência cotidiana
afirmando: deus disse, deus mandou , deus escolheu, deus quer, deus fez, deus
fará ou a negativa a cada afirmação. Nem nos damos conta de nosso atrevimento!
A partir dessa imagem construíram-se doutrinas, maneiras de agir afirmadas como
a vontade desse supremo e todo poderoso ser à nossa imagem. De certa forma
fizemos e fazemos o todo poderoso caber dentro de nossos pensamentos e poderes,
impomos a ele nossa maneira de ver o mundo e o afirmamos como a garantia de
nosso caminho e das propostas que fazemos. É como se o todo poderoso me
habitasse do meu jeito ou que fosse um eu idealizado e forte me ditando suas
ordens e permitindo-me criar regras de conduta à minha imagem e semelhança,
porém afirmando-as como provindas dele. Sem querer talvez, reduzo o todo
poderoso a meu próprio desejo ou a um poder que concede a mim o que necessito
individualmente. E, o todo poderoso deve então responder às minhas necessidades
e até aos mais absurdos e recônditos desejosque acalanto. Nem me dou conta que
o estou reduzindo a mim mesma, ao meu pequeno mundo e aos meus pequenos
pensamentos. Nem percebo que meus desejos e sonhos são meus e podem até ser
prejudiciais a outras pessoas e que coloco o todo poderoso num beco sem saída.
A partir dele
também construo imagens de pessoas (santas/os, heróis, ilustres personagens)
que segundo me disseram, seguiram sua vontade e que podem ser as minhas
intermediárias nessa aventura de convencer o todo poderoso de minhas reais
necessidades. Além disso, ao submeter-me a uma lei, a uma regra, a uma ordem provinda
de alguma autoridade religiosa que o representa é como se estivesse
submetendo-me ao todo poderoso, expressado em linguagem e imagem simbólica
predominantemente masculina.
É nesse momento
que encontro com o ateísmo ético ligado a ideia de Infinito de Lévinas. É
difícil para nós seres finitos imaginarmos o Infinito. O máximo que fazemos é
pensar o Infinito como contrário ou oposto à nossa finitude. Mas, mesmo assim
este Infinito é dificilmente apreendido por nós individualmente visto que
sabemos que nós seres vivos tivemos um começo e teremos um fim. Entretanto,
falamos do Infinito e de certa forma o buscamos. Ele parece ter uma função
positiva que é a de nos remeter à nossa própria ignorância, ao nosso limite
visto que dizemos que ‘ele’ conhece tudo, sabe tudo e pode tudo em oposição a
nós. Sem perceber temos a ousadia de personalizar o Infinito e de submetê-lo às
nossas regras epistemológicas, morais, políticas, religiosas ou de convivência
cotidiana. Tornamos o Infinito desejável reduzindo-o ao nosso desejo e ao que
não somos.
Desta forma
assimilamos o Infinito ao todo poderoso enquanto Lévinas parece distingui-lo.
Ao assimilarmos ‘Deus’ apenas a uma qualidade humana, o assimilamos a nossos
comportamentos mesmo se pela via negativa e estamos de certa forma na
idolatria, isto é, reduzindo o Infinito aos ídolos ‘feitos por mão humana’ e
que podem servir aos nossos próprios e limitados objetivos. Caímos novamente no
registro do todo poderoso aquele que permite a existência dos poderosos
chefões, dos ditadores, dos carrascos, dos que se excitam com o cheiro do
sangue humano, dos que perseguem os diferentes, exploram os fracos, violentam
mulheres e acreditam ser eles a lei para os outros. Reproduzimos os
comportamentos dos que se julgam donos das verdades, donos das terras,
exemplares da raça pura, gênero superior.
O Infinito não
pode ser reduzido a nada e a ninguém. Só o silêncio diante de um céu estrelado
ou o silêncio interior impedindo o domínio do pensamento podem vislumbrar a
magnitude do mistério infinito do qual somos ínfimas partes. Silenciar é
preciso... Silenciar para não ouvir meus pensamentos, para não perturbar essa
tênue luz que se pode vislumbrar e que nos convida a algo diferente, algo que
ainda não sabemos bem o que é.
Suspeito que Jesus
de Nazaré, judeu, viveu algo parecido. Fomos nós os cristãos, por diferentes
razões históricas que iniciamos a jornada de identificação de Deus ao homem, a
tornar o homem Deus, a falar de Encarnação. Nem nos demos conta do quanto de
exclusão e violência vivemos! Porém embora haja algo nesta identificação que
parece cheia de sentido, na medida em que o infinito na estatura humana é
fundamentalmente o infinito ético, temos que ser cautelosos. A História é
testemunha dos massacres que realizamos em nome de nosso homem Deus!
