Quem Deu a Israel o Direito de Negar Todos os Direitos aos Palestinos[1]?'
Sumário
Quem Deu a Israel o Direito de Negar Todos
os Direitos aos Palestinos?'
1. Galeano: Quem Deu a Israel o
Direito de Negar Todos os Direitos?
5. - Exército de Israel se prepara para atacar o
centro de comando do Hamas
6.0. Los
colonos aprovechan la guerra para multiplicar las expulsiones de palestinos en
Cisjordania
7. Estudantes
de Harvard abandonam sala na fala do Cônsul de Israel.
10. QUASE 1
MILHÃO SÓ EM LONDRES, INCLUINDO VÁRIOS JUDEUS, CONTRA O MASSACRE AOS
PALESTINOS
11. Atualizações
Quem Deu a Israel o Direito
de Negar Todos os Direitos aos Palestinos[2]?'
“#Veritas liberabit vos – A verdade vos
libertará” - (Jo.
8, 32)
Sempre que uma crise aguda faz ressurgir essa questão na
mídia, é preciso ficar atento ao mesmo tempo à singularidade do momento e aos
processos de longa duração. Evitar sobretudo supor que houve, em algum tempo,
algo como uma “situação normal”, que teria sido abalada pelos “tumultos”,
“confrontos”, “#bombardeios”, “mísseis”, com o risco de “uma conflagração em
toda a região”… Tentar pensar a Nakba, a “#Catástrofe” ou o “#Desastre” dos
palestinos como algo que perdura. ( Samah jabr – #psiquiatra)
Este título é de um
artigo de #Eduardo Galeano publicado em 2012 quando ele ainda era vivo em mais
um dos cruéis e destruidores ataques das forças armadas sionistas de Israel a
faixa de Gaza sempre com o mesmo argumento a mesma justificativa, a de estar combatendo
o terrorismo do Hamas.
Nós não somos ingênuos
nem neutros, não existe neutralidade na história e na vida, ainda que você diga
e pense que consegue está façanha impossível. O que defendemos é a Verdade. Quem precisa levantar-se dos escombros e dos
corpos despedaçados pelas bombas e manter-se sempre viva é a verdade. Na
verdade, nestas situações é proibido mentir. A verdade é simples: Na
palestina, o Estado sionista é o invasor, o opressor e os palestinos e sua
autoridade palestina os invadidos, oprimidos.
Desde o primeiro século
do calendário cristão, o calendário que tem o nascimento de Cristo como ano 1,
até hoje, ou seja, da diáspora dos hebreus ou seja, de 69-70 depois de
Cristo(d.C.), Israelense-judeus e não judeus que moram naquela terra - palestinos-judeus-muçulmanos-cristãos
– viveram em paz, até a criação do Estado Sionista a partir dos desdobramentos da
segunda guerra mundial no qual houve o holocausto promovido pelo nazifascismo
como é do conhecimento de todos.
Assim que, a Europa e
os Estados Unidos aprovaram a criação do Estado sionista e impediram a criação
do Estado Palestino, a Paz acabou naquele território. Antes mesmo da criação do Estado
Sionista, os sionistas por meio do terrorismo contra tudo e contra todos os
palestinos (crianças, velhos, mulheres homens ...). A diferença é que eles
ainda não tinham forças armadas oficiais e armas para destruir “metade da Ásia”
como tem hoje.
Muito bem, a questão é
simples, a verdade é clara e cristalina. O Estado sionista oprime os
palestinos e os palestinos do Hamas recorrem ao terrorismo como arma de defesa.
O Estado Sionista responde com bombardeios que destroem cidades inteiras e
matam dezenas de milhares de pessoas.
Você pode apoiar Israel
e suas ações de Estado, se quiser, ou pode apoiar os palestinos e suas ações se
assim o decidir. Mas não pode mentir. Nem esparramar mentiras. Ao
defender o Estado sionista você está ao lado do opressor, ao defender a
autoridade palestina e os palestinos você está ao lado do oprimido. O resto é “lorota,
conversa mole, conversa pra boi dormir”, mentiras. Se você quiser utilizar uma
categoria robusta para expressar mentiras históricas bem escritas, pode
escrever ou dizer que o resto são: Narrativas ou seja, mentiras bem escritas
e viralizadas pelos meios de comunicação oficiais no mundo todo.
Por isso, resolvemos
fazer esta publicação. Abaixo você vai encontrar uma série de notícias,
artigos, imagens e links para acessar vídeos, que vão te ajudar a encontrar
os argumentos para defender e solidificar sua escolha. Quer seja ela pela mentira
ou quer seja como a nossa opção, pela verdade. Você estará bem servido.
Boa leitura.
1.Galeano: Quem Deu a Israel o Direito
de Negar Todos os Direitos?
Para justificar-se, o
terrorismo de estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe pretextos. Tudo
indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com
os terroristas, acabará por multiplicá-los.
Desde 1948, os
palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem
permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo.
Nem sequer têm direito a eleger seus governantes. Quando votam em quem não
devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma
armadilha sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições em 2006.
Algo parecido havia ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas
eleições de El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má
conduta e, desde então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia
é um luxo que nem todos merecem.
São filhos da
impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em
Gaza, disparam com desajeitada pontaria sobre as terras que foram palestinas e
que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à margem da loucura suicida,
é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem
nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há
muitos anos, o direito à existência da Palestina.
Já resta pouca
Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os colonos invadem, e
atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam a
pilhagem, em legítima defesa.
Não há guerra agressiva
que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que a
Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque
invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel devorou outro
pedaço da Palestina, e os almoços seguem. O apetite devorador se justifica
pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de
perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinos à
espreita.
Israel é o país que
jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, que nunca
acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis
internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de
prisioneiros.
Quem lhe deu esse
direito, Israel?
Quem lhe deu o direito de negar todos os
direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança de
Gaza? O governo espanhol não conseguiu bombardear impunemente o País Basco para
acabar com o ETA, nem o governo britânico pôde arrasar a Irlanda para liquidar
o IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna
impunidade? Ou essa luz verde provém da potência manda chuva que tem em Israel
o mais incondicional de seus vassalos?
O exército israelense,
o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata
por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”, segundo o
dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”,
três são crianças. E somam aos milhares os mutilados, vítimas da tecnologia do
esquartejamento humano, que a indústria militar está ensaiando com êxito nesta
operação de limpeza étnica.
E como sempre, sempre o
mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos mortos, um israelense. Gente
perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos de manipulação,
que nos convidam a crer que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas
palestinas. E esses meios também nos convidam a acreditar que são humanitárias
as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã
foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.
A chamada “comunidade
internacional”, existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e
guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos adotam
quando fazem teatro?
Diante da tragédia de
Gaza, a hipocrisia mundial se ilumina uma vez mais. Como sempre, a indiferença,
os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as
posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.
Diante da tragédia de
Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E como sempre, os países
europeus esfregam as mãos. A velha Europa, tão capaz de beleza e de
perversidade, derrama alguma que outra lágrima, enquanto secretamente celebra
esta jogada de mestre. Porque a caçada de judeus foi sempre um costume europeu,
mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinas, que
também são semitas e que nunca foram, nem são, antissemitas. Eles estão
pagando, com sangue constante e sonoro, uma conta alheia.
1. Novo
documento vazado sobre plano para expulsar a população de Gaza (Por Joe Lauria
( 31 de outubro de 2023)[3]
Palestinos inspecionam os danos após um ataque
aéreo israelense na área de El-Remal, na cidade de Gaza, em 9 de outubro de
2023 (Naaman Omar apaimages/Wikimedia Commons)
O documento do
Ministério da Inteligência está a ser minimizado pelas autoridades israelitas,
que afirmam que o mesmo não está a ser considerado activamente enquanto a
operação terrestre estiver em curso. O documento foi publicado pela
primeira vez em hebraico pelo site de notícias Sicha Mekomit. A
sinopse do artigo diz:
“Um documento em nome
do Ministério da Inteligência, cujo conteúdo completo é publicado aqui pela
primeira vez, recomenda a transferência forçada da população da Faixa de Gaza
para o Sinai de forma permanente e apela a que a comunidade internacional seja
aproveitada para o mover. O documento também sugere a promoção de uma
'campanha dedicada' para os residentes de Gaza que os 'motivará a concordar com
o plano'”.
