quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Uma No Cravo outra na Ferradura: A História Se Repete (Dia 15 de setembro tem Assembleia Estadual dos professores)

Como é nossa prática recorrente, publicamos todos os posts e artigos que consideramos relevantes para os trabalhadores da Educação e para todos que defendem a Escola Pública. Recebemos este artigo dos Inconformados do IDE (Inconformados Educacionais) e disponibilizamos  aos leitores do NORTE e a todos os interessados simpatizantes e aos que atuam diretamente na Educação ou precisam de uma Escola Pública gratuita e de qualidade. Para mais informações, acessem a página dos Inconformados Educacionais: https://www.facebook.com/inconformados.educacionais/. Acesse no final do artigo o link com o boletim urgente da APEOESP convocando Assembleia para  o dia 15 de setembro

UMA NO CRAVO OUTRA NA FERRADURA: A HISTÓRIA SE REPETE

Este Artigo apresenta uma primeira tentativa de alternativa a todos os trabalhadores da educação que estão descontentes com as atuações do Sindicato dos Professores (APEOESP), mas que não querem, não conseguem nem podem ficar parados, sem nada fazer e propor.


A História se repete como o dia e a noite desde os primórdios:  Dia 15 de setembro a APEOESP nos convoca para Assembleia Estadual em São Paulo com paralisação, e, proposta de greve em outubro. Desde 1989, a cada dois anos fazemos greve na Rede Pública Estadual, de uma semana até três ou quatro meses de duração. Vamos para a República, aprovamos a greve, antes como 15%, hoje com apenas 5% da categoria presente. Voltamos para casa para então corrermos atrás de apoio dos indecisos, dos pais, alunos e da sociedade em geral. Lotamos a Paulista no MASP, descemos pela Consolação e vamos até a República. O Movimento cresce, vamos para  Palácio dos Bandeirantes, os ânimos acirram, a polícia, que já nos “esperava” usa gás lacrimogêneo, spray de  pimenta, etc. Muitos colegas revoltados com a violência engrossam o movimento; o governo “cozinha o galo”, aprendeu que a resistência dos professores sempre diminui depois de um mês sem pagamento, leva em “banho Maria”; os professores começam a voltar independentemente das decisões de Assembleia; oposição e situação se acusam mutuamente e voltamos pra casa com algumas migalhas e divididos.
Ultimamente, a única “vitória” que temos conseguido tem sido o direito de repor, aliás, os colegas de trabalho já condicionam sua entrada no movimento ao direito de reposição: - Vamos poder repor? É a pergunta mais comum, mesmo antes que decidam a participação. Nossas “vitórias” lembram as do “General Pirro”, na antiguidade clássica. Ele não se importava com as perdas de soldados ou com a destruição do país inteiro, desde que “vencesse”, de sorte que seu país sempre tinha mais prejuízos que “lucros” após as vitórias dos exércitos que comandava.
A questão central não é saber quem é mais combativo ou corajoso, se a oposição ou a situação, trata-se de repensar a própria estratégia utilizada nos últimos 30 anos, que do nosso ponto de vista (IDE) é a grande responsável pelas nossas “vitórias de Pirro”. Neste sentido a corrente que nos dirigiu durante todos estes anos (Artisind) é a grande responsável por estes resultados. Continua nos dirigindo, por isto, nos propõe novamente mais uma greve de Categoria e mais uma vez a repetição do roteiro que o governo do Estado de São Paulo conhece de cor e salteado. O resultado já sabemos, no final da greve, se houver, a Articulação vai culpar a Oposição e vice-versa e ambas culparão a categoria e o governo como se o governo burguês devesse estar ao nosso lado e não contra nós. A categoria culpará o sindicato, o que é duplamente danoso: ou seja, ao invés de culpar o governo do Estado, nossa categoria vai culpar o “Sindicato”, pensando que ele e não nossa diretoria é responsável por nossas “vitórias de Pirro”. Por isto, nós dos Inconformados Educacionais, resolvemos escrever o que pensamos e propor uma mudança radical de estratégia e tática, a partir de agora, e das experiências de nossa própria classe.
