domingo, 4 de fevereiro de 2024

Notas de Conjuntura 25 de janeiro de 2024

 




2024: Estados Unidos em foco

 


 

Ora de forma aberta e contundente, ora de maneira discreta e disfarçada os Estados Unidos marcam os passos da conjuntura mundial. Das tensões com Rússia e China, à intervenção no Oriente Médio, passando pelos problemas migratórios na fronteira com o México ou pela disputa da soberania na região de Esequibo, é difícil encontrar um canto do mundo sem as pegadas dos seus interesses. Contudo, nem sempre as coisas andam como preveem e desejam.

O fracasso da ofensiva da Ucrânia contra a Rússia no último trimestre de 2023, por exemplo, diminuiu muito o apoio popular à necessidade de sustentar o esforço de guerra de Kiev. A vitória possível e necessária para deter as pretensões de Moscou cedeu o lugar à sensação de que, após quase dois anos do início das hostilidades, a Ucrânia entrou numa agonia lenta e desgastante. A dificuldade de reverter o veto da Hungria à liberação de 50 bilhões de euros para manter vivos os combates no sudeste do país é a prova do desconcerto que reina na União Europeia (UE).[i] Os 27 países do bloco temem as retaliações da Rússia pelo boicote imposto à sua economia, por ter abastecido os paióis do exército ucraniano e pelos acordos de instalação de armamentos estratégicos e bases militares que a Finlândia está a um passo de assinar com os EUA após a sua incorporação na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mas, ao mesmo tempo, não vislumbram nenhuma possibilidade de reverter a situação nos campos de batalha.[ii]

Nos EUA, o Congresso não aprovou o pacote de 61 bilhões de dólares esperado para dezembro de 2023 e não há data para isso acontecer. De um lado, as pesquisas indicam que o número de estadunidenses que consideram excessiva a ajuda governamental à Ucrânia  saltou de 21% para 41%. Este avanço em relação ao primeiro ano da guerra é interpretado como um fator que pode pesar negativamente nas intenções de voto dos eleitores que, em novembro deste ano, irão às urnas para escolher o próximo Presidente da República.[iii] De outro,  o governo de Joe Biden se depara com um deficit público que, em setembro de 2023, encerrou o ano fiscal com um buraco de um trilhão e 700 bilhões de dólares (cerca de 330 bilhões de dólares a mais em relação a setembro de 2022) e com os problemas de uma dívida bruta correspondente a 121% do Produto Interno Bruto (PIB).[iv] Resultado da ampliação dos gastos bélicos e da queda na arrecadação federal, o deficit pode sofrer um novo aumento em 2024, à medida que as previsões de crescimento do PIB apontam para uma alta de apenas 1,6% e as intervenções militares no Oriente Médio e na região da Ásia-Pacífico demandam dispêndios imprevisíveis.[v]

Com a munição escassa e diante das crescentes dificuldades de recrutar os ucranianos para as fileiras do exército, Zelenski enfrenta oposições internas alimentadas pelas críticas de generais à forma como foram conduzidas as operações de guerra até o momento.[vi] Sem dinheiro para contratar mercenários e com enormes dificuldades de produzir projéteis de artilharia (à medida que o maior complexo siderúrgico da Ucrânia encontra-se na área ocupada pela Rússia), Kiev vê o clima de desânimo no país aumentar na exata medida em que sentar à mesa da paz com a Rússia numa situação desfavorável implica em admitir a perda do território ocupado pelas tropas de Moscou. 

Se as coisas caminham nesta direção, por que o Reino Unido assinou, no dia 13 de janeiro deste ano, um acordo bilateral de cooperação militar no valor de 3 bilhões e 185 milhões de dólares? Será que o fornecimento de armas antitanque, mísseis, projéteis de artilharia e a formação de soldados ucranianos que podem ser custeados por um valor tão limitado consegue alterar os rumos da guerra?[vii]

A análise possível no momento em que escrevemos aponta o acordo como uma forma de matar dois coelhos com uma única pancada. De um lado, trata-se de abrir caminhos para negociações bilaterais entre países cujos recursos ajudem a manter a Rússia ocupada nos campos da Europa enquanto UE e OTAN desenvolvem uma estratégia de ação comum diante das retaliações e demais medidas que Moscou poderá tomar no fim das hostilidades. De outro, o acordo promovido pelo Primeiro-Ministro britânico, Rishi Sunak, se apresenta como uma jogada política que busca reprisar o aumento da popularidade obtido por seu predecessor, Boris Johnson, quando do apoio incondicional à Kiev num momento em que seus índices de aprovação eram abalados pelos escândalos das festas clandestinas organizadas durante a pandemia. E não é para menos. De acordo com as pesquisas de intenção de voto, se as eleições parlamentares deste ano ocorressem entre janeiro, o Partido Trabalhista, que faz oposição ao seu governo, ganharia com 18 pontos percentuais de diferença em relação aos conservadores.