Falar de ateísmo
ético, ou seja, nos orientar na fonte do respeito ao outro não emanada de um
ser todo poderoso à imagem de um modelo humano único pode nos abrir novas
visões. O Infinito é bem mais do que o humano nas suas relações amorosas e nas
suas relações éticas. O Infinito é incomensurável. As ações de Jesus nos
Evangelhos apesar da maquilagem dos escritores, tradutores e intérpretes
apontam para esse Infinito ético, capaz de convidar à mesa aqueles que nunca
poderão convidar-me para retribuir meu gesto. Apontam para leprosos,
paralíticos, cegos, famintos que abundam em nosso meio e que temos até medo de
nos aproximarmos deles, porém é a partir deles que o reino dos céus da
irmandade é experimentado. E, nessa dinâmica, ouso afirmar que o último suspiro
de Jesus é a entrega ao Infinito que parece não ser o ‘pai todo poderoso’
sentado em seu trono de glória. É o ‘Abba’ (Pai) mais além da biologia humana,
mais além do todo poderoso. Suspiro, grito, entrega última à misteriosa
dinâmica da VIDA.
O todo poderoso
pode dar ao homem o poder de dominar a terra, mas o Infinito sem um nome
específico, pois é o Tudo para além de todos os nomes, apenas aponta para o
faminto ou para a mulher sofrendo fluxo de sangue, para o apátrida, para o sem
teto, para a menina triste e faz estremecer minhas entranhas mesmo que eu não
faça nada por eles/elas. O Infinito pode apenas fazer tremer minhas entranhas
diante da caça aos elefantes africanos, diante das queimadas nas florestas,
diante da extinção de muitas vidas. O Infinito pode criar em mim a revolta em
vista da restauração de vidas. Esse Infinito não promete nada, nem mesmo a
libertação dos oprimidos, nem mesmo a felicidade eterna no final dos tempos.
Apenas abala e atrai as entranhas humanas! Todas as compensações e
justificações são pensamento nosso, discurso dos infelizes, tentativas de
buscar a justiça e o céu para além da terra. Todas essas atitudes podem ser
recuperadas pelos senhores dos tronos e dos templos.
Nosso tempo
pessoal está exausto de mensagens do todo poderoso ou melhor, de muitos
todo-poderosos se digladiando considerando-se quase eternos, convencidos de sua
autoridade e esperando que seus filhos únicos legítimos herdeiros continuarão
seu poder. Os ídolos, os nossos, nos dão segurança e consolo, mas são ao mesmo
tempo perigosos porque nos impedem de buscar os outros/as livremente, nos
impedem de nos darmos as mãos, de tecer redes uns para os outros e com os
outros. Instauram um clima de medo reciproco e de beligerância continua
atacando-nos mutuamente e prometendo aos pobres os benefícios de uma futura
terra fértil e a estabilidade capaz de suprir as necessidades básicas de todos
os cidadãos e cidadãs sem distinção de raça, gênero e classe. O todo poderoso
promete, o Infinito silencia e convida dentro de nós a olhar os lírios do
campo, a dar a mão aos caídos e a dividir o pão e a casa.
Já não temos
forças para acreditar nas fantasias anunciadas como se fossem realidades. Já
não temos mais energia para cantar hinos guerreiros e nem para saudar suas
bandeiras que ficticiamente representam as matas que eles mesmos destroem e o
ouro que eles exploraram deixando a terra ferida e ensanguentada e o azul dos
céus que poluíram e o profundo das águas que sujaram. Já não aguentamos mais
ver tantas cruzes espalhadas sem ressurreição e tantas bençãos dadas para
exaltar poderosos!
De que serve a
minha ira momentânea? De que serve minha heresia confessada? De que serve meu
palavreado inconformado de ver tanto desperdício acumulado e tanto futuro
matado no presente? Talvez apenas sirva como consolo fugaz como quem dá um
último grito ou relembra uma canção de amor onde faltam algumas estrofes ou faz
uma poesia para se sustentar ao mesmo tempo no sentido e no não sentido.
Nenhum auxilio
virá do Deus todo poderoso criador do céu e da terra! Nenhum auxílio virá de
seu único filho, primogênito de toda criação! Nenhum auxílio virá do Espírito
Santo, pássaro apavorado com nossas espingardas apontadas para seu peito nas
florestas tropicais. Todos se originam do modelo do ‘todo poderoso’!
“Filha de meu
povo, veste-te de saco, revolve-te no pó e lamenta, uma lamentação amarga...”
Jeremias 6,26.
A indiferença
atravessa terras, céus e mares, enquanto os cofres se enchem de ouro, moedas de
prata roubadas são escondidas nas vestimentas e milhares morrem de fome.
Milhões de pessoas continuam rondando pelas ruas à procura de roupa, abrigo e
comida... E ricos celeiros transbordam!
A mentira continua
a dar substância aos crimes. Mistura-se ao pão cotidiano de forma a envenenar a
criança, o jovem e o velho com suas maledicências vestidas de veracidade
possível. E não se teme jurar pelo ‘todo poderoso’ afirmando que se está a
falar a verdade, que não somos autores dos crimes que nos acusam e nem sequer
violentamos as multidões de desterrados. Não se hesita em jurar sobre a Bíblia,
em buscar nela justificações, em fazer procissões com ela como testemunha das
ações do ‘todo poderoso’. E para coroar convicções e para que elas continuem a
nos darpretensiosas seguranças, muitos nos oferecem para depósito os números de
sua conta bancária!