A proposta de que que o Eixo central de nossa Campanha Salarial seja a luta CONTRA A REFORMA DA PREVIDÊNCIA e a ANULAÇÃO DE TODAS AS REFORMAS APROVADAS NO GOVERNO TEMER e a tática da “GREVE GERAL DO FUNCIONALISMO PÚBLICO” como método de luta é um avanço, do nosso ponto de vista acertou o “Cravo”, porém, começa como sempre, de cima para baixo: Da Assembleia que decreta a Greve, para depois correr atrás da categoria e dos aliados, ou seja, alunos e pais, ainda que já se tenha conversado com as outras categorias, o que achamos pouco provável, é um erro, acerta a “Ferradura”.
Nós do IDE propomos a inversão do Processo: Cada Local de Trabalho e de Moradia deve organizar-se em núcleos e coletivos que contenham trabalhadores da Educação (professores, funcionários, terceirizados ou  temporários, pessoal da cozinha, enfim, todos os trabalhadores de cada unidade escolar), pais e usuários da Escola Púbica, que são na maioria dos casos, os trabalhadores da Indústria, comércio, bancos, Serviços em geral, trabalhadores das outras esferas do Estado (Municipal, Estadual e Federal) que devem construir seus coletivos com os mesmos princípios já descritos, bem como os Estudantes de todas as modalidades. Estes coletivos assim constituídos devem organizar as lutas cotidianas em cada local de trabalho e moradia. Começando pelas ações em cada cidade, que podem ser passeatas, atos públicos e até mesmo paralisações localizadas, etc. Estes atos devem evoluir para atos regionais e só então devem juntar-se aos atos da capital, em nossas grandes assembleias estaduais e assim fazermos a GREVE GERAL. Ela será realizada pela comunidade escolar, ou seja, pela classe trabalhadora que é usuária da Escola pública. Assim pensamos que nossas chances de vitória são muito grandes e seguras.
A pergunta que deve estar passando pela sua cabeça, após ter chegado até este ponto é: Mas e o sindicato, melhor, e a diretoria do sindicato e os representantes fazem o que? É exatamente esta a mudança radical de estratégia. A classe Trabalhadora Organizada é que terá uma diretoria e representantes e não o inverso como funciona agora. Serão nossos Representantes e a Diretoria que farão a ponte entre todos os locais de trabalho e as diversas regiões do Estado e do Brasil. Deste modo o Sindicato será a Classe trabalhadora organizada. Até que possamos dispensar a representação e passarmos a Democracia Direta.
Uma mudança desta magnitude não pode ser feita até o dia 15 de setembro, nem mesmo até outubro. Por isto, pensamos que a APEOESP acerta “no cravo” ao propor o calendário de lutas em união com todo o funcionalismo público e ao manter a chama da rebeldia acesa, é para isto que ela existe, mas erra, “acertando a ferradura” ao seguir a velha estratégia de luta por categoria e de “cima pra baixo”,  a “velha a sina” de uma greve a cada dois anos, que destrói a capacidade de resistência de quem é a força do Sindicato, o trabalhador da Educação, que perde ou retarda o recebimento das “migalhas’ que conquistamos a duras penas, tais como, promoções por tempo de serviço, Licença prêmio, tempo de férias e fins de semana, com reposições intermináveis, etc, sem contar a saúde e seu maior combustível que é a confiança no Sindicato, na diretoria.
Portanto, nós do IDE estaremos lado a lado com todos os trabalhadores da Educação e com a comunidade Escolar, com a classe Trabalhadora nas lutas que continuam neste dia 15 de setembro e nos outros meses. Mas não defendemos greve de Categoria, trabalharemos sempre para a GREVE GERAL da classe trabalhadora, quer seja, tendo a Educação como ponto de partida, quer seja, outro ramo do trabalho. Ou mudamos a estratégia desde já ou veremos a história se repetir como um dia e noite de chuva e frio ad infinitun, a sina de uma no “ Cravo outro na ferradura, como Sísifo, o titã obrigado a empurrar uma enorme “pedra” morro acima que rolava morro abaixo cada vez que ele chegava no topo, obrigando-o a começar tudo de novo.                       