O esforço para renovar a confiança dos britânicos no governo é tecido a quatro mãos entre o próprio Sunak e o Ministro da Defesa, Grant Shapps. Num comentário que, aludindo ao acordo com a Ucrânia e à intervenção no Mar Vermelho, visava introduzir a ideia de ampliar os investimentos bélicos britânicos dos atuais 2% para 2,5% do PIB, o Primeiro-Ministro disse: “Em tempos de perigo, vamos investir para fortalecer a defesa de nossas infraestruturas críticas, vamos continuar construindo alianças e vamos ser firmes na defesa de nossos princípios: a segurança internacional, o império da lei e a liberdade de construir o nosso próprio futuro. Qualquer ataque contra esses princípios será um ataque contra tudo aquilo que acreditamos e do qual dependem tanto o nosso bem-estar, como as nossas vidas”.[viii]

A intervenção de Shapps que veio em seguida foi bem mais mordaz: “Este é o momento de decidir uma política de defesa. A escolha é dura. Alguns, especialmente entre a esquerda, têm a tentação de subestimar sempre o nosso país. Acreditam que o Reino Unido já não tem forças para influenciar os acontecimentos mundiais, e que deveríamos nos retrair e ignorar o que ocorre para além de nossas fronteiras. (...) Estamos nos albores de uma nova era na qual transitamos de um mundo pós-bélico a outro pré-bélico. Velhos inimigos ressuscitaram e outros estão ganhando forma. As bases sobre as quais se assentava a velha ordem mundial foram profundamente abaladas”.[ix]

Tudo indica que se trata de uma jogada ensaiada com direito a um chute disfarçado na canela do Partido Trabalhista. Contudo, o problema das estratégias combinadas entre os jogadores do próprio time está em saber se tudo procederá como esperado ou se algo pode dar errado desde o início. De olhos aberto diante da ampliação da OTAN, Moscou já farejou a arapuca e enviou duas respostas. A primeira foi verbal e veio no dia seguinte à divulgação dos termos gerais do acordo entre Londres e Kiev. Nela, o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvévev, deixou claro que a presença de tropas do Reino Unido em território ucraniano equivaleria a uma declaração de guerra contra o seu país.[x] A segunda chegou na forma de míssil na noite de 16 de janeiro, quando as forças armadas russas lançaram um ataque de precisão contra um ponto da cidade de Járkov onde estavam concentrados 60 soldados inimigos, a maioria dos quais havia sido enviada pela França. A morte dos militares é um recado para Paris, para Londres e para quem quiser mandar mercenários ou integrantes dos seus exércitos para esta guerra na qual, segundo a visão de Puttin, o Ocidente usa a Ucrânia para atingir a Rússia.[xi] Enquanto o Ocidente faz novas apostas, Moscou mostra que têm como bancá-las.

Dos campos da Europa, passamos agora para o Oriente Médio.

Os números do genocídio na Faixa de Gaza desenham um quadro estarrecedor. Em 105 dias de conflito, metade das edificações da Faixa de Gaza foi danificada ou destruída, uma porcentagem que sobe para 72% na região norte e 84% na área que inclui a capital. Sem contar os 7.000-8.000 desaparecidos cujos corpos encontram-se sob os escombros, os bombardeios israelenses mataram uma média de 239 palestinos por dia, sendo que, no primeiro mês da invasão o número de vítimas diárias chegou a 330. Para termos uma ideia das dimensões do massacre, basta pensar que, no mês com mais vítimas ucranianas pelas ações bélicas da Rússia, a média de mortos não passava de 45 por dia.[xii]

A decisão de matar indiscriminadamente, arrasar a infraestrutura e fazer com que a fome, as doenças e as péssimas condições de vida dobrem a resistência palestina conta com o apoio incondicional dos EUA. As recomendações verbais de poupar a população civil feitas a Israel pelos altos escalões do governo Biden estão em contradição frontal com os vetos estadunidenses às propostas de cessar-fogo da ONU, com a negativa de garantir a ajuda humanitária indispensável diante do deslocamento forçado de 85% da população de Gaza e com o envio ininterrupto do armamento solicitado por Israel.[xiii]

A estranheza de Washington diante da intransigência do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu em rejeitar a criação de um Estado Palestino e em afirmar que Israel assumirá a segurança na Faixa de Gaza por tempo indeterminado só convence quem não está acostumado com as hipocrisias de quem, por exemplo, confunde a matança de 11.000 crianças com o direito de Israel se defender. Uma confusão que os próprios senadores estadunidenses decidiram não desfazer ao vetar a investigação dos massacres ocorridos.[xiv] 

O governo de Israel quer uma Palestina ocupada por suas tropas e pela população do seu Estado do Rio Jordão ao Mar Mediterrâneo. O Ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, justifica esta posição alegando que um Estado Palestino  constituiria “uma ameaça existencial para Israel” e aconselha os moradores da Faixa de Gaza e da Cisjordânia a iniciarem uma “emigração voluntária” para outros países.[xv] Este eufemismo com o qual Israel aponta o abandono forçado da terra natal como a única saída para os palestinos que quiserem salvar a própria vida traduz o cinismo de quem acredita ter uma licença moral para matar e se valerá dela até atingir o que se propõe.[xvi]