A fonte do site de
notícias disse que “o pessoal do Ministério apoia estas recomendações”, mas que
elas “não são baseadas na inteligência militar” e são usadas apenas como “uma
base para discussões no governo”.
2.1 - Times de
Israel relatou:
“O documento está a ser
minimizado por funcionários do governo, com o Gabinete do Primeiro-Ministro a
dizer ao Haaretz que representa 'pensamentos iniciais' sobre a questão, que
atualmente não está a ser considerada pelas autoridades focadas no esforço de
guerra e nem no dia seguinte.
O documento, datado de
13 de Outubro, apela à transferência da população civil para cidades de tendas
no norte do Sinai e, eventualmente, à construção de cidades permanentes e à
abertura de um corredor humanitário. O plano inclui uma zona tampão ‘estéril’
de vários quilómetros de largura dentro do Egipto, para garantir que a
população não possa estabelecer-se nas fronteiras de Israel.”
Segundo Sicha
Mekomit, o documento diz: “As mensagens [aos habitantes de Gaza]
deveriam girar em torno da perda da terra, ou seja, deixar claro que não há
mais esperança de retornar aos territórios que Israel ocupará em num futuro próximo…
A imagem deveria ser ‘Alá garantiu que vocês perdessem esta terra por causa da
liderança do Hamas – não há escolha senão mudar-se para outro lugar com a ajuda
dos Seus irmãos muçulmanos.”
É uma mensagem cínica
ao extremo vender um crime
contra a humanidade a uma população totalmente
desesperada. “O termo 'transferência forçada' descreve a deslocalização
forçada de populações civis como parte de uma ofensiva organizada contra essa
população. É um crime contra a humanidade punível pelo Tribunal Penal
Internacional (TPI)”, segundo o Instituto de Informação Legal da Faculdade de
Direito Cornell. O TPI está actualmente a investigar possíveis crimes de
guerra e crimes contra a humanidade em Israel e na Palestina.
De acordo
com Sicha Mekomit, o governo israelita está bem ciente
dos danos internacionais à reputação de Israel que resultariam da implementação
de tal plano pela força:
“Afirma-se [no
documento] que se a população de Gaza permanecer na Faixa, haverá 'muitas
mortes árabes' durante a esperada ocupação de Gaza, e isso prejudicará a imagem
internacional de Israel ainda mais do que a deportação da população. Por
todas estas razões, a recomendação do Ministério da Inteligência é promover a
transferência permanente de todos os cidadãos de Gaza para o Sinai.”
De acordo
com o The Washington Post, o Egipto e os Estados Unidos
discutiram formas de evitar que a população palestina seja forçada a sair de
Gaza. De acordo com a leitura de um apelo da Casa Branca, os líderes dos
EUA e do Egipto “discutiram a importância de proteger as vidas dos civis, do
respeito pelo direito humanitário internacional e de garantir que os
palestinianos em Gaza não sejam deslocados para o Egipto ou qualquer outra
nação”.
A maioria dos
habitantes de Gaza já são refugiados ou descendentes de refugiados que foram
expulsos das suas casas por Israel em 1948, na violenta criação do Estado de
Israel.
-Egito…….
“A questão do 'dia
seguinte' não foi discutida em nenhum fórum oficial em Israel , que neste
momento está focado na destruição das capacidades governamentais e militares do
Hamas,”…
O documento, datado de
13 de Outubro, apela à transferência da população civil para cidades de
tendas no norte do Sinai e, eventualmente, à construção de cidades
permanentes e à abertura de um corredor humanitário . O plano
inclui uma zona tampão “estéril” de vários quilómetros de largura dentro
do Egipto , para garantir que a população não possa estabelecer-se nas
fronteiras de Israel.
O plano assinala
prováveis problemas de legitimidade internacional ,
mas justifica a medida formulando-a em termos de uma solução para
uma população refugiada que procura abrigo da guerra. Alega que
tal transferência forçada também serviria como um aviso ao
Hezbollah , presumivelmente como aquilo que Israel poderia forçar no
sul do Líbano , uma área anteriormente ocupada pelos militares israelitas
de 1982 a 2000.
O documento também
inclui duas outras opções, importar o controlo da Autoridade Palestiniana
para a Faixa ou apoiar um regime local, mas rejeita ambas como
problemáticas por várias razões, incluindo o facto de não servir como elemento
dissuasor para atacar Israel.
3.
Palestina: resistência como terapia
Imagem 1
3.1 - Um espectro ronda
o mundo, o da Palestina.[4]
Conversa com Samah Jabr, psiquiatra e
psicoterapeuta palestina
(May 21, 2021)
Essa entrevista com uma
psiquiatra e psicoterapeuta palestina, que vive em Jerusalém e trabalha na
Cisjordânia, pode contribuir para tanto. Samah Jabr publicou centenas de textos
e artigos de análise sobre a ocupação e a sociedade palestina, insistindo sobretudo
na impossibilidade de separar os níveis de compreensão psicológico e político.
Ela lembra que “a Nakba não é um evento histórico passado, mas um processo que
se prolonga há mais de 70 anos”…
∞
Os palestinos vivem uma
nova fase de intensificação em sua luta contra a ocupação israelense. Você pode
nos relembrar os elementos disparadores da situação atual e a sequência na qual
ela se inscreve?
Samah Jabr — Sempre houve ataques contra a identidade
palestina jerusalemita. A fase atual corresponde a uma intensificação, para a
qual pode-se distinguir três elementos disparadores…
Primeiro, os israelenses ocuparam a praça diante do Portão de Damasco [1],
impedindo os palestinos de manter uma vida social e cultural naquele espaço. Em
tempos normais, é um lugar muito vivo, convivial, onde há comércio e atividades
culturais… A praça se apresenta como uma espécie de anfiteatro em frente ao
Portão de Damasco. Sempre há vendedores, músicos, dança, pessoas que
simplesmente fazem ali uma pausa para conversar… É também um lugar de
confrontos recorrentes com os israelenses, quando estes decidem expulsar os
comerciantes e as pessoas que estão na praça. No ano passado, os israelenses
mudaram o nome dessa praça que nós chamamos de Bab Al’Amoud em árabe (Portão da
Coluna). Deram-lhe o nome de dois soldados israelenses mortos durante um
confronto com palestinos. Foi um ataque à identidade e aos símbolos do povo
palestino, à vida cultural e social dos palestinos em Jerusalém…
Depois, houve um episódio que se inscreve como uma operação de limpeza étnica,
quando a corte israelense, as autoridades israelenses tentam expulsar
palestinos do bairro de Cheikh Jarrah, na parte oriental de Jerusalém. É um
esquema que se repete na vida dos palestinos… Cheikh Jarrah é um bairro de
localização estratégica. Seus habitantes são refugiados de 1948 [2].
Esse projeto de expulsão sobrevém poucos dias antes da comemoração da Nakba, o
que provoca sentimentos traumáticos em todos os palestinos… Houve muitas
mobilizações, muita solidariedade com Cheikh Jarrah… Recentemente, passei pelo
bairro e fiquei bloqueada por duas horas por conta dos confrontos… Era a
guerra. Houve confrontos muito violentos. O nível de repressão era enorme.
Via-se soldados golpeando manifestantes na cabeça…
Houve também um terceiro gênero de ataque contra as pessoas que vieram rezar na
mesquita Al Aqsa, que é um lugar santo para o Islã. Há mais de um bilhão de
muçulmanos para quem esse lugar é muito importante. Sete milhões de palestinos
muçulmanos têm o direito, teoricamente, de frequentá-lo, mas somente alguns
milhares o conseguem, porque Israel multiplica os bloqueios, as fronteiras, as
interdições, a fim de impedir a maioria de ter acesso ao local. Atacar as
pessoas que apesar de tudo conseguiram vir, e durante a reza, o recolhimento, o
jejum, representa um ataque muito forte contra a identidade palestina e
muçulmana… Tudo isso transtornou os palestinos, notadamente os jerusalemitas.
