“A mulher moderna
[...] é filha do sistema econômico do grande capitalismo. [...] nasceu com o
ruído infernal das máquinas da usina e a sirene das fábricas.” (Alexandra
Kolontai).
O desenvolvimento do
capital condiciona a mulher a uma nova realidade, novas características da
divisão sexual do trabalho. É preciso buscar conhecer a nossa conformação...
Mas o foco deste texto tem mais a ver com a reprodução eufórica do que não se
busca conhecer.
Um “feminismo sem
classe”, pode tranquilamente ser incorporado pela classe dominante e ser
emocionante ao apelar para a questão da “capacidade da mulher” e englobar todas
as angústias sofridas por nós, perdendo de vista que a estrutura da sociedade
de classes em que vivemos condiciona e alimenta a opressão da mulher sofrida.
O cartaz em questão é
um grande símbolo. Mas não é sem classe. ( Ver mais cartazes nas referências)
Num período em que o
capitalismo já está em seu estágio mais que maduro, no cenário da Segunda
Guerra Mundial, é criado, como um dos movimentos de propaganda de guerra, este
belo cartaz de “Rosie, a rebitadora”. Cartaz criado em 1943 por J. Howard
Miller, foi feito para a fábrica Westinghouse Electric Corporation, para
“levantar a moral dos trabalhadores e trabalhadoras” em apoio à guerra burguesa
– como a maioria dos homens da classe trabalhadora estavam sendo enviados para
a guerra, cabia à mulher trabalhadora tocar a produção das fábricas. Nesse
período, a população trabalhadora feminina tem mais uma vez um aumento
sensível, e a campanha vem em incentivo para as mulheres entrarem com tudo na
parte mais pesada da produção de armamentos.
A luta das mulheres é
usada, propagandeada vinculada a um nacionalismo, é dado como o ganho de um
espaço (mercado de trabalho) e exaltado como com isso a mulher estaria
cumprindo seu papel na guerra, na sociedade, na vida. Mas um momento... guerra
de quem?
As trabalhadoras são
“convidadas” a ir para as fábricas fabricar armamentos pesados para que com estes,
trabalhadores americanos e aliados (como soldados) matem outros trabalhadores e
trabalhadoras de outras nacionalidades.
E para além de tudo
isso, “We can do it!” também (não por acaso) traz consigo o significado, de que
a mulher consegue pegar no processo pesado de produção fabril de armamentos, consegue
trabalhar e cuidar da casa, consegue trabalhar e ainda dar conta de
sua função/obrigação de mulher (ou seja, trabalhar de novo). Porque afinal, dá
conta de sua função e ainda consegue “cumprir seu importante papel para a
guerra” burguesa. Além de tudo, “We can do it!”, é uma ode à dupla
jornada.
E essa imagem criada
em prol do capitalismo é que irá promover a luta das mulheres? Que visa a o fim
da condição de jugo da mulher? Que visa pôr fim à determinação da condição
social da mulher?
Desculpe-me, mas
achar um desenho bonitinho não pode ser motivo pra se levar adiante uma
bandeira do capital em detrimento da classe trabalhadora (composta por mulheres
e homens).
Enquanto o
capitalismo existir não pode existir a emancipação da mulher. O cartaz em
questão não é sem classe, mas definitivamente não é da nossa classe (a classe
oprimida).
Nem patrão, nem Deus,
nem amo, nem marido - por uma sociedade sem classes!
(J. Sant' Ana - 8 de
março de 2016 - Editado 08 de março de 2020)
__________________________
Estou orgulhosa... meu marido quer que eu faça a minha parte"
"Consulte o seu serviço de emprego EUA. Comissão de mão de obra para guerra."
Nenhum comentário:
Postar um comentário