sexta-feira, 3 de abril de 2020

Can we do it?






Este é um símbolo que nos representa, não é, garotas? [WE CAN DO IT!][1]



“A mulher moderna [...] é filha do sistema econômico do grande capitalismo. [...] nasceu com o ruído infernal das máquinas da usina e a sirene das fábricas.” (Alexandra Kolontai).

O desenvolvimento do capital condiciona a mulher a uma nova realidade, novas características da divisão sexual do trabalho. É preciso buscar conhecer a nossa conformação... Mas o foco deste texto tem mais a ver com a reprodução eufórica do que não se busca conhecer. 

Um “feminismo sem classe”, pode tranquilamente ser incorporado pela classe dominante e ser emocionante ao apelar para a questão da “capacidade da mulher” e englobar todas as angústias sofridas por nós, perdendo de vista que a estrutura da sociedade de classes em que vivemos condiciona e alimenta a opressão da mulher sofrida.

O cartaz em questão é um grande símbolo. Mas não é sem classe. ( Ver mais cartazes nas referências)



Num período em que o capitalismo já está em seu estágio mais que maduro, no cenário da Segunda Guerra Mundial, é criado, como um dos movimentos de propaganda de guerra, este belo cartaz de “Rosie, a rebitadora”. Cartaz criado em 1943 por J. Howard Miller, foi feito para a fábrica Westinghouse Electric Corporation, para “levantar a moral dos trabalhadores e trabalhadoras” em apoio à guerra burguesa – como a maioria dos homens da classe trabalhadora estavam sendo enviados para a guerra, cabia à mulher trabalhadora tocar a produção das fábricas. Nesse período, a população trabalhadora feminina tem mais uma vez um aumento sensível, e a campanha vem em incentivo para as mulheres entrarem com tudo na parte mais pesada da produção de armamentos.


A luta das mulheres é usada, propagandeada vinculada a um nacionalismo, é dado como o ganho de um espaço (mercado de trabalho) e exaltado como com isso a mulher estaria cumprindo seu papel na guerra, na sociedade, na vida. Mas um momento... guerra de quem? 

As trabalhadoras são “convidadas” a ir para as fábricas fabricar armamentos pesados para que com estes, trabalhadores americanos e aliados (como soldados) matem outros trabalhadores e trabalhadoras de outras nacionalidades.

E para além de tudo isso, “We can do it!” também (não por acaso) traz consigo o significado, de que a mulher consegue pegar no processo pesado de produção fabril de armamentos, consegue trabalhar e cuidar da casa, consegue trabalhar e ainda dar conta de sua função/obrigação de mulher (ou seja, trabalhar de novo). Porque afinal, dá conta de sua função e ainda consegue “cumprir seu importante papel para a guerra” burguesa. Além de tudo, “We can do it!”, é uma ode à dupla jornada.

E essa imagem criada em prol do capitalismo é que irá promover a luta das mulheres? Que visa a o fim da condição de jugo da mulher? Que visa pôr fim à determinação da condição social da mulher?

Desculpe-me, mas achar um desenho bonitinho não pode ser motivo pra se levar adiante uma bandeira do capital em detrimento da classe trabalhadora (composta por mulheres e homens).

Enquanto o capitalismo existir não pode existir a emancipação da mulher.  O cartaz em questão não é sem classe, mas definitivamente não é da nossa classe (a classe oprimida).

Nem patrão, nem Deus, nem amo, nem marido - por uma sociedade sem classes!

(J. Sant' Ana - 8 de março de 2016 - Editado 08 de março de 2020)
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[1] "Nós podemos fazer isso". Cartaz do comitê americano de coordenação da  produção de guerra.



 Estou orgulhosa... meu marido  quer  que eu faça a minha parte"

"Consulte o seu serviço de emprego EUA. Comissão de mão de obra para guerra."











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