Com a Covid, e mesmo antes, com os protestos árabes que na maioria terminaram
em golpes de Estado, pensava-se que a Palestina havia sido relegada aos
arquivos do mundo, porém os últimos acontecimentos devolveram o foco sobre a
causa palestina.
3.2 - O que acontece
com a faixa de Gaza?[5]
SJ-
Gaza é o lugar com mais condições de captar as tensões que ocorrem em
Jerusalém. Faz anos que Gaza está sob cerco, marginalizada pelo governo oficial
palestino. Houve guerras e ataques repetidos. Há uma ligação muito forte das
pessoas de Gaza com Jerusalém. No dia 30 de abril, o presidente palestino
Mahmoud Abbas decidiu impedir as eleições (as primeiras eleições nacionais na
Cisjordânia, depois de 15 anos), com o pretexto de que havia confrontos em
Jerusalém… Na verdade ele temia os resultados das eleições, se elas ocorressem
nesse momento… Todas as condições estavam dadas para que houvesse uma reação em
Gaza.
Não se deve interpretar essa reação unicamente a partir do referencial islâmico
dos grupos de resistência. Nos grupos de resistência de Gaza, fala-se de uma
frente. As mais populares são o Hamas e o Jihad islâmico, mas há também grupos
menos conhecidos, cuja orientação política não comporta referência ao Islã —
alguns são de inspiração marxista, outros nacionalistas árabes… E quando se
decidiu desencadear uma resposta, isso foi feito por uma “frente comum das
brigadas”. No seu comunicado, evoca não apenas o ataque contra a mesquita, mas
também a limpeza étnica de Jerusalém oriental. E se referem igualmente aos
eventos no Portão de Damasco… Essa frente conta com pessoas da FPLP (Frente
popular de liberação da Palestina, marxista) e elementos ligados à Fatah (mas
que não são mais considerados membros da Fatah)… É uma frente mais ampla do que
os movimentos islamistas.
Mas a mídia quer fazer crer que se trata apenas do Hamas. Quando houve uma
resposta verbal e política dos grupos de resistência, Netanyahu respondeu: é só
o Hamas que nos interessa em Gaza… Claramente, buscam reduzir o conflito a seus
aspectos religiosos. O que facilita as confusões, permitindo dizer que só se
trata de combater um movimento islamista.
No início, ocorreu essa
expulsão dos habitantes palestinos do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém
oriental, e o projeto de demolir suas casas para construir residência para
colonos judeus… Essa situação foi apresentada pelos israelenses e pelos que retomam
seus discursos como um simples diferendo jurídico ou um contencioso
imobiliário. Para os palestinos, ele se inscreve numa longa história de
despossessões, que não pode ser compreendida senão através dos termos de Nakba
e do “direito ao retorno”. Você poderia lembrar o sentido dessas noções e
explicar como elas intervieram recentemente?
SJ — Nakba é o termo utilizado para descrever os
acontecimentos que precederam o anúncio da independência do Estado de Israel,
atos criminosos de despossessão, expulsão, demolição e massacre, que resultaram
na expulsão de dois terços do povo palestino. Alguns foram expulsos para fora
das fronteiras da Palestina e se tornaram refugiados, outros foram instalar-se
em distintos lugares na Palestina, longe de suas cidades, nos campos de
refugiados. Depois veio a lei israelense de 1950, a lei dita de “absentismo”,
que considera todas essas pessoas como ausentes. O governo israelense se
outorga então o direito de retomar suas propriedades. Ninguém pode, depois
disso, reclamar sua terra ou sua casa.
Por outro lado, é verdade que judeus, durante o período otomano ou o mandato
britânico, portanto antes da Nakba, tiveram propriedades na Palestina. Mas elas
representavam uma percentagem baixa e eram facilitadas pelo mandato britânico.
Ademais, havia um outro sistema de aluguel ou de uso exclusivo: é quando alguém
pode utilizar a terra durante um certo período. Há judeus que chegaram na
Palestina como refugiados e que se aproveitaram desse regime… Hoje no mundo
árabe, com o discurso de normalização, circula a ideia de que os judeus
compraram a Palestina, que eles não a ocuparam. É como dizer, por exemplo, que
se argelinos ou tunisinos compram terras na França, mais tarde a Argélia pode
ocupar a França… É a mesma lógica. Mais seriamente, a Palestina foi ocupada de
maneira planificada, através de uma limpeza étnica, por atos criminosos
perpetrados sobretudo por milícias judias. Sei que é de difícil entendimento,
mas é exatamente como os atos cometidos pelo Daesh na Síria e no Iraque. Eles
recorreram ao terror para que as pessoas deixassem suas aldeias. É assim que a
Palestina foi esvaziada e ocupada. Então, o direito internacional e as Nações
Unidas, que reconheceram o Estados de Israel, também validaram o direito de
retorno aos palestinos. Israel não respeitou esse direito de retorno, como não
respeitou a maioria das decisões das Nações Unidas…
Você trabalha como
psiquiatra e psicoterapeuta na Cisjordâna e em Jerusalém oriental. Em suas
intervenções e publicações, você insistiu na impossibilidade de separar os
aspectos políticos e psiquiátricos no caso da sociedade palestina. Como o
trabalho que você faz há anos permite a você apreender o que está em curso
hoje?
SJ — Há muito a dizer sobre isso… Mas vou falar de um aspecto
particular para ilustrar: a resposta de Gaza, por exemplo. As pessoas, agora,
se engajam na resistência primeiro por razões psicológicas. As considerações
mais importantes são de ordem psicológica. Quando se fala dos palestinos
implicados na resistência, fala-se de resistência popular levada a cabo seja
por jovens de Jerusalém, seja por pessoas que resistem de maneira mais formal,
como em Gaza… As considerações não são financeiras e não seguem um cálculo,
cálculo de vidas perdidas, cálculo de prejuízos econômicos, cálculo de
vantagens possíveis… Não, as razões são psicológicas. Os palestinos são
atacados em sua dignidade e em suas convicções profundas, em sua crença — não
falo de religião institucional, mas da crença em seu direito a essa terra. Por
isso é difícil gerir a resistência do povo palestino. Pois conforme um cálculo
dos riscos, os israelenses não podem esperar uma tal resistência da parte dos
palestinos, pois a diferença é enorme, Israel tem um poder e meios imensos…
Hoje, Gaza se tornou um espaço de guerra sem saída… 160 aviões militares
sobrevoaram a faixa de Gaza. Eles podem demoli-la inteiramente, vimos isto em
2014. Há também uma diferença no número de mortos entre israelenses e
palestinos: em 2014 os bombardeios israelenses mataram mais de 2000 pessoas, ao
passo que do lado israelense houve uma dezena de mortos…
E não obstante, isso continua, esse confronto mortífero para os palestinos…
Pois os aspectos psicológicos são muito importantes. A importância da justiça,
da dignidade humana… Através da resistência, os palestinos retomam sua
capacidade de agir. Eles recusam ser reificados e desumanizados, eles exercem
sua subjetividade… Se não se compreende isso, os atos palestinos parecem
insensatos. Por isso a resistência palestina permanece incompreensível para
muitos poderes, para muita gente que toma decisões na esfera internacional…
Eles pensam que são atos suicidários, que os palestinos trazem a catástrofe
neles mesmos… Mas há aspectos psicológicos decisivos. E é através de uma
resistência conduzida por alguns indivíduos ou grupos, que tem por efeito
reconstruir a humanidade e a dignidade do povo palestino.
É um ponto importante,
este… Na esfera internacional, na maioria dos discursos oficiais e midiáticos,
a atenção se concentra prioritariamente, senão exclusivamente, nos momentos de
crise aguda, como agora. A quais transformações na longa duração corresponde a
explosão atual? O que você pode nos dizer dos diferentes níveis, inclusive os
silenciosos, psicológicos e mentais, em que se desenrola a guerra de baixa
intensidade?