    INCONFORMADOS EDUCACIONAIS (IDE) 26 de Agosto de 2017.


PS.:  Disponibilizamos o Link com a Pauta de reivindicação e a análise da conjuntura. Notem que não há nada sobre a o adoecimento cotidiano dos trabalhadores da Educação e nem sobre a falta de funcionários e de material que existe no cotidiano das escolas.

2 comentários:

  1. Será que não existe uma idealização, que inverte o erro, em apostar nessa inversão total para os locais de trabalho. Não me parece que temos apoio suficiente nos locais de trabalho para sustentar uma ação de resistência. Ainda que eu concorde que devemos fazer um esforço para criar esse espaço. Mas a ação pública, digamos assim, a ação sindical para além da escola significa pra mim o encontro dos trabalhadores mais radicalizados, ou deveria ser, onde se fortalecem e planejam ações locais. Como vocês apontaram, o que ocorre é que isso alimenta um ciclo ilusório de resistência. Muitas vezes, em vez de nos fortalecer, nos enfraquecemos com um encontro formal destinado a lavar as mãos diante da derrota. Fico contente em saber que existe grupos que não conhecia preocupados em pensar uma saída estratégica. Mas para mim ainda parece necessário pensar uma articulação da atuação local e pública ao mesmo tempo. Ainda não sei qual a medida em que devemos apostar em cada um destes âmbitos e em cada momento, espero descobrir isso ao lado de novos camaradas de luta. Saudações.

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  2. Bom dia Yan. Estamos felizes por você ter lido e mais do que isto, ter dispensado seu tempo precioso e comentado este artigo. Do nosso ponto de vista, acreditamos que você comete o mesmo erro que nos imputa, visto que, nossa posição é participar das mobilizações propostas pela direção do sindicato como meio de manter a chama da rebeldia acesa, mas sabendo que esta estratégia está de ponta cabeça e trabalhando para invertê-la. Além disto apontamos a grande importância dos nossos representantes como elo de ligação dos locais de trabalho que você talvez não tenha dado tanta atenção porque se preocupou mais com a proposta de inversão ou da mudança radical da estratégia. O fato de não termos força nos locais de trabalho, problema que que você aponta como deficiência ou "idealização" ou alimentação do ciclo ilusório de resistência, é exatamente a fraqueza da estratégia passada, não precisamos propor uma greve a cada ano só pra reunir os trabalhadores mais radicalizados, podemos fazer isto por meio de atos públicos e encontros que indiquem exatamente o trabalho de base de nossas vanguardas como meio de realizar os atos estaduais que reúnam toda a comunidade escolar. As condições de trabalho estão quebrando a a capacidade de resistência dos trabalhadores da Educação: Nossos colegas estão "se sentindo" impotentes e a saída tem sido individual: o "choro", o rivotril a licença médica, a readaptação ou a fuga para as escolas particulares... Há uma revolta surda na base que a burocracia sindical preocupada com as "grandes lutas" não consegue dar "vazão".... Estamos chamando atenção para isto.. não aparece uma palavra sobre isto no boletim urgente com a pauta de reivindicações... De qualquer forma, O NORTE, daqui e os Inconformados de lá tem grande satisfação e esperança ao ler comentários como o seu, sinal de que podemos mudar. Porque não escreve uma artigo crítico a nossa posição e nos envia? teremos muita satisfação em publicá-lo. como dizem os estudantes de hoje em dia "Tamo Junto" (NORTE).

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