segunda-feira, 2 de outubro de 2023

I HAVE A DREAM

 

Por Max Diógenes   

Eu tive um sonho. Não; acalme-se. Não estou plagiando, nem parodiando o consagrado discurso de Martin Luther King, proferido a 28 de agosto de 1963, em Washington, D.C., que completou recentemente, 60 anos – dois dias após o completar de 109 anos da Sociedade Esportiva Palmeiras e um dia após a comemoração de mais um dia do psicólogo.

O meu sonho – não seria incorreto dizer – para além de mera atividade cerebral em estado de sono foi onírico. Classifico-o como onírico pelo demasiado gosto que tive com o sonho. O gosto em ser remetido e me sentir verdadeiramente presente à uma época pulsante da vida: o bacharelado em psicologia.

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Alguns dos que me acompanharam no sonho, factualmente, formaram-se comigo; outras figuras, minha memória – já acordado – me permite identificá-los como figurantes; invasores; irreais... Mas... Só comigo acordado... No sonho, possivelmente, foram os substitutos de colegas que, por motivos variados, não puderam comparecer ao meu lirismo.

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O sonho se constituiu em uma série de flashes de distintos momentos vivenciados – ou não? – com a turma e com os professores; todos regados a coleguismo e descontração; fossem estes, de estudo; de descanso; de confraternização – a descontração na descontração.

Como já alcançara a fase REM de meu sono, o sonho, como costuma acontecer com todos nós, encerrou-se na melhor parte; eu acordando no ápice, durante uma vivência, meio fictícia, meio real, na qual alunos e professores, celebrando crescimento e amizades, encaminhavam-se para uma das salas do centro universitário, na qual já nos aguardavam, devidamente preparados e organizados, quitutes e presentes, que seriam trocados – situação de amigo secreto, talvez. Dançávamos enquanto dirigíamo-nos para a sala.

Acordei agitado; e triste. Talvez – só talvez – tenha choramingado. Veio-me à cabeça as relações, o aprendizado, mas, sobretudo, a juventude. Eu estudava; trabalhava; jogava bola; bagunçava. Tudo, ao mesmo tempo e em todo lugar.

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Entretanto... Não me demorei em recompor-me...

Não nego que levo uma vida bem razoável, mesmo com o avanço da idade. Ainda que, com menor freqüência – mas com maior intensidade; sem dúvidas – estudo; aprendo; cresço; com livros; com música; com jogos; com trabalho... com pessoas...

E o melhor? Há práxis em minha aprendizagem... Como nunca houvera...

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Em tempos de “setembro amarelo” – e julgue essa fala da maneira que mais lhe aprouver –, com um olhar um pouco mais atento, percebemos que, mesmo com todo o sofrimento oriundo da forma de organização social que depende da valorização do valor por meio da exploração do trabalho do homem, pelo homem, a maioria esmagadora, escolhe viver; ficar por aqui; lutar. A esperança vence o medo.

Eu estava afim de escrever sobre a ideologia operando no futebol e iludindo o trabalhador torcedor; sobre a cooptação do futebol de várzea pela burguesia; ou sobre a predatória indústria dos games, que, ano sim, ano também, lançam o mesmo jogo, como algo diferente, arrancando dinheiro a partir do vício dos consumidores – EA Sports, it’s in the game... E ainda farei isso...

Mas...

Esse sonho...

Esse sonho... Veio a calhar...

Fez-me repulsar poeticamente; pude notar que, ainda que com o envelhecimento cronológico e biológico, possivelmente, nunca vivi de forma tão intensa – ainda que se comparado ao período revivido no sonho –, pois, como mera formiguinha, vivo para modifica um mundo; para deixar esse mundo tão foda que, “setembro amarelo”, sequer será lembrança.

Vivo como um comunista...

O comunismo, rejuvenesce...

Eu tenho um sonho...

Nós temos um sonho...

E venceremos!

 


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