sábado, 29 de julho de 2023

Parabéns à Gestão do EEP Paula Santos e Tancredo do Amaral - SQN

 

Objetivo desta Carta

 

O objetivo desta carta é duplo: 1º. Esclarecer os motivos da criação do movimento #Fica Noturno no Paula Santos. 2º Denunciar o modo vergonhoso como a Gestão desta Escola em Parceria com a Gestão da EEP Tancredo do Amaral e a DE-ITU, promoveu o fechamento do Noturno no Paula Santos, Escola que existe há mais de 50 anos na cidade de Salto-SP, e como estão trabalhando duro para fazer o mesmo no Tancredo do Amaral. 

 

Paula Santos sai da (ETI) para a Escola Integral (EI)

 

Em 2019 a Gestão do Paula Santos que era uma ETI (Escola de Tempo

Integral) inscreveu a escola no programa da Secretaria da Educação (SEESP) do Governo do Estado (Escola Integral -EI), o que mudaria a forma de gestão e mudaria todo o funcionamento da escola.

Na EI (Escola Integral) os professores são contratados por meio de processo seletivo, recebem um bônus de aproximadamente dois mil reais pela dedicação exclusiva ao projeto, o que significa mais ou menos um salário de sete mil reais mensais bruto. 

Entretanto, os descontos reduzem esse preço, “comem” o bônus salarial. Quem recebe 5 mil reais líquido fica bastante satisfeito. O que equivale ao salário pago nas grandes indústrias do país. Para um profissional que tem formação universitária, mestrado, e até doutorado, sem contar anos e anos de carreira, você há de convir que não é uma fortuna como os gestores e marqueteiros do governo fazem parecer aos olhos da comunidade escolar.

Depoimentos de professores dessa modalidade (PEI) aos quais tivemos acesso, nos indicam que esse salário, é a única compensação para os professores que aderiram ao projeto.

 A Propaganda oficial da Secretaria da Educação e dos gestores que aderiram ao projeto diz que a escola funciona com projetos que procuram orientar os alunos para o mercado de trabalho por meio dos itinerários de formação, orientação para os estudos, etc., e que isso é maravilhoso.

Os gestores dizem que as turmas são menores e a convivência por 8 horas diárias com os alunos os tornam mais acessíveis. Os alunos passam a ser cuidados mais de perto. Além disso, dizem que os professores permanecem o dia inteiro na Escola, o que evita aulas vagas e ausências no trabalho.  

Dizem ainda que o projeto é muito bom, que os alunos ficam mais tranquilos, são protagonistas dos seus projetos de estudos, participam da avaliação 360° que inclui ainda os Pares (professores), a Gestão e a Secretaria da Educação por meio de sua Diretoria de Ensino.

Você deve estar perguntando: qual é o problema então? Para que vocês fizeram esse movimento? O Projeto não é bom? Esta é uma excelente questão! Vejamos:

O projeto tem dois horários para os professores: Ensino Fundamental: Das 07:00h às 16:00h. Ensino Médio: 12:15h às 21:15h. O máximo que o trabalhador da educação pode fazer é sair uma hora para o almoço.

Todas as atividades planejadas (Aulas, projetos, exercícios...) são preenchidas em formulários na Secretaria Escolar Digital (SED). Todas as Atividades de Trabalho Pedagógico Livre (ATPL) agora tem que ser feitas na Escola (Não são mais livres). De acordo, com depoimentos de Educadores da Escola Integral, o projeto é avaliado como bom, mas é unanimidade entre os docentes, que o que mais atrapalha são os “milhares” de formulários para preencher sempre pra ontem, o que na prática acaba com o tempo de preparar as aulas e termina por obrigar vários docentes a perder fins de semana trabalhando. 

A Avaliação 360º cria uma dupla chantagem: De um lado o medo de perder o salário e do outro o receio de ir para uma escola “lá no fim do mundo”, ou seja, muito distante do local de moradia do professor. O que deixa os educadores sempre tensos e com medo das avaliações. Além disso, quase não sobra tempo livre para fazer compra, acompanhar a vida escolar dos filhos, visitar amigos.

