quarta-feira, 22 de novembro de 2023

Quem deu a Israel o #direito de #negar todos os direitos aos #palestinos? ¹

 

 

 

Quem Deu a Israel o Direito de Negar Todos os Direitos aos Palestinos[1]?'



 

Sumário

Quem Deu a Israel o Direito de Negar Todos os Direitos aos Palestinos?' 3

1.      Galeano: Quem Deu a Israel o Direito de Negar Todos os Direitos?. 5

5. -  Exército de Israel se prepara para atacar o centro de comando do Hamas. 42

Adriana Moysés, da RFI, destaca que Israel começou a enviar hoje para a Faixa de Gaza milhares de trabalhadores palestinos que tinham emprego em Israel ou na Cisjordânia. A revogação dos vistos de trabalho de 18,5 mil trabalhadores de Gaza tinha sido decidida em 10 de outubro pelo governo israelense, três dias depois do ataque do Hamas. A ONU está preocupada com o retorno forçado diante da intensidade dos bombardeios em Gaza. O Exército de Israel concluiu o cerca Cidade de Gaza. 42

6.0. Los colonos aprovechan la guerra para multiplicar las expulsiones de palestinos en Cisjordania  43

Más de 800 personas, sobre todo beduinos, han desmontado sus precarias aldeas para asentarse en lugares más seguros desde el ataque de Hamás el 7 de octubre. 43

7.0 - Sindicato dos trabalhadores em aeroportos na Bélgica organiza greve para impedir que sejam feitos carregamentos de armas estadunidenses em voos comerciais com destino a Israel. 44

7. Estudantes de Harvard abandonam sala na fala do Cônsul de Israel. 45

8. 0 - Bomba atômica em Gaza e dúvida sobre mortes pelo Hamas: quando as vozes radicais se levantam em Israel 46

Ministro da ala radical de Netanyahu defende bomba atômica em Gaza; deputada árabe duvida de estupros e massacres de bebês pelo Hamas. (Por Sandra Cohen (06/11/2023 14h18  Atualizado há 3 dias) 46

9.0 - Catástrofe en el mayor hospital de Gaza: “Necesitamos evacuar ya, pero disparan a todos los que tratan de escapar”. 46

10. QUASE 1 MILHÃO SÓ EM LONDRES, INCLUINDO VÁRIOS JUDEUS, CONTRA O MASSACRE AOS PALESTINOS  46

11. Atualizações

 

Quem Deu a Israel o Direito de Negar Todos os Direitos aos Palestinos[2]?'

 

                                                        

“#Veritas liberabit vos – A verdade vos libertará” - (Jo. 8, 32)

 

 

Sempre que uma crise aguda faz ressurgir essa questão na mídia, é preciso ficar atento ao mesmo tempo à singularidade do momento e aos processos de longa duração. Evitar sobretudo supor que houve, em algum tempo, algo como uma “situação normal”, que teria sido abalada pelos “tumultos”, “confrontos”, “#bombardeios”, “mísseis”, com o risco de “uma conflagração em toda a região”… Tentar pensar a Nakba, a “#Catástrofe” ou o “#Desastre” dos palestinos como algo que perdura. ( Samah jabr – #psiquiatra)

 

 

Este título é de um artigo de #Eduardo Galeano publicado em 2012 quando ele ainda era vivo em mais um dos cruéis e destruidores ataques das forças armadas sionistas de Israel a faixa de Gaza sempre com o mesmo argumento a mesma justificativa, a de estar combatendo o terrorismo do Hamas.

Nós não somos ingênuos nem neutros, não existe neutralidade na história e na vida, ainda que você diga e pense que consegue está façanha impossível. O que defendemos é a Verdade. Quem precisa levantar-se dos escombros e dos corpos despedaçados pelas bombas e manter-se sempre viva é a verdade. Na verdade, nestas situações é proibido mentir. A verdade é simples: Na palestina, o Estado sionista é o invasor, o opressor e os palestinos e sua autoridade palestina os invadidos, oprimidos.

Desde o primeiro século do calendário cristão, o calendário que tem o nascimento de Cristo como ano 1, até hoje, ou seja, da diáspora dos hebreus ou seja, de 69-70 depois de Cristo(d.C.), Israelense-judeus e não judeus que moram naquela terra - palestinos-judeus-muçulmanos-cristãos – viveram em paz, até a criação do Estado Sionista a partir dos desdobramentos da segunda guerra mundial no qual houve o holocausto promovido pelo nazifascismo como é do conhecimento de todos.

Assim que, a Europa e os Estados Unidos aprovaram a criação do Estado sionista e impediram a criação do Estado Palestino, a Paz acabou naquele território.  Antes mesmo da criação do Estado Sionista, os sionistas por meio do terrorismo contra tudo e contra todos os palestinos (crianças, velhos, mulheres homens ...). A diferença é que eles ainda não tinham forças armadas oficiais e armas para destruir “metade da Ásia” como tem hoje.

Muito bem, a questão é simples, a verdade é clara e cristalina. O Estado sionista oprime os palestinos e os palestinos do Hamas recorrem ao terrorismo como arma de defesa. O Estado Sionista responde com bombardeios que destroem cidades inteiras e matam dezenas de milhares de pessoas.

Você pode apoiar Israel e suas ações de Estado, se quiser, ou pode apoiar os palestinos e suas ações se assim o decidir. Mas não pode mentir. Nem esparramar mentiras. Ao defender o Estado sionista você está ao lado do opressor, ao defender a autoridade palestina e os palestinos você está ao lado do oprimido. O resto é “lorota, conversa mole, conversa pra boi dormir”, mentiras. Se você quiser utilizar uma categoria robusta para expressar mentiras históricas bem escritas, pode escrever ou dizer que o resto são: Narrativas ou seja, mentiras bem escritas e viralizadas pelos meios de comunicação oficiais no mundo todo.

Por isso, resolvemos fazer esta publicação. Abaixo você vai encontrar uma série de notícias, artigos, imagens e links para acessar vídeos, que vão te ajudar a encontrar os argumentos para defender e solidificar sua escolha. Quer seja ela pela mentira ou quer seja como a nossa opção, pela verdade. Você estará bem servido.

 

Boa leitura.

 

1.Galeano: Quem Deu a Israel o Direito de Negar Todos os Direitos?

 

Para justificar-se, o terrorismo de estado fabrica terroristas: semeia ódio e colhe pretextos. Tudo indica que esta carnificina de Gaza, que segundo seus autores quer acabar com os terroristas, acabará por multiplicá-los.

Desde 1948, os palestinos vivem condenados à humilhação perpétua. Não podem nem respirar sem permissão. Perderam sua pátria, suas terras, sua água, sua liberdade, seu tudo. Nem sequer têm direito a eleger seus governantes. Quando votam em quem não devem votar são castigados. Gaza está sendo castigada. Converteu-se em uma armadilha sem saída, desde que o Hamas ganhou limpamente as eleições em 2006. Algo parecido havia ocorrido em 1932, quando o Partido Comunista triunfou nas eleições de El Salvador. Banhados em sangue, os salvadorenhos expiaram sua má conduta e, desde então, viveram submetidos a ditaduras militares. A democracia é um luxo que nem todos merecem.

São filhos da impotência os foguetes caseiros que os militantes do Hamas, encurralados em Gaza, disparam com desajeitada pontaria sobre as terras que foram palestinas e que a ocupação israelense usurpou. E o desespero, à margem da loucura suicida, é a mãe das bravatas que negam o direito à existência de Israel, gritos sem nenhuma eficácia, enquanto a muito eficaz guerra de extermínio está negando, há muitos anos, o direito à existência da Palestina.

Já resta pouca Palestina. Passo a passo, Israel está apagando-a do mapa. Os colonos invadem, e atrás deles os soldados vão corrigindo a fronteira. As balas sacralizam a pilhagem, em legítima defesa.

Não há guerra agressiva que não diga ser guerra defensiva. Hitler invadiu a Polônia para evitar que a Polônia invadisse a Alemanha. Bush invadiu o Iraque para evitar que o Iraque invadisse o mundo. Em cada uma de suas guerras defensivas, Israel devorou outro pedaço da Palestina, e os almoços seguem. O apetite devorador se justifica pelos títulos de propriedade que a Bíblia outorgou, pelos dois mil anos de perseguição que o povo judeu sofreu, e pelo pânico que geram os palestinos à espreita.