Contudo, negar a criação de um Estado Palestino mina as tentativas de normalização das relações de Israel com os países árabes. No dia 21 de janeiro deste ano, o Ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Príncipe Faisal Bin Farhan Al Saud, declarou com todas as letras que “a estabilidade da região deita raízes numa solução justa e abrangente da causa palestina e na criação de um Estado Palestino baseado nas fronteiras de 1967, tendo Jerusalém Oriental como sua capital”. Bem mais preocupados com os interesses econômicos em jogo do que com o futuro da população da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, os governantes sauditas se veem forçados a assumir esta posição diante dos problemas internos que os sentimentos de revolta despertados pelos massacres trariam ao seu reinado. E não é para menos. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Washington para a Política do Oriente Médio entre os dias 14 de novembro e 6 de dezembro do ano passado, 96% dos mil cidadãos da amostra afirmaram que os países árabes deveriam romper imediatamente todos os contatos diplomáticos, políticos, econômicos e de qualquer natureza com Israel.[xvii]

Em apoio à resistência palestina, os ataques dos rebeldes iemenitas a 23 barcos que se dirigiam ao Canal de Suez forçaram várias empresas marítimas a mudar a rota que liga os Oceanos Índico e Pacífico à Europa. Circunavegar a África para evitar o Iêmen amplia a viagem em 6.500 quilômetros. O frete de um contêiner vindo da China já aumentou entre 55,0% e 173,0% a depender do valor dos seguros cobrados para cada tipo de carga e do risco do trajeto até o porto ao qual se destina.[xviii] Caso a guerra se prolongue e a passagem por Suez (onde trafegam cerca de 15% do comércio mundial) deixe de ser um caminho viável para a Europa, a alta dos custos da navegação comercial irá na contramão dos esforços que o continente vem fazendo para reduzir a inflação e criará obstáculos adicionais às perspectivas de crescimento que, de acordo com o Banco Mundial, limitam a 0,7% a elevação do PIB de 2024 nos países que adotam o Euro como moeda.[xix]

Nos EUA, o apoio incondicional a Israel pesa negativamente nas chances de reeleição de Joe Biden. Além dos protestos no interior do Partido Democrata, da greve dos próprios funcionários do seu governo e dos sinais claro de rejeição vindos da comunidade árabe local, uma pesquisa do The New York Times/Sienna College, cujos resultados foram divulgados no dia 19 de dezembro, mostrava que 57% dos eleitores estadunidenses desaprovavam a abordagem do conflito em Gaza adotada pelo Presidente dos Estados Unidos.[xx] Na disputa eleitoral propriamente dita, os levantamentos indicam que o Estado de Michigan (que, tradicionalmente, vota no Partido Democrata) está abandonando Biden em função das posições assumidas na guerra em Gaza. As sondagens realizadas no início de janeiro, mostram um Biden com fraco apoio de quase todos os representantes democratas do Estado e perdendo a corrida presidencial com 39% das intenções de voto diante de um Donald Trump que contaria com 47% da preferência dos eleitores.[xxi]

As coisas podem se complicar ainda mais caso o conflito entre israelenses e palestinos se estenda aos países onde núcleos armados de várias inspirações ideológicas apoiam a resistência na Cisjordânia e na Faixa de Gaza ou à medida que qualquer posição militar estadunidense mundo afora pode ser alvo de ataques imprevisíveis.[xxii] E, aqui, não estamos falando de probabilidades distantes e sim de algo que já está acontecendo.

No dia 16 de janeiro deste ano, por exemplo, os foguetes lançados pela resistência iraquiana contra a base militar estadunidense de Himos, na Síria, forçaram os comandantes a ordenar a desocupação deste espaço que abrigava um centro de treinamento das forças armadas que se opõem ao Presidente do país, Baschar Assad.[xxiii] Seis dias depois, foi a vez da base aérea estadunidense de Ain al-Assad, no Iraque, a ser atingida por mísseis lançados por um grupo da resistência islâmica local.[xxiv] Estes não foram os primeiros e nem os únicos ataques, mas apenas os que mais evidenciaram o crescente sentimento antiestadunidense que se espalha pelo Oriente Médio. De fato, segundo informações do Pentágono, divulgadas no dia 22 de janeiro, depois da invasão israelense na Faixa de Gaza, as forças armadas de Washington no Iraque e na Síria sofreram 151 ataques, numa escalada que pode conhecer novos e mais perigosos patamares.[xxv]

A realidade dos moradores de Gaza sacudiu consciências, despertou solidariedades, fez com que milhões de pessoas elevassem suas vozes para condenar o genocídio em curso. Contudo, apesar de alto e insistente, o pedido de um cessar-fogo imediato e o isolamento em que Israel mergulhou não serão suficientes para deter os bombardeios. É necessário que os manifestantes pressionem os governos de seus respectivos países a cortarem os fornecimentos de armas e as relações comerciais sem as quais a economia israelense não ficaria em pé. São estas as únicas ameaças que podem deter a fúria que Netanyahu projeta sobre Gaza, apesar da forte queda da popularidade da coalizão que governa o país.[xxvi]

Caminhando pela mapa, nos dirigimos à região Ásia-Pacífico que concentra outro foco de tensão no qual os EUA estão envolvidos até o pescoço.

Em nosso estudo de maio de 2023, traçávamos um panorama da situação nesta região e apontávamos os elementos que elevavam o rufar dos tambores de guerra, tanto no mar do Sul da China, como em volta de Taiwan.[xxvii] No momento em que escrevemos, as notícias confirmam a lenta marcha na qual, de um lado, há uma intensa preparação para a guerra e, de outro, cada país espera que o poder de fogo acumulado seja suficiente para concretizar seus planos sem desembainhar a espada.