SJ — De maneira geral, toda colonização necessita matar muitos
colonizados. Mas já que ela não se pode matar a todos, ao menos tenta fazê-los
viverem como sombras, sem a capacidade de agir, sem vontade, sem identidade,
sobretudo sem identidade coletiva…
Os israelenses não têm problema algum caso você renuncie a todo sentimento
coletivo, a toda vontade de se exprimir… quer seja um assassinato do corpo, e
você é morto, quer seja um assassinato da consciência, da subjetividade. É o
que acontece a longo termo. É através da intimidação que Israel gere o controle
do povo palestino. E quando há uma crise como esta, é que as pessoas superaram
o sentimento de medo, desafiando a situação.
Palestinos intimidados, esmagados e reduzidos ao silêncio não atrapalham muito.
Mas se começam a afirmar sua identidade, sua esperança de liberação, isso
incomoda muito os israelenses e os chama para ataques brutais… O que acontece a
longo prazo é, pois, a intimidação total dos palestinos. Por exemplo, quando os
palestinos começaram a se mobilizar, a ir até Sheikh Jarrah, à mesquita Al
Aqsa, receberam mensagens através do mesmo aplicativo utilizado para a
prevenção e restrições ligadas à Covid, mensagens de ameaça que diziam: “Você
foi localizado perto de Al Aqsa, você será punido”.
Então há uma espécie de dicotomia: ou você é completamente obediente e sem
subjetividade, ou você corre o risco de morte física. Porque em sua loucura e
em sua ideologia, os israelenses enxergam os palestinos seja como bárbaros e
terroristas, ou como submetidos e desumanizados.
O primeiro ponto, portanto, é essa intimidação permanente, matar a
subjetividade dos palestinos. O segundo ponto, para nós palestinos, que estamos
sempre engajados na resistência (não só nos momentos de crise) é a necessidade
de sair da posição de vítima. Com frequência, é quando muito sangue palestino
foi derramado que há manifestações na esfera internacional. Agora é um momento
um pouco diferente no confronto. Os palestinos exprimem sua capacidade de ação
e chegam a infletir as decisões israelenses.
Meu apelo à esfera internacional é de parar de apoiar os palestinos somente por
sua infelicidade e como vítimas, mas também por sua tenacidade e enquanto
resistentes, por sua vontade de preservar uma dignidade humana e uma capacidade
de agir. É um apelo que não paro de lançar. Pois em muitos países, os
palestinos são vistos ou bem como terroristas, ou como vítimas — é uma outra
divisão, típica das percepções dominantes no plano internacional. Nós não
queremos ser terroristas, nós queremos ser eficazes em nossa vontade de
reencontrar uma subjetividade e mudar nossa situação, recuperar nossa liberdade
individual e coletiva.
Em relação aos efeitos a longo prazo da ocupação entre os palestinos, eu os
constato permanentemente, seja na minha vida cotidiana, seja no meu trabalho de
psiquiatra. A ocupação tem consequências traumáticas consideráveis sobre os
palestinos, que não correspondem exatamente à descrição da síndrome
pós-traumática dos manuais de psicologia ocidentais.
Pois como eu o expliquei várias vezes, para os palestinos, as causas objetivas
do trauma não desaparecem, elas estão sempre presentes e se agravam. Os
palestinos são permanentemente ameaçados, reprimidos, expulsos, presos ou
massacrados pelos israelenses… Desse ponto de vista, a Nakba não é um evento
histórico passado, mas um processo que se prolonga há mais de 70 anos. Se fosse
preciso fazer uma comparação, esse tipo de traumatismo se parece àquele de
mulheres ou crianças vítimas de estupro ou de violência doméstica ou conjugal,
forçadas a continuar a viver com seus agressores. [3]
Há um nível de depressão e de angústia muito importante, assim como um
sofrimento social difuso. Mas faço questão de dizer que não se deve rapidamente
patologizar a experiência dos palestinos, pois esses distúrbios correspondem a
uma realidade objetiva, que é a da ocupação. A angústia, o luto, a depressão
podem ser reações a eventos graves — perda de um próximo, destruição da casa,
episódio violento…
Eu trabalho entre outros com os Médicos sem fronteiras, na ajuda às vítimas de
violências políticas, especificamente. O sofrimento causado pela ocupação não
diz respeito apenas aos indivíduos, mas aos elos e às relações entre
indivíduos. Se não há resistência, a sociedade interioriza o sentimento de
opressão e desenvolve uma desconfiança entre seus membros, que sofrem uma baixa
no nível de autoestima e da confiança em si… As pessoas entram em competição
para conseguir se tratar nos hospitais israelenses, pois não há mais lugar… São
também condições criadas pela ocupação, que abalam a confiança coletiva. Alguns
acabam aceitando a impotência e a condição de vítima…
A meu ver, a resistência contribui para corrigir e reparar todos esses efeitos.
Ela devolve uma parte de dignidade e confiança em si, mesmo que não consiga
atingir seus objetivos. Como diz um ditado árabe: “O essencial para o homem é
avançar no caminho, não atingir o alvo”.
Portanto, para voltar à
questão do « cálculo », creio que ele obedece a uma lógica do tipo econômico,
uma lógica do businness… mas para reencontrar a justiça e a dignidade, esse
tipo de cálculo não funciona. Há um outro tipo de cálculo, uma outra lógica,
onde o espiritual, o simbólico, o psicológico ganham muita importância.
Você mesma é habitante
de Jerusalém oriental. Você poderia nos contar como confrontou pessoalmente a
ocupação?
SJ — Como todos os habitantes árabes de Jerusalém, sou cidadã de
lugar nenhum. Meus documentos oficiais não me dão acesso a cidadania alguma.
São como a obtenção de uma permissão provisória para um estrangeiro que mora na
França. Já é uma privação importante, que desemboca numa situação onde a gente
se sente ameaçado permanentemente…
Além disso, a maioria dos jerusalemitas são muito pobres. Muitos não podem
viver em Jerusalém por causa da situação econômica e da falta de espaço. Para
os palestinos, continuar a viver em Jerusalém representa um combate permanente.
Eu fiz uma escolha difícil, pois mesmo vivendo em Jerusalém, decidi não
trabalhar com as instituições israelenses. Assim, trabalho na Cisjordânia e do
ponto de vista econômico é uma opção difícil.
E, claro, tendo
crescido em Jerusalém, pude observar os efeitos da ocupação, sobretudo o modo
pelo qual os homens são humilhados nas ruas pela polícia e pelos soldados
israelenses, revistados de um modo que os desviriliza. Falo especificamente de
homens, pois constato que eles são mais visados nas interações cotidianas com o
ocupante. Mas, certamente, isso pode acontecer com qualquer pessoa árabe em
Jerusalém.
Por fim, minha família e eu acabamos de comprar um apartamento em Jerusalém.
Começamos os trâmites em 2003 e só há três meses conseguimos completar a
aquisição. Consumiu o trabalho e as economias de meus pais e minhas.
Em contrapartida, ao lado de nosso bairro de Shuaffat, há uma colônia que se
chama Ramat Shlomo e que durante os últimos anos expandiu-se de maneira
inacreditável… Quando se vê a velocidade da construção das colônias israelenses
e a falta de moradia para os palestinos, assim como os obstáculos para ter
acesso a ela, é alucinante. Os jerusalemitas se defrontam com isso diariamente
e são submetidos a todo tipo de restrições econômicas, jurídicas,
administrativas — que no fundo são de ordem política — para ter acesso à
propriedade.
Minha família teve a
sorte de conseguir, mas é o caso de muito pouca gente. E a geração que vem,
meus sobrinhos e sobrinhas, por exemplo, não terão os meios para viver em
Jerusalém. E é preciso saber que eu trabalho enormemente. No meio psi
palestino, chamam-me de “the shark” (risos). Tenho vários trabalhos
simultâneos, há anos, para economizar e ter alguma autonomia financeira, por
todas essas razões…
A colônia de Ramat Shlomo foi construída na zona de Shuaffat. A fase de
construção foi extremamente rápida e essa colônia se expandiu a ponto de
absorver todo o bairro. Desde o início da ocupação, em 1967, o que fizeram os
israelenses? Primeiro, tomaram dez por cento das terras da Cisjordânia vizinhas
de Jerusalém, que eles consideram como a “capital eterna de Israel”. Em segundo
lugar, a zona onde viviam os árabes preservava uma conexão geográfica. Mas os
israelenses construíram colônias que romperam essa continuidade, o que criou
restrições suplementares no deslocamento dos árabes, que já não podem passar na
vizinhança dessas colônias. Por exemplo, entre meu bairro de Shuaffat e Sheikh
Jarrah, há duas colônias: Ramat Shlomo e a Colina Francesa. É isso que suscita
a cólera dos palestinos em Jerusalém.
