terça-feira, 29 de março de 2016

Parada do Velho Novo

O poema que publicamos a seguir é antigo, mas é perfeito para explicar estes nossos dias conturbados: 

Um velho Secretário de Educação conservador apresenta-se como novo, um novo partido tornou-se velho e tenta reapresentar-se como novo, um movimento que reivindica a opressão e a exploração e traz consigo ideias racistas e xenófobas apresenta-se como novo, velhos partidos apresentam-se como a mais nova saída para a crise, a velha imprensa que na última década foi “salva” de sua crise financeira particular pelo novo-velho apresenta-se como a mais nova defensora da ética, moral e honestidade .... Tempos difíceis. O Novo, entretanto, que é a Igualdade econômica entre os homens e a comunidade humana sem explorados ou exploradores e sem preconceito é apresentado como o  mais atrasado, como o mais perfeito  Velho.

Boa leitura

  Parada do Velho Novo


Eu estava sobre uma colina e vi o Velho se aproximando, mas ele vinha como se fosse o Novo. Ele se arrastava em novas muletas, que ninguém antes havia visto, e exalava novos odores de putrefação, que ninguém antes havia cheirado.

A pedra passou rolando como a mais nova invenção, e os gritos dos gorilas batendo no peito deveriam ser as novas composições. Em toda parte viam-se túmulos abertos vazios, enquanto o Novo movia--se em direção à capital.

E em torno estavam aqueles que instilavam horror e gritavam. Aí vem o Novo, tudo é novo, saúdem o Novo, sejam novos como nós! E quem escutava, ouvia apenas os seus gritos, mas quem olhava, via pessoas que não gritavam.

Assim marchou o Velho, travestido de Novo, mas em cortejo triunfal levava consigo o Novo e o exibia como Velho. O Novo ia preso em ferros e coberto de trapos; estes permitiam ver o vigor de seus membros.

E o cortejo movia-se na noite, mas o que viram como a luz da aurora era a luz de fogos no céu. E o grito: Aí vem o Novo, tudo é novo, saúdem o Novo, sejam novos como nós! Seria ainda audível, não tivesse o trovão das armas sobrepujado tudo.
(Bertold Brecht)

domingo, 20 de março de 2016

A Crise do PT: O Ponto de Chegada da Metamorfose

“Eu estava sobre uma colina e vi o Velho se aproximando, mas ele vinha como se fosse novo ... Assim marchou o velho travestido de novo, mas em cortejo triunfal levava consigo o Novo e o exibia como Velho... (B.B)”


Como dizia o filósofo: o que nossos olhos veem costuma ser o mais falso”, haja vista o céu que parece ser azul, mas não é, e o sol que parece nascer no leste e se pôr no oeste todos os dias quando na verdade quem se move ao redor dele somos nós, a terra.

Nós do NORTE te convidamos a olhar com os "olhos da mente", este sim enxerga tudo, até o mais invisível e o inatingível ao nosso globo ocular. Te convidamos a visitar os últimos acontecimentos em nosso país, em especial as grandes manifestações deste ano, bem como, o naufrágio do partido dos trabalhadores e de suas principais lideranças.

Emprestamos os olhos da mente de Maro Iasi, que até o momento escreveu um dos mais lúcidos artigos que conhecemos sobre estes acontecimentos envolvendo os brasileiros e o Partido dos trabalhadores publicado no blog da Boitempo:  A crise do PT: O ponto de chegada da metamorfose.  

Este partido que foi construído pelos trabalhadores à custa do sangue, saúde e lágrimas de muitos de nós, de perdas de emprego e brigas na família, o mesmo partido outrora odiado pelos ricos quando de seu nascimento, depois bajulado por estes mesmo homens e mulheres ricos durante mais de 10 anos, volta a ser atacado com fúria novamente por razões totalmente distintas daquela dos anos 1980.

O ataque nos anos 1980 era porque defendia integralmente os interesses dos trabalhadores. Hoje é atacado por ter adotado os mesmos métodos dos partidos burgueses: a compra de votos, a corrupção, o favorecimento de empreiteiras e da indústria em geral e do agronegócio em detrimento dos trabalhadores que deveria defender.

“Não se pode servir a dois senhores”, isto é bíblico, você acabará abandonando um deles, e o PT resolveu abandonar justo aqueles que o criaram, os trabalhadores. A ironia da História é que o tiro de misericórdia vem daqueles senhores com os quais ele resolveu fazer o pacto, o acordo.  

Leia você mesm@ e tire suas conclusões, Como diria Brecht: veja com seus olhos, não se deixe convencer, o que não sabe por conta própria não sabe, ponha o dedo sobre cada item e pergunte: o que é isto, é você que vai pagar a conta ... por que você tem que assumir o comando. (O elogio do Aprendizado)

NORTE - Março de 2016


sábado, 12 de março de 2016

Alerta Vermelho aos Gestores e Trabalhadores da Educação em Geral


Quem cala consente.”  “Quem morre quieto pisado é sapo. (Ditado popular)

Em artigo publicado em fevereiro (4), o NORTE trouxe um perfil do novo Secretário da Educação. Uma de suas “qualidades” descrita por nosso “colaborador” foi a de ter reduzido o número de funcionários de 1,3 mil para 900 e os custos de funcionamento do Tribunal de Justiça de São Paulo “sem prejuízo dos serviços”. Segundo o novo Secretário o problema do tribunal não era a falta de dinheiro e de funcionários e sim a gestão.

