O NORTE oferece este poema à tod@s os meninos e meninas
que ocupam as escolas que deveriam ser del@s mesm@s e também aos que ainda não
ocupam nada e a todos os que apoiam e aos que não apoiam e aos que estão com ânimo
e aos desanimados, aos esperançosos e aos desesperados que passaram a agir
porque são desesperançosos cheios de esperança.
Para o livro
de literatura de segundo grau,
Hans
Magnus Enzensberger
Não leia odes, meu
filho, lê os horários (dos trens, dos ônibus, dos aviões): são mais exatos.
Abre os mapas
náuticos antes que seja tarde demais. Sê vigilante, não cantes.
Chegará o dia em que eles, de novo, pregarão listas
no portão e desenharão marcas no peito daqueles que dizem não.
Aprende a ir
incógnito, aprende mais do que eu: a mudar de bairro, de passaporte, de rosto. Entende
da pequena traição, da salvação suja de todos os dias. Úteis são as encíclicas
para se fazer fogo, e os manifestos: para a manteiga e sal dos indefesos.
É preciso raiva e paciência para se soprar nos pulmões do poder o
fino pó mortal, moído por aqueles, que aprenderam muito, que são exatos, por ti.
Eu falo dos que não falam
(antologia), Editora Brasiliense, pag. 24, 1985.
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