Israel é o país que jamais cumpre as recomendações nem as resoluções das Nações Unidas, que nunca acata as sentenças dos tribunais internacionais, que burla as leis internacionais, e é também o único país que legalizou a tortura de prisioneiros.

 

Quem lhe deu esse direito, Israel?

 Quem lhe deu o direito de negar todos os direitos? De onde vem a impunidade com que Israel está executando a matança de Gaza? O governo espanhol não conseguiu bombardear impunemente o País Basco para acabar com o ETA, nem o governo britânico pôde arrasar a Irlanda para liquidar o IRA. Por acaso a tragédia do Holocausto implica uma apólice de eterna impunidade? Ou essa luz verde provém da potência manda chuva que tem em Israel o mais incondicional de seus vassalos?

O exército israelense, o mais moderno e sofisticado mundo, sabe a quem mata. Não mata por engano. Mata por horror. As vítimas civis são chamadas de “danos colaterais”, segundo o dicionário de outras guerras imperiais. Em Gaza, de cada dez “danos colaterais”, três são crianças. E somam aos milhares os mutilados, vítimas da tecnologia do esquartejamento humano, que a indústria militar está ensaiando com êxito nesta operação de limpeza étnica.

E como sempre, sempre o mesmo: em Gaza, cem a um. Para cada cem palestinos mortos, um israelense. Gente perigosa, adverte outro bombardeio, a cargo dos meios massivos de manipulação, que nos convidam a crer que uma vida israelense vale tanto quanto cem vidas palestinas. E esses meios também nos convidam a acreditar que são humanitárias as duzentas bombas atômicas de Israel, e que uma potência nuclear chamada Irã foi a que aniquilou Hiroshima e Nagasaki.

A chamada “comunidade internacional”, existe? É algo mais que um clube de mercadores, banqueiros e guerreiros? É algo mais que o nome artístico que os Estados Unidos adotam quando fazem teatro?

Diante da tragédia de Gaza, a hipocrisia mundial se ilumina uma vez mais. Como sempre, a indiferença, os discursos vazios, as declarações ocas, as declamações altissonantes, as posturas ambíguas, rendem tributo à sagrada impunidade.

Diante da tragédia de Gaza, os países árabes lavam as mãos. Como sempre. E como sempre, os países europeus esfregam as mãos. A velha Europa, tão capaz de beleza e de perversidade, derrama alguma que outra lágrima, enquanto secretamente celebra esta jogada de mestre. Porque a caçada de judeus foi sempre um costume europeu, mas há meio século essa dívida histórica está sendo cobrada dos palestinas, que também são semitas e que nunca foram, nem são, antissemitas. Eles estão pagando, com sangue constante e sonoro, uma conta alheia.

 

1.   Novo documento vazado sobre plano para expulsar a população de Gaza (Por Joe Lauria ( 31 de outubro de 2023)[3]




Palestinos inspecionam os danos após um ataque aéreo israelense na área de El-Remal, na cidade de Gaza, em 9 de outubro de 2023 (Naaman Omar apaimages/Wikimedia Commons)

 

O documento do Ministério da Inteligência está a ser minimizado pelas autoridades israelitas, que afirmam que o mesmo não está a ser considerado activamente enquanto a operação terrestre estiver em curso. O documento foi publicado pela primeira vez em hebraico pelo site de notícias  Sicha Mekomit. A sinopse do artigo diz: 

“Um documento em nome do Ministério da Inteligência, cujo conteúdo completo é publicado aqui pela primeira vez, recomenda a transferência forçada da população da Faixa de Gaza para o Sinai de forma permanente e apela a que a comunidade internacional seja aproveitada para o mover. O documento também sugere a promoção de uma 'campanha dedicada' para os residentes de Gaza que os 'motivará a concordar com o plano'”.

A fonte do site de notícias disse que “o pessoal do Ministério apoia estas recomendações”, mas que elas “não são baseadas na inteligência militar” e são usadas apenas como “uma base para discussões no governo”. 

2.1 - Times de Israel  relatou:

 

“O documento está a ser minimizado por funcionários do governo, com o Gabinete do Primeiro-Ministro a dizer ao Haaretz que representa 'pensamentos iniciais' sobre a questão, que atualmente não está a ser considerada pelas autoridades focadas no esforço de guerra e nem no dia seguinte.

O documento, datado de 13 de Outubro, apela à transferência da população civil para cidades de tendas no norte do Sinai e, eventualmente, à construção de cidades permanentes e à abertura de um corredor humanitário. O plano inclui uma zona tampão ‘estéril’ de vários quilómetros de largura dentro do Egipto, para garantir que a população não possa estabelecer-se nas fronteiras de Israel.”  

Segundo  Sicha Mekomit,  o documento diz: “As mensagens [aos habitantes de Gaza] deveriam girar em torno da perda da terra, ou seja, deixar claro que não há mais esperança de retornar aos territórios que Israel ocupará em num futuro próximo… A imagem deveria ser ‘Alá garantiu que vocês perdessem esta terra por causa da liderança do Hamas – não há escolha senão mudar-se para outro lugar com a ajuda dos Seus irmãos muçulmanos.”  

É uma mensagem cínica ao extremo vender um  crime contra a humanidade  a uma população totalmente desesperada. “O termo 'transferência forçada' descreve a deslocalização forçada de populações civis como parte de uma ofensiva organizada contra essa população. É um crime contra a humanidade punível pelo Tribunal Penal Internacional (TPI)”, segundo o Instituto de Informação Legal da Faculdade de Direito Cornell. O TPI está actualmente a investigar possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Israel e na Palestina.

De acordo com  Sicha Mekomit,  o governo israelita está bem ciente dos danos internacionais à reputação de Israel que resultariam da implementação de tal plano pela força:

“Afirma-se [no documento] que se a população de Gaza permanecer na Faixa, haverá 'muitas mortes árabes' durante a esperada ocupação de Gaza, e isso prejudicará a imagem internacional de Israel ainda mais do que a deportação da população. Por todas estas razões, a recomendação do Ministério da Inteligência é promover a transferência permanente de todos os cidadãos de Gaza para o Sinai.”

De acordo com  o The Washington Post,  o Egipto e os Estados Unidos discutiram formas de evitar que a população palestina seja forçada a sair de Gaza. De acordo com a leitura de um apelo da Casa Branca, os líderes dos EUA e do Egipto “discutiram a importância de proteger as vidas dos civis, do respeito pelo direito humanitário internacional e de garantir que os palestinianos em Gaza não sejam deslocados para o Egipto ou qualquer outra nação”. 

A maioria dos habitantes de Gaza já são refugiados ou descendentes de refugiados que foram expulsos das suas casas por Israel em 1948, na violenta criação do Estado de Israel.

-Egito…….

“A questão do 'dia seguinte' não foi discutida em nenhum fórum oficial em Israel , que neste momento está focado na destruição das capacidades governamentais e militares do Hamas,”…

2.2-        Israel enviará 2,3 milhões de cidadãos “fortemente afetados” da Faixa de Gaza para a Península do Sinai, no Egito (organiser.org)

O documento, datado de 13 de Outubro, apela à transferência da população civil para cidades de tendas no norte do Sinai e, eventualmente, à construção de cidades permanentes e à abertura de um corredor humanitário . O plano inclui uma zona tampão “estéril” de vários quilómetros de largura dentro do Egipto , para garantir que a população não possa estabelecer-se nas fronteiras de Israel.

O plano assinala prováveis ​​problemas de legitimidade internacional , mas justifica a medida formulando-a em termos de uma solução para uma população refugiada que procura abrigo da guerra. Alega que tal transferência forçada também serviria como um aviso ao Hezbollah , presumivelmente como aquilo que Israel poderia forçar no sul do Líbano , uma área anteriormente ocupada pelos militares israelitas de 1982 a 2000.