O artigo era um alerta. Estávamos seguros de que ele utilizaria os mesmos princípios no comando da Secretaria de Educação de nosso Estado. Lamentavelmente estávamos certos. Vejamos. Os trabalhadores da limpeza e da administração, inspetores de alunos que se aposentam ou se afastam por problemas de saúde ou de termino de contrato não tem sido substituídos e o número de coordenadores por escola foi reduzido.

O governador do Estado não renovou o contrato de locação das impressoras deixando os professores sem condições de fazer cópias para ajudar no processo de ensino e avaliação, grande número de salas de aula foram eliminadas, com centenas de Escolas tendo o período noturno fechadas.

Os professores que passaram no último concurso aguardam ansiosos a convocação para a posse. Nem é preciso falar que grande parte das escolas tem superlotação nas salas, o que reduz o número de turmas e de professores.

Outra alerta que o artigo fez foi a de que o novo Secretário procuraria responsabilizar os professores e gestores pelo fraco desempenho dos alunos e pela solução dos problemas cotidianos que tem origem nas questões sociais e de infraestrutura em nossas escolas. Dito e feito. As equipes de gestão, principalmente os diretores tem que manter a escola atendendo pais e alunos o dia inteiro, manter a Secretaria funcionando com pagamento e toda a parte burocrática da vida funcional e dos alunos em dia com número reduzido de funcionários.

 Isto sobrecarrega quem está trabalhando e provoca problemas no atendimento aos alunos e pais e no trabalho dos professores por desvio de função, por exemplo. Os funcionários da Secretaria são deslocados para cuidar dos alunos, funcionando como inspetores e para atender o público e os inspetores vão atender pais e fazer serviços de secretaria.

As vezes os próprios gestores, diretores e coordenador@s assumem o trabalho dos inspetores. O resultado é que a escola vai funcionar, mas não atingirá as metas previstas pela Secretária da Educação. E no final a gestão e os professores serão responsabilizados por este resultado.

Mas digamos que tudo dê certo e a escola funcione a contento. Bom, o Secretário da Educação dirá que ele está certo e que que o problema não é falta de funcionários e sim a gestão. Se conselho fosse bom a gente vendia, “diz o dito popular”, mesmo assim, meus amig@s, nós vamos aconselhar.

Os gestores têm que mostrar aos pais e alunos que as escolas que administram têm falta de funcionários. Isto pode ser feito deixando a Secretaria fechado durante um período determinado ou por algumas horas com o recado: Estamos sem funcionários, ou podem fazer reuniões de pais e expor este problema. O professores e funcionários podem fazer a mesma coisa. Afinal falamos com os alunos todos os dias e podemos dizer para eles o que realmente está acontecendo. Temos que denunciar sem entrar nas disputas partidárias pelo poder. É tarefa do Estado prover as Escolas de funcionários para garantir uma educação de qualidade e condições de trabalho razoáveis e isto nós temos que cobrar e denunciar.

Temos que alertar os Sindicatos de Trabalhadores da Educação para fazer esta denúncia pública. Mas já avisamos que não adianta fazer reunião em praça pública e fazer um monte de discurso sobre a influência pérfida do neoliberalismo no nosso Estado. Já ouvimos isto há mais de 20 anos e deu no que deu. Temos que mostrar isto em cada escola do Estado, fechando as Secretárias por tempos determinados, e se for o caso, deixando as salas de aula sem limpar por exemplo,  mostrando aos pais, falando todos os dias com os alunos e explicando o porquê deste estado.

Como disse Lisagaray sobre a Comuna de Paris de 1871: Não há nada melhor para a defesa dos vencidos e oprimidos do que o simples e sincero relato de sua História.

 NORTE: Março de 2016

terça-feira, 1 de março de 2016

Quando Cuidar é Adoecer

“A vocês que curam nossas feridas e as de nossos filhos, irmãos e amigos,  enquanto ensinamos e cuidamos dos teus”


É comum encontrarmos pais e mães e muitos ex-alun@s, quando vamos a uma consulta de rotina ou em idas apressadas ao Pronto-Socorro. A demora em receber a medicação muitas vezes nos revolta e quase sempre “nossa primeira vítima é @ enfermeir@ de plantão. Afinal estamos sofrendo ou vendo sofrer as pessoas que amamos.


Entretanto, “as aparências enganam” como nos ensina a sabedoria popular.  É claro que há cuidadores estúpidos e mal educados e muitas vezes despreparados para a função, mas a maioria del@s é preparada, bem intencionada e vive uma dura rotina que “pasmem”, faz adoecer quem cuida de nossa saúde ou ajuda curar nossas feridas.

É o que você descobrirá ao ler o artigo abaixo: “Quando Cuidar é Adoecer” produzido por Emílio Gennari, mesmo autor da publicação que fizemos em fevereiro, Quando ensinar é Adoecer. Fruto de pesquisas, observações empíricas e relatos d@s trabalhador@s da saúde, este artigo, trata da dura realidade dos cuidadores nos hospitais espalhados pelo Brasil afora.

É certo que não podemos nos calar diante do descaso do nosso sistema de saúde, mas o autor sugere que a gente deve ser mais generoso com as pessoas. De nossa parte sabemos que, além de pais, mães e ex-alun@s de nossas escolas, são trabalhador@s que cuidam de nós, apesar do sistema.



Boas leituras!!