“E descobri por exemplo que a Nike está em 13 camisas (Arábia Saudita, Austrália, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, Croácia, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra, Polônia, Portugal e Qatar). Adidas em 7 (Alemanha, Argentina, Bélgica, Espanha, Japão, México e País de Gales), a Puma em 6, (Gana, Marrocos, Senegal, Sérvia, Suíça e Uruguai) e 6 seleções restantes cada uma com uma marca de empresa esportiva (Hummel. Dinamarca, Kappa – Tunísia. Majid – Irã; Marathon – Equador. New Balance – Costa Rica. One All Sports – Camarões.” (IDE)
Logo depois que a
seleção brasileira perdeu para Croácia nos pênaltis, precisei ir ao
supermercado. Fui comprar os saudáveis salgadinhos elma chips da Pepsi para tomar com uma coca da coca-cola
company, que paguei com o cartão da visa-Brasil, não sem antes fazer uma
pesquisa no meu Celular da Samsung, no google da google, para depois passar no caixa que tinha o sistema
operacional Windows da Microsoft, ah! o supermercado era o Carrefour e o carro
no qual eu me locomovi era Ford, que havia sido abastecido no posto Shell todas
corporações transnacionais ou internacionais
Muito bem
enquanto, eu estava no caixa não pude deixar de ouvir um brasileiro
revoltadíssimo com nossa seleção e nossos jogadores: ele esbravejava, falava
quase gritando, estava furioso:
- O Modric
da Croácia disse que a força de sua seleção vem do fato de jogarem pelo seu
manto sagrado, aquilo sim, eles amam a bandeira de seu país, o Rakimi (latera)
nasceu na Espanha e (Bounou) goleiro nasceu no Canadá mas preferiram
defender seu país, o Marrocos. O Messi é um exemplo de patriotismo, ele canta
com a sua torcida e os ex-jogadores da Argentina, estavam todos no meio da
torcida, no meio do povo, mas os brasileiros só pensam em dinheiro, olha o
Neymar? Olha as lendas do nosso futebol comendo bife de 9 mil reais, que
vergonha. É por isso, que o brasileiro não se identifica com sua seleção e seus
jogadores, afinal todos estão jogando na Europa, não estão nem aí para o nosso
país.
Ele estava tão
nervoso, que eu pedi licença para falar: -
desculpe me intrometer na sua conversa, mas o senhor precisa se
acalmar um pouco. Vai enfartar.
Ele me deixou no
vácuo e continuou falando ainda mais furioso: - e tem mais, esses caras
ganham milhões, não jogam por amor e pelo seu país, não são como os
argentinos, os marroquinos, os croatas, os franceses, os americanos.... e
saiu bufando, a ponto de infartar... a moça do caixa olhou pra mim com cara de
interrogação e meio que concordando com ele. Eu pensei: tenho pouco mais de um
minuto, talvez uns 3, até chegar minha vez de pagar, não vai dar tempo de falar
muita coisa com alguma seriedade nessas circunstâncias, precisaríamos de uma
fila de pronto socorro ou uma internação pra cirurgia, aí sim daria tempo pra
fazer uma tese de doutorado e conversar tranquilamente sobre as verdades da
copa do mundo do Catar. Então apenas perguntei a ela: - Você sabe onde joga o Modric, Messi,
Rakimi, Bounou, e demais jogadores famosos da copa do mundo que amam suas
pátrias? – Não. Respondeu a moça. - Eu sei. Disse a ela. - No
mesmo lugar no qual jogam Neymar, Vinicius Junior, Richarlison, Alisson,
etc. Na Europa, nos países da Europa. 99% dos jogadores da copa do
mundo não moram, nem jogam, enfim, não trabalham nos países onde nasceram e que
dizem amar com paixão.
Ela me olhou com
cara de interrogação e enfado. Para mim ela estava achando confuso aquilo tudo.
Como se perguntasse: - como assim, aqueles que o velhinho furioso acusou de
antipatriotas e os que ele disse que são patriotas, todos eles, jogam foram de seus países e nem moram por lá?
E todos ganham fortunas nesses lugares defendendo times de outros países? - Sim. respondi. - E
tem mais, se você prestar atenção na camisa das seleções, vai ver
que elas tem os mesmos patrocinadores: Brasil e Croácia e França são
patrocinados pela Nike, por exemplo.