O documento também inclui duas outras opções, importar o controlo da Autoridade Palestiniana para a Faixa ou apoiar um regime local, mas rejeita ambas como problemáticas por várias razões, incluindo o facto de não servir como elemento dissuasor para atacar Israel.

 

 

 

 

 

 

3.     Palestina: resistência como terapia


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3.1 - Um espectro ronda o mundo, o da Palestina.[4]

 

Conversa com Samah Jabr, psiquiatra e psicoterapeuta palestina

(May 21, 2021)

 

Sempre que uma crise aguda faz ressurgir essa questão na mídia, é preciso ficar atento ao mesmo tempo à singularidade do momento e aos processos de longa duração. Evitar sobretudo supor que houve, em algum tempo, algo como uma “situação normal”, que teria sido abalada pelos “tumultos”, “confrontos”, “bombardeios”, “mísseis”, com o risco de “uma conflagração em toda a região”… Tentar pensar a Nakba, a “Catástrofe” ou o “Desastre” dos palestinos como algo que perdura.

Essa entrevista com uma psiquiatra e psicoterapeuta palestina, que vive em Jerusalém e trabalha na Cisjordânia, pode contribuir para tanto. Samah Jabr publicou centenas de textos e artigos de análise sobre a ocupação e a sociedade palestina, insistindo sobretudo na impossibilidade de separar os níveis de compreensão psicológico e político. Ela lembra que “a Nakba não é um evento histórico passado, mas um processo que se prolonga há mais de 70 anos”…

Os palestinos vivem uma nova fase de intensificação em sua luta contra a ocupação israelense. Você pode nos relembrar os elementos disparadores da situação atual e a sequência na qual ela se inscreve?


Samah Jabr 
— Sempre houve ataques contra a identidade palestina jerusalemita. A fase atual corresponde a uma intensificação, para a qual pode-se distinguir três elementos disparadores…


Primeiro, os israelenses ocuparam a praça diante do Portão de Damasco [1], impedindo os palestinos de manter uma vida social e cultural naquele espaço. Em tempos normais, é um lugar muito vivo, convivial, onde há comércio e atividades culturais… A praça se apresenta como uma espécie de anfiteatro em frente ao Portão de Damasco. Sempre há vendedores, músicos, dança, pessoas que simplesmente fazem ali uma pausa para conversar… É também um lugar de confrontos recorrentes com os israelenses, quando estes decidem expulsar os comerciantes e as pessoas que estão na praça. No ano passado, os israelenses mudaram o nome dessa praça que nós chamamos de Bab Al’Amoud em árabe (Portão da Coluna). Deram-lhe o nome de dois soldados israelenses mortos durante um confronto com palestinos. Foi um ataque à identidade e aos símbolos do povo palestino, à vida cultural e social dos palestinos em Jerusalém…


Depois, houve um episódio que se inscreve como uma operação de limpeza étnica, quando a corte israelense, as autoridades israelenses tentam expulsar palestinos do bairro de Cheikh Jarrah, na parte oriental de Jerusalém. É um esquema que se repete na vida dos palestinos… Cheikh Jarrah é um bairro de localização estratégica. Seus habitantes são refugiados de 1948 [2]. Esse projeto de expulsão sobrevém poucos dias antes da comemoração da Nakba, o que provoca sentimentos traumáticos em todos os palestinos… Houve muitas mobilizações, muita solidariedade com Cheikh Jarrah… Recentemente, passei pelo bairro e fiquei bloqueada por duas horas por conta dos confrontos… Era a guerra. Houve confrontos muito violentos. O nível de repressão era enorme. Via-se soldados golpeando manifestantes na cabeça…


Houve também um terceiro gênero de ataque contra as pessoas que vieram rezar na mesquita Al Aqsa, que é um lugar santo para o Islã. Há mais de um bilhão de muçulmanos para quem esse lugar é muito importante. Sete milhões de palestinos muçulmanos têm o direito, teoricamente, de frequentá-lo, mas somente alguns milhares o conseguem, porque Israel multiplica os bloqueios, as fronteiras, as interdições, a fim de impedir a maioria de ter acesso ao local. Atacar as pessoas que apesar de tudo conseguiram vir, e durante a reza, o recolhimento, o jejum, representa um ataque muito forte contra a identidade palestina e muçulmana… Tudo isso transtornou os palestinos, notadamente os jerusalemitas. Com a Covid, e mesmo antes, com os protestos árabes que na maioria terminaram em golpes de Estado, pensava-se que a Palestina havia sido relegada aos arquivos do mundo, porém os últimos acontecimentos devolveram o foco sobre a causa palestina.

 

3.2 - O que acontece com a faixa de Gaza?[5]


SJ
- Gaza é o lugar com mais condições de captar as tensões que ocorrem em Jerusalém. Faz anos que Gaza está sob cerco, marginalizada pelo governo oficial palestino. Houve guerras e ataques repetidos. Há uma ligação muito forte das pessoas de Gaza com Jerusalém. No dia 30 de abril, o presidente palestino Mahmoud Abbas decidiu impedir as eleições (as primeiras eleições nacionais na Cisjordânia, depois de 15 anos), com o pretexto de que havia confrontos em Jerusalém… Na verdade ele temia os resultados das eleições, se elas ocorressem nesse momento… Todas as condições estavam dadas para que houvesse uma reação em Gaza.


Não se deve interpretar essa reação unicamente a partir do referencial islâmico dos grupos de resistência. Nos grupos de resistência de Gaza, fala-se de uma frente. As mais populares são o Hamas e o Jihad islâmico, mas há também grupos menos conhecidos, cuja orientação política não comporta referência ao Islã — alguns são de inspiração marxista, outros nacionalistas árabes… E quando se decidiu desencadear uma resposta, isso foi feito por uma “frente comum das brigadas”. No seu comunicado, evoca não apenas o ataque contra a mesquita, mas também a limpeza étnica de Jerusalém oriental. E se referem igualmente aos eventos no Portão de Damasco… Essa frente conta com pessoas da FPLP (Frente popular de liberação da Palestina, marxista) e elementos ligados à Fatah (mas que não são mais considerados membros da Fatah)… É uma frente mais ampla do que os movimentos islamistas.
Mas a mídia quer fazer crer que se trata apenas do Hamas. Quando houve uma resposta verbal e política dos grupos de resistência, Netanyahu respondeu: é só o Hamas que nos interessa em Gaza… Claramente, buscam reduzir o conflito a seus aspectos religiosos. O que facilita as confusões, permitindo dizer que só se trata de combater um movimento islamista.

No início, ocorreu essa expulsão dos habitantes palestinos do bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém oriental, e o projeto de demolir suas casas para construir residência para colonos judeus… Essa situação foi apresentada pelos israelenses e pelos que retomam seus discursos como um simples diferendo jurídico ou um contencioso imobiliário. Para os palestinos, ele se inscreve numa longa história de despossessões, que não pode ser compreendida senão através dos termos de Nakba e do “direito ao retorno”. Você poderia lembrar o sentido dessas noções e explicar como elas intervieram recentemente?


SJ 
— Nakba é o termo utilizado para descrever os acontecimentos que precederam o anúncio da independência do Estado de Israel, atos criminosos de despossessão, expulsão, demolição e massacre, que resultaram na expulsão de dois terços do povo palestino. Alguns foram expulsos para fora das fronteiras da Palestina e se tornaram refugiados, outros foram instalar-se em distintos lugares na Palestina, longe de suas cidades, nos campos de refugiados. Depois veio a lei israelense de 1950, a lei dita de “absentismo”, que considera todas essas pessoas como ausentes. O governo israelense se outorga então o direito de retomar suas propriedades. Ninguém pode, depois disso, reclamar sua terra ou sua casa.