A ocupação produz,
entre outras, uma fragmentação do povo palestino (entre palestinos da
Cisjordânia, de Gaza, de Jerusalém, palestinos de 48 — assim são chamados pelos
ocupantes os árabes israelenses) ou ainda os palestinos da diáspora… Em que
medida o levante atual consegue colocar em xeque essa divisão? Penso sobretudo
na participação dos palestinos de 48 nos protestos, já que em geral eles são os
menos implicados no confronto com os ocupantes…
SJ — Sim, é verdade, Israel planejou um sistema de fragmentação
muito eficaz contra o povo palestino. Em um momento como esse, o sistema não
funciona e os palestinos se juntam. É por isso que Gaza interviu para revidar
aos ataques contra os jerusalemitas, ao passo que o poder oficial palestino não
o fez, ainda que, segundo a geopolítica oficial, Jerusalém faça parte da
Cisjordânia e deveria ser protegida pela autoridade palestina. Porém o mais
importante, dessa vez, é a intervenção dos palestinos de 48. Creio que a
presença de alguns deles por ocasião do ataque contra a grande mesquita
contribuiu para mobilizar muita gente. Mas é também porque isso aconteceu pouco
antes da comemoração da Nakba, então mexeu com feridas antigas para muitos
palestinos de 48. É um momento muito importante na sua repolitização. E sim,
acho que Israel tentou neutralizá-los, intimidá-los severamente, para que não
pudessem intervir efetivamente quando ocorriam confrontos na Cisjordânia e em
Gaza. Sempre houve sentimentos de simpatia, mas não atos. Pois os atos eram
punidos severamente. Conheço muitos colegas médicos, palestinos de 48 ou de
Jerusalém, que trabalham no sistema israelense e que correm o risco,
atualmente, de perderem seu emprego por terem exprimido sua opinião sobre o que
acontece. Além disso, tenho pacientes que são de Jerusalém ou de 48, que
efetivamente perderam seu trabalho por suas posições no Facebook, ou por terem
participado de manifestações. Alguns deles expressam suas posições ou seu
ativismo há anos. Durante esse tempo, não puderam trabalhar entre os
israelenses, pois para tanto é exigido um “atestado de boa conduta e de bom
comportamento” obtido junto à polícia!
Há jovens jerusalemitas que não podem viajar nem obter um trabalho porque
alguma vez durante a vida expressaram seu ativismo. É uma outra maneira de
intimidar, de reduzir, de monitorar, de controlar os comportamentos e atacar as
subjetividades. Intervir na vida das pessoas, ameaçando seu trabalho ou seus
meios de subsistência. Além disso, nos confrontos atuais na Palestina de 48,
vimos ataques monstruosos e cruéis. Em Tel Aviv, vimos 80 judeus golpeando um
palestino no chão, e continuaram a bater… Isso chocou mesmo certos israelenses.
As autoridades israelenses tentaram passar a versão de que se tratava de uma
briga entre jovens. Só que esses ataques aconteceram sob os olhos de soldados e
policiais, que não interviram. Há uma cumplicidade entre os colonos e os
soldados. Ao mesmo tempo, enquanto Netanyahu pede a seus soldados para acalmar
os confrontos na Palestina de 48, ele se apressa em agregar que eles não devem
temer as comissões de inquérito… Está tudo dito! É a mensagem que é transmitida
aos soldados. Pode-se imaginar como os colonos vão interpretá-la. Eles concedem
impunidade total a essas pessoas para exercerem sua crueldade e selvageria.
O conflito atual pode
trazer de volta à ordem do dia a questão do direito de retorno dos palestinos?
Mais geralmente, há perspectivas para os palestinos no plano jurídico?
SJ — No plano jurídico israelense, certamente não. Porque
ocupando a Palestina, Israel criou um arsenal de mecanismos que serve à
ocupação. O sistema jurídico israelense está organizado para impedir que o
sistema internacional seja aplicado a favor dos palestinos, para impedir por
exemplo o respeito aos acordos de Genebra. Segundo esses acordos, Israel não
tem direito de povoar uma zona ocupada, é por isso que as colônias são ilegais
aos olhos do direito internacional. Mas o sistema jurídico israelense o permite.
Os eventos atuais recolocam no centro do debate este aspecto da causa
palestina. Citaram três eventos, Cheikh Jarrah, o portão de Damasco e o ataque
à mesquita de Al Aqsa. Mas não são senão etapas, limiares, graus de um processo
lento que vem ocorrendo o tempo todo em Jerusalém. Há permanentemente ataques
contra a identidade palestina. Por exemplo, desde longa data os israelenses
criaram leis que impedem ou limitam a reunificação familiar. Se você é um
palestino de Jerusalém e casou com uma mulher de Ramallah, você não tem o
direito de viver com ela em Jerusalém. Se você se instala em Ramallah e tem
filhos que nasceram ali, eles não são jerusalemitas, e nunca poderão viver em
Jerusalém. Como disse antes, há ataques permanentes, em todos os níveis, contra
os palestinos de Jerusalém. A última sequencia de episódios foi como um
despertar, um apelo aos palestinos para erguer a cabeça, reencontrar sua
identidade, se repolitizar, mas também um lembrete à comunidade internacional
sobre o que ocorre na Palestina. Esses acontecimentos ocorreram durante o mês
do Ramadan, quando se suporia que os muçulmanos estivessem mais atentos ao que
acontece. Quando se fala de Cheikh Jarrah, ou do que ocorre no portão de
Damasco, é a identidade árabe e muçulmana que é visada.
Então, em relação à sua pergunta, sim, o direito ao retorno é importante. Mas a
questão não é só essa. É muito importante, mas há questões mais contemporâneas
e agudas que precisamos enfrentar. A Nakba aconteceu antes de 48, quando não
havia internet, nem um tal acesso à informação… Mas agora todo mundo pode
saber. O fato de Israel se aproveitar da impunidade para fazer o que fez nos
anos 30 e 40 na Palestina dá uma imagem insuportável, tanto da impunidade
israelense quanto da capitulação ou cumplicidade internacional. Deixam Israel
fazer o que bem entende mesmo podendo assistir ao vivo o que acontece. Vale
lembrar que Instagram e Facebook impediram a difusão dos testemunhos e das
campanhas “Salvem Sheikh Jarrah”…
Você falou da
consciência árabe e muçulmana, da identidade árabe que é atacada e deve
despertar. Mas você não acha que o apelo à solidariedade internacional, em uma
fase como essa, deve ultrapassar a diferença entre árabes e muçulmanos
(supostos mais próximos da questão palestina por razões políticas, históricas
ou religiosas, ou outras) e outros povos ou categorias identitárias? Pessoas da
França, por exemplo, poderiam se perguntar por que você invoca a identidade
árabe e muçulmana, e não mais geralmente uma revolta humana ou outras formas de
solidariedade coletiva diante do que acontece?
SJ — Há
várias camadas e não se pode eliminar o ataque contra a identidade muçulmana e
a identidade árabe. Não se pode fingir que não se trata de uma guerra étnica
contra os palestinos. Mas há também uma violação grave dos direitos humanos, e
todos os povos que viveram a colonização sabem exatamente do que eu falo. Claro
que há camadas de injustiça que superam esse aspecto, de violação dos direitos
humanos, etc.. Mas não se pode elidir a vontade de negação e o desprezo
colonial, esse desprezo de Israel em relação à identidade cultural do povo
palestino que acontece ser também árabe-muçulmano. Mas que
poderia ser outra coisa.