Os diretores (gestores) fazem chantagem o tempo todo com os professores categoria O, com efetivos, ameaçando interromper o contrato, caso não tenham “perfil, ou seja, caso não façam aquilo que a gestão acha correto.

É um “prato cheio” para diretores autoritários que passam a cometer assédio moral com os professores, como, já é de domínio público as denúncias feitas aqui na região da Diretoria de Ensino de ITU e muitas outras regiões contra esse perfil de gestão.

 

 

Sabotagem Ao Ensino Público Noturno: Gestão Escolar e Estado sempre juntos.

 

Na verdade, criamos esse movimento (#FicaNoturno), em primeiro lugar porquê a mudança para a Escola Integral na escola Paula Santos foi muito mais uma forma de “salvar a pele” da Direção do que para o bem dos alunos. Vejamos:

O Paula Santos era uma Escola de Tempo Integral (ETI) portanto, funcionava como uma Escola regular pela manhã e a tarde com projetos. Os professores da tarde eram selecionados pela direção da Escola e podiam ser “demitidos” caso a direção entendesse que o professor não tinha o “perfil da Escola”. Os professores da Tarde, cerca de 20 viviam sempre tensos, muitas vezes não participavam das lutas da educação porque podiam ser demitidos, já que tinham contratos “temporários” para esse projeto (ETI). 

A Gestão do Paula Santos sempre agiu para dividir os professores, pois fazia questão de ressaltar permanentemente que os professores de projetos eram mais dedicados e que cumpriam melhor as determinações da gestão. Dizia que os “adorava”.  Muito bem, assim que inscreveu a Escola no novo projeto (PEI) e ele foi aprovado pelo estado, todos as professoras que a gestão “tanto amava” (cerca de 20) foram demitidas “sem nenhuma ruga na testa da Diretora”. 

Mas, deixa isso pra lá. Nosso movimento (#FicaNoturno) não foi criado para salvar a nossa pele (Dos Educadores). Nós sempre trabalhamos, a gente sempre “se virou nos 30”, não seria diferente desta vez. Acontece que a Escola Recebeu dinheiro para a reforma, a escola ficou melhor do ponto de vista da estrutura. E a gestão simplesmente disse que os alunos do noturno seriam transferidos para a Escola Tancredo. Nossa pergunta foi: Por que Justo agora que a Escola Paula Santos ficaria ainda melhor, os mais de 200 alunos do noturno seriam transferidos?

 

Salvando a Própria Pele e ajudando o patrão a sabotar o Noturno


 Além de salvar a própria pele, já que a atual direção do Paula Santos estava no cargo por nomeação (Designação) e não era concursada, portanto, perderia o posto, ela optou por apoiar e atuar decididamente, junto com a Gestão da Escola Tancredo do Amaral, na implantação das medidas da SEESP (Estado de São Paulo) adequando a Escola, aos objetivos das novas bases nacionais curriculares (BNCC). A saber: Eles estão atuando para criar um tipo de aluno que os produtores de lucro adoram: um aluno submisso e criativo.

Fazem isso, chantageando os professores e aumentando a opressão sobre eles. Por que, afinal, quem vai querer perder cerca de dois mil reais a mais no salário? Porque se perder vai para qualquer “canto” da diretoria de ensino trabalhar nas escolas com mais problemas de toda a natureza. Então, se cria uma situação de dupla dominação: dominação dos professores e dos alunos  que vão sendo preparados para aceitar a dominação e a opressão quando forem para o mercado de trabalho, além de salvar a pele da gestão atual.

Com isso, as duas equipes de gestão conseguiram acabar com qualquer possibilidade de noturno nas duas escolas. No Paula Santos a gestão simplesmente fechou as portas da escola para os alunos que amavam  estudar no Paula Santos . 