A escolha de Biden de fornecer ajuda militar a Taiwan nos mesmos moldes dos financiamentos destinados à Ucrânia e a Israel enfureceu a China. Os 80 milhões de dólares entregues ao governo da Ilha em dezembro de 2023 saíram do Financiamento Militar Estrangeiro dos EUA, um fundo pelo qual Washington enviava verbas destinadas à compra de armamentos apenas a países reconhecidos pela ONU, o que não é o caso de Taiwan. Por isso, o valor simbólico da quantia recebida por Taipei é muito maior do que ela pode efetivamente comprar, à medida que sinaliza a decisão do governo Biden de avançar no sentido de sustentar militar e politicamente a independência de Taiwan como algo estratégico para os objetivos estadunidenses na região Ásia-Pacífico.[xxviii]

Para mostrar silenciosamente as próprias garras antes das eleições presidenciais realizadas na Ilha no dia 13 de janeiro, os EUA posicionaram a sétima frota nas águas internacionais formadas pelo triângulo entre Taiwan, Coreia do Sul e Japão. Pelas informações disponíveis, estamos falando de 40.000 efetivos, 70 unidades entre navios de guerra e submarinos e cerca de 300 aviões de combate de última geração, ou seja, um poder de fogo considerável que não tem data para sair da área onde se encontra.[xxix]

No momento em que escrevemos, Pequim aguarda as primeiras ações do Presidente recém-eleito, Lai Ching-te, do Partido Progressista Democrático. Considerado um “encrenqueiro divisionista” pelos chineses, Lai se elegeu com 40% dos votos, fato que obrigará o seu governo a tecer alianças com outros agrupamentos que se movimentam em posições mais flexíveis no que diz respeito à defesa da independência da Ilha que Pequim considera parte integrante do seu território.[xxx] O tempo da diplomacia e a consciência de estar a um passo do abismo devem ditar o ritmo das ações do novo Presidente que, durante a campanha eleitoral, afirmou o seu compromisso com a independência de Taiwan.[xxxi]

Na esteira do fortalecimento das relações entre Rússia e China após a eclosão da guerra na Ucrânia, a Coreia do Norte, velho aliado dos dois países, voltou a ocupar um lugar de destaque em termos de ameaças verbais e armadas. Ao longo de 2023, os avanços de Pyongyang no campo militar apontam para uma participação direta e constante de China e Rússia no fornecimento de tecnologia que aumenta o poder ofensivo e o desempenho dos mísseis norte-coreanos. Além de realizar vários testes de lançamento a partir de plataformas terrestres e de submarinos, Kim Jong-um revogou em novembro passado o pacto de não agressão assinado com a Coreia do Sul em 2018 e, em 1 de janeiro deste ano,  ordenou que o exército se prepare para uma possível guerra.[xxxii]

Encenações à parte, o maior temor de Seul não está relacionado com a evolução dos foguetes norte-coreanos, cuja neutralização conta com o guarda-chuva protetor das defesas antiaéreas instaladas pelos EUA. O que preocupa a Coreia do Sul são os disparos de artilharia vindos do norte, em relação aos quais não é possível ter nenhum tipo de defesa. O medo disso acontecer aumentou no início de 2024, quando a artilharia de Pyongyang deu uma pequena amostra do que é capaz ao alvejar uma área costeira do seu próprio território na fronteira com a Coreia do Sul.

No campo da economia, a guerra dos processadores de alta performance, cujas vendas à China foram vetadas pelo boicote organizado pelos Estados Unidos, entrou numa nova etapa. A partir de 1 de agosto de 2023, Pequim instituiu o controle das exportações de gálio, germânio e de uma dúzia de derivados destes metais que integram o grupo das Terras Raras. Os dois minérios são elementos críticos na fabricação de cabos de fibra óptica, veículos elétricos, chips de alta velocidade, radares, sensores, satélites, dispositivos militares e de radiocomunicação e o gigante asiático detém 95% da produção mundial de gálio e 67% da de germânio.

Sabendo que os principais destinos destas exportações são Japão, Coreia do Sul, e Índia (os dois primeiros participam do boicote, enquanto Nova Deli deseja substituir a China como fornecedor mundial de chips de baixa/média capacidade de processamento de dados), Pequim decidiu seguir um raciocínio muito simples: se eles se recusam a vender seus chips e procuram abocanhar uma fatia de mercado atendida pelos produtos locais, nós não lhes daremos as matérias-primas para produzi-los. O previsto acirramento das tensões comerciais provocadas por esta medida deve forçar o gigante asiático a apressar o passo rumo à autossuficiência tecnológica a fim de garantir soberania, segurança militar e desenvolvimento num cenário internacional cada vez mais incerto. Enquanto isso, os fabricantes de chips mundo afora tentam encontrar outras fontes imediatas de abastecimento para reduzir a sua dependência da China.[xxxiii]

Do Pacífico, navegamos em direção à fronteira entre México e EUA, onde o fluxo migratório vindo da América Latina e Caribenha tem marcado vários momentos das discussões políticas no interior dos Estados Unidos. Para termos uma ideia deste contingente de homens, mulheres e crianças que enfrentam regiões de selva, traficantes, madeireiros ilegais, gangues e demais formações do crime organizado para fugir da pobreza e da ausência de qualquer perspectiva de futuro basta pensar que, em 2022, o trajeto entre o norte da Colômbia e a fronteira estadunidense foi percorrido por cerca de 248.000 migrantes.[xxxiv] As histórias deste exército de pobres conectam o presente de sofrimento à evolução de uma realidade econômica na qual os governos de seus países de origem sempre atuaram como servos obedientes das grandes corporações e da expropriação realizada pelo capital financeiro internacional.

