quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Eu não consigo respirar: O Capital está me sufocando

 

- Esse é um breve desabafo do cotidiano em meio a crise ambiental em curso.

 

O Brasil está pegando fogo!

Sol alaranjado às 7 horas da manhã.

Secas.

Queimadas.

Destruição em massa dos Biomas brasileiros.

Corredor de fumaça que impede o avanço da umidade sobre o território nacional.

Finalmente a chuva chega, mas é a tal Chuva preta!

  

 O fim do mundo ao qual assistimos em muitos filmes consagrados envolve cataclismas intensos que destroem toda a humanidade de uma só vez. São sempre retratadas as cenas assustadoras de destruição em massa, pessoas desesperadas correndo e um grupo ali dizendo “eu avisei”.  E é nesse clima e sensação de fim de mundo que escrevo esse desabafo, talvez “o fim da aventura humana na Terra” (referência a música “Eva”, Banda Eva) mais próximo a nossa realidade, envolva um cenário bastante parecido com o qual os noticiários nos mostram atualmente (se você não assiste noticiários, certamente viu algo nas redes sociais – elas não nos deixam esquecer). Mas sem ladainha porque já estou sufocando, toda essa destruição envolve articulações a favor dos interesses das classes dominantes.

Passei pouco mais de uma semana enfrentando intensos problemas respiratórios, então SIM o Capital está me sufocando porque não é a queimada do meu (ou do seu vizinho) que está piorando o ar (contribui, mas não é a causa), mas sim a expansão da fronteira agrícola nos territórios brasileiros, pois busca-se aumentar esses territórios para plantar produtos para vender resultando na intensa destruição de vários Biomas brasileiros. Eles queimam para poder limpar o território para a agricultura de grande extensão, agropecuária e/ou valorizar aquele território no processo de especulação imobiliária no futuro. Eles queimam para lucrar, eles queimam para matar, eles queimam para nos sufocar e nos desmobilizar.

Em meio ao caos dos problemas respiratórios e, eu acredito que muita gente tenha passado por isso, houve um aumento na busca pelos umidificadores para amenizar ao menos o ar dentro de nossas casas, porém (com base em minha experiência) haviam se esgotado em vários lugares. Note que até na desgraça o Capital se beneficia, enquanto houve aumento nas internações e procuras de atendimento médico por problemas respiratórios, havia alguém sendo beneficiado (e NÃO, não estamos falando do farmacêutico ou vendedor da farmácia do seu bairro). Já com meus nervos à flor da pele, pensei que até do mínimo dos mínimos estamos sendo privados – o AR. Na Constituição Federal não há menção ao ar saudável, mas há clara menção ao direito que todos têm a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, que é um bem de uso comum e fundamental para a qualidade de vida (artigo 225 da Constituição Federal de 1988). No meu entendimento (e até dos leigos) um “meio ambiente ecologicamente equilibrado” envolve também um ar saudável, já que na natureza o equilíbrio total depende do equilíbrio entre as partes, em outras palavras, para o meio ambiente ser equilibrado e saudável, um ar respirável é o mínimo que precisamos (nós e as outras espécies com as quais dividimos esse planeta – não somos os únicos a sofre com tudo isso), já no quesito qualidade de vida há muitas outras necessidades das quais a nossa classe é massivamente privada.

Mesmo diante desse cenário somos forçados a trabalhar (SIM forçados, porque a gente precisa comer e as contas não são quitadas sozinhas ou por osmose – cá entre nós, até água nos falta), somos impulsionados a naturalizar a chuva preta e o sol laranja (lamento em desanimar alguns, mas não era obra do divino ou da natureza). De um lado o Brasil em chamas, Biomas sendo destruídos e os diversos problemas que isso causa à nossa saúde, enquanto isso do outro, uma “Diretora é afastada após suspender aulas por causa da fumaça em Cotia” (fonte: Metrópoles) reforçando a lógica do Capital do “trabalhe enquanto eles dormem” que vou traduzir para “trabalhe, estude, dê seu sangue, sua saúde física e mental, enquanto eles lucram com seu suor”.

-Duvida?

Então também convido a voltar na publicação “Velozes, Furiosos e Possuídos: Mantenham a Esquerda Livre” para reconhecer que a sua sensação de cansaço e exaustão extremos não é exclusiva, você não está sozinho (a).

Como disse lá no início desse texto, isso é um desabafo que retrata minha indignação, revolta e tristeza com o que estamos vivenciando nesse momento. Meio ambiente ecologicamente equilibrado e Capital não combinam, não coexistem e tampouco o primeiro pode resistir ao avanço massivo do segundo.  Encerro aqui com um trecho da música do Fabio Brazza – Brasil em Chamas:

 

“Queime a esperança de um povo

Nós renascemos das cinzas

Flores que nascem do lodo”

 

 

 

 

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