- Esse
é um breve desabafo do cotidiano em meio a crise ambiental em curso.
O Brasil está pegando fogo!
Sol alaranjado às 7 horas da manhã.
Secas.
Queimadas.
Destruição em massa dos Biomas brasileiros.
Corredor de fumaça que impede o avanço da umidade sobre o
território nacional.
Finalmente a chuva chega, mas é a tal Chuva preta!
Passei
pouco mais de uma semana enfrentando intensos problemas respiratórios, então
SIM o Capital está me sufocando porque não é a queimada do meu (ou do seu
vizinho) que está piorando o ar (contribui, mas não é a causa), mas sim a
expansão da fronteira agrícola nos territórios brasileiros, pois busca-se
aumentar esses territórios para plantar produtos para vender resultando na
intensa destruição de vários Biomas brasileiros. Eles queimam para poder limpar
o território para a agricultura de grande extensão, agropecuária e/ou valorizar
aquele território no processo de especulação imobiliária no futuro. Eles
queimam para lucrar, eles queimam para matar, eles queimam para nos sufocar e
nos desmobilizar.
Em
meio ao caos dos problemas respiratórios e, eu acredito que muita gente tenha
passado por isso, houve um aumento na busca pelos umidificadores para amenizar
ao menos o ar dentro de nossas casas, porém (com base em minha experiência)
haviam se esgotado em vários lugares. Note que até na desgraça o Capital se
beneficia, enquanto houve aumento nas internações e procuras de atendimento
médico por problemas respiratórios, havia alguém sendo beneficiado (e NÃO, não
estamos falando do farmacêutico ou vendedor da farmácia do seu bairro). Já com
meus nervos à flor da pele, pensei que até do mínimo dos mínimos estamos sendo
privados – o AR. Na Constituição Federal não há menção ao ar saudável, mas há
clara menção ao direito que todos têm a um meio ambiente ecologicamente
equilibrado, que é um bem de uso comum e fundamental para a qualidade de vida
(artigo 225 da Constituição Federal de 1988). No meu entendimento (e até dos
leigos) um “meio ambiente ecologicamente equilibrado” envolve também um ar
saudável, já que na natureza o equilíbrio total depende do equilíbrio entre as
partes, em outras palavras, para o meio ambiente ser equilibrado e saudável, um
ar respirável é o mínimo que precisamos (nós e as outras espécies com as quais
dividimos esse planeta – não somos os únicos a sofre com tudo isso), já no
quesito qualidade de vida há muitas outras necessidades das quais a nossa
classe é massivamente privada.
Mesmo
diante desse cenário somos forçados a trabalhar (SIM forçados, porque a gente
precisa comer e as contas não são quitadas sozinhas ou por osmose – cá entre
nós, até água nos falta), somos impulsionados a naturalizar a chuva preta e o
sol laranja (lamento em desanimar alguns, mas não era obra do divino ou da
natureza). De um lado o Brasil em chamas, Biomas sendo destruídos e os diversos
problemas que isso causa à nossa saúde, enquanto isso do outro, uma “Diretora
é afastada após suspender aulas por causa da fumaça em Cotia” (fonte: Metrópoles) reforçando
a lógica do Capital do “trabalhe enquanto eles dormem” que vou traduzir para
“trabalhe, estude, dê seu sangue, sua saúde física e mental, enquanto eles
lucram com seu suor”.
-Duvida?
Então
também convido a voltar na publicação “Velozes,
Furiosos e Possuídos: Mantenham a Esquerda Livre” para
reconhecer que a sua sensação de cansaço e exaustão extremos não é exclusiva,
você não está sozinho (a).
Como
disse lá no início desse texto, isso é um desabafo que retrata minha
indignação, revolta e tristeza com o que estamos vivenciando nesse momento.
Meio ambiente ecologicamente equilibrado e Capital não combinam, não coexistem
e tampouco o primeiro pode resistir ao avanço massivo do segundo. Encerro aqui com um trecho da música do Fabio
Brazza – Brasil em Chamas:
“Queime a esperança de um povo
Nós renascemos das cinzas
Flores que nascem do lodo”
Nenhum comentário:
Postar um comentário