De minha parte, é
importante precisar que se trata de um momento de despertar, justamente porque
houve uma aproximação entre quatro regimes árabes com Israel: Marrocos,
Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Sudão… O pretexto dos Emirados é que através
dos tratados de paz e dos acordos firmados, pode-se sem contradição normalizar
as relações com Israel e apoiar os palestinos. É o pretexto invocado pelos
dirigentes frente a seus povos. Mas os eventos expõem seu nível de mentira. Por
isso insisto no aspecto árabe-muçulmano. Qualquer colonização, para se
desdobrar, precisa desprezar, esmagar, negar a identidade cultural do
colonizado. É o que os israelenses fazem com os palestinos. E isso deve atingir
não só os palestinos, mas também aqueles que compartilham com eles essa
identidade cultural. Porém há uma outra camada de violação dos direitos
humanos, da injustiça. Claro que se convoca todo mundo a ser solidário com os
palestinos e a utilizar esse momento para criar o máximo de politização contra
esse colonialismo do povoamento. Pois é um nível de ocupação e de colonização
especial, onde expulsam os indígenas de seu território para povoá-lo de
colonos. É um nível de colonização maior, muito mais grave do que aquele que
alguns se representam pelos termos de apartheid ou mesmo de colonização…
Na França, como em
outros países, muitos têm dificuldade em entender a dimensão religiosa e
simbólica do conflito. Com frequência isso é usado para reduzir o conflito a
uma guerra religiosa, sugerindo uma falsa simetria e remetendo ambas as partes
a posições polarizadas — isso quando não se associa os palestinos à imagem do
terrorismo islamista… Sem reduzir, evidentemente, as causas diversas da
sublevação palestina a essa dimensão, qual é o sentido simbólico e religioso
dos lugares santos no conflito?
SJ — Como disse antes, o aspecto ligado à crença e ao simbólico
é muito importante, mas não é tudo… Jerusalém, para muitos, é também o bairro,
o lugar de vida. A mesquita de Al Aqsa, para muitas crianças palestinas, é...
Eu, por exemplo, ia lá fazer pique-nique com minha avó quando criança.
Portanto, para nós é também um lar, uma casa. Há muitas coisas que não se
reduzem à dimensão religiosa e simbólica. É nossa geografia, é lá que
crescemos, não se pode minimizar essas coisas. Evoquei há pouco a vida perto do
Portão de Damasco. Há uma canção que faz disso uma bela descrição, que evoca a
vendedora de café e outras comerciantes emblemáticas: Bab Al-Amoud, de Maggie
Youssef [4]… Ela mostra que o Portão de Damasco não tem apenas um valor
pessoal, individual, uma ligação para certas pessoas em particular. Ele tem
algo de bonito e sagrado para todos nós, ele está presente em nossas canções,
nossos provérbios, faz parte de nossas referências, é um lugar que tem algo de
arquetípico para nós todos.
Tudo isso faz parte da
identidade individual e coletiva dos palestinos, e também de outros fora da
Palestina. E para nós, palestinos, como sabemos de que maneira Israel roubou
nossa terra e impediu a maioria de nós de aceder a nossos lugares, há esse sentimento
de responsabilidade pelos jerusalemitas, o dever de preservar a identidade do
lugar, de velar pela parte histórica, simbólica e religiosa do lugar.. Conheço
muita gente que não é crente, ou praticante, gente que toma drogas, que não vai
à mesquita, mas que defendeu Al Aqsa. Eles participam das manifestações,
defendem os religiosos que vão a Al Aqsa porque isso faz parte de sua
identidade cultural. Quero dizer também que quando há muito poucas coisas
tangíveis, acessíveis para os palestinos, quando há muitas privações, aí o
simbólico toma uma dimensão mais importante. Claro, o símbolo é importante para
todo mundo, mas sobretudo quando há privação dos direitos essenciais.
Mísseis foram lançados
desde Gaza, aos quais sucederam bombardeios israelenses, que provocaram dezenas
de mortos e muitas centenas de feridos. [5]. O confronto tende a ser
recodificado nos termos das últimas crises, notadamente a de 2014… Parece que
Netanyiahu e os dirigentes israelenses estão mais aptos a gerir esse esquema,
em termos de comunicação internacional, e de política interior, do que um
levante da juventude jerusalemita…
Essa militarização foi
estrategicamente pertinente para os palestinos? Será que não houve uma operação
de sufocamento ou de desvio da dimensão insurrecional, fora de controle e
popular, do levante, que talvez fosse mais incômoda para Israel do que um confronto
com as forças armadas da resistência em Gaza?
SJ — Isso nos remete à questão do cálculo. Eu expliquei porque
não se pode aplicar um cálculo de riscos, ou um mero esquema de
custo/benefício, pois há motivos psicológicos muito importantes. Na realidade,
mesmo se fazemos o cálculo, eu diria que é só quando os israelenses começam a
ficar incomodados com a repercussão na comunidade internacional que eles
apreendem a amplitude do que acontece em Jerusalém. Quando havia confrontos
cotidianos, na mídia americana, por exemplo, havia muito pouca coisa sobre os eventos
no Portão de Damasco e em Cheikh Jarrah. Instagram e Facebook impediram a
difusão dos testemunhos… Quando os palestinos protestavam sem armas, quando
eram reprimidos em manifestações populares, enquanto os soldados israelenses os
golpeavam na cabeça pelas ruas de Jerusalém, não se falava disso… Foi só quando
os israelenses começaram a sofrer danos e o aeroporto de Lod fechou é que o
mundo começou a prestar atenção. As Nações Unidas se mexem para fingir que
estão fazendo alguma coisa… Cada dirigente se sente, subitamente, obrigado a
fazer alguma declaração sobre os acontecimentos… Estamos acostumados com isso..
E depois, penso que se não tivesse ocorrido a intervenção de Gaza, os
palestinos não teriam podido rezar na grande mesquita. E a corte israelense não
decidiria um adiamento sobre Cheikh Jarrah — eles deveriam publicar sua decisão
até o dia 10 de maio. Então, Israel pode conter toda resistência popular e o
mundo pode continuar a fingir que não viu e não ouviu nada... É só quando
Israel começa a viver uma pressão que isso atrai a atenção sobre o que ocorre.
E claro, Israel pode utilizar as mesmas máquinas midiáticas, a mesma propaganda
para diabolizar a resistência em Gaza.. fez isso muitas vezes, mas não se pode
negligenciar o fato de que depois de cada ataque contra Gaza, a resistência se
torna mais forte, quando o pretexto dos vários ataques israelenses era de
eliminá-la. Por outro lado, como eu disse, a resistência de alguns indivíduos
ou grupos palestinos restabelece o sentimento de um coletivo eficaz que tem a
capacidade de agir. Isso humaniza os palestinos, embora todos os discursos
estejam prontos para diabolizar ao máximo a resistência.
Nós, palestinos, não compartilhamos da opinião internacional sobre a
resistência palestina. Não podemos compartilhar essa opinião porque temos uma
experiência uma experiência direta da vida aqui. E apesar das reservas que
possamos ter sobre a política dos diferentes grupos e facções na Palestina,
penso que há um consenso sobre a importância da resistência, de todas as formas
de resistência do povo palestino. Pois afinal, as Nações Unidas, os regimes
árabes, os democratas no mundo não são capazes de proteger o povo palestino. É
só a resistência palestina, de formas variadas, que pode ajudar os palestinos e
reconstruir sua dignidade e sua humanidade.
Última coisa que quero dizer com relação à resistência: penso que todas as
formas de resistência são permitidas. A resistência para um povo ocupado é um
direito humano, é mesmo um dever. E quando e como escolher tal ou qual forma de
resistência é uma questão à qual só os palestinos devem responder. Cabe a nós
decidir qual forma privilegiar, e quando podemos fazê-lo.
Ultimamente, vimos
vários países árabes normalizarem suas relações com Israel ou se aproximarem
dele diplomaticamente. Comentou-se que a questão palestina havia perdido sua
centralidade. Com a ausência de um apoio estatal forte, no mundo árabe ou
alhures, e o descrédito de seus governantes, a luta dos palestinos aparece cada
vez mais como uma sublevação popular que não se deixa codificar somente nos
termos de uma pertinência identitária (árabe ou islâmica), das guerras de
facções internas ou das rivalidades geopolíticas… Isso pode constituir uma
vantagem paradoxal, face à superioridade militar israelense?
