"Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens. Salmos (115:16). E a terra dará o seu fruto, e comereis a fartar, e nela habitareis seguros (Levítico 25:19)"
Lê-se em Gênesis 1:26-30:
²⁶ “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.”
²⁷” E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.”
²⁸ “E Deus os abençoou, e Deus lhes
disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai
sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se
move sobre a terra”.
²⁹ “E disse Deus: Eis que vos tenho
dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda
a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.”
³⁰ “E a todo o animal da terra, e a
toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a
erva verde será para mantimento; e assim foi.”
Nos Salmos, 115: 16 encontramos o seguinte verso: “Os céus são os céus do Senhor; mas a terra a deu aos filhos dos homens.”
Levítico 25:19 está escrito: “E a
terra dará o seu fruto, e comereis a fartar, e nela habitareis seguros.”
Comecei este texto
com citações da Bíblia Sagrada para fundamentar a ideia que aqui se
apresentará. E tal fundamento já se manifesta na pergunta título: “De quem é a
terra afinal”?
Entendo que “terra” é
este espaço onde todos os seres vivos experimentam a existência. Sem terra, não
há possibilidade de existência. Da terra o ser humano obtém água, comida,
sombra, abrigo. Conseguimos transformar os elementos da terra em coisas
necessárias para a nossa subsistência, para a nossa segurança, para o nosso
conforto. E friso aqui o pronome “nosso”/“nossa”. Afinal, escrevo como
integrante da espécie humana. Eu preciso, tanto quanto qualquer outra pessoa,
da terra. O que visto, o que como, o que bebo, o que uso... tudo vem da terra,
quer seja extraído da natureza ou a partir dela transformado pelo trabalho
humano.
Assim, a
narrativa bíblica da Criação aponta para o uso da terra pelo ser humano. O
cultivo do solo está ali. A preservação dos animais está ali. A exploração dos
recursos para o bem comum está ali. A importância da terra para vida em sua
plenitude está ali.
Acredito que já
esteja claro que a “terra’ a que me refiro não é o solo cultivável, mas o
conjunto indissolúvel da natureza que nos cerca. Água, ar, rocha, vegetação,
fauna, subsolo, minerais... a terra é uma casa autossuficiente na qual os
moradores têm à disposição tudo o que seja verdadeiramente necessário para se
viver com folgas e sobras.
A ordem divina ali
descrita é para que o ser humano desfrute dessa “terra”. E a ideia de “ser
humano”, no relato da Criação feito em Gênesis, aponta pata a totalidade da
espécie humana. Não uma seletividade meritocrática de indivíduos privilegiados
ou uma escolha arbitrária de quem manda sobre quem obedece. Muito menos a
imposição do mais forte sobre o mais fraco. Não! Trata-se de toda a humanidade
recebendo o dom da vida a ser experimentada plenamente com os recursos da
“terra”.
Tal qual se diz que
“o sol é pra todos”, também entendo e creio que a terra é para todos. Nesse
sentido, ninguém ficaria sem abrigo, sem comida, sem trabalho. Como diria o
mestre: “Quem tem ouvidos pra ouvir, que ouça”. Por fim, nos
perguntamos: Onde, quando e como foi que nós, seres humanos, deixamos de
perceber isso?
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