Por outro lado, é verdade que judeus, durante o período otomano ou o mandato britânico, portanto antes da Nakba, tiveram propriedades na Palestina. Mas elas representavam uma percentagem baixa e eram facilitadas pelo mandato britânico. Ademais, havia um outro sistema de aluguel ou de uso exclusivo: é quando alguém pode utilizar a terra durante um certo período. Há judeus que chegaram na Palestina como refugiados e que se aproveitaram desse regime… Hoje no mundo árabe, com o discurso de normalização, circula a ideia de que os judeus compraram a Palestina, que eles não a ocuparam. É como dizer, por exemplo, que se argelinos ou tunisinos compram terras na França, mais tarde a Argélia pode ocupar a França… É a mesma lógica. Mais seriamente, a Palestina foi ocupada de maneira planificada, através de uma limpeza étnica, por atos criminosos perpetrados sobretudo por milícias judias. Sei que é de difícil entendimento, mas é exatamente como os atos cometidos pelo Daesh na Síria e no Iraque. Eles recorreram ao terror para que as pessoas deixassem suas aldeias. É assim que a Palestina foi esvaziada e ocupada. Então, o direito internacional e as Nações Unidas, que reconheceram o Estados de Israel, também validaram o direito de retorno aos palestinos. Israel não respeitou esse direito de retorno, como não respeitou a maioria das decisões das Nações Unidas…

Você trabalha como psiquiatra e psicoterapeuta na Cisjordâna e em Jerusalém oriental. Em suas intervenções e publicações, você insistiu na impossibilidade de separar os aspectos políticos e psiquiátricos no caso da sociedade palestina. Como o trabalho que você faz há anos permite a você apreender o que está em curso hoje?


SJ 
— Há muito a dizer sobre isso… Mas vou falar de um aspecto particular para ilustrar: a resposta de Gaza, por exemplo. As pessoas, agora, se engajam na resistência primeiro por razões psicológicas. As considerações mais importantes são de ordem psicológica. Quando se fala dos palestinos implicados na resistência, fala-se de resistência popular levada a cabo seja por jovens de Jerusalém, seja por pessoas que resistem de maneira mais formal, como em Gaza… As considerações não são financeiras e não seguem um cálculo, cálculo de vidas perdidas, cálculo de prejuízos econômicos, cálculo de vantagens possíveis… Não, as razões são psicológicas. Os palestinos são atacados em sua dignidade e em suas convicções profundas, em sua crença — não falo de religião institucional, mas da crença em seu direito a essa terra. Por isso é difícil gerir a resistência do povo palestino. Pois conforme um cálculo dos riscos, os israelenses não podem esperar uma tal resistência da parte dos palestinos, pois a diferença é enorme, Israel tem um poder e meios imensos…


Hoje, Gaza se tornou um espaço de guerra sem saída… 160 aviões militares sobrevoaram a faixa de Gaza. Eles podem demoli-la inteiramente, vimos isto em 2014. Há também uma diferença no número de mortos entre israelenses e palestinos: em 2014 os bombardeios israelenses mataram mais de 2000 pessoas, ao passo que do lado israelense houve uma dezena de mortos…
E não obstante, isso continua, esse confronto mortífero para os palestinos… Pois os aspectos psicológicos são muito importantes. A importância da justiça, da dignidade humana… Através da resistência, os palestinos retomam sua capacidade de agir. Eles recusam ser reificados e desumanizados, eles exercem sua subjetividade… Se não se compreende isso, os atos palestinos parecem insensatos. Por isso a resistência palestina permanece incompreensível para muitos poderes, para muita gente que toma decisões na esfera internacional… Eles pensam que são atos suicidários, que os palestinos trazem a catástrofe neles mesmos… Mas há aspectos psicológicos decisivos. E é através de uma resistência conduzida por alguns indivíduos ou grupos, que tem por efeito reconstruir a humanidade e a dignidade do povo palestino.

É um ponto importante, este… Na esfera internacional, na maioria dos discursos oficiais e midiáticos, a atenção se concentra prioritariamente, senão exclusivamente, nos momentos de crise aguda, como agora. A quais transformações na longa duração corresponde a explosão atual? O que você pode nos dizer dos diferentes níveis, inclusive os silenciosos, psicológicos e mentais, em que se desenrola a guerra de baixa intensidade?


SJ 
— De maneira geral, toda colonização necessita matar muitos colonizados. Mas já que ela não se pode matar a todos, ao menos tenta fazê-los viverem como sombras, sem a capacidade de agir, sem vontade, sem identidade, sobretudo sem identidade coletiva…


Os israelenses não têm problema algum caso você renuncie a todo sentimento coletivo, a toda vontade de se exprimir… quer seja um assassinato do corpo, e você é morto, quer seja um assassinato da consciência, da subjetividade. É o que acontece a longo termo. É através da intimidação que Israel gere o controle do povo palestino. E quando há uma crise como esta, é que as pessoas superaram o sentimento de medo, desafiando a situação.
Palestinos intimidados, esmagados e reduzidos ao silêncio não atrapalham muito. Mas se começam a afirmar sua identidade, sua esperança de liberação, isso incomoda muito os israelenses e os chama para ataques brutais… O que acontece a longo prazo é, pois, a intimidação total dos palestinos. Por exemplo, quando os palestinos começaram a se mobilizar, a ir até Sheikh Jarrah, à mesquita Al Aqsa, receberam mensagens através do mesmo aplicativo utilizado para a prevenção e restrições ligadas à Covid, mensagens de ameaça que diziam: “Você foi localizado perto de Al Aqsa, você será punido”.
Então há uma espécie de dicotomia: ou você é completamente obediente e sem subjetividade, ou você corre o risco de morte física. Porque em sua loucura e em sua ideologia, os israelenses enxergam os palestinos seja como bárbaros e terroristas, ou como submetidos e desumanizados.


O primeiro ponto, portanto, é essa intimidação permanente, matar a subjetividade dos palestinos. O segundo ponto, para nós palestinos, que estamos sempre engajados na resistência (não só nos momentos de crise) é a necessidade de sair da posição de vítima. Com frequência, é quando muito sangue palestino foi derramado que há manifestações na esfera internacional. Agora é um momento um pouco diferente no confronto. Os palestinos exprimem sua capacidade de ação e chegam a infletir as decisões israelenses.
Meu apelo à esfera internacional é de parar de apoiar os palestinos somente por sua infelicidade e como vítimas, mas também por sua tenacidade e enquanto resistentes, por sua vontade de preservar uma dignidade humana e uma capacidade de agir. É um apelo que não paro de lançar. Pois em muitos países, os palestinos são vistos ou bem como terroristas, ou como vítimas — é uma outra divisão, típica das percepções dominantes no plano internacional. Nós não queremos ser terroristas, nós queremos ser eficazes em nossa vontade de reencontrar uma subjetividade e mudar nossa situação, recuperar nossa liberdade individual e coletiva.


Em relação aos efeitos a longo prazo da ocupação entre os palestinos, eu os constato permanentemente, seja na minha vida cotidiana, seja no meu trabalho de psiquiatra. A ocupação tem consequências traumáticas consideráveis sobre os palestinos, que não correspondem exatamente à descrição da síndrome pós-traumática dos manuais de psicologia ocidentais.


Pois como eu o expliquei várias vezes, para os palestinos, as causas objetivas do trauma não desaparecem, elas estão sempre presentes e se agravam. Os palestinos são permanentemente ameaçados, reprimidos, expulsos, presos ou massacrados pelos israelenses… Desse ponto de vista, a Nakba não é um evento histórico passado, mas um processo que se prolonga há mais de 70 anos. Se fosse preciso fazer uma comparação, esse tipo de traumatismo se parece àquele de mulheres ou crianças vítimas de estupro ou de violência doméstica ou conjugal, forçadas a continuar a viver com seus agressores. [3]
Há um nível de depressão e de angústia muito importante, assim como um sofrimento social difuso. Mas faço questão de dizer que não se deve rapidamente patologizar a experiência dos palestinos, pois esses distúrbios correspondem a uma realidade objetiva, que é a da ocupação. A angústia, o luto, a depressão podem ser reações a eventos graves — perda de um próximo, destruição da casa, episódio violento…


Eu trabalho entre outros com os Médicos sem fronteiras, na ajuda às vítimas de violências políticas, especificamente. O sofrimento causado pela ocupação não diz respeito apenas aos indivíduos, mas aos elos e às relações entre indivíduos. Se não há resistência, a sociedade interioriza o sentimento de opressão e desenvolve uma desconfiança entre seus membros, que sofrem uma baixa no nível de autoestima e da confiança em si… As pessoas entram em competição para conseguir se tratar nos hospitais israelenses, pois não há mais lugar… São também condições criadas pela ocupação, que abalam a confiança coletiva. Alguns acabam aceitando a impotência e a condição de vítima…
A meu ver, a resistência contribui para corrigir e reparar todos esses efeitos. Ela devolve uma parte de dignidade e confiança em si, mesmo que não consiga atingir seus objetivos. Como diz um ditado árabe: “O essencial para o homem é avançar no caminho, não atingir o alvo”.