Do lado estadunidense, declarar a ilegalidade dos que atravessam as fronteiras sem vistos de ingresso e sem documentos é a medida que justifica publicamente a violenta contenção desta massa humana, os abusos cometidos nos centros de reclusão e nos processos de deportação, os sofrimentos oriundos da divisão das famílias capturadas pelos agentes para que a lição imposta em nome da lei desaconselhe outros pobres a incomodarem quem acumulou riquezas às custas do seu suor.

A disputa pela soberania da região de Essequibo entre Guiana e Venezuela é marcada pelos passos das nações cujas empresas petrolíferas atuam na região. Estamos falando das estadunidenses Exxon Mobil e Chevron, da britânica BP, da anglo-holandesa Shell, da francesa TotalEnergies, da chinesa CNOOC, além da pequena petrolífera local SISPRO. Todas elas extraem hidrocarbonetos do bloco Stabroek cujas reservas são  estimadas em 11 bilhões de barris de petróleo. Ou seja, a área na margem equatorial da Guiana, cuja soberania foi reivindicada pela Venezuela já faz quase uma década que é objeto de disputa pelas maiores empresas de petróleo do mundo. Em terra firme, os recursos naturais de Essequibo são cobiçados por vários países, sendo que a empresa russa Rusal detém 90% da extração de bauxita graças à sua participação na Guyana Bauxite Company.


Ao que tudo indica, o Presidente venezuelano, Nícolas Maduro, deve ter apostado no apoio de Rússia e China à reivindicação de soberania aprovada no referendo nacional por ele promovido em dezembro do ano passado. Mas, apesar dos laços comerciais e do fornecimento de armas para o seu exército, nem Pequim, nem Moscou romperam o silêncio para se colocarem ao lado dele nesta disputa. Fazê-lo seria sinônimo de criar mais um foco de tensão geopolítica que nenhum dos dois países deseja neste momento.

Para compreendermos melhor o porquê desta posição, basta lembrar que, a partir de 2015, ano em que se iniciaram as operações de extração de hidrocarbonetos em Essequibo, o Comando Sul dos EUA realiza anualmente manobras militares conjuntas no Mar do Caribe envolvendo a própria Guiana. A versão mais recente destas exercitações contou com a participação de 21 países entre os quais figuram também França, Reino Unido e Países Baixos, nações em que encontramos as sedes das empresas petrolíferas instaladas na região. Trocado em miúdos, ajudar a disputar a soberania de um quintal que já tem dono significaria enfrentar pressões militares conjuntas de grandes potências, um risco que, para Rússia e China, não vale o possível ganho adicional a ser obtido.

Para entender a postura da Venezuela depois da reunião com o governo da Guiana, não é necessário se aprofundar nos melindres da diplomacia. Basta lembrar que Maduro deixou de lado o tom belicoso do discurso logo após o Reino Unido anunciar que enviaria uma esquadra da sua marinha militar às águas internacionais próximas da região em disputa. O silêncio de China e Rússia foi mais que suficiente para sinalizar ao mandatário de Caracas que o seu país enfrentaria sozinho forças armadas bem superiores àquelas das quais dispõe.[xxxv]

Do cenário internacional, passamos agora à economia doméstica e, sobretudo, a análise de alguns movimentos grevistas nos EUA. Os dados disponíveis revelam que a inflação caiu de 6,5%, em 2022, para 3,4% no ano passado e, se as estimativas se confirmarem, o PIB deve ter fechado 2023 com um crescimento próximo de 2,5%, enquanto a taxa média de desemprego deve estar na casa dos 3,7%.[xxxvi]

Assim como ocorreu em nível mundial, as análises dos preços nos dois últimos anos apontam que a sua elevação não ocorreu por causa dos reajustes salariais. Desta vez, a inflação aumentou devido à decisão dos empresários de aproveitar o aumento das compras no período pós-pandemia para elevar as margens de lucros enquanto promoviam uma significativa redução dos custos, demitindo funcionários e encolhendo os benefícios concedidos. Neste contexto, as paralisações de 2023 apenas recompuseram parte do poder de compra corroído nos últimos anos e deram passos interessantes na conquista de alguns direitos. Vejamos quatro exemplos.

Em maio de 2023, o mundo se deparou com uma greve de 118 dias dos trabalhadores de Hollywood. Além das pressões para elevar o salário mínimo de quem atua nos meios artísticos, roteiristas, atores e dubladores apontavam a necessidade de regulamentar a Inteligência Artificial (IA) cuja utilização vinha substituindo paulatinamente o seu trabalho. Algumas situações ajudam a visualizar parte do que estava acontecendo.