Enquanto
registrava minha compra, ela me disse algo surpreendente: - Então a seleção não é da França, do
Brasil ou da Croácia, e da Nike? - Olha, não tinha pensado nisso. Respondi
a ela. - Concordo contigo. Enquanto pagava minha conta, fiquei pensando
e continuei assim até em casa. Nem sei quanto paguei pela compra. Confiei na
moça do caixa. E cheguei a conclusão de que talvez a gente esteja diante de uma
mudança de paradigma. Dei uma rápida
pesquisada no site de busca que todos usamos, o google e vi quem são os
patrocinadores das 32 seleções na copa do Catar. Aqueles que estão com suas
logo-marcas nas camisas das seleções. As mais caras, portanto. E descobri por exemplo que a Nike está
em 13 camisas (Arábia Saudita, Austrália, Brasil, Canadá, Coreia do Sul,
Croácia, Estados Unidos, França, Holanda, Inglaterra, Polônia, Portugal e Qatar).
Adidas em 7 (Alemanha, Argentina, Bélgica, Espanha, Japão, México e País
de Gales), a Puma em 6, (Gana, Marrocos, Senegal, Sérvia, Suíça e
Uruguai) e 6 seleções restantes
cada uma com uma marca de empresa esportiva
(Hummel. Dinamarca, Kappa – Tunísia. Majid – Irã; Marathon – Equador.
New Balance – Costa Rica. One All Sports – Camarões).
O que significa
que os jogadores destas seleções jogam por estas marcas, além disso, todos eles
têm patrocínios particulares dessas e de outras marcas. Então a moça do caixa
tinha razão. Na verdade, a copa do mundo transformou-se num torneio de grandes
corporações capitalistas mundiais, travestido de campeonato entre seleções
nacionais. E aquele discurso de que uns
jogadores jogam por amor ao seu manto sagrado como por exemplo, o Messi,
Modric, Kakimi, Bounou, suas bandeiras nacionais, e o Neymar Casemiro, Tiago
Silva, Mbapé, Lukaku jogam por dinheiro
não amam seus países de origem, é
conversa pra boi dormir.
Vamos então
acertar o nome das seleções. O correto é a gente dizer: A seleção brasileira da
Nike, perdeu para a seleção croata da nike,
a Seleção francesa da Nike ganhou da seleção inglesa da nike, a Seleção
Portuguesa da Nike perdeu para a seleção marroquina da Puma, a seleção
argentina da adidas ganhou da seleção holandesa da nike e a seleção espanhola
da Addidas goleou a seleção costaricence da New Ballas, a seleção brasileira
da Nike goleou a seleção coreana da nike
e a seleção alemã da addidas foi derrotada pela seleção japonesa da Addidas.
Esta é a mudança de paradigma, os jogadores
não jogam mais para defender seus países, mas para defender seus
patrocinadores, não jogam mais pelas nações, jogam pelas corporações, não jogam
pelo capital nacional, jogam pelo capital transnacional. Esta parece ser a
mudança de paradigma que a moça do supermercado descobriu sem saber. Querer que
os jogadores sejam patriotas nacionalistas nessas condições é como querer que
os meteorologistas e astrônomos façam a dança da chuva para fazer chover no
deserto ou combater o aquecimento global. Podem dançar ao redor do círculo,
assim como os jogadores botem bater no peito e cantar os hinos nacionais
apaixonadamente com sua torcida. Mas o efeito é o mesmo da dança da chuva.
Aliás, pensando bem, porque os jogadores e soldados deveriam se matar para
defender suas pátrias? O que eles defenderiam? Eles são donos dos países onde
nasceram? O Messi foi aos 13 anos pra Espanha jogar na empresa Barcelona, e
hoje joga no time do Xeiki do Catar o Paris San Germain na França, o
RaKimi do Marrocos joga no Paris San
Germain, o Mbape da França e o Marquinho do Brasil também, aliás uma das cenas
mais belas que vi na copa, foi a dos meninos italianos comemorando
alucinadamente o gol do Rakimi marroquino que joga na França contra a Espanha
do Sergio Busquets que é patrocinado pela Nike e joga no Barcelona, onde jogou
Messi, Neymar. A copa do mundo de 2022, na realidade, o futebol em 2022 nos
mostra na figura dos jogadores, dos clubes e das seleções que o capital está
absolutamente internacionalizado. Quer saber, viva a internacional e abaixo o
nacional. Kkkk acho que é isso. Devemos ser cidadãos do mundo, já que somos
proletários do mundo, ops jogadores e torcedores do mundo. Queria que a seleção
brasileira da Nike fosse campeão e vou continuar torcendo, depois torci pra
seleção marroquina da puma ser campeã,
não deu, então, comemorei no meu
coração com a vitória da seleção argentina da adidas e fiquei muito feliz de
ver os africanos franceses da seleção francesa da nike ficarem em segundo lugar
viva a internacional de novo.
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