Portanto, para voltar à questão do « cálculo », creio que ele obedece a uma lógica do tipo econômico, uma lógica do businness… mas para reencontrar a justiça e a dignidade, esse tipo de cálculo não funciona. Há um outro tipo de cálculo, uma outra lógica, onde o espiritual, o simbólico, o psicológico ganham muita importância.

Você mesma é habitante de Jerusalém oriental. Você poderia nos contar como confrontou pessoalmente a ocupação?


SJ — 
Como todos os habitantes árabes de Jerusalém, sou cidadã de lugar nenhum. Meus documentos oficiais não me dão acesso a cidadania alguma. São como a obtenção de uma permissão provisória para um estrangeiro que mora na França. Já é uma privação importante, que desemboca numa situação onde a gente se sente ameaçado permanentemente…


Além disso, a maioria dos jerusalemitas são muito pobres. Muitos não podem viver em Jerusalém por causa da situação econômica e da falta de espaço. Para os palestinos, continuar a viver em Jerusalém representa um combate permanente. Eu fiz uma escolha difícil, pois mesmo vivendo em Jerusalém, decidi não trabalhar com as instituições israelenses. Assim, trabalho na Cisjordânia e do ponto de vista econômico é uma opção difícil.

E, claro, tendo crescido em Jerusalém, pude observar os efeitos da ocupação, sobretudo o modo pelo qual os homens são humilhados nas ruas pela polícia e pelos soldados israelenses, revistados de um modo que os desviriliza. Falo especificamente de homens, pois constato que eles são mais visados nas interações cotidianas com o ocupante. Mas, certamente, isso pode acontecer com qualquer pessoa árabe em Jerusalém.


Por fim, minha família e eu acabamos de comprar um apartamento em Jerusalém. Começamos os trâmites em 2003 e só há três meses conseguimos completar a aquisição. Consumiu o trabalho e as economias de meus pais e minhas.


Em contrapartida, ao lado de nosso bairro de Shuaffat, há uma colônia que se chama Ramat Shlomo e que durante os últimos anos expandiu-se de maneira inacreditável… Quando se vê a velocidade da construção das colônias israelenses e a falta de moradia para os palestinos, assim como os obstáculos para ter acesso a ela, é alucinante. Os jerusalemitas se defrontam com isso diariamente e são submetidos a todo tipo de restrições econômicas, jurídicas, administrativas — que no fundo são de ordem política — para ter acesso à propriedade.

 

Minha família teve a sorte de conseguir, mas é o caso de muito pouca gente. E a geração que vem, meus sobrinhos e sobrinhas, por exemplo, não terão os meios para viver em Jerusalém. E é preciso saber que eu trabalho enormemente. No meio psi palestino, chamam-me de “the shark” (risos). Tenho vários trabalhos simultâneos, há anos, para economizar e ter alguma autonomia financeira, por todas essas razões…


A colônia de Ramat Shlomo foi construída na zona de Shuaffat. A fase de construção foi extremamente rápida e essa colônia se expandiu a ponto de absorver todo o bairro. Desde o início da ocupação, em 1967, o que fizeram os israelenses? Primeiro, tomaram dez por cento das terras da Cisjordânia vizinhas de Jerusalém, que eles consideram como a “capital eterna de Israel”. Em segundo lugar, a zona onde viviam os árabes preservava uma conexão geográfica. Mas os israelenses construíram colônias que romperam essa continuidade, o que criou restrições suplementares no deslocamento dos árabes, que já não podem passar na vizinhança dessas colônias. Por exemplo, entre meu bairro de Shuaffat e Sheikh Jarrah, há duas colônias: Ramat Shlomo e a Colina Francesa. É isso que suscita a cólera dos palestinos em Jerusalém.

A ocupação produz, entre outras, uma fragmentação do povo palestino (entre palestinos da Cisjordânia, de Gaza, de Jerusalém, palestinos de 48 — assim são chamados pelos ocupantes os árabes israelenses) ou ainda os palestinos da diáspora… Em que medida o levante atual consegue colocar em xeque essa divisão? Penso sobretudo na participação dos palestinos de 48 nos protestos, já que em geral eles são os menos implicados no confronto com os ocupantes…


SJ — 
Sim, é verdade, Israel planejou um sistema de fragmentação muito eficaz contra o povo palestino. Em um momento como esse, o sistema não funciona e os palestinos se juntam. É por isso que Gaza interviu para revidar aos ataques contra os jerusalemitas, ao passo que o poder oficial palestino não o fez, ainda que, segundo a geopolítica oficial, Jerusalém faça parte da Cisjordânia e deveria ser protegida pela autoridade palestina. Porém o mais importante, dessa vez, é a intervenção dos palestinos de 48. Creio que a presença de alguns deles por ocasião do ataque contra a grande mesquita contribuiu para mobilizar muita gente. Mas é também porque isso aconteceu pouco antes da comemoração da Nakba, então mexeu com feridas antigas para muitos palestinos de 48. É um momento muito importante na sua repolitização. E sim, acho que Israel tentou neutralizá-los, intimidá-los severamente, para que não pudessem intervir efetivamente quando ocorriam confrontos na Cisjordânia e em Gaza. Sempre houve sentimentos de simpatia, mas não atos. Pois os atos eram punidos severamente. Conheço muitos colegas médicos, palestinos de 48 ou de Jerusalém, que trabalham no sistema israelense e que correm o risco, atualmente, de perderem seu emprego por terem exprimido sua opinião sobre o que acontece. Além disso, tenho pacientes que são de Jerusalém ou de 48, que efetivamente perderam seu trabalho por suas posições no Facebook, ou por terem participado de manifestações. Alguns deles expressam suas posições ou seu ativismo há anos. Durante esse tempo, não puderam trabalhar entre os israelenses, pois para tanto é exigido um “atestado de boa conduta e de bom comportamento” obtido junto à polícia!


Há jovens jerusalemitas que não podem viajar nem obter um trabalho porque alguma vez durante a vida expressaram seu ativismo. É uma outra maneira de intimidar, de reduzir, de monitorar, de controlar os comportamentos e atacar as subjetividades. Intervir na vida das pessoas, ameaçando seu trabalho ou seus meios de subsistência. Além disso, nos confrontos atuais na Palestina de 48, vimos ataques monstruosos e cruéis. Em Tel Aviv, vimos 80 judeus golpeando um palestino no chão, e continuaram a bater… Isso chocou mesmo certos israelenses. As autoridades israelenses tentaram passar a versão de que se tratava de uma briga entre jovens. Só que esses ataques aconteceram sob os olhos de soldados e policiais, que não interviram. Há uma cumplicidade entre os colonos e os soldados. Ao mesmo tempo, enquanto Netanyahu pede a seus soldados para acalmar os confrontos na Palestina de 48, ele se apressa em agregar que eles não devem temer as comissões de inquérito… Está tudo dito! É a mensagem que é transmitida aos soldados. Pode-se imaginar como os colonos vão interpretá-la. Eles concedem impunidade total a essas pessoas para exercerem sua crueldade e selvageria.

O conflito atual pode trazer de volta à ordem do dia a questão do direito de retorno dos palestinos? Mais geralmente, há perspectivas para os palestinos no plano jurídico?