Além de traduções e dublagens dispensarem um elevado número de profissionais, os estúdios de Hollywood usavam a IA para criar tanto réplicas digitais de protagonistas e atores coadjuvantes como de figurantes para as cenas que demandavam um grande número de pessoas. As personagens fictícias nasciam do escaneamento digital dos artistas ou de qualquer indivíduo que já tivesse atuado no set de filmagem. Em seguida, programas de computador podiam inserir a mesma pessoa numa determinada cena ou mesclar diferentes partes dos corpos de vários atores (sorriso, olhares, cabelos, voz etc.) para criar novas personagens. Desta forma, a imagem dos artistas ou algumas de suas principais características eram usadas em diferentes produções que dispensavam o pagamento do seu trabalho e pelo uso da sua imagem.

A greve não conseguiu bloquear a utilização da IA, mas garantiu que o processo descrito só poderá ser utilizado após o consentimento das pessoas envolvidas e com a respectiva remuneração. Além disso, os quase quatro meses de paralisação asseguraram um aumento de 7% no salário mínimo a ser pago pelos estúdios de Hollywood, levaram à criação de um fundo de 40 milhões de dólares anuais para transferir uma parte da receita das séries de sucesso aos atores e abriram as portas para uma legislação que regulamente o uso da Inteligência Artificial no setor.[xxxvii]

O ano de 2023 também foi marcado pela greve dos 15.000 pilotos e tripulantes da American Airlines. Massivamente demitidos quando da interrupção das atividades aéreas no início da pandemia, os aeronautas recontratados para fazer frente à elevação da demanda de passagens aéreas entre 2022 e 2023 eram submetidos a jornadas extenuantes em troca de salários típicos de quem inicia a carreira na empresa. Encerrada em agosto de 2023, a paralisação conseguiu ajustes nos horários de trabalho e aumentos salariais de 46% a serem escalonados nos próximos 4 anos.[xxxviii]

A greve na Ford, General Motors e Stellantis (que reúne a FIAT-Chrysler e o Grupo PSA) marcou a volta do operariado das montadoras ao palco dos enfrentamentos abertos da luta de classes. Motivos para isso não faltavam, à medida que a perda salarial desde 2008 somava nada menos do que 19,3%. Sabendo que, entre 2013 e 2022, os lucros destes grupos aumentaram 93%, para um total de 250 bilhões de dólares e que, no mesmo período, o salário médio dos executivos cresceu 40%, o sindicato iniciou a greve reivindicando um reajuste igual ao da média dos quadros dirigentes das empresas. As paralisações se encerraram com um acordo que prevê uma recomposição salarial de 24% a ser paga em 4 anos e que, considerando os benefícios conquistados, chega a 30%.[xxxix]

Importante pelo que representa mais do que pela extensão e as conquistas do movimento, em meados de novembro, a greve da Starbucks conseguiu fechar durante algumas horas as atividades de 200 das 10.000 lojas do grupo em território estadunidense. Esta foi a primeira paralisação organizada pelo sindicato recém-fundado e contra o qual a empresa faz o impossível para impedir seu nascimento e ação. Empregados e empregadas foram à luta para forçar a Starbucks a negociar contratos de trabalho com o sindicato, algo que a empresa se recusava a fazer. O ganho mais significativo do movimento foi o de ter mostrado aos trabalhadores da base que o sindicato existe, age e, para ser respeitado pelos patrões, precisa ampliar o seu poder de barganha com o aumento da filiação e da organização nas lojas do grupo.[xl]

Num balanço geral, podemos dizer que 2023 marcou uma valorização dos sindicatos alimentada pelas situações vividas durante a pandemia e por algumas mudanças nas percepções do senso comum.[xli]

Em primeiro lugar, é importante resgatar que as novas gerações de trabalhadores e trabalhadoras cresceram ouvindo que elas estariam melhor do que seus pais. Mas a realidade vem frustrando esta expectativa. Além das dificuldades em encontrar empregos que ofereçam salários e benefícios condizentes com os estudos realizados, os melhores trabalhos aos quais os jovens têm acesso pagam salários proporcionalmente menores em relação aos de seus pais. Neste contexto, ganhar pouco e carregar as dívidas contraídas para custear os estudos universitários projeta um futuro nebuloso a frustrante.

Paralelamente a isso, muitos viram que, durante a pandemia, quem estava protegido por um contrato sindical tinha melhores condições de pleitear medidas de proteção à própria saúde. Sem este respaldo, os funcionários recebiam um “não” em resposta às solicitações de equipamentos básicos para se prevenir do contágio, de tempo para cuidar da sua família e de si próprios em caso de doença. Em meio ao caos da pandemia, a necessidade de somar forças nasceu da percepção de que ninguém ofereceria a eles uma tábua de salvação e de que vento a seu favor só viria da capacidade de somar forças em volta de uma causa comum, uma constatação que as campanhas de sindicalização procuraram capitalizar com o mote “organize-se pelo bem de todos”.