No Tancredo, a gestão impôs um horário das 14:15h as 21:15h para o “noturno”. Sendo assim, os alunos não podem trabalhar nem fazer outros cursos, já que o Tancredo não funciona mais nem no turno da tarde nem no da noite. A gestão conseguiu inviabilizar os dois períodos para os alunos trabalhadores. Resultado: aqui nessas duas escolas, como em outras tantas do Estado de São Paulo, o ensino médio noturno está sendo esvaziado, sabotado. 

Se isso não bastasse, com os itinerários de formação, “escolhidos” pelos alunos, os filhos dos trabalhadores estão aprendendo a fazer “brigadeiro, salada de frutas, miçangas”, desenhos livres... ou optando por estudar só exatas, ou só humanas, nos seus itinerários de formação. 

Não somos contra a livre escolha, mas acontece que nas escolas da classe média e dos ricos, os alunos estudam todas as matérias. Depois vão passar em medicina, odontologia, física, química, Tecnologia da Informação, etc, entrarão nas melhores universidades públicas federais e estaduais. E os nossos filhos (filhos de trabalhadores): Estarão sendo treinados para vender brigadeiro na rua? Serão preparados para serem operadores do sistema? 

Isso está errado. Nossos filhos tem o direito de estudar em qualquer universidade pública. Em depoimento ao nosso movimento, um pai de aluno nos disse que sua filha escolheu as disciplinas exatas, no itinerário de formação dela, sendo assim, quando ela for prestar vestibular será prejudicada na concorrência com quem estudou todas as disciplinas. 

E o que é pior, depoimentos de professores, alunos e pais das escolas que ainda não se tornaram escola integral (PEI) revelam que o BNCC (Novo currículo) impõe os itinerários de formação (“O fazer de brigadeiros”) para todos as escolas, o que significa que os filhos dos trabalhadores estão sendo prejudicados na luta por uma vaga nas universidades públicas, o que prejudica sua luta por um futuro melhor.

 

Um pouco da história do Movimento #Fica Noturno

 

Assim que se soube que a gestão atual da Paula Santos tinha aderido ao projeto, um professor as portas da aposentadoria e os alunos dos 9°s anos da manhã e do noturno começaram um movimento junto com a comunidade escolar chamado #Ficanoturno. Por meio de abaixo-assinado de cerca de 150 a 200 assinaturas, conseguiram mostrar ao então dirigente regional (Claudemir), que os alunos queriam permanecer no noturno daquela escola, então foi assinado um termo no qual os alunos permaneceriam no Paula Santos. 

Quando chegou o ano de 2020, durante a pandemia, a escola transferiu, unilateralmente os alunos do noturno do Paula Santos para a escola Tancredo, e foi simplesmente avisando os alunos sem fazer qualquer procedimento legal de consulta a comunidade, nem online, nem por telefone ou plataformas. 

Imediatamente o movimento #Ficanoturno reagiu, colou cartazes e fez mais um abaixo-assinado e conseguiu garantir permanência dos alunos no Paula Santos. O Movimento recebeu apoio da subsede da Apeoesp (sindicato dos professores), acionou o Ministério público da cidade que notificou a Diretoria de Ensino de Itu. Por isso, a DE-ITU, assinou uma declaração por meio da qual afirmou que o ensino noturno não seria fechado no Paulo Santos; isso está(va) escrito. 

E qual não foi a surpresa do movimento ao chegar o ano de 2021 e descobrir que por meio de telefonemas a gestão do Paulo Santos estava enviando os alunos para o Tancredo, novamente, sem nenhuma consulta previa aos interessados!!?? 

O movimento #Ficanoturno reagiu novamente enviando a carta que tinha recebido do Ministério público da cidade mostrando que a diretoria de ensino tinha garantido que o noturno continuaria no Paula Santos. A escola Paulo Santos não pôde transferir os alunos para o Tancredo assim automaticamente.

Mas o que aconteceu é que as duas equipes de gestão unidas (do Paulo Santos e do Tancredo) mais a diretoria ensino resolveram matar o noturno de inanição, ou seja, a gestão atual, da Paula Santos, trancou literalmente, todos os recursos no Paula Santos, assim que voltaram as aulas presenciais. Nem a sala dos professores nem a sala de informática, ou seja, nenhum recurso estava aberto aos professores do noturno no Paula Santos.