SJ — 
No plano jurídico israelense, certamente não. Porque ocupando a Palestina, Israel criou um arsenal de mecanismos que serve à ocupação. O sistema jurídico israelense está organizado para impedir que o sistema internacional seja aplicado a favor dos palestinos, para impedir por exemplo o respeito aos acordos de Genebra. Segundo esses acordos, Israel não tem direito de povoar uma zona ocupada, é por isso que as colônias são ilegais aos olhos do direito internacional. Mas o sistema jurídico israelense o permite. Os eventos atuais recolocam no centro do debate este aspecto da causa palestina. Citaram três eventos, Cheikh Jarrah, o portão de Damasco e o ataque à mesquita de Al Aqsa. Mas não são senão etapas, limiares, graus de um processo lento que vem ocorrendo o tempo todo em Jerusalém. Há permanentemente ataques contra a identidade palestina. Por exemplo, desde longa data os israelenses criaram leis que impedem ou limitam a reunificação familiar. Se você é um palestino de Jerusalém e casou com uma mulher de Ramallah, você não tem o direito de viver com ela em Jerusalém. Se você se instala em Ramallah e tem filhos que nasceram ali, eles não são jerusalemitas, e nunca poderão viver em Jerusalém. Como disse antes, há ataques permanentes, em todos os níveis, contra os palestinos de Jerusalém. A última sequencia de episódios foi como um despertar, um apelo aos palestinos para erguer a cabeça, reencontrar sua identidade, se repolitizar, mas também um lembrete à comunidade internacional sobre o que ocorre na Palestina. Esses acontecimentos ocorreram durante o mês do Ramadan, quando se suporia que os muçulmanos estivessem mais atentos ao que acontece. Quando se fala de Cheikh Jarrah, ou do que ocorre no portão de Damasco, é a identidade árabe e muçulmana que é visada.
Então, em relação à sua pergunta, sim, o direito ao retorno é importante. Mas a questão não é só essa. É muito importante, mas há questões mais contemporâneas e agudas que precisamos enfrentar. A Nakba aconteceu antes de 48, quando não havia internet, nem um tal acesso à informação… Mas agora todo mundo pode saber. O fato de Israel se aproveitar da impunidade para fazer o que fez nos anos 30 e 40 na Palestina dá uma imagem insuportável, tanto da impunidade israelense quanto da capitulação ou cumplicidade internacional. Deixam Israel fazer o que bem entende mesmo podendo assistir ao vivo o que acontece. Vale lembrar que Instagram e Facebook impediram a difusão dos testemunhos e das campanhas “Salvem Sheikh Jarrah”…

Você falou da consciência árabe e muçulmana, da identidade árabe que é atacada e deve despertar. Mas você não acha que o apelo à solidariedade internacional, em uma fase como essa, deve ultrapassar a diferença entre árabes e muçulmanos (supostos mais próximos da questão palestina por razões políticas, históricas ou religiosas, ou outras) e outros povos ou categorias identitárias? Pessoas da França, por exemplo, poderiam se perguntar por que você invoca a identidade árabe e muçulmana, e não mais geralmente uma revolta humana ou outras formas de solidariedade coletiva diante do que acontece?

SJ — Há várias camadas e não se pode eliminar o ataque contra a identidade muçulmana e a identidade árabe. Não se pode fingir que não se trata de uma guerra étnica contra os palestinos. Mas há também uma violação grave dos direitos humanos, e todos os povos que viveram a colonização sabem exatamente do que eu falo. Claro que há camadas de injustiça que superam esse aspecto, de violação dos direitos humanos, etc.. Mas não se pode elidir a vontade de negação e o desprezo colonial, esse desprezo de Israel em relação à identidade cultural do povo palestino que acontece ser também árabe-muçulmano. Mas que poderia ser outra coisa.

De minha parte, é importante precisar que se trata de um momento de despertar, justamente porque houve uma aproximação entre quatro regimes árabes com Israel: Marrocos, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Sudão… O pretexto dos Emirados é que através dos tratados de paz e dos acordos firmados, pode-se sem contradição normalizar as relações com Israel e apoiar os palestinos. É o pretexto invocado pelos dirigentes frente a seus povos. Mas os eventos expõem seu nível de mentira. Por isso insisto no aspecto árabe-muçulmano. Qualquer colonização, para se desdobrar, precisa desprezar, esmagar, negar a identidade cultural do colonizado. É o que os israelenses fazem com os palestinos. E isso deve atingir não só os palestinos, mas também aqueles que compartilham com eles essa identidade cultural. Porém há uma outra camada de violação dos direitos humanos, da injustiça. Claro que se convoca todo mundo a ser solidário com os palestinos e a utilizar esse momento para criar o máximo de politização contra esse colonialismo do povoamento. Pois é um nível de ocupação e de colonização especial, onde expulsam os indígenas de seu território para povoá-lo de colonos. É um nível de colonização maior, muito mais grave do que aquele que alguns se representam pelos termos de apartheid ou mesmo de colonização…

Na França, como em outros países, muitos têm dificuldade em entender a dimensão religiosa e simbólica do conflito. Com frequência isso é usado para reduzir o conflito a uma guerra religiosa, sugerindo uma falsa simetria e remetendo ambas as partes a posições polarizadas — isso quando não se associa os palestinos à imagem do terrorismo islamista… Sem reduzir, evidentemente, as causas diversas da sublevação palestina a essa dimensão, qual é o sentido simbólico e religioso dos lugares santos no conflito?


SJ — 
Como disse antes, o aspecto ligado à crença e ao simbólico é muito importante, mas não é tudo… Jerusalém, para muitos, é também o bairro, o lugar de vida. A mesquita de Al Aqsa, para muitas crianças palestinas, é... Eu, por exemplo, ia lá fazer pique-nique com minha avó quando criança. Portanto, para nós é também um lar, uma casa. Há muitas coisas que não se reduzem à dimensão religiosa e simbólica. É nossa geografia, é lá que crescemos, não se pode minimizar essas coisas. Evoquei há pouco a vida perto do Portão de Damasco. Há uma canção que faz disso uma bela descrição, que evoca a vendedora de café e outras comerciantes emblemáticas: Bab Al-Amoud, de Maggie Youssef [4]… Ela mostra que o Portão de Damasco não tem apenas um valor pessoal, individual, uma ligação para certas pessoas em particular. Ele tem algo de bonito e sagrado para todos nós, ele está presente em nossas canções, nossos provérbios, faz parte de nossas referências, é um lugar que tem algo de arquetípico para nós todos.

Tudo isso faz parte da identidade individual e coletiva dos palestinos, e também de outros fora da Palestina. E para nós, palestinos, como sabemos de que maneira Israel roubou nossa terra e impediu a maioria de nós de aceder a nossos lugares, há esse sentimento de responsabilidade pelos jerusalemitas, o dever de preservar a identidade do lugar, de velar pela parte histórica, simbólica e religiosa do lugar.. Conheço muita gente que não é crente, ou praticante, gente que toma drogas, que não vai à mesquita, mas que defendeu Al Aqsa. Eles participam das manifestações, defendem os religiosos que vão a Al Aqsa porque isso faz parte de sua identidade cultural. Quero dizer também que quando há muito poucas coisas tangíveis, acessíveis para os palestinos, quando há muitas privações, aí o simbólico toma uma dimensão mais importante. Claro, o símbolo é importante para todo mundo, mas sobretudo quando há privação dos direitos essenciais.

Mísseis foram lançados desde Gaza, aos quais sucederam bombardeios israelenses, que provocaram dezenas de mortos e muitas centenas de feridos. [5]. O confronto tende a ser recodificado nos termos das últimas crises, notadamente a de 2014… Parece que Netanyiahu e os dirigentes israelenses estão mais aptos a gerir esse esquema, em termos de comunicação internacional, e de política interior, do que um levante da juventude jerusalemita…

Essa militarização foi estrategicamente pertinente para os palestinos? Será que não houve uma operação de sufocamento ou de desvio da dimensão insurrecional, fora de controle e popular, do levante, que talvez fosse mais incômoda para Israel do que um confronto com as forças armadas da resistência em Gaza?