SJ — Penso
que é ao mesmo tempo o ponto de fraqueza e de força para os palestinos. De um
lado, o suporte à resistência palestina vinda de uma fonte difusa, não oficial,
impede de a reduzir pelas cooptação, corrupção ou a intimidação. Haverá sempre
uma renovação, é a força do caráter popular da resistência. É bom que haja um
aspecto popular, que não seja uma resistência financiada por Estados, pelos
Emirados por exemplo ou pela Arábia Saudita… assim os regimes não podem reduzir
a resistência através da chantagem ou pela intimidação. Haverá sempre novos
resistentes, jovens que enfrentam os israelenses, nos campos de refugiados, na
cidade velha de Jerusalém, por toda parte na Palestina. Mas, de outro lado,
falta uma liderança decente, apta a exprimir as expectativas do povo palestino,
a desenvolver essa resistência e transformar o momento a fim de realizar
objetivos políticos…
Você diz que falta uma
liderança… Ao mesmo tempo, quando se olha o que aconteceu nesses últimos anos,
vê-se que houve sublevações por toda parte, revoltas, notadamente antes da
crise da Covid.. Na maioria dos casos, observou-se uma crise de liderança, uma
crise da representação política… Hoje há uma repressão sangrenta em várias
cidades da Colômbia, por exemplo, que lembra a sequência de 2019, quando das
revoltas em Hong Kong, no Chile, em Honduras, na Argélia, no Iraque, no Líbano.
Isso lembra as revoltas árabes a partir de 2011. Mais recentemente, houve os
protestos nos Estados Unidos, depois do assassinato de George Floyd… E em todos
os casos, foram grandes levantes populares e difusos, que deixaram de lado os
partidos, os grupos identificados, a pertinência política instituída ou mesmo
geopolítica… Há uma desconfiança em relação à liderança e tem-se a impressão
que é um pouco o que aconteceu na Palestina no começo da sublevação em
Jerusalém oriental. Foi também o caso no início com a marcha do retorno de 2018,
que não foi enquadrada por um grupo ou partido. Assim, mesmo que a situação dos
palestinos decerto seja muito específica, será que essas semelhanças entre
modos de contestação que escapem a toda forma de liderança não pode dar lugar a
novas solidariedades, novas ressonâncias, novas perspectivas de luta para os
palestinos?
SJ — Sim,
creio que há um aspecto universal que reencontramos na luta palestina contra a
ocupação. Esta pode inspirar muita gente no mundo e inversamente, os palestinos
podem aprender muito das lutas de outros povos colonizados, ocupados ou
reprimidos, outros povos que sacrificaram muito pela justiça e contra a
opressão. Penso que a situação contemporânea permite apoiar-se nessas revoltas
populares sobretudo quando não se tem uma liderança que exprima nossas
esperanças.
Minha crítica visa
sobretudo os dirigentes oficiais palestinos. Estes não exprimem as esperanças e
a vontade do povo palestino e momentos como este permitem a emergência de
outras opções políticas, outros possíveis, outros líderes políticos mais aptos
a representarem os palestinos…
Eu sustento que a ocupação faz de tudo para impedir um processo democrático na
Palestina. Israel teve quatro eleições em menos de um ano e meio, e impediu a
primeira eleição que devia ocorrer na Palestina depois de quinze anos sem
eleições… Eis o enorme desequilíbrio entre os dois lados.
Seja pela escolha da
liderança ou das modalidades de resistência, os palestinos devem poder decidir…
Evidentemente, sou favorável a uma discussão, um debate, argumentos sobre os
meios de resistência para os palestinos. Mas isso deve ser feito entre palestinos,
entre todos os palestinos em seus bolsões geográficos criados pela ocupação, e
também fora da Palestina. Não cabe aos dirigentes de outras nações, nem a
líderes que não foram escolhidos democraticamente, decidir no lugar do povo
palestino.
Mas a solidariedade
internacional é muito importante. Sobretudo para aqueles que vivem em países
democráticos possam saber que o fato de serem solidários pode ajudar os
palestinos. Podem ao menos contribuir para a sobrevivência da identidade
palestina, e, portanto, criar embaraço nos israelenses, impedir que Israel goze
de uma ocupação tranquila… Ademais, a solidariedade internacional tem um efeito
terapêutico para o trauma coletivo dos palestinos. Ela exprime uma validação de
sua humanidade, de sua subjetividade e de sua capacidade de agir, um
reconhecimento de sua experiência e de seus sentimentos. Ela traz à tona sua
narrativa e ainda ajuda os palestinos a deixar o estatuto de vítima e se
tornarem agentes de mudança…
Os palestinos fazem
parte do mundo, não vivemos sós. A solidariedade internacional contribui para
um militantismo global e mútuo contra as diferentes formas de opressão.
Com o que acontece
agora, qual seria para você o melhor roteiro possível? Como você imagina a
liberação da Palestina?
SJ — (Risos…)
Creio que este momento é a oportunidade de uma repolitização, para os
palestinos e aquelas e aqueles que apoiam a Palestina. É um momento que,
espero, vai constranger os regimes oficiais, no mundo árabe mas também na
esfera internacional, que são hipócritas e permitem que as crianças de Gaza
continuem a perder a vida para aliviar a culpa europeia pelos massacres
perpetrados contra os judeus durante o período nazista. Espero que essa mudança
de consciência fará com que Israel preste contas pelos atos cometidos e mude o
status quo, que permita aos palestinos tornarem-se soberanos e mais livres.
Creio que é a oportunidade para uma renovação política na Palestina, pois a
Palestina não é estéril a ponto de ter que aceitar a liderança atual… Se a comunidade
internacional para de intervir negativamente na agenda política do povo
palestino, este é capaz de fazer advir pessoas que expressem melhor suas
esperanças de liberdade e de libertação.
Conversa ocorrida em 14
de maio de 2021 (Publicado em lundimatin#288 no dia 17 de maio
de 2021)
Imagem 3.
https://medium.com/n-1-edi%C3%A7%C3%B5es/palestina-resist%C3%AAncia-como-terapia-d9f0ede71416
4. imagem
que fala por si só
5. - Exército de
Israel se prepara para atacar o centro de comando do Hamas[6]
Adriana Moysés, da RFI, destaca que Israel começou
a enviar hoje para a Faixa de Gaza milhares de trabalhadores palestinos que
tinham emprego em Israel ou na Cisjordânia. A revogação dos vistos de trabalho
de 18,5 mil trabalhadores de Gaza tinha sido decidida em 10 de outubro pelo
governo israelense, três dias depois do ataque do Hamas. A ONU está preocupada
com o retorno forçado diante da intensidade dos bombardeios em Gaza. O Exército
de Israel concluiu o cerca Cidade de Gaza.
Campo de Jabalia, maior campo de refugiados de Gaza.
Foto: AFP
6.0.
Los colonos aprovechan la guerra para multiplicar las expulsiones de palestinos
en Cisjordania[7]
Más de 800 personas, sobre todo beduinos, han desmontado sus
precarias aldeas para asentarse en lugares más seguros desde el ataque de Hamás
el 7 de octubre
Un palestino expulsado de Jirbet Zamuta trasladaba el
miércoles sus pertenencias.
7.0 - Sindicato dos trabalhadores em aeroportos na Bélgica organiza
greve para impedir que sejam feitos carregamentos de armas estadunidenses em voos
comerciais com destino a Israel[9].
Sindicato
dos trabalhadores em aeroportos na Bélgica organiza greve para impedir que
sejam feitos carregamentos de armas estadunidenses em vôos comerciais com
destino a Israel. Esta informação foi noticiada em francês, mas
está traduzido ao espanhol neste noticiário. Vamos ajudar a divulgar esta
excelente iniciativa de solidariedade internacional do movimento sindical ao
povo palestino!