Sabendo dos perigos potenciais do sentimento do coletividade, os empresários buscaram desarmar este processo usando as demissões para criar um clima de medo e ameaça. Contudo, à medida que as grandes empresas não ofereciam vantagens e benefícios consistentes, as pessoas não se importavam muito de perder o emprego. Ao mesmo tempo, ver que os conhecidos saíam de um trabalho para outro que oferecia algo semelhante, fez com que o medo da demissão não surtisse o mesmo efeito que tinha no passado. Além disso, nas categorias de alta rotatividade, quem era admitido em um novo emprego levava consigo as experiências de trabalho e resistência anteriores e dificilmente aceitava calado as injustiças que se perfilavam à sua frente.[xlii]

As mudanças nas crenças do senso comum foram confirmadas por duas pesquisas anualmente realizadas nos EUA. Em meados de novembro de 2023, a enquete do The Wall Street Journal revelava que a ideia pela qual trabalhar duro é o caminho para ter sucesso na vida era considerada verdadeira por apenas 36% dos entrevistados, ante 68% no ano anterior. Na mesma linha, ainda no mês de novembro, um levantamento da NBC News mostrava que aqueles que acreditavam que o futuro dos seus filhos seria melhor do que o deles havia caído a 19,0%, o patamar mais baixo registrado na história desta pesquisa.[xliii]

Pelo visto, a realidade vem corroendo velhas convicções e despertando a necessidade de sair do individualismo rumo a uma causa comum. É uma luz que se acende na escuridão. Tênue e trêmula diante dos desafios que a realidade impõe, esta pequena chama precisa ser protegida dos ventos empresariais que desejam apagá-la e pacientemente alimentada com uma resistência que não se rende às investidas do conformismo e da resignação...mas o simples fato de existir abre um sorriso no coração de quem vê a ação da classe trabalhadora como a única capaz de destruir os mecanismos de exploração.

 

Emilio Gennari, Brasil 25 de janeiro de 2024.



[iii] Em: https://www.bbc.com/mundo/articles/cmjryj1ky13o  Acesso em 19/01/2024.

[iv] Os dados mais completos e a evolução de cada indicador citado estão disponíveis em: https://www.bea.org  Acesso em 13/01/2024.

[v] A estimativa citada consta das projeções do Banco Mundial divulgadas em janeiro deste ano, disponíveis em: https://www.bancomundial.org/es/news/press-release/2024/01/09/global-economic-prospects-january-2024-press-release

Acesso em 22/01/2024.

[vi] Em: https://www.resumenlatinoamericano.org/2024/01/04/ucrania-borrell-apoya-la-postura-de-polonia-de-suministrar-misiles-de-largo-alcance-a-kiev/ Acesso em 07/01/2024.

[vii] Estas e outras informações sobre o acordo assinado entre Reino Unido e Ucrânia encontram-se disponíveis em:  https://www.resumenlatinoamericano.org/2024/01/13/ucrania-londres-y-kiev-firman-un-acuerdo-de-cooperacion-en-el-ambito-de-la-seguridad-en-que-consiste/  Acesso em 20/01/2024.

[ix] Idem.

[xiii] Neste sentido, é importante lembrar que o próprio senador do Partido Democrata, Bernie Sanders, condenou como “ilegal, amoral, brutal e extremamente desproporcional a guerra contra o povo palestino na Faixa de Gaza e instou o Congresso a rechaçar o novo financiamento de U$ 10,1 bi destinado a sustentar as atividades bélicas de Israel na região dizendo que “os contribuintes não devem continuar sendo cúmplices da destruição da vida de homens, mulheres e crianças inocentes em Gaza”.

Em: https://www.resumenlatinoamericano.org/2023/12/14/palestina-sanders-reconoce-eeuu-es-complice-de-matanza-de-civiles-en-gaza/ e em: https://www.resumenlatinoamericano.org/2024/01/04/estados-unidos-no-mas-bernie-sanders-insta-al-congreso-a-cortar-el-financiamiento-a-la-guerra-israeli/ Acesso em 09/01/2024.

[xvi] Reproduzimos aqui a afirmação de Ilan Pappe, historiador judeu, numa entrevista concedida em Frankfurt, disponível em: https://ctxt.es/es/20231201/Politica/44969/Chiara-Cruciati-Sin-Permiso-Ilan-Pappe-entrevista-Israel-palestina-hamas-gaza-genocidio.htm?utm_campaign=twitter?utm_campaign=twitter  Acesso em 20/01/2024.

[xviii] Em: https://elpais.com/economia/2024-01-05/la-crisis-del-mar-rojo-golpea-al-comercio-mundial-el-coste-del-transporte-maritimo-se-dispara-un-170.html e em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cyj9z2vnlk0o  Acesso em 07/01/2024.

[xxi] Maiores notícias a este respeito podem ser encontradas em: https://www.palestinechronicle.com/michigan-voters-abandon-biden-over-gaza-war-report/   Acesso em 23/01/2024.

[xxii] Além de perder apoio entre os jovens de 16 a 24 anos, Biden perdeu apoio na comunidade árabe-estadunidense que, no estado de Michigan soma cerca de 206.000 pessoas. Em: https://elpais.com/internacional/2023-12-24/dearborn-el-corazon-arabe-de-ee-uu-abandona-a-biden-por-su-postura-en-la-guerra-de-gaza.html Acesso em 26/12/2023

[xxvi] Segundo uma pesquisa de opinião realizada pelo Canal 13 de Israel e cujos dados foram divulgados em 30 de dezembro de 2023, se as eleições fossem no final de 2023, o Partido Likud de Netanyahu perderia metade dos deputados que consegui eleger no último pleito. Por sua vez, a atual coalizão de governo (formada por Likud, Shas, Judaísmo da Torá, Unida, Poder Judaico e Sionismo Religioso) garantiria apenas 45 dos 120 assentos do Parlamento, no lugar dos 64 que garantes a sua maioria.