SJ — 
Isso nos remete à questão do cálculo. Eu expliquei porque não se pode aplicar um cálculo de riscos, ou um mero esquema de custo/benefício, pois há motivos psicológicos muito importantes. Na realidade, mesmo se fazemos o cálculo, eu diria que é só quando os israelenses começam a ficar incomodados com a repercussão na comunidade internacional que eles apreendem a amplitude do que acontece em Jerusalém. Quando havia confrontos cotidianos, na mídia americana, por exemplo, havia muito pouca coisa sobre os eventos no Portão de Damasco e em Cheikh Jarrah. Instagram e Facebook impediram a difusão dos testemunhos… Quando os palestinos protestavam sem armas, quando eram reprimidos em manifestações populares, enquanto os soldados israelenses os golpeavam na cabeça pelas ruas de Jerusalém, não se falava disso… Foi só quando os israelenses começaram a sofrer danos e o aeroporto de Lod fechou é que o mundo começou a prestar atenção. As Nações Unidas se mexem para fingir que estão fazendo alguma coisa… Cada dirigente se sente, subitamente, obrigado a fazer alguma declaração sobre os acontecimentos… Estamos acostumados com isso.. E depois, penso que se não tivesse ocorrido a intervenção de Gaza, os palestinos não teriam podido rezar na grande mesquita. E a corte israelense não decidiria um adiamento sobre Cheikh Jarrah — eles deveriam publicar sua decisão até o dia 10 de maio. Então, Israel pode conter toda resistência popular e o mundo pode continuar a fingir que não viu e não ouviu nada... É só quando Israel começa a viver uma pressão que isso atrai a atenção sobre o que ocorre. E claro, Israel pode utilizar as mesmas máquinas midiáticas, a mesma propaganda para diabolizar a resistência em Gaza.. fez isso muitas vezes, mas não se pode negligenciar o fato de que depois de cada ataque contra Gaza, a resistência se torna mais forte, quando o pretexto dos vários ataques israelenses era de eliminá-la. Por outro lado, como eu disse, a resistência de alguns indivíduos ou grupos palestinos restabelece o sentimento de um coletivo eficaz que tem a capacidade de agir. Isso humaniza os palestinos, embora todos os discursos estejam prontos para diabolizar ao máximo a resistência.


Nós, palestinos, não compartilhamos da opinião internacional sobre a resistência palestina. Não podemos compartilhar essa opinião porque temos uma experiência uma experiência direta da vida aqui. E apesar das reservas que possamos ter sobre a política dos diferentes grupos e facções na Palestina, penso que há um consenso sobre a importância da resistência, de todas as formas de resistência do povo palestino. Pois afinal, as Nações Unidas, os regimes árabes, os democratas no mundo não são capazes de proteger o povo palestino. É só a resistência palestina, de formas variadas, que pode ajudar os palestinos e reconstruir sua dignidade e sua humanidade.
Última coisa que quero dizer com relação à resistência: penso que todas as formas de resistência são permitidas. A resistência para um povo ocupado é um direito humano, é mesmo um dever. E quando e como escolher tal ou qual forma de resistência é uma questão à qual só os palestinos devem responder. Cabe a nós decidir qual forma privilegiar, e quando podemos fazê-lo.

Ultimamente, vimos vários países árabes normalizarem suas relações com Israel ou se aproximarem dele diplomaticamente. Comentou-se que a questão palestina havia perdido sua centralidade. Com a ausência de um apoio estatal forte, no mundo árabe ou alhures, e o descrédito de seus governantes, a luta dos palestinos aparece cada vez mais como uma sublevação popular que não se deixa codificar somente nos termos de uma pertinência identitária (árabe ou islâmica), das guerras de facções internas ou das rivalidades geopolíticas… Isso pode constituir uma vantagem paradoxal, face à superioridade militar israelense?

SJ — Penso que é ao mesmo tempo o ponto de fraqueza e de força para os palestinos. De um lado, o suporte à resistência palestina vinda de uma fonte difusa, não oficial, impede de a reduzir pelas cooptação, corrupção ou a intimidação. Haverá sempre uma renovação, é a força do caráter popular da resistência. É bom que haja um aspecto popular, que não seja uma resistência financiada por Estados, pelos Emirados por exemplo ou pela Arábia Saudita… assim os regimes não podem reduzir a resistência através da chantagem ou pela intimidação. Haverá sempre novos resistentes, jovens que enfrentam os israelenses, nos campos de refugiados, na cidade velha de Jerusalém, por toda parte na Palestina. Mas, de outro lado, falta uma liderança decente, apta a exprimir as expectativas do povo palestino, a desenvolver essa resistência e transformar o momento a fim de realizar objetivos políticos…

Você diz que falta uma liderança… Ao mesmo tempo, quando se olha o que aconteceu nesses últimos anos, vê-se que houve sublevações por toda parte, revoltas, notadamente antes da crise da Covid.. Na maioria dos casos, observou-se uma crise de liderança, uma crise da representação política… Hoje há uma repressão sangrenta em várias cidades da Colômbia, por exemplo, que lembra a sequência de 2019, quando das revoltas em Hong Kong, no Chile, em Honduras, na Argélia, no Iraque, no Líbano. Isso lembra as revoltas árabes a partir de 2011. Mais recentemente, houve os protestos nos Estados Unidos, depois do assassinato de George Floyd… E em todos os casos, foram grandes levantes populares e difusos, que deixaram de lado os partidos, os grupos identificados, a pertinência política instituída ou mesmo geopolítica… Há uma desconfiança em relação à liderança e tem-se a impressão que é um pouco o que aconteceu na Palestina no começo da sublevação em Jerusalém oriental. Foi também o caso no início com a marcha do retorno de 2018, que não foi enquadrada por um grupo ou partido. Assim, mesmo que a situação dos palestinos decerto seja muito específica, será que essas semelhanças entre modos de contestação que escapem a toda forma de liderança não pode dar lugar a novas solidariedades, novas ressonâncias, novas perspectivas de luta para os palestinos?

SJ — Sim, creio que há um aspecto universal que reencontramos na luta palestina contra a ocupação. Esta pode inspirar muita gente no mundo e inversamente, os palestinos podem aprender muito das lutas de outros povos colonizados, ocupados ou reprimidos, outros povos que sacrificaram muito pela justiça e contra a opressão. Penso que a situação contemporânea permite apoiar-se nessas revoltas populares sobretudo quando não se tem uma liderança que exprima nossas esperanças.

Minha crítica visa sobretudo os dirigentes oficiais palestinos. Estes não exprimem as esperanças e a vontade do povo palestino e momentos como este permitem a emergência de outras opções políticas, outros possíveis, outros líderes políticos mais aptos a representarem os palestinos…


Eu sustento que a ocupação faz de tudo para impedir um processo democrático na Palestina. Israel teve quatro eleições em menos de um ano e meio, e impediu a primeira eleição que devia ocorrer na Palestina depois de quinze anos sem eleições… Eis o enorme desequilíbrio entre os dois lados.

Seja pela escolha da liderança ou das modalidades de resistência, os palestinos devem poder decidir… Evidentemente, sou favorável a uma discussão, um debate, argumentos sobre os meios de resistência para os palestinos. Mas isso deve ser feito entre palestinos, entre todos os palestinos em seus bolsões geográficos criados pela ocupação, e também fora da Palestina. Não cabe aos dirigentes de outras nações, nem a líderes que não foram escolhidos democraticamente, decidir no lugar do povo palestino.

Mas a solidariedade internacional é muito importante. Sobretudo para aqueles que vivem em países democráticos possam saber que o fato de serem solidários pode ajudar os palestinos. Podem ao menos contribuir para a sobrevivência da identidade palestina, e, portanto, criar embaraço nos israelenses, impedir que Israel goze de uma ocupação tranquila… Ademais, a solidariedade internacional tem um efeito terapêutico para o trauma coletivo dos palestinos. Ela exprime uma validação de sua humanidade, de sua subjetividade e de sua capacidade de agir, um reconhecimento de sua experiência e de seus sentimentos. Ela traz à tona sua narrativa e ainda ajuda os palestinos a deixar o estatuto de vítima e se tornarem agentes de mudança…

Os palestinos fazem parte do mundo, não vivemos sós. A solidariedade internacional contribui para um militantismo global e mútuo contra as diferentes formas de opressão.

Com o que acontece agora, qual seria para você o melhor roteiro possível? Como você imagina a liberação da Palestina?