7. Estudantes de Harvard abandonam sala na fala do
Cônsul de Israel[10].
Alunos da Harvard Law
School deixam palestra sobre estratégia jurídica para assentamentos - apontado
por estudantes como "crime de guerra"
8. 0 - Bomba atômica em Gaza e dúvida sobre mortes pelo Hamas:
quando as vozes radicais se levantam em Israel[11]
Ministro da ala radical de Netanyahu defende
bomba atômica em Gaza; deputada árabe duvida de estupros e massacres de bebês
pelo Hamas. (Por Sandra Cohen (06/11/2023 14h18 Atualizado há 3 dias)
9.0 - Catástrofe en el mayor
hospital de Gaza: “Necesitamos evacuar ya, pero disparan a todos los que tratan
de escapar”[12]
Jaled Abú Hamra, sanitario del
centro médico de Shifa, describe a EL PAÍS el caos reinante en medio de los
ataques del ejército israelí a unas instalaciones sin comida, agua ni
electricidad
10. QUASE 1 MILHÃO SÓ EM LONDRES,
INCLUINDO VÁRIOS JUDEUS, CONTRA O MASSACRE AOS PALESTINOS[13]
11. Atualizações:
·
Quando
morrermos, ninguém saberá': os diários de moradores de Gaza após mais de um mês
de bombardeios[1]
·
La
bomba atómica, la limpieza étnica y los animales humanos: quién es quién en el
Gobierno Netanyahu[2]
·
Los
últimos palestinos que resisten en el olivar: “Los colonos tratan de quitarnos
la comida sobre la mesa”[3]
·
La
ONU detiene el envío de ayuda humanitaria a Gaza por la falta de combustible y
el corte de la comunicaciones[4]
· Palestina. Más sobre los asesinatos por
“fuego propio” cometidos por Israel el 7 de octubre[5]
· Palestina. El discurso del odio que todo
lo puede: Niños israelíes cantan: “Aniquilaremos a todos” en Gaza[6]
· Helicóptero de Israel matou fugitivos da
rave, diz investigação[7]
· Palestina. Maten a los niños primero para
que no venguen a sus padres (I)[8]
[1] - https://www.bbc.com/portuguese/articles/ce9p4l63p3jo
acesso 23.11.2023
[2] https://www.elsaltodiario.com/ocupacion-israeli/bomba-atomica-expulsion-palestinos-animales-humanos-quien-quien-gobierno-israeli-netanyahu
acesso 23.11.2023.
[3] https://elpais.com/internacional/2023-11-17/los-ultimos-palestinos-que-resisten-en-el-olivar-los-colonos-tratan-de-quitarnos-la-comida-sobre-la-mesa.html
acesso 23.11.2023
[4] https://www.bbc.com/mundo/articles/cd1p7qgjz4qo
acesso 23.11.2023
[5] https://www.resumenlatinoamericano.org/2023/11/20/palestina-mas-sobre-los-asesinatos-por-fuego-propio-cometidos-por-israel-el-7-de-octubre/
acesso 23.11.2023
[6] https://www.resumenlatinoamericano.org/2023/11/20/palestina-el-discurso-del-odio-que-todo-lo-puede-ninos-israelies-cantan-aniquilaremos-a-todos-en-gaza/
acesso 23.11.2023
[1] Artigo
de Eduardo Galeano de 2012, que parece se referir os acontecimentos de hoje tal
a persistência do e repetição dos fatos .Antonio Mello. POR ANTONIO MELLO
(Escrito em Global 5/11/2023). Galeano: 'Quem deu a Israel o direito de negar
todos os direitos?'. Mariela De Marchi Moyano from Vicenza, Italy, via
Wikimedia Commons. Este texto do escritor Eduardo Galeano parece ter sido
escrito agora, embora infelizmente Galeano tenha morrido em 2015. É que tamanha
é a atualidade, não apenas nas ideias, mas nos fatos, acontecimentos, que dá
para dizer que o genocídio dos palestinos por Israel é não uma reação de agora,
mas um projeto que não vem de hoje. Este texto é de 2012.
[2] Artigo de Eduardo Galeano de 2012, que parece se referir os acontecimentos de hoje tal a persistência do e repetição dos fatos .Antonio Mello. POR ANTONIO MELLO (Escrito em Global 5/11/2023). Galeano: 'Quem deu a Israel o direito de negar todos os direitos?'. Mariela De Marchi Moyano from Vicenza, Italy, via Wikimedia Commons. Este texto do escritor Eduardo Galeano parece ter sido escrito agora, embora infelizmente Galeano tenha morrido em 2015. É que tamanha é a atualidade, não apenas nas ideias, mas nos fatos, acontecimentos, que dá para dizer que o genocídio dos palestinos por Israel é não uma reação de agora, mas um projeto que não vem de hoje. Este texto é de 2012.
[3] Ver matéria completa em https://scheerpost.com/2023/10/31/new-document-leak-on-plan-to-expel-gaza-population/ acesso 10.112023 07h11min
[4]
Todas as referencias explicativas dentro do texto original estão aqui:
[1] Um
dos portões da cidade velha de Jerusalém, denominada Bab Al ’Amoud em árabe
(Portão da Coluna).
[2] Data da proclamação do Estado de Israel,
acompanhada de um grande número de expulsões e massacres de palestinos, que
deixou centenas de milhares de palestinos refugiados… Este evento é designado
pelos palestinos por « Nakba », que significa Catástrofe ou Desastre.
[3] Ver também https://www.middleeasteye.net/opinion/what-palestinians-experience-goes-beyond-ptsd-label.
[4] https://www.youtube.com/watch?v=-02fSTUb0Qs&list=RD-02fSTUb0Qs&start_radio=1&rv=-02fSTUb0Qs&t=40
[5] Perto de 200 mortos e mais de mil feridos,
segundo o balanço do último domingo, 16 de março à noite. Ao menos 42 pessoas
foram mortas durante este único dia pelos ataques israelenses.
[5] Disponível em : https://medium.com/n-1-edi%C3%A7%C3%B5es/palestina-resist%C3%AAncia-como-terapia-d9f0ede71416. Acesso 10 .11.2023 07h27min
[6]
Disponível em: https://cbn.globoradio.globo.com/media/audio/424270/exercito-de-israel-se-prepara-para-atacar-o-centro.htm
acesso 10.11.2023 07h39
[7] Artigo completo disponível em : https://elpais.com/internacional/2023-11-03/la-guerra-dispara-las-expulsiones-de-palestinos-en-cisjordania-ya-no-se-distingue-si-vienen-colonos-o-soldados.html acesso 10.11.2023 as 07h33min
SOBRE LA FIRMA. Corresponsal para Oriente
Próximo, tras cubrir la información de los Balcanes en la sección de
Internacional en Madrid. De vuelta a Jerusalén, donde ya trabajó durante siete
años (2007-2013) para la Agencia Efe. Licenciado en Periodismo y Máster de
Relaciones Internacionales y Comunicación por la Universidad Complutense de
Madrid.
[9] Disponível em : https://www.infolibre.es/internacional/sindicatos-belgas-plantan-bloquean-transito-armas-estadounidenses-israel_1_1630466.html. Acesso em 10.11.2023 as 08h08
[10] Disponível em: https://jornalggn.com.br/internacional/estudantes-harvard-abandonam-sala-consul-israel/ acesso 10.11.2023 . by Tatiane Correiajornalggn@gmail.com ( Publicado em 5 de novembro de 2023, 16:32)
[11] Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/blog/sandra-cohen/post/2023/11/06/quando-as-vozes-radicais-se-levantam-em-israel.ghtml?utm_source=share-universal&utm_medium=share-bar-app&utm_campaign=materias.
acesso
10.11.2013
[12] https://elpais.com/internacional/2023-11-11/catastrofe-en-el-mayor-hospital-de-gaza-necesitamos-evacuar-ya-pero-disparan-a-todos-los-que-tratan-de-escapar.html
aesso 12.11.2013 09h13min
[13] Disponível em: https://youtu.be/yZfnnFr3LK8?si=K5nvLi_GIau4fyEo
acesso 12.11.2013as 09h15min
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