Os professores do Tancredo tiveram que subir até o Paulo Santos para trabalhar lá, apesar do Tancredo ter uma excelente estrutura para as aulas. Desse modo, as duas gestões foram chantageando os alunos e agindo administrativamente, transferindo os alunos para a Escola Tancredo. Esclarecemos que não se trata de colocar os professores do Tancredo e do Paulo Santos e as comunidades em conflito, trata se de denunciar essa atuação conjunta das duas gestões para fechar o noturno

 

O que queremos?

 

Nós do movimento #Ficanoturno sempre defendemos que o noturno do Paula Santos devia continuar como opção para os alunos da cidade e o noturno do Tancredo deveria ser reaberto com todos os recursos a disposição de todos os alunos. Afinal, por que criar uma rede especial para alguns alunos e não para todos?  

Assim que a Escola Paula Santos ingressou no programa Escola Integral, a escola foi reformada, pintada, recebeu recursos. Nós denunciamos essa discriminação. Alguns alunos, os alunos da manhã e os professores que ali trabalham tem direito de usufruir dessa melhoria na infraestrutura da escola, desses “privilégios”, nós concordamos. Mas por que privar os demais alunos desses mesmos benefícios? Só por serem do noturno ficaram excluídos? Como assim? Onde está a isonomia, a famosa igualdade, a liberdade de escolha? Por isso, nos mobilizamos. 

Finalmente, a EEP Tancredo do Amaral também aderiu ao projeto Escola Integral (2023). Parabéns, “parabéns 3 vezes”. Porque até então poderiam defender-se, dizendo que fecharam o noturno no Paula Santos, mas o reabriram nessa conceituada Escola. Agora não mais. Os alunos do ensino médio na Escola Tancredo do Amaral entram as 14.15h e saem as 21:15h. Ou seja, não estudam nem de dia nem de noite. O ensino noturno acabou nas duas UEs. A gestão do Tancredo e do Paula Santos foram muito eficientes: Ajudaram a pôr fim ao ensino noturno de duas das mais antigas escolas da cidade. Nunca é demais lembrar que defendemos a reabertura do noturno nas duas escolas: no Paula Santos e no Tancredo. 

A comunidade saltense merecia esse esclarecimento, na verdade o movimento #Ficanoturno fez o que devia fazer, nós entendemos que a história nos absolverá e a história vai condenar quem assim sem mais nem menos, apenas para preservar a própria pele, como foi o caso da gestão do Paula Santos e Tancredo e da diretoria de ensino, a mando do governo do Estado de São Paulo, resolveu fechar o noturno numa escola que existe há mais de 50 anos, ao invés de manter o ensino noturno aberto para que se tenha mais opções na cidade. 

A comunidade merecia este esclarecimento, nós continuaremos lutando para que os alunos um dia possam escolher realmente onde e quando estudar e qual curso querem fazer. Que sejam preparados para autonomia e não para submissão, que sejam preparados para fazer exatamente aquilo que querem, gostam e precisam e não para atender as necessidades do sistema.

Sabemos que a gestão do Paulo Santos, Tancredo, a diretoria de ensino e o Estado continuarão sempre disfarçando a opressão e a dominação, por meio de benefícios e “projetos bonitos”, que vão criando cada vez mais a divisão entre nós, mas continuaremos trabalhando para a unidade de todos aqueles que mais precisam da escola pública. Ou seja,  os assalariados, os proletários, os que realmente produzem tudo nesse mundo.  

 

Para aprender a apertar botão a gente não precisa de escola. Por isso seguimos lutando para que todos os alunos tenham uma formação holística, e possam estudar na escola que mais precisarem e escolherem. E que sejam preparados para passar nas universidades que quiserem no curso que quiserem. 

Abraço Fraterno

 

Movimento #FicaNotunrno