SJ — (Risos…) Creio que este momento é a oportunidade de uma repolitização, para os palestinos e aquelas e aqueles que apoiam a Palestina. É um momento que, espero, vai constranger os regimes oficiais, no mundo árabe mas também na esfera internacional, que são hipócritas e permitem que as crianças de Gaza continuem a perder a vida para aliviar a culpa europeia pelos massacres perpetrados contra os judeus durante o período nazista. Espero que essa mudança de consciência fará com que Israel preste contas pelos atos cometidos e mude o status quo, que permita aos palestinos tornarem-se soberanos e mais livres. Creio que é a oportunidade para uma renovação política na Palestina, pois a Palestina não é estéril a ponto de ter que aceitar a liderança atual… Se a comunidade internacional para de intervir negativamente na agenda política do povo palestino, este é capaz de fazer advir pessoas que expressem melhor suas esperanças de liberdade e de libertação.

Conversa ocorrida em 14 de maio de 2021 (Publicado em lundimatin#288 no dia 17 de maio de 2021)

Imagem 3.



https://medium.com/n-1-edi%C3%A7%C3%B5es/palestina-resist%C3%AAncia-como-terapia-d9f0ede71416

 

4. imagem que fala por si só





  

5. -  Exército de Israel se prepara para atacar o centro de comando do Hamas[6]

Adriana Moysés, da RFI, destaca que Israel começou a enviar hoje para a Faixa de Gaza milhares de trabalhadores palestinos que tinham emprego em Israel ou na Cisjordânia. A revogação dos vistos de trabalho de 18,5 mil trabalhadores de Gaza tinha sido decidida em 10 de outubro pelo governo israelense, três dias depois do ataque do Hamas. A ONU está preocupada com o retorno forçado diante da intensidade dos bombardeios em Gaza. O Exército de Israel concluiu o cerca Cidade de Gaza.



Campo de Jabalia, maior campo de refugiados de Gaza. Foto: AFP

 

6.0. Los colonos aprovechan la guerra para multiplicar las expulsiones de palestinos en Cisjordania[7]

 

Más de 800 personas, sobre todo beduinos, han desmontado sus precarias aldeas para asentarse en lugares más seguros desde el ataque de Hamás el 7 de octubre



Un palestino expulsado de Jirbet Zamuta trasladaba el miércoles sus pertenencias.

Antonio Pita[8]


7.0 - Sindicato dos trabalhadores em aeroportos na Bélgica organiza greve para impedir que sejam feitos carregamentos de armas estadunidenses em voos comerciais com destino a Israel[9].

 

Sindicato dos trabalhadores em aeroportos na Bélgica organiza greve para impedir que sejam feitos carregamentos de armas estadunidenses em vôos comerciais com destino a Israel. Esta informação foi noticiada em francês, mas está traduzido ao espanhol neste noticiário. Vamos ajudar a divulgar esta excelente iniciativa de solidariedade internacional do movimento sindical ao povo palestino!



 

 

7. Estudantes de Harvard abandonam sala na fala do Cônsul de Israel[10].

 

Alunos da Harvard Law School deixam palestra sobre estratégia jurídica para assentamentos - apontado por estudantes como "crime de guerra"

 

 

 

8. 0 - Bomba atômica em Gaza e dúvida sobre mortes pelo Hamas: quando as vozes radicais se levantam em Israel[11]

 

Ministro da ala radical de Netanyahu defende bomba atômica em Gaza; deputada árabe duvida de estupros e massacres de bebês pelo Hamas. (Por Sandra Cohen (06/11/2023 14h18  Atualizado há 3 dias)  

 

9.0 - Catástrofe en el mayor hospital de Gaza: “Necesitamos evacuar ya, pero disparan a todos los que tratan de escapar[12]

Jaled Abú Hamra, sanitario del centro médico de Shifa, describe a EL PAÍS el caos reinante en medio de los ataques del ejército israelí a unas instalaciones sin comida, agua ni electricidad

 

10. QUASE 1 MILHÃO SÓ EM LONDRES, INCLUINDO VÁRIOS JUDEUS, CONTRA O MASSACRE AOS PALESTINOS[13]


11. Atualizações:

 

·       Quando morrermos, ninguém saberá': os diários de moradores de Gaza após mais de um mês de bombardeios[1]

 

·       La bomba atómica, la limpieza étnica y los animales humanos: quién es quién en el Gobierno Netanyahu[2]

 

·       Los últimos palestinos que resisten en el olivar: “Los colonos tratan de quitarnos la comida sobre la mesa”[3]

 

·       La ONU detiene el envío de ayuda humanitaria a Gaza por la falta de combustible y el corte de la comunicaciones[4]

 

·       Palestina. Más sobre los asesinatos por “fuego propio” cometidos por Israel el 7 de octubre[5]

 

·       Palestina. El discurso del odio que todo lo puede: Niños israelíes cantan: “Aniquilaremos a todos” en Gaza[6]

 

·       Helicóptero de Israel matou fugitivos da rave, diz investigação[7]

 

·       Palestina. Maten a los niños primero para que no venguen a sus padres (I)[8]

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 






[1] Artigo de Eduardo Galeano de 2012, que parece se referir os acontecimentos de hoje tal a persistência do e repetição dos fatos .Antonio Mello. POR ANTONIO MELLO (Escrito em Global 5/11/2023). Galeano: 'Quem deu a Israel o direito de negar todos os direitos?'. Mariela De Marchi Moyano from Vicenza, Italy, via Wikimedia Commons. Este texto do escritor Eduardo Galeano parece ter sido escrito agora, embora infelizmente Galeano tenha morrido em 2015. É que tamanha é a atualidade, não apenas nas ideias, mas nos fatos, acontecimentos, que dá para dizer que o genocídio dos palestinos por Israel é não uma reação de agora, mas um projeto que não vem de hoje. Este texto é de 2012.

[2] Artigo de Eduardo Galeano de 2012, que parece se referir os acontecimentos de hoje tal a persistência do e repetição dos fatos .Antonio Mello. POR ANTONIO MELLO (Escrito em Global 5/11/2023). Galeano: 'Quem deu a Israel o direito de negar todos os direitos?'. Mariela De Marchi Moyano from Vicenza, Italy, via Wikimedia Commons. Este texto do escritor Eduardo Galeano parece ter sido escrito agora, embora infelizmente Galeano tenha morrido em 2015. É que tamanha é a atualidade, não apenas nas ideias, mas nos fatos, acontecimentos, que dá para dizer que o genocídio dos palestinos por Israel é não uma reação de agora, mas um projeto que não vem de hoje. Este texto é de 2012.

[4] Todas as referencias explicativas dentro do texto original estão aqui:

 

 [1] Um dos portões da cidade velha de Jerusalém, denominada Bab Al ’Amoud em árabe (Portão da Coluna).

[2] Data da proclamação do Estado de Israel, acompanhada de um grande número de expulsões e massacres de palestinos, que deixou centenas de milhares de palestinos refugiados… Este evento é designado pelos palestinos por « Nakba », que significa Catástrofe ou Desastre.

[3] Ver também https://www.middleeasteye.net/opinion/what-palestinians-experience-goes-beyond-ptsd-label.

[4https://www.youtube.com/watch?v=-02fSTUb0Qs&list=RD-02fSTUb0Qs&start_radio=1&rv=-02fSTUb0Qs&t=40

[5] Perto de 200 mortos e mais de mil feridos, segundo o balanço do último domingo, 16 de março à noite. Ao menos 42 pessoas foram mortas durante este único dia pelos ataques israelenses.

[5] Disponível em : https://medium.com/n-1-edi%C3%A7%C3%B5es/palestina-resist%C3%AAncia-como-terapia-d9f0ede71416. Acesso 10 .11.2023 07h27min

SOBRE LA FIRMA. Corresponsal para Oriente Próximo, tras cubrir la información de los Balcanes en la sección de Internacional en Madrid. De vuelta a Jerusalén, donde ya trabajó durante siete años (2007-2013) para la Agencia Efe. Licenciado en Periodismo y Máster de Relaciones Internacionales y Comunicación por la Universidad Complutense de Madrid.

[8] 



 acesso 10.11.2013

 

 

[13]  Disponível em: https://youtu.be/yZfnnFr3LK8?si=K5nvLi_GIau4fyEo  acesso 12.11.2013as 09h15min