De que nos serve o
todo-poderoso? Serve talvez para iludir-nos em relação às nossas dores ou
talvez para deixar-nos iludir por esperanças vãs pronunciadas apenas por seus
filhos legítimos? Inventam artifícios, maneiras de viver sem consciência do
necessário bem comum, apegam-se as suas próprias mentiras e a sua ignorância
acreditando que todos/as se dobrarão ao que dizem.
Sem o todo
poderoso talvez o frágil rosto do outro possa me lembrar do meu. Talvez possa
tornar-me cada vez mais a mão estendida, o pão dividido, a terra plantada em
conjunto, a terra limpa em mutirão, a educação abrindo novos caminhos. Talvez
possa tornar-me água pura que sacia a sede, casa habitada por todos. Sem o todo
poderoso e suas hierarquias representativas posso ter mais liberdade para criar
de mãos dadas algo mais aconchegante, mais alegre e livre, apesar dos medos e
inseguranças. Talvez sem ele, não teríamos outra saída a não ser
respeitarmo-nos e tocar ternamente nossos corpos para simplesmente viver como
interdependentes na Infinitude comum que nos toca.
Haverá algum
sentido nessa demência intuída e escrita que me acomete? Não sei. Confesso a
minha dúvida como confesso minha simpatia pelo silencioso Infinito.
A Infinitude, o
infinito é sem cara fixa porque provém de milhões de anos luz, provém da
evolução de muitos seres que são impossíveis de lembrar e resgatar. A
Infinitude é sem limite, sem fundo, sem uma única espessura. Tem muitas formas
e expressões. Nos envolve e nos convida a viver com respeito mútuo apenas esse
instante em que por acaso estamos juntos. Por acaso estamos juntos nesse mesmo
tempo da terra comum. Por acaso temos só esta chance de estarmos vivos e
degustar do sabor da vida como ventura de hoje para hoje.
Por que roubar uns
dos outros esse instante de prazer que é estar vivo agora? Por que eliminar dos
outros o direito ao instante e prometer a vida eterna em troca? Ganância!
Ilusões! Estamos cheios de ilusões fantasiando nossa realidade tão bela e tão
provisória. Mesmo se algumas ilusões são atraentes e as vezes até
momentaneamente necessárias elas não podem ser a finalidade única de nossas
vidas.
Medrosos por nossa
incômoda orfandade redescoberta, abandonados pelos padrastos que se sucedem,
enterramos a nossa fé na humanidade nos escombros de devoções idólatras e dos
sonhos vãos. Seria possível acreditarmos na Infinitude para além dos
totalitarismos? Seria possível não reduzirmos a grandeza do que existe a um
pensamento criado, inventado e que pretende submeter o mundo ao seu ego
hierárquico? Seria possível resgatar o Infinito em nossas tradições?
Ternamente, suspeito que sim.
Há que provar do
cálice silencioso da Infinitude. Há que aprender e ensinar as infinitas
sabedorias dos povos. Há que orar em silencio acolhendo tudo o que é na sútil
percepção que temos de sua presença. É ela que nos revela um segredo difícil de
aceitar... É o segredo de sermos apenas guardiães momentâneos uns dos outros,
efêmeros guardiães do planeta apenas nesse instante, o instante de cada vida.
Já não somos mais ‘a medida de todas as coisas’ como disseram os antigos
filósofos, já não somos mais o centro do universo apesar de nossas descobertas
e de nossa ciência. Somos apenas entre e com outros, na aventura de ser apenas
pó e ao pó voltar!
Sabe, recentemente me propus a ler duas obras. A filosofia do TAO e A consolação da filosofia, de Boécio. A primeira converge com o artigo quando fala do infinito. Podemos estudá-lo; razoavelmente compreende-lo, mas não o possuir. Apenas nos reconciliar com o todo. A segunda, de modo tão herético como o artigo, aponta para a possibilidade de se viver o céu em terra, ao agirmos eticamente levando em conta o sofrimento e anseios alheios. Injustiças podem recair sobre aqueles que prezam pelo coletivo - a Boécio, custou a vida - mas o agir ético é a única forma de elevar o espírito a qual podemos recorrer. Assim, vivemos o céu, na vida terrena, que É A VIDA. Os tiranos, por mais que possam usufruir de poder e abundância material, não vivenciarão o júbilo. Os taoístas e Boécio apostaram nisso. Cristo, como vimos acima, também. Agradeço a escritora, por compartilhar essa sabedoria conosco!!
ResponderExcluirSeus comentários nos animam. ´´E exatamente este nosso objetivo, que os artigos e informações possam contribuir para a reflexão e consolidação de princípios, pressupostos, e principalmente para seguirmos filosofando, explicando e quiça transformando nosso mundo. Abs
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