Em: https://www.palestinechronicle.com/netanyahus-likud-set-to-lose-half-of-knesset-seats-opinion-poll/  Acesso em 02/01/2024.

[xxvii] Estamos nos referindo ao texto A humanidade entre várias guerras, divulgado em 28 de maio de 2023 e disponível no drive: https://drive.google.com/drive/folders/1YoRRdUt1RVr31bNvhMPvIFt8pBwWYoJA?usp=sharing

[xxix] Estes e outros dados encontram-se disponíveis em:

- https://elpais.com/internacional/2023-07-12/la-otan-estrecha-lazos-con-democracias-del-pacifico-en-medio-de-fuertes-criticas-de-china.html 

- https://elpais.com/internacional/2023-06-20/estados-unidos-disena-una-nueva-arquitectura-de-seguridad-para-responder-al-auge-de-china-y-la-guerra-en-ucrania.html 

- https://elpais.com/internacional/2023-01-12/estados-unidos-y-japon-refuerzan-su-alianza-para-responder-al-auge-de-china.html

- https://elpais.com/internacional/2023-08-17/biden-acerca-a-japon-y-corea-del-sur-para-unir-fuerzas-frente-al-poder-de-china.html Acessos em 11/10/2023.

[xxxi] Um resumo das razões históricas pelas quais Pequim reivindica a Ila de Taiwan como parte inalienável do seu território pode ser encontrado em: https://www.infomoney.com.br/mundo/taiwan-china-entenda-a-origem-do-conflito/  Acesso em 22/01/2024.

[xxxii] Em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2024/01/06/do-aperto-de-maos-a-uma-escalada-de-tensao-sem-precedentes-como-a-relacao-das-duas-coreias-se-deteriora-a-cada-dia.ghtml?utm_source=share-universal&utm_medium=share-bar-app&utm_campaign=materias Acesso em 09/01/2024.

[xxxiii] Estes e outros dados encontram-se disponíveis em:

- https://elpais.com/internacional/2023-08-10/china-acusa-a-ee-uu-de-acoso-tecnologico-por-las-restricciones-a-la-inversion-en-sectores-estrategicos.html

- https://www.bbc.com/portuguese/articles/cj7j0nn0ppno

- https://www.bbc.com/mundo/articles/c2x58rgpvr2o 

- https://www.bbc.co.uk/news/world-asia-india-63140815

- https://www.bbc.co.uk/news/world-asia-india-65947363 Acessos em 07/08/2023.

[xxxiv] Estes e outros dados encontram-se disponíveis em:

- https://elpais.com/mexico/2023-12-26/una-nueva-caravana-migrante-parte-desde-el-sur-de-mexico-en-navidad-y-avanza-hacia-la-frontera-con-estados-unidos.html

- https://www.bbc.com/portuguese/articles/c9xgrzklpn4o

- https://www.bbc.com/portuguese/articles/cx8vxxng80xo 

- https://www.bbc.com/portuguese/articles/cw4kgwelnpqo

Acessos em 29/12/2023.

[xxxvi] Os dados mais completos e a evolução de cada indicador estão disponíveis em: https://www.bea.org  Acesso em 13/01/2024.

[xxxvii] Em: https://www.iesb.br/noticias/hollywood-em-greve-entenda-a-paralisacao-de-atores-e-roteiristas-e-o-impacto-nos-negocios/#:~:text=Um%20dos%20principais%20pontos%20levantados,diferentes%20atores%20em%20uma%20obra e em: https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2023/11/12/acordo-apos-greve-de-atores-de-hollywood-poe-limites-a-inteligencia-artificial-de-filmes-e-series.ghtml  Acessos em 08/01/2024

[xxxviii] Em: https://www.resumenlatinoamericano.org/2023/11/29/estados-unidos-el-regreso-de-las-huelgas-victoriosas-y-las-perspectivas-de-futuro/ Acesso em 01/12/2023.

[xxxix] Estas e outras notícias sobre a greve nas montadoras estadunidenses podem ser obtidas em:

- https://g1.globo.com/economia/noticia/2023/09/15/trabalhadores-de-montadoras-fazem-greve-simultanea-nos-estados-unidos.ghtml?utm_source=share-universal&utm_medium=share-bar-app&utm_campaign=materias

- https://elpais.com/economia/2023-09-29/el-sindicato-del-motor-de-ee-uu-amplia-la-huelga-a-nuevas-fabricas-de-gm-y-ford.html 

- https://www.resumenlatinoamericano.org/2023/11/29/estados-unidos-el-regreso-de-las-huelgas-victoriosas-y-las-perspectivas-de-futuro/  Acessos realizados em 01/12/2023

[xl] Em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cnepggzxd09o  Acesso em 08/12/2023

[xli] Em: https://www.bbc.com/mundo/articles/cw5r9e730v0o  e em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/cg3z0zzn08wo

 Acessos em 30/09/2023

[xlii] Em: https://elpais.com/economia/2023-01-21/los-despidos-record-en-las-big-tech-llegan-tras-un-atracon-de-un-millon-de-contratos.html   Acesso em 18/12/2023

[xliii] Em: https://www.bbc.com/mundo/articles/clk1479r29eo  e em: https://www.resumenlatinoamericano.org/2023/11/26/estados-unidos-wsj-el-sueno-americano-esta-dejando-a-los-estadounidenses/  Acessos em 